ARISTÓFANES
(Pensamentos)

 

 

 

Aristófanes

Aristófanes

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Na primeira parábase (ocasião em que, na comédia grega, o coro se afastava da ação teatral e trazia o público de volta à realidade, abordando temas políticos e sociais) de As Nuvens podemos ler: Quanto a mim, que sou um homem, um poeta de qualidade, não me apresento impante [cheio de soberba] na minha cabeleira, nem procuro vos endrominar [enganar], metendo duas e três vezes o mesmo assunto, mas, antes, esmero-me por produzir invenções sempre renovadas, sempre diferentes umas das outras, e todas engenhosas. O autor: o dramaturgo grego Aristófanes. E é de alguns de seus melhores ensinamentos que trata este estudo. Mas, leia com cuidado e atenção, para não tomar certos fragmentos aristofanescos por verdadeiros ou educativos, quando, na verdade, poderão ser críticas cáusticas e sarcásticas de Aristófanes aos costumes da sua época (mas que, em muitos casos, servem perfeitamente para os dias de hoje, e, provavelmente, sempre serão úteis).

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Aristófanes

Aristófanes

 

 

Aristófanes (c. 447 a.C. – c. 385 a.C.) foi um dramaturgo grego. É considerado o maior representante da Comédia Antiga. A sua linguagem, de extraordinária riqueza, é fecunda em jogos de palavras, incongruências jocosas e alusões diretas. Serve-se sem temor da obscenidade e da escatologia.

 

Nasceu em Atenas e, embora sua vida seja pouco conhecida, sua obra permite deduzir que teve uma formação requintada. Aristófanes viveu toda a sua juventude sob o esplendor do Século de Péricles.1 Aristófanes foi testemunha também do início do fim daquela grande Atenas. Ele viu o início da Guerra do Peloponeso,2 que arruinou a hélade. Ele, da mesma forma, viu de perto o papel nocivo dos demagogos na destruição econômica, militar e cultural de sua Cidade-estado. À sua volta, à volta da acrópole de Atenas, florescia a sofística – a arte da persuasão – que subvertia os conceitos religiosos, políticos, sociais e culturais da sua civilização. Conta-se que teve dois filhos, que também seguiram a carreira do pai.

 

Aristófanes escreveu mais de quarenta peças, das quais apenas onze são conhecidas. Conservador, revela hostilidade às inovações sociais e políticas e aos deuses e homens responsáveis por elas. Seus heróis defendem o passado de Atenas, os valores democráticos tradicionais, as virtudes cívicas e a solidariedade social. Violentamente satírico, critica a pomposidade, a impostura, os desmandos e a corrupção na sociedade em que viveu.

 

Seu alvo são as personalidades influentes: políticos, poetas, filósofos e cientistas, velhos ou jovens, ricos ou pobres.

 

Comenta em diálogos mordazes e inteligentes todos os temas importantes da época – a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, os métodos de educação, as discussões filosóficas, o papel da mulher na sociedade e o surgimento da classe média.

 

Em Lisístrata ou A Greve do Sexo (411 a.C.), as mulheres fazem greve de sexo para forçar atenienses e espartanos a estabelecerem a paz.

 

Em As Vespas (422 a.C.), discute a importância da verdade e seus benefícios, revelando sua preocupação com a Ética.

 

Na peça As Nuvens (423 a.C.), compara Sócrates aos sofistas, mestres da retórica, e acusa o filósofo grego de exercer uma influência nefasta sobre a sociedade.

 

Na comédia Os Acarnianos ou Acarnenses, representada no ano 425 a.C., ele ridiculariza os partidários da guerra com Esparta.

 

Suas outras obras são Os Cavaleiros (424 a.C.), A Paz (421 a.C.), As Aves (414 a.C.), As Tesmoforiantes ou As Mulheres que celebram as Tesmofórias (411 a.C.), As Rãs (405 a.C.), As Mulheres na Assembléia ou Assembléia de Mulheres (392 a.C.) e Pluto ou Um Deus Chamado Dinheiro (388 a.C.)

 

 

 

Pensamentos Aristofânicos

 

 

 

Eu já morri.
Mas ainda não vi
nada parecido
com o que escrevi.

 

 

 

Nossa pátria é onde nos sentimos bem.

 

Às vezes, a verdade nos é imposta, muito rapidamente, por um adversário.

 

Eu não tenho confiança nele. Ele tem olhos delirantes!

 

Se você fizer uma bagunça, você tem que limpá-la.

 

Quem é sábio aprende muito com os seus inimigos.

 

Prudência é a melhor defesa. Este princípio não pode ser aprendido com um amigo, mas um inimigo ensina imediatamente.

