O Estatuto do Desarmamento –
Lei 10.826 de 22 de Dezembro de 2003 – começou a vigorar
no dia 23 de Dezembro de 2003, exatamente no dia seguinte à
sanção do Ex.mo Sr. Presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva. O Decreto que a regulamentou –
Decreto nº 5.123 de 01/07/2004 – foi publicado no Diário
Oficial da União no dia 2 de Julho de 2004, começando
a vigorar na data da publicação. De acordo com a Lei,
somente poderão andar armados no Brasil os responsáveis
pela garantia da segurança pública, os integrantes das
Forças Armadas, os policiais, os agentes de inteligência
e os agentes de segurança privada. E também os civis
com porte concedido pela Polícia Federal. E mais do que também
toda a bandidagem brasileira, que está pouco se lixando para
o Estado de Direito.
Preliminarmente direi que não
tenho e nunca tive ou terei uma arma de fogo. Abomino a violência
em todos os sentidos. Se tudo é UM, quem mata está,
em um sentido místico muito profundo, cometendo suicídio;
e, da mesma forma, quem se suicida está, em paralelo, cometendo
um assassinato. É a equivocada compreensão de que o
outro é o outro e não o mesmo (All Are One)
que faz com que as pessoas obrem e andem para a vida, como se tirar
uma vida seja equivalente a dar um peido (ou a menos do que isso).
Realmente eu fico indignado com a violência e com qualquer justificativa
para ela, e se eu tivesse que escolher um símbolo para representar
a não-violência não escolheria Jesus, escolheria
Gandhi
— o MaHa AThMa (a Grande Alma).
Desarmamento não adianta nada;
só piora e complica as coisas. Vergonha na cara sim: adianta
tudo. Kant propôs um desarmamento global gradativo. Einstein
pediu um desarmamento global imediato. O que poderia ser proposto
e implementado (mas não será sequer aventado por muito
tempo) é a cessação imediata da produção
e comercialização de quaisquer armas. Um segundo passo
seria a destruição de todas as armas existentes —
das faquinhas às bombas nucleares. Depois... Bem, isso é
totalmente utópico nos tempos que correm. Enquanto os indivíduos
assassinarem os animais para devorá-los e beberem litros de
cerveja, vinho, cachaça etc., como poderão compreender
que não se pode matar ou destruir um ser vivente? Carne animal
e bebidas alcoólicas atraem e estimulam as piores vibrações
que se possa imaginar, criando e mantendo uma espécie de envenamento
astral-mental impossível de ser ultrapassado ou desenvenenado.
99% da violência humana vêm ou são estimuladas
por essas duas vertentes. Disso também decorrem todas as avaliações
equivocadas e imbecis, como, por exemplo, a maioria dos argumentos
dos antiarmas – que são meros castelos construídos
de areia na areia. Ou será que se imagina que todos os Chefes
de Estado desejam o desarmamento? Os armamentos são admiráveis
intrumentos de poder e de coerção. Os Estados Unidos
da América, por exemplo, não seriam o que são
nem fariam o que fazem sem a montanha de armas que possuem. E sobre
o poderio bélico dos Estados Unidos só conhecemos o
introibo.
A maioria das pessoas que é
a favor de leis antiarmas apóiam-nas porque acreditam que tais
leis irão reduzir o número de mortes cometidas com armas
de fogo. Sonho! E a bandidagem está adorando e incentivando
esse sonho delirante. Vou dar um exemplo que talvez não seja
adequado ou apropriado, mas que servirá para firmar a idéia
que desejo expor: um domador que tenha treinado seus leões
para obedecê-lo pelo estalar de um chicote, se entrasse sem
seu chicote em uma jaula com cinco leões dificilmente sairia
de lá com vida. Da mesma forma, se um bandido ainda tem algum
respeito pela sociedade civil é porque sabe que pode encontrar
pela frente alguém que esteja armado e disposto a enfrentá-lo.
