UM POUQUINHO DE ARIANO SUASSUNA

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Trabalho

 

 

 

Este trabalho reúne um pouquinho do que encontrei de melhor do brasileiro-nordestino Ariano Suassuna – um calvinista de formação e posteriormente agnóstico, que se converteu ao Catolicismo, mudança que viria marcar definitivamente a sua obra. Mas, ex-adepto da Teologia Reformada, ex-agnóstico ou católico, Ariano foi o maior barato – uma espécie de querida e respeitada unanimidade nacional.

Concordando ou desconcordando, apoiando ou desapoiando, quem não gosta do Ariano não gosta de ninguém. Se ele já tiver chegado ao céu, deve estar arrumando a maior quizumba musical, mas educada, claro, com Michael Jackson, e esperando a hora para perguntar ao jornalista, escritor e produtor cultural senhor Alex Antunes o porquê de o ter cognominado, ab-rupta e intempestivamente, de velho burro e chato. Ora, Ariano-velho, sim, concordo (até eu estou caminhando para ficar velho), mas, com 87 anos de vida cheios de carinho e muito bem vividos ao lado de Zélia de Andrade Lima Suassuna – sua esposa e paixão de sua vida; Ariano-burro, não, porque leu, estudou e publicou mais do que todos os que o chamam de burro (burro és, de quatro pés, a papar capim, sob meus pés); e Ariano-chato, também não, porque ele era um alegre-otimista, e quem é alegre e otimista pode ser tudo, menos galochato (de galocha estás, de quatro pés, a manjar capim, sob meus pés). Quer dizer, das três afirmamerdas que o senhor Alex Antunes fez sobre Ariano, só acertou uma (a de que era velho), ou seja, cravou 33,33%, que em qualquer escola do Universo (que utilize 10 valores para medir a aprendizagem) é equivalente a uma nota 3.3 (que tende para péssima). Com esta nota (tendente a péssima), ninguém passa de ano, nem na escola da madre Belarmina nem na República Popular da China.

Conclusão conclusiva e concludente de um professor aposentado: infelizmente, o senhor Alex Antunes foi reprovado, e deveria reescrever o artigo malcriado Suassuna, Velho Burro, deixando de lado as picuinhas literário–culturais e olhando a alma do homem (se ela, por ele, puder ser vista), ainda que eu concorde com o autor do texto de mau gosto que o sistema arquetípico sobre o qual se constroem a cultura brasileira, em particular a nordestina, e a cultura pop internacional seja exatamente o mesmo. E foi deste mesmo arquétipo que também se alimentaram Cole Albert Porter e Noel de Medeiros Rosa, Ludwig van Beethoven e Heitor Villa-Lobos, Nadia Juliette Boulanger e Adiléia Silva da Rocha (conhecida como Dolores Duran), só que das oitavas mais refinadas deste arquétipo, e não das mais grosseiras, como fazem muitos compositores nacionais e internacionais contemporâneos, compondo porcarias sem qualquer valor nutritivo, mais ou menos como essa bostolência medonha e insípida aí embaixo:

 

Se você me pedir,

eu juro que eu dou.

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

 

Se você me agredir,

eu juro: eu não dou.

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

 

Se você me despedir,

não farei o loupacou.

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

 

Mas, se você insistir,

eu fundeio e não vou.

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

 

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

 

Vou ficar, eu não vou!

Vou ficar, eu não vou!

Ao seu lado ficar vou!

Ao seu lado ficar vou!

 

Vou... Vou... Vou...

Vou... Vou... Vou...

Uou... Uou... Uou...

Uou... Uou... Uou...

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna

 

 

Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa, 16 de junho de 1927 – Recife, 23 de julho de 2014) foi um dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta brasileiro. Desde sempre foi casado com Zélia de Andrade Lima Suassuna.

Idealizador do Movimento Armorial (iniciativa artística cujo objetivo seria criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro – música, dança, Literatura, artes plásticas, teatro, cinema, Arquitetura e outras expressões, que, segundo Ariano, foi uma resposta a esse processo de descaracterização e de vulgarização ao qual está submetida a cultura brasileira) e autor de obras como Auto da Compadecida e O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil.

Foi secretário de Cultura de Pernambuco (1994 – 1998) e secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014.

Desde 1990, ocupava a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo.

Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras, cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.

Em 9 de outubro de 2000, assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras, cujo patrono é Raul Campelo Machado, sendo recepcionado pelo acadêmico Joacil de Brito Pereira.

Em 2006, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Ceará.

Ariano Suassuna era torcedor do Sport Club do Recife. Ora, e daí? O Papa Francisco é torcedor do time de futebol argentino San Lorenzo. Tem até carteirinha do clube! E eu... Bem, quando eu era garoto, me disseram que eu era Vasco. E Vasco fiquei! Mas, como não sou Papa, nunca me deram uma carteirinha.

Ariano morreu no dia 23 de julho de 2014 no Real Hospital Português, no Recife.

 

 

 

Ariano Suassuna
(Pensamentos)

 

 

 

 

A Mulher e o Reino


Oh! Romã do pomar, relva esmeralda
Olhos de ouro e azul, minha alazã
Ária em forma de sol, fruto de prata
Meu chão, meu anel , cor do amanhã!

Oh! Meu sangue, meu sono e dor, coragem
Meu candeeiro aceso da miragem
Meu mito e meu poder, minha mulher!