 

Isto é o que muito me entristece: um homem que nunca lutou... Nunca, até hoje, teve um remo, uma lança ou uma bolha na mão.

 

São pelos inimigos, não pelos amigos, que as cidades aprendem a construir muros altos.

 

Não há nada mais vergonhoso do que alguém ser honrado pela fama dos antepassados e não pelo merecimento próprio.

 

Os eventos malvados são decorrentes de causas malvadas.

 

Quando acontece de alguém encontrar a sua metade verdadeira, de um ou de outro sexo, ficam ambos tomados de um sentimento maravilhoso de confiança, de intimidade e de amor, sem que decidam se separar, por assim dizer, um só momento. Estas pessoas, que passam juntas toda a vida, são, precisamente, as que não sabem dizer o que uma espera da outra. E a razão disto é que, primitivamente, era plena a     A saudade deste todo homogêneo e o empenho de restabelecê-lo é o que denominamos amor.

 

Cortesia é simplesmente fazer aos outros aquilo que gostaria que eles fizessem a você.

 

É preciso ter sido remador, ter estado na proa e ter observado os ventos antes de pegar o timão e comandar o navio.

 

Deixe cada homem praticar a arte que conhece.

 

Os deuses querem que cada um desempenhe o ofício que sabe!

 

 

 

Esta animação foi editada da fonte:

http://ryaninja.blogspot.com/2006/07/
need-excuse-to-get-off-work.html

 

 

A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, porém, a estupidez é eterna.

 

Não podes ensinar o caranguejo a caminhar para frente.

 

Os velhos são duas vezes crianças.

 

Para as crianças, educação é o mestre-escola; para os jovens, é o poeta.

 

Mesmo se me convenceres, não me convencerás.

 

Devemos nos abster completamente do macho.

 

Você tem aprendido com os pássaros, e vai continuar a aprender... As aves são um bom Apolo profético.

 

Agora, vamos dançar e cantar em tons consagrados...

 

Vidas santas – um Juramento Sagrado!

 

Nada é mais covarde do que a riqueza.

 

Não se deve tentar enganar o infortúnio, mas, com graça, resignar-se a ele.

 

É de mau gosto para um poeta para ser grosseiro e peludo.

 

Os tempos mudam. Os vícios da sua idade são elegantes hoje.

 

Invocar apenas argumentos simples e ainda triunfar é uma arte que vale mais do que cem mil dracmas.

 

Zeus, todo-poderoso, que infindável e monstruosa noite! Quando o dia nascerá finalmente?

 

Não consigo dormir. Malditas dívidas! Não me deixam sequer piscar os olhos.

 

Não jures por esses deuses cavalares. Jurar por eles é a causa de toda esta situação.

 

Faz de ti mesmo um homem novo.

 

Toda a atmosfera é realmente um forno cósmico, e nós apenas somos uns fragmentos de carvão a arder.

 

Os deuses não passam, meu amigo, de uma falsa e vulgar superstição.

 

 

 

 

O que me importa é não morrer tão cedo.

 

Se um sacrilégio cometi, desculpa. Fiz muita força, mas não resisti.

 

Nunca te ocorreu, dize a verdade, que são as nuvens deusas celestiais?

 

As nuvens podem assumir qualquer forma que desejem.

 

Salve tu, ó sumo sacerdote da conversa fiada.

 

Zeus? Que Zeus? Não há Zeus. Que Zeus?

 

Quem faz a chuva? As nuvens, certamente. A prova, neste caso, é conclusiva: tu já viste jamais chover com céu sem nuvens?

 

Quem faz a trovoada são as nuvens também. Simples processo de convecção... As nuvens são de água carregada, e explodem quando entram em colisão.

 

Se é Zeus que castiga os mentirosos, como é que Simon ainda está vivo, e vivos também estão Cleôminos e Téoros? No entanto, em lugar de fazer isso, Ele destrói seus próprios santuários corta ao meio carvalhos centenários. Tem razão para isso? Por acaso pode o carvalho cometer perjúrio?

 

Se puderes passar na nossa prova, hás de ser invejado em toda a Grécia. Antes, porém, de começar a prova, as nossas condições terás de ouvir. Tua memória é boa? És bem capaz de pesquisar a fundo o que é preciso? Ao cansaço, à fadiga és resistente? A friagem do inverno não te assusta? Ficarás sem comer um dia inteiro? Evitarás os vinho e as mulheres? E, enfim, tens de jurar, solenemente, seguir, bem a rigor, o nosso código. Lutar, brigar, pleitear e batalhar, como um leal soldado da palavra, sempre como um filósofo perfeito.