Quando os bandidos constatarem que essa mesma sociedade civil voluntariamente
e ordeiramente se desarmou, vão pura e simplesmente fazer a
festa. Todos os bandidos são fundamentalmente covardes, e quando
a coisa fica preta para o lado deles choram e se comportam como o
mais frouxo dentre todos os frouxos. Às vezes se mijam, se
obram todos e até clamam por Deus. Eu já vi isso. Mas,
se percebem que o agredido está com medo ou incapacitado de
reagir, aí esquecem de Deus, deitam e rolam. Covarde é
assim mesmo.
Por outro lado, conforme afirmei,
além de ser contra todo e qualquer tipo de violência
e contra todo e qualquer tipo de arma, estou absolutamente convencido
de que um Místico
não precisa de qualquer arma para se defender. Com a mente
e pelo olhar ele poderá neutralizar qualquer tipo de violência
e qualquer maldade. O que ele precisa estar consciente é se
deve ou se não deve e se pode ou se não pode interferir,
e isso são outros quinhentos. E também não adianta
conhecer algum tipo de mantra ou palavra de poder especial; isso,
geralmente, não adianta muita coisa. O que é insubstituível
e irredutível é que esse Místico
esteja conscientemente e definitivamente a serviço do Bem.
Então, posso afirmar com toda a segurança: Sua presença
em um dado ambiente é suficiente para neutralizar toda e qualquer
orquestração sacana ou malévola em andamento.
Muitas vezes um simples olhar desmonta uma igrejinha. Então,
além de todas as contradições morais e místicas
que possam implicar na posse e no usso de qualquer arma por um Místico
– e, na verdade, por qualquer um – ele realmente não
precisa disso para, digamos assim, se defender e proteger os que precisam
ser protegidos ou estejam sob a sua proteção.
Agora, eu não posso apoiar
um desarmamento parcial da população ordeira, e muito
menos da forma como está sendo proposto no Brasil. Isso é
infantil e tem outros propósitos que não abordarei neste
documento. E ninguém se tornará melhor ou pior, mais
honesto ou menos honesto, mais digno ou menos digno, mais violento
ou menos violento se for obrigado a fazer isto ou deixar de fazer
aquilo. A Lei Seca, por exemplo – instituída nos anos
20 nos Estados Unidos da América – só fez estimular
o contrabando, enriquecer os bandidos e aumentar a violência.
E ninguém deixou de beber um drink por causa dela.
O jogo do bicho é uma contravenção e todo mundo
joga. Certos jogos de baralho são proibidos, mas em todos os
clubes do Brasil se joga de tudo. De qualquer sorte, estou convencido
de que só pelo processo educativo as coisas poderão
mudar. Mas, enfim, apresentarei a seguir uma lista de argumentos para
que se possa pensar no assunto de forma esclarecida e madura.
PARA REFLETIR
Está circulando
na Internet o seguinte documento (que editei parcialmente):
O mesmo está acontecendo no
Reino Unido. País tradicionalmente tranqüilo, onde até
a polícia andava desarmada, adotou o desarmamento da população
ordeira. Pesquisa realizada pelo Instituto Inter-regional de Estudos
de Crime e Justiça das Nações Unidas revela que
Londres hoje é considerada a capital do crime na Europa. Os
índices de crimes à mão armada na Inglaterra
e no País de Gales cresceram 35% logo no primeiro ano após
o desarmamento. Segundo o Governo, houve 9.974 crimes envolvendo armas
entre abril de 2001 e abril de 2002. No ano anterior, ocorreram 7.362
casos. Os assassinatos com armas
de fogo registraram um aumento de 32%. A polícia já
está armada.
Nos Estados Unidos, onde a decisão
de permitir o porte de armas é adotada independentemente por
cada Estado, todos os Estados com leis liberais quanto ao porte de
armas pela população ordeira têm índices
de crimes violentos muito inferiores à média nacional,
enquanto os Estados com maiores restrições ostentam
índices de crimes violentos expressivamente superiores à
média nacional. Washington, onde a proibição
é total, é a cidade mais violenta dos EUA.
