ANOS... SÉCULOS... MILÊNIOS...
(Peregrinação Alquímica – A História de Todos Nós)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Nigredo

 

 

nos... Séculos... Milênios... Eras...
E eu não conseguia me libertar dos meus julgamentos,
medos, ódios, culpas, monstros, manias, tristezas, apegos, delírios,
TOCs, desejos, cobiças, paixões, defeitos, preconceitos, malfeitos...
Eu vivia desorientado, dorido, assustado e solitário,
em meio a um medo profundo, intraduzível e insuperável,
tudo por ser um mago negro ativo e efetivo,
ora consciente e querendo, ora inconsciente sem querer!
O Nigredo era permanente... A decadência era caótica...
A perplexidade era gigantesca... O Corvo me agrilhoava à Terra...
Escuridão... Pesadelos... Lua Negra... Chumbo... Inverno...
Apodrecimento... Eu me sentia espiritualmente morto...
No final, o que sempre restava era um Caput Mortuum.

 

 

Caput Mortuum

 

 

 

 

Anos... Séculos... Milênios... . Eras...
Usando a minha Vontade e o meu Fogo Interior,
dissolvi e coagulei,
desmontei e reorganizei,
destruí e reconstruí,
decompus e rearranjei,
desestruturei e reestruturei
todas a minhas misérias e indigências milenares.
E, lentamente, muito lentamente,
o Nigredo foi se dissipando no vento...
E surgiu o Albedo...
E o Cisne me purificou com Água.
Os aspectos mais obscuros do meu ego
já não mais me dominavam... E surgiu a Primavera!
Todos os condicionamentos mundanos
– pessoais, familiares e sociais – desapareceram!
Gradualmente, fui me alforriando da animalidade.
Paulatinamente, libertei-me da corporalidade!
Meu Eu Interior, adormecido e entorpecido, acordou!
Compreendi que chumbo e Ouro, sombra e LLuz,
deserto e oásis, mal e Bem, demônio e Deus, inferno e Céu
sempre estiveram, estavam e sempre estarão
em meu interior e no interior de todos os seres-humanos-aí-no-mundo
– miragens e ilusões prisionais de todos nós.
E compreendi que não há piores, nem melhores,
nem menos importantes, nem mais importantes,
nem malditos, nem abençoados,
nem escolhidos, nem condenados,
nem salvos, nem excetuados.
Não há a priori; tudo acontece a posteriori.
Somos todos peregrinos... Só há uma Escada...
A Meta é uma e a mesma para todos nós.

 

 

Albedo

 

 

Anos... Séculos... Milênios... . Eras...
A Águia Amarela, então, me ensinou a converter prata em Ouro.
Enfim, Citrinitas – o Albedo amareleceu –
e o meu Eu Interior começou a despertar.
A minha personalidade-alma principiou
a olhar para além de si-mesma,
estendeu seu olhar para o mundo
e passou a ver com mais compreensão os outros.
E, finalmente, por tudo e por todos, experimentou a misericórdia.
UNIMULTIPLICIDADE CÓSMICA.
Assim, o meu Discipulado estava quase concluído...
Só faltava alcançar a Excelência (relativa).
Mas... Quando?

 

 

 

 

 

 

Mais anos... Mais séculos... Mais milênios... Mais eras...
Então, visitei o interior do meu Coração
e retifiquei, purifiquei, emendei e corrigi todos os equívocos,
e o Pelicano, in Corde, me ofertou
o Lapis Philosophorum – a LLux Æterna!
Rubedo! Síntese Interior! A Magum Opus estava concluída!
Tornei-me Imortal! Tornei-me um Deus Consciente!
Sei que a minha Chama jamais se apagará!
Sei que as Chamas de todos jamais se apagarão!

 

 

Alquimia Interior
(As Etapas Básicas do Processo: Nigredo, Albedo, Rubedo)

 

 

Esta é a Peregrinação Transmutiva de todos nós.
Do encontro com a sombra – no Nigredo –
até a Divinização – no Rubedo.

 

 

O Pelicano
(Consagração da Magum Opus)

 

Anos... Séculos... Milênios... Eras...

 

 

Simbolicamente