 

Promete agora, então, que o meu caminho hás de trilhar religiosamente, sem teres outro deus, senão os meus, e respeitando sempre esta trindade: nuvens, caos e mistificação.

 

Para o melhor e o pior, podeis matar meu corpo de fome, podeis secá-lo de sede. Podeis reduzi-lo a gelo e até picá-lo em pedaços. Fazei o que bem quiserdes, mas eis minhas condições: quando, completada a ordália, tudo estiver terminado, que surja um Estrepsíades inteiramente mudado. Um velhaco, mentiroso, solerte e parlapatão, embusteiro, palavroso, sem vergonha, charlatão, macio, esperto, untuoso, embrulhador consumado, pulha, safado, maldoso, salafrário e descarado.

 

Se alguém me deve, eu não me esqueço, de maneira alguma. Se eu devo a alguém, contudo, o caso é outro: não consigo lembrar, por mais que queira.

 

Nós exigimos dos iniciantes que fiquem nus.

 

A hesitação não é mais permitida nesta fase adiantada da iniciação!

 

Posso ser careca, como os meus rivais não cansam de dizer, porém não desenxabido.

 

 

— Careca, tudo bem;
desenxabido é o cacete!

 

 

Tu, nosso rei, primeiro invocamos lá de seu trono, onipotente deus, baixa os teus olhos sobre a nossa dança e sê conosco, Zeus. E tu, senhor do mar, grande Poseidon, que vences com o tridente toda a luta e toda a fúria das ondas, ó Poseidon, a nossa prece escuta. E tu, Éter etéreo, paternal, que pelo ar te espalhas, e senhor és para nos nutrir e sustentar, dá-nos força e vigor. E tu, cujos corcéis o firmamento atravessam, levando-te, a brilhar. Ó luz fecunda para o céu e a Terra, vem nos iluminar.

 

Nenhum deus, em verdade, já vos trouxe benefícios iguais ao que trouxemos. Somente nós, é certo, em tempo algum recebemos sequer um sacrifício. No entanto, nem há necessidade de vos lembrar a ternura, o cuidado com o que nós vos tratamos.

 

O luar, realmente, está às vossas ordens. No entanto, negastes a fazer um calendário lunar perfeitamente formulado. E o vosso mês, assim, tornou-se um caos, obra-prima de pura confusão. E mais ainda: quando à noite um deus chega em casa faminto e não encontra nada para jantar, porque vós outros a festa celebrais em dia errado, é a coitada da inocente Lua que pelo deus furioso é censurada. E não é isso só: naqueles dias em que devíeis cultuar os deuses, vos ocupais em discutir demandas ou torturar as pobres testemunhas. E, enquanto os deuses jejuando ficam, vós, no entanto, a grandes comilanças e a grandes bebedeiras vos entregais. Ficai, portanto, agora advertidos. Ainda bem recentemente, os deuses, de seu lugar hepérbolo, privaram na comissão dos festivais, querendo ensinar-lhes e ensinar a outros iguais porque se deve respeitar o tempo.

 

De qualquer maneira, a verdade é quem manda. Eu obedeço.

 

Todo aquele que ao ritmo é sensível terá da sociedade a porta aberta.

 

É indispensável que aprendas a distinguir pela terminação o que é masculino e o que é feminino. De outro modo, verás que confusão.

 

Concentra primeiro, depois raciocina, concentra de novo. Lucubra em seguida, depois especula, rumina afinal. Se sentes cansaço, sê forte, resiste e fica acordado. Em suma, reflete, rumina, especula, mas sempre deitado!

 

Instila, agora, em tua mente, instila a mais etérea essência, permitindo que as essências sutis do pensamento penetrem em cada poro do problema. Bastando, depois disso, analisar, corrigir, resumir e definir... Em caso de dilema, visa a concatenar todos os dados, medi-los e pesá-los, e, em seguida, por fim, o resultado compulsar.

 

É muito claro: não havendo Lua, não haverá mais mês, e, deste modo, não terei de pagar juros mensais.

 

Antes que meus credores recorressem ao tribunal, eu me suicidaria, pois a verdade é que não poderiam acionar um defunto.

 

Deuses, deuses do céu! O que vai ser de mim agora? Pois estou perdido, se da palavra o dom me for negado. Nuvens, cheias de graça, aconselhai-me. Dizei-me o que fazer.

 

Um homem de tua idade acreditando em Zeus! Muito engraçado!

 

Causa-me espécie, afeta a minha mente, ver jovens como tu tão iletrados que enchem a cabeça de noções tão falsas.

 

Fica sabendo agora um segredo tão só: Zeus não existe. Zeus foi banido. Só o princípio da convecção tem o poder agora.