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É necessário
considerar ainda:
a) 88% dos marginais
obtêm armas de fogo, apesar de toda e qualquer restrição
legal ou policiamento.
b) Os bandidos visam
principalmente os desarmados. 74% dos bandidos afirmaram evitar entrar
em residências onde saibam ou desconfiem haver alguém
armado.
c) 57% dos bandidos
encarcerados declararam temer mais um cidadão armado do que
um policial.
d) 57% dos criminosos
declararam não abordar vítimas que eles suspeitem portar
alguma arma.
e) A audácia
dos bandidos vacila quando eles sabem ou suspeitam do poder de reação
de suas vítimas.
f) 40% afirmaram
já ter desistido de algum crime por desconfiar que a vítima
estava armada, e 34% disseram que o seu maior medo é levar
um tiro da vítima ou da polícia.
CONCLUSÕES
1º - Não
apóio nenhuma forma de violência, ainda que, no passado,
eu tenha sido, em um certo sentido, imoderado.
2º - Não
apóio nem a vingança nem a retaliação,
ainda que, no passado, eu tenha, em um certo sentido, retaliado.
3º - Não
apóio nenhuma forma de assassinato, nem mesmo em legítima
defesa, ainda que, no passado, em um certo sentido, eu tenha tido
alguns pensamentos homicidas.
4º - Não
apóio a pena capital.
5º - Não
apóio o suicídio, ainda que eu me compadeça de
quem o pratique.
6º - Não
apóio de nenhuma forma esse desarmamento tupiniquim tropicalizado
e banal que está sendo proposto no Brasil.
7º - Apesar de
também não apoiar, reconheço o legítimo
direito de quem possui uma arma para se defender. Da mesma forma que
hoje, para mim, é uma impossibilidade agir como um não-Iniciado,
não posso querer que alguém aja ou pense da forma como
eu penso e ajo agora aos 59 anos. Se no passado não honrei
devidamente a Ordem
Rosacruz AMORC – e me envergonho por isso –
hoje sou um Rosacruz integral. E é exatamente por isso que
respeito, sem qualquer restrição, todos os direitos
dos outros. Faze
o que tu queres...
Para fechar esse tema
convido para uma leitura-reflexão sobre o conteúdo do
poema Tudo Isso que fiz para complementar
este assunto. Ele poderá ser lido em:
http://paxprofundis.org/livros/tudo/isso.html
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Resolvi atualizar
este ensaio pois recebi recentemente um e-mail com um artigo
da Deputada Denise Frossard, Juíza de Direito aposentada e
fundadora da Transparência Brasil. Eis o Documento:
OS DANOS DA
PROIBIÇÃO.
Denise Frossard
O bom senso, sob o fogo cerrado da
proposta de proibição do comércio legal de armas,
pode ser mais uma das vítimas da ingenuidade ou violência
branca da demagogia.
O que se pretende com a proibição?
Reduzir a criminalidade é a resposta, tão imediata quanto
impensada, que nos vem à cabeça. Mas é uma resposta
equivocada. A proibição do comércio legal de
armas não fará recuar nem um milímetro a ousadia
do crime (organizado), não baixará a taxa de delinqüência
das ruas nem mesmo trará o conforto de diminuir a sensação
de insegurança que, hoje, atinge em graus variados a sociedade
brasileira.
A proibição do comércio
legal de armas, como o simples aumento de penas, a mudança
do fardamento da polícia e tantas outras medidas (anunciadas
ou já implementadas), tem sobre a criminalidade o mesmo efeito
de um arco-íris no céu: uma ilusão bonita aos
nossos olhos.
No caso da proibição
do comércio de armas, falsa sensação produzirá,
no entanto, um efeito danoso: retirará do Estado a possibilidade
de controle (ainda que frágil, como agora) e dificultará
ainda mais a investigação de crimes praticados com esse
recurso.