 

A lógica sofística moderna, também chamada lógica imoral, pode ser menos moral do que a lógica filosófica, que é tradicional, porém é muito mais eficiente.

 

A justiça está no regaço dos deuses? Então, podes me explicar como Zeus escapou da punição, depois de ter prendido o próprio pai? A incoerência é clara como a água.

 

Hás de convir que hoje as coisas mudaram. O que era errado no teu tempo, é o certo e a moda agora.

 

Em todas as escolas de Atenas se seguia o regime dos três dd: disciplina, decoro e dever.

 

Era proibido também dar gargalhadas ou as pernas cruzar...

 

Aprende as virtudes do homem: a mente sã, a decência e a inocência, que não vão permitir que do mal te aproximes. Que te sintas furioso, indignado, quando a tua honra sentes ultrajada.

 

Para com os mais velhos, deferência; respeitar pai e mãe; manter intacta a imagem de modéstia assaz viril que servirá de guia em tua vida. Sê puro, evita os sórdidos bordéis, o amor prostituído, que corrompe teu caráter viril e que rebaixa tua reputação. Para teu pai mostres sempre total obediência. Respeita o fim da vida de quem antes te criou, te tratou, quando mais moço. Jamais o chames de velho ou de caduco...

 

Os banhos quentes fazem muito mal – tornam o homem frouxo, efeminado.

 

Segue, porém, os meus conselhos, jovem, e faz o que te dita a Natureza. Goza a vida, diverte-te e te rias do mundo sem escrúpulos. Se acaso em flagrante tu fores apanhado, afirma simplesmente ao pobre corno que não tens culpa, e invoca como exemplo o Zeus onipotente, que não pode ver mulher sem tratar de conquistá-la. Se um tão grande e poderoso deus não pode resistir, como querer que um pobre mortal tenha a arrogância de ministrar ensinos de moral aos deuses imortais? Não é possível.

 

Um rabanete! Achas mesmo, confessa, uma desgraça tão grande ter um rabanete enfiado no rabo?

 

Fui derrotado pelos pederastas passivos. Vou me retirar. Só isso... Tomai meu manto e me recebei, ó vós, pederastas passivos. Terminou.

 

Mas não te esqueças: quero que a sua língua fique, em suma, tão afiada como uma navalha. Do lado esquerdo, afia-a para as causas particulares; porém, do direito, para os negócios públicos e as grandes ocasiões e oportunidades.

 

Chorai, chorai, ó agiotas, vós que emprestais, rangei os dentes, vós que lucrais os altos juros.

 

Tal é meu filho! Melhor do que ele, apenas eu.

 

Sou bobo! Preciso ser mais duro! E hei de ser!

 

Pois, agora, juro que não jurei.

 

Deuses? Que deuses? Zeus? Poseidon? Hermes? Então, pior para eles, se jurei. Jurei e perjurei. Amo o perjúrio.

 

Zeus é uma burla, para quem raciocina.

 

Os juros não são mais do que a tendência natural do dinheiro aplicado de se reproduzir, com a passagem do tempo. E assim é mais do que claro que os juros crescem e o Capital aumenta.

 

Se o mar, no qual todos os rios desembocam, não cresce nem um pouco, como queres que o dinheiro é que cresça?

 

O crime não compensa. O desonesto acaba castigado.

 

Queremos a verdade ou, pelo menos, algo parecido.

 

Senhores! A eloqüência é coisa boa, muito melhor até do que esperava. Oh!, o arrebatamento do discurso! Oh!, a volúpia da articulação! Mas, sobretudo, o ático prazer de poder à vontade subverter a ordem da moral seguida e aceita!

 

Eu tinha de te educar. Bati porque te amava.

 

Uma vez que tu mesmo reconheces a sinonímia de espancar e amar, é mais do que natural que eu, agora, por minha vez, com muito amor, te espanque. Mais que isso, aliás: com que direito tu podes me espancar, e pretenderes que eu não possa fazer a mesma coisa. O que pensas que sou? Que sou escravo? Não nasci, como tu, um homem livre? O que me dizes, então?

 

Os velhos são crianças que cresceram. É lógico, portanto, que os velhos mereçam muito mais ser espancados, porquanto, experientes como são, são menos desculpáveis do que as crianças.

 

Observa como os galos se comportam entre si. Vivem brigando filhos com pais, sem vãs hierarquias. E em que a sociedade galinácea se difere da nossa? Tão-somente porque a nossa sociedade tem leis e a sociedade galinácea não.

 

O sofrimento gosta de companhia.

 

É assim mesmo que nós somos: insubstanciais nuvens onde o homem constrói as suas frágeis esperanças, brilhantes, tentadoras, mas formadas de puro ar, miragens do desejo. E assim agimos nós, indiferentes. Seduzindo e atraindo os homens vãos nos desonestos sonhos da ambição que, como sonhos, logo se desfazem. E o sofrimento lhes ensina, então, a respeitar os deuses, e a temê-los.

 

Que Zeus, que nada! Acreditar em Zeus é prova de burrice consumada!

 

 

 

Discurso Sobre o Homem e o Amor

 

 

 

Aurora Consurgens

Aurora Consurgens

 

 

A princípio, havia três espécies de seres humanos, e não duas, como agora: o masculino e o feminino e, além destes, um terceiro, composto pelos outros dois, que veio a se extinguir. Apenas nos resta a sua designação, pois a espécie desapareceu. Era a espécie andrógina, que tinha a forma e o nome das outras duas, masculina e feminina, das quais era formada: hoje, já não existe e não passa de uma designação pejorativa. Cada homem, no seu todo, era de forma arredondada, tinha dorso e flancos arredondados, quatro mãos, outras tantas pernas, duas faces exatamente iguais sobre um pescoço redondo, e nestes duas faces opostas, uma só cabeça, quatro orelhas, dois órgãos sexuais, e tudo o resto na mesma proporção. Caminhava ereto, tal como o homem atual, na direção que lhe convinha. Quando corria, fazia como os acrobatas, que dão voltas no ar. Lançando as pernas para cima e apoiando-se nos membros, em número de oito, rodava rapidamente sobre ele mesmo. Estas três espécies eram assim conformadas, porque o masculino tinha origem no Sol, o feminino na Terra, e a espécie mista provinha da Lua que, como se sabe, participa de ambos. Eram esféricos, e a sua locomoção também, porque se assemelhavam aos progenitores. Possuíam igualmente uma força e um vigor extraordinários e, como eram corajosos, decidiram escalar o céu e guerrear os deuses, à semelhança de Efialto e de Oto, o que Homero conta.

 

Em face desta invasão, Zeus e os restantes deuses deliberaram sobre a posição a assumir. O caso apresentava-se de solução difícil: não se podiam decidir a exterminar os homens e a destruir a raça humana a golpes de raio, como tinham feito os Titãs, porque isso significava o fim das homenagens e do culto que os homens prestavam aos deuses; mas não podiam suportar este ato de insolência. Por fim, Zeus, tendo encontrado, não sem alguma dificuldade, uma solução, tomou a palavra e disse: — Creio ter encontrado a maneira de conservar os homens e de cercear a sua liberdade: torná-los-ei mais fracos. Dividi-los-ei em duas partes. Obteremos, assim, a dupla vantagem de os tornar mais fracos e de continuar a tirar deles algum proveito, pois passarão a ser mais numerosos. Caminharão eretos sobre duas pernas. Se continuarem a se mostra insolentes e não sossegarem, voltarei a dividi-los, e caminharão sobre uma só perna!

 

Tendo pronunciado esta lei, Zeus cortou todos os homens em dois, tal como se cortam os frutos ou um ovo com um cabelo. De cada vez que cortava um, ordenava a Apolo para lhe voltar a face e o pescoço para o lado do golpe, a fim de que, vendo-o, o homem tornava-se mais humilde; mandava-lhe, além disso, curar as feridas. Apolo assim fazia e, ligando toda a pele na parte que se chama ventre, deixava apenas uma cavidade, que se chama umbigo. Depois, alisava as costuras e arranjava o peito com um instrumento semelhante ao que utilizam os correeiros para polir, na forma, as rugas do cabedal, mas deixava ficar algumas rugas, como as do ventre e as do umbigo, como recordação deste castigo.

 

Ora, depois de assim ter dividido o corpo, cada uma das partes, lamentando a outra metade, foi à procura dela e, abraçando-a e entrelaçando-se uma às outras, no desejo de se fundirem numa só, iam morrendo de fome, por inação, pois nada queriam fazer umas sem as outras. Quando morria uma metade e a outra sobrevivia, esta procurava logo outra e enlaçava-se nela, quer fosse metade-mulher, quer fosse metade-homem e, deste modo, a raça ia se extinguindo…

 

A partir deste momento, aparece o amor inato que os seres têm uns pelos outros. O amor tende a reencontrar a antiga natureza, esforça-se por se fundir numa só, e por sarar a natureza humana.