Proibida a comercialização,
o Estado não terá mais instrumentos para o controle
da circulação de armas. Como a sensação
de insegurança persistirá, porque as verdadeiras causas
da criminalidade (corrupção e impunidade) não
são resolvidas em razão das deficiências do Estado,
o mercado inteiro de armas de fogo irá para a clandestinidade.
As provas desse argumento são
muitas. Uma delas está no documento "Fiscalização
de Armas de Fogo e Produtos Correlatos", publicado pela imprensa,
elaborado pelo coronel de infantaria Diógenes Dantas Filho,
que, em conjunto com o Ministério Público Militar Federal,
articulou uma ação policial militar para apreensão
de armas clandestinas no Rio de Janeiro. O trabalho mapeia as rotas
utilizadas pelo tráfico de armas e confirma a existência,
em circulação, no Brasil, de 20 milhões de armamentos
sem registro, em contraposição a dois milhões
de armas registradas.
É uma absurda ingenuidade de
uns (e razões suspeitas de outros) imaginar que, diante da
proibição do comércio legal, ninguém mais
comprará ou deixará de portar armas. O mercado não
vai estancar simplesmente porque o Estado proibiu a comercialização.
Historicamente não tem sido assim. Quem não se lembra
da Lei Seca, nos EUA, ou da reserva de mercado de informática,
no Brasil? Nos dois casos, e em muitos outros que a experiência
de proibições comerciais mundo afora construiu, cresceu
o mercado clandestino e o contrabando. Esse é o terreno fértil
para aumentar a corrupção.
A medida certa está no controle
da fabricação e do porte de armas de fogo, e não
na proibição da comercialização. Nesse
ponto, é bom retirar do debate a idéia equivocada de
que os que são contra a mera proibição estão
no pólo oposto da argumentação, propondo "às
armas, cidadãos". Não é assim. Acredito
na eficiência da regulamentação e no controle
rigoroso da fabricação, do porte e da importação
de armas. Acredito na responsabilização direta e penal
de todo aquele que, mesmo não portando armas, estimule o porte
ilegal. Venho defendendo publicamente esses pontos de vista desde
o começo dos anos 90.
O caminho do controle foi tomado em
fevereiro de 1997, com a edição da lei 9.437, que estabeleceu
condições para o registro e o porte de armas de fogo
e, mais relevante, configurou como crime possuir, deter, portar, fabricar,
adquirir, vender, alugar, expor à venda ou fornecer, receber,
ter em depósito, transportar, ceder (mesmo que gratuitamente),
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de
fogo, de uso permitido, sem a autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar.
Até 1997, o porte ilegal de
armas era uma simples contravenção penal. A partir de
então, com a lei nº 9.437, passou a ser crime, com pena
de prisão. Recentemente, o Senado melhorou ainda mais a lei,
aprovando um projeto que, entre outras medidas, torna o porte ilegal
de armas um crime inafiançável. A proposta do Senado
será submetida à Câmara, onde terá o meu
apoio.
Apesar de não produzir resultados
efetivos para o esforço de redução da criminalidade,
que, comprovadamente, tem causas mais graves, a proposta para proibição
do comércio legal de armas acabará sendo apresentada
à população como um milagroso remédio.
E nisto está o segundo, e talvez mais importante, equívoco.
Sendo aprovada a proposta e em nada resultando no que concerne à
necessidade de redução da criminalidade, veremos aumentar
a incredulidade da população com as medidas que venham
do Estado. Com isso, continuaremos perdendo um importante aliado na
luta contra o crime: a confiança do cidadão no Estado.
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E na onda da atualização,
disponibilizo o artigo do jornalista e escritor Juremir Machado da
Silva. Clique AQUI.
Websites
Consultados
http://www.blamethepixel.com/siguplist.php
http://www.polykarbon.com/tutorials/guns/revolver.htm
http://www.mj.gov.br/seguranca/desarmamento.htm
http://desarmamento.tripod.com/
http://www.armaria.com.br/aquemint.htm
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/09/330278.shtml