 

Cada um de nós é, por isso, um símbolo, pois fomos cortados em dois, como o linguado e, de um só, ficaram duas metades. Assim, cada um procura a metade que lhe corresponde. Os homens constituídos pela metade daquele composto de dois sexos, amam as mulheres…

 

 

O que é justo também é do conhecimento da comédia. Ora, o que eu vou dizer pode ser cáustico, mas justo é.3

 

Alguma vez, olhando para cima, você viu uma nuvem com a forma de um centauro, de um lobo ou de um touro?

 

O núcleo do cômico, na comédia, baseia a sua comicidade mais na falência dos tribunais do que na sua eficácia.

 

 

 

 

Não é coisa fácil pôr de parte a natureza que sempre nos acompanhou.

 

Somos cidadãos de Atenas, nascidos de famílias ilustres. Não fomos expulsos; resolvemos sair da cidade por vontade própria. Querem saber por quê? Não é por Atenas, tão boa pra se viver! O problema é a corrupção de seus habitantes. Os atenienses vivem empoleirados em processos judiciais. E os burocratas e os delatores profissionais? E os cidadãos que ganham três óbolos por dia para participarem das assembléias? Por isso, estamos indo embora.

 

Eu, o Discurso Injusto, recebi esta qualificação entre os pensadores porque tive, antes de qualquer outro, a idéia de falar contra as leis e a justiça. Esta arte tem um valor maior do que qualquer outra; ela ensina a defender as razões mais fracas e fazê-las prevalecer, apesar de sua fragilidade.

 

A direção de uma comédia é o trabalho mais penoso de todos.

 

Se não me engano, aquele político sujo anda metido nisso; dizem que ele comia imundície.

 

Não diga palavras de mau agouro! Fale coisas otimistas e dê berros de alegria! Mande todo mundo se calar, cobrir as latrinas com telhas novas e arrolhar os intestinos.

 

Eu descobri, nas fábulas de Esopo, que o escaravelho foi o único bicho voador que conseguiu chegar até os deuses.

 

Agora é hora de cantar uma música badalativa, balançando as mãos levantadas: 'Como é bom gozar! Hoje eu vou me esbaldar!' Gregos! Chegou a hora de libertar a Paz querida por todos, de nos livrarmos das brigas e dos combates, antes que outro pau de pilar apareça para atrapalhar! Vamos, lavradores e negociantes, artistas, operários, imigrantes, estrangeiros, ilhéus, venham todos para cá, povo de todos os lugares, o mais depressa possível, com picaretas, alavancas e cordas! Chegou a hora de ter juízo!

 

Marchem todos por aqui fogosamente, diretos para a liberdade! Ajudemo-nos uns aos outros, gregos de toda a parte, agora ou nunca! Chega de campos de batalha! Chega de uniformes militares! Acaba de raiar o dia luminoso de que traficantes de guerra não vão gostar!

 

Libação! Libação! Concentrem-se! Concentrem-se! Fazendo esta libação, vamos rezar para que este dia seja para todos os gregos o início de um bocado de coisas boas, e para os que pegarem nestas cordas com o coração cheio de boa vontade nunca mais tornem a pegar em armas!

 

E se alguém, com vontade de comandar batalhões, se opuser a que você volte a reinar entre os homens, soberana Paz, que nas batalhas... tenha de jogar as armas fora para fugir mais depressa.

 

Ao deus da guerra: não! Ao deus da carnificina: não!

 

Não é de amargar que uns puxem em um sentido e outros puxem ao contrário?

 

 

 

Vocês, atenienses, parem de ficar pregados no chão! Vocês só querem julgar os outros. Se vocês querem mesmo soltar a Paz, recuem um pouco para o lado do mar.

 

Que hálito gostoso, perfumado e suave como a isenção do serviço militar e como as essências mais finas!

 

Longe de mim a trouxa odiosa de um inimigo odiado! O cheiro da trouxa pioraria o arroto de um comedor de cebolas.

 

Veja como as cidades conversam umas com as outras, de pazes feitas, e riem alegremente!

 

Ouçam todos: que os lavradores voltem com suas ferramentas e se dirijam sem demora para o campo, sem lança, nem espada, nem dardo, pois a boa Paz de antigamente está de novo aqui conosco. Vamos! Volte cada um a trabalhar no campo após cantar uma canção alegre!

 

Os amigos que se foram não estão mortos, apenas foram antes, caminhando na estrada que todos nós devemos percorrer, seguindo os passos que eles já trilharam.

 

A enxada é mesmo uma coisa bonita quando bem polida, e os ancinhos de três dentes brilhando ao Sol também, prontinhos para fazer um bom canteiro. Eu mesmo estou ansioso por voltar ao campo agora e afofar meu pedacinho de terra com o enxadão, depois de tanto tempo. Vamos! Lembrem-se, companheiros, da vida boa que a deusa nos proporcionava antes, aqueles pacotes de figos secos, os figos frescos, o mirto, o vinho doce, o canteiro de violetas perto do poço e as azeitonas que agora nos fazem tanta falta! Dêem agora um viva à deusa pela volta dessas coisas boas!

 

Paz muito querida! Eu estava tarado de desejos por você; um impulso sobre-humano me impelia a voltar para o campo. Você era a causa da abundância para todos nós que vivíamos da terra, Paz muito desejada! Só você nos ajudava. Que doces prazeres tínhamos antes, graças a você, gratuitos e bem gozados! Você era, para a gente do campo, o doce mais gostoso e a salvação. As parreiras e as figueiras novas e todas as outras plantas também receberão você com um sorriso alegre.

 

Estes, ambiciosos, cínicos e falsamente amigos dos estrangeiros, repeliram vergonhosamente a Paz para estimular a Guerra. E os lucros deles foram a perdição dos lavradores, pois vossos barcos, em represália, saíam daqui para destruir as figueiras dos inocentes.

 

Então toda a pressa é pouca. Se algum músico desses que levam a vida na flauta vir vocês aí, vai chegar perto e vai querer tocar sem ser convidado; e, se vocês virem a cara de sofrimento que ele faz quando toca, vão deixar que ele tome parte na festa.

 

Paz venerada, soberana dos coros, soberana das festas nupciais, recebe nosso sacrifício! Mostra-te todinha, como uma mulher sincera, a nós, teus amantes, que nos matamos por ti há treze anos. Acaba com as batalhas e os conflitos para podermos chamar-te de fim da guerra. Acaba com essas desconfianças sem fundamento que nos fazem lançar-nos uns contra os outros. Junta-nos, junta os gregos todos com o cimento da amizade e infunde em nossos peitos um pouco de suave tolerância. Faze com que nosso mercado fique superlotado de coisas gostosas: de Megara, alhos, pepinos tenros, marmelos, romãs, capotes para escravos; da Beócia, que venha gente trazendo gansos, marrecos, pombos bravos, patos selvagens; que as melhores enguias cheguem aos cestos, e que, amontoados em volta delas para fazer nossas compras, nos acotovelemos com todos os gulosos da cidade; que um comilão preguiçoso chegue tarde demais ao mercado, quando não houver mais enguias para vender, e cante suas tristezas em versos trágicos. O pessoal ia se divertir às pampas! Atende às nossas preces todas, Deusa Venerável!

 

A Paz não gosta de matanças nem de altares ensangüentados.

 

 

O estarrecedor não são os assassinos assassinando,
mas os que ficam olhando e gostando da matança.

 

 

Jamais poderás alisar um ouriço eriçado!

 

Isto é muito melhor do que ficar olhando um militar odiado pelos deuses, com seus três penachos e sua capa purpurina, que ele diz que foi tingida mesmo é de amarelo-merda.

 

Nada no mundo é pior que uma mulher sem-vergonha – exceto algumas outras mulheres.

 

A pobreza é irmã da mendicância.

 

Você tem todas as características de um político popular: uma voz horrível, má educação e péssimos modos.

 

Continua a fazer aquilo que já fazes: mistura os negócios públicos, amassa-os todos juntos numa pasta. O povo, conquista-o quando quiseres, com umas palavrinhas doces, que são a tua especialidade. Tudo o mais que é necessário à demagogia, tu o tens de sobra: voz de safado, baixa condição, ar de espertalhão. Tens tudo o que é necessário à governação. Vamos, põe a coroa e faz um brinde à Estupidez.

 

Então eu, quando percebi que as palavras dele tinham acolhimento, e que o Conselho se deixava levar, pensei: 'Vamos lá deuses da safadeza e da enrolação, da maluquice e do descaramento, e tu praça, onde, menino ainda, me criei, chegou a hora de me darem coragem, uma língua rápida e uma voz atrevida'.

 

É muito bem feito, já que te apossas dos bens do Estado, mesmo antes de teres sido sorteado para isso; como quem colhe figos, apertas os magistrados na prestação de contas, para ver os que estão verdes, ou maduros, ou para amadurecer.

 

A verdade é que, desde sempre, mostraste a falta de vergonha, que é a única defesa dos oradores. Foi ou não foi? É nela que, dirigente da cidade, te apóias, para chupares os estrangeiros ricos.

 

Ó Povo, que belo império o teu! Todos te receiam como a um rei. Mas és tão fácil de levar! Gostas de ser engraxado, enganado e ficas de boca aberta perante os oradores.

 

E pões-te de tocaia para ver se, entre os cidadãos, aparece um cordeirinho, rico, sem maldade, tímido nos negócios. Porque, se sabes de algum que seja inexperiente e bobo, manda-o vir, deitas-lhe as unhas, passas-lhe uma rasteira, torces-lhe os costados...

 

Pois vou te denunciar aos prítanes por guardares, sem pagar a dízima, as tripas consagradas aos deuses.

 

O Amor é o deus mais amigo do homem, protetor e médico de todos os males, de cuja cura dependeria, sem dúvida, a maior felicidade para o gênero humano. Na nossa antiga natureza, éramos um Todo. É, portanto ao desejo e procura do Todo que se dá o nome de Amor. É por isso, que o Amor dirige e comanda os homens.

 

Educar pessoas não é como encher um copo; é como acender um fogo.

 

A desconfiança é a mãe da segurança.

 

Na adversidade, nasce a luz da virtude.

 

Uma andorinha não faz verão.

 

O homem é o único animal que fere a sua parceira.

 

O homem, mesmo que tenha cabelos grisalhos, poderá conseguir uma esposa; mas a mulher tem pouco tempo para isto.

 

Não há um homem realmente honrado; nenhum de nós está livre do afã do lucro.

 

O uso moderado do prazer aumenta a satisfação que dele resulta.

 

Rápido! Traga-me um copo de vinho para que eu possa molhar minha mente e dizer algo inteligente.

 

Mesmo que todas as leis fossem abolidas, os homens sábios levariam a mesma vida.

 

Fome não tem amigo, só sua alimentação.

 

Abra a boca e feche os olhos e veja o que Zeus lhe envia.

 

Sob cada pedra se esconde um político.

 

Pensamentos elevados devem ter uma linguagem elevada.

 

As mulheres são impossíveis! Como elas ficam em torno de nós! O poeta estava certo: não é possível viver com elas ou sem elas.

 

Para ser insultado, você deve ser enfeitado com lírios.

 

O amor é simplesmente o nome para o desejo e para a busca do Todo.

 

Santuários! Santuários! Certamente você não acredita nos deuses. Qual é o seu argumento? Onde está a prova?

 

Um arbusto, dizem eles, nunca pode esconder dois ladrões.

 

Você não deve decidir até que você tenha ouvido o que ambos têm a dizer.

 

Os homens de bom senso, muitas vezes, aprendem com os seus piores inimigos.

 

Pelas palavras, a mente é alada.

 

Eu mesmo cuidarei do meu banho.4

 

Feliz o homem totalmente sábio! Milhares de provas atestam a veracidade desta afirmação. Este, por ter sido sábio, voltará a ver a sua casa, o que é uma vantagem para seus concidadãos, para seus parentes e seus amigos; ele deverá tudo à sua sapiência. É bom, então, não ficar perto de Sócrates conversando com ele, desdenhando a música e as partes mais importantes da arte trágica. É loucura perder tempo em conversas ociosas, em sutilezas frívolas.

 

Muitas felicidades, muitas felicidades para vocês! Quem me seguir vai ganhar um doce!

 

 

 

Cherries Jubilee

Cherries Jubilee

 

 

 

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Notas:

1. Designa-se como Século de Péricles ou Idade de Ouro de Atenas o período histórico compreendido entre o cerco de Samos, por parte dos atenienses, em 439 a.C., e a derrota dos gregos na Batalha de Queroneia, frente o exército macedônio de Filipe II, em 338 a.C.

2. A Guerra do Peloponeso foi um conflito armado entre Atenas (centro político e civilizacional por excelência do mundo do século V a.C.) e Esparta (cidade de tradição militarista e costumes austeros), de 431 a 404 a.C. Sua história foi detalhadamente registrada por Tucídides e Xenofonte. De acordo com Tucídides, a razão fundamental da guerra foi o crescimento do poder ateniense e o temor que o mesmo despertava entre os espartanos. A cidade de Corinto foi especialmente atuante, pressionando Esparta a fim de que esta declarasse guerra contra Atenas.

3. De Charles Chaplin (1889 – 1977): A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe.

4. Esta sentença é equivalente a: Das minhas coisas cuido eu. Cada qual trate de si e deixe os outros. Cada qual varra a sua testada.

 

Páginas da Internet consultadas:

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php?menu=charge&COD_CHARGE=7

http://www.revistadeletras.ufc.br/
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http://allyne-evellyn.blogspot.com/2009/
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3fanes

http://pt.wikiquote.org/wiki/Arist%C3%B3fanes

 

Fundo musical:

Never on Sunday
Composição: Manos Hadjidakis
Interpretação: Ray Conniff & Orquestra

Fonte:

http://www.34mc.com/play/683352.html