Dizem que tudo passa e o tempo duro
tudo esfarela
O sangue há de morrer.

Mas, quando a luz me diz que esse ouro puro
se acaba pôr finar e corromper,
Meu sangue ferve contra a vã razão
E há de pulsar o amor na escuridão.

 

 

Você pode escrever sem erros ortográficos, mas, ainda escrevendo com uma linguagem coloquial.

A Humanidade se divide em dois grupos: os que concordam comigo e os equivocados.

Sou a favor da internacionalização da cultura, mas, não acabando as peculiaridades locais e nacionais.

A Arte, para mim, não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte para mim é missão, vocação e festa.

Jamais falei mal de Molière, mas, querer que eu aceite Elvis Presley já é demais.

O otimista é um tolo. O pessimista é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.

A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto. Nunca vi um gênio com gosto médio.

Venha sexta musa mensageira, do reino de Eloim, me traga a pena de Apolo e escreve aqui por mim: O Assassino da Honra ou A Louca do Jardim.

É muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.

Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.

Não sei. Só sei que foi assim!

Não troco o meu "oxente" pelo "ok" de ninguém!

Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.

 

 

 

 

Quando eu morrer, não soltem meu cavalo
nas pedras do meu pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu dorso alardeado,
com a espora de ouro, até matá-lo

Dizem que tudo passa e o tempo duro tudo esfarela.

 

 

 

 

Tudo que é vivo morre.1

Sonho com o dia em que o Sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo.

Jesus, às vezes, se disfarça de mendigo para testar a bondade dos homens.

A tarefa de viver é dura, mas, fascinante.

Matar padre dá um azar danado. Sobretudo, para o padre.

Depois que eu vi, em um hotel em São Paulo, um show de rock pela televisão, nunca mais eu critiquei os cantores medíocres brasileiros. Qualquer porcaria como a Banda Calypso ainda é melhor do que qualquer banda de rock.

A gente tem uma tendência para acreditar que não morre.

Sou um escritor de poucos livros e de poucos leitores. Vivo extraviado em meu tempo por acreditar em valores que a maioria julga ultrapassados. Entre esses, o amor, a honra e a beleza que ilumina caminhos da retidão, da superioridade moral, da elevação, da delicadeza, e não da vulgaridade dos sentimentos.

Não existe arte nova ou velha; só boa ou ruim.

 

 

Petróglifo (Arte Rupestre)

 

O ser humano é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer tempo, qualquer que seja a sua condição. Você pode ser rico ou pobre, mas, os problemas que afetam verdadeiramente o ser humano são os mesmos.2

Ave Musa incandescente
do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue,
o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas
e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!

Nobres Damas e Senhores
ouçam meu Canto espantoso:
a doida Desaventura
de Sinésio, O Alumioso,
o Cetro e sua centelha
na Bandeira aurivermelha
do meu Sonho perigoso!

Meu Sangue ferve contra a vã Razão
e há de pulsar o Amor na escuridão!

Quem gosta de ler não morre só.

O autor que se julga um grande escritor, além de antipático é burro, imbecil. Um escritor só poderá ser julgado depois da sua morte. Muito tempo depois.

Se os alemães não leram Guimarães Rosa, Euclides da Cunha ou Machado de Assis, quem perde são eles.

O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir só a razão, fica aquietado, acomodado.

Só o teu nome é o que importa!
Todos os outros são erros.
Tu tens a chave da porta
dos sonhos e dos pesadelos.

Eu sou um péssimo ator. Não sou só o pior ator vivo; eu sou o pior ator vivo e morto.

Tem gente que não gosta de adjetivo em texto. Eu confesso que não sei escrever nada sem adjetivo.

Não tenho medo da morte. Na minha terra, a morte é uma mulher e se chama Caetana (no sertão da Paraíba e de Pernambuco chamam a morte de Caetana). E o único jeito de aceitar essa maldita é pensando que ela é uma mulher linda.

Eu acho que a morte aparece como mulher aos homens e como homem, com o nome de Caetano, às mulheres.

Já me disseram que eu quero colocar a cultura brasileira dentro de uma redoma de vidro para que ela não se contamine, e isso é bobagem. Sou a favor da diversidade cultural brasileira. Só não admito é a influência de uma arte americana de segunda classe.

Eu não tenho imaginação; eu copio. Tenho simpatia por mentiroso e por doido. Como sou do ramo, identifico mentiroso logo.

Imaginem que tédio um lugar só com macho!

Frase dita em 2005, na ocasião do seu 78º aniversário: Acho uma façanha chegar aos 78 anos bem-humorado.

O Brasil tem uma unidade em sua diversidade. A gente respeita a cultura gaúcha, nordestina, amazônica. O que é ruim é este achatamento cosmopolita. Você liga a televisão e não consegue distinguir se um cantor é alemão, brasileiro ou americano, porque todos cantam e se vestem do mesmo jeito.

Acredito que toda arte é local, antes de ser regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal.

Os doidos perderam tudo, menos a razão. Têm uma (razão) particular. Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outra.

Todo mundo diz que cachorro gosta de osso, mas, eu digo que gosta é de comida, como todo mundo. Se oferecerem osso e filé, qual o cachorro prefere?

Globalização é o novo nome do colonialismo, e o gosto médio é uma peste, é muito pior do que o mau gosto.

Não sou contra muita coisa que disseram que sou. Já publicaram algo que eu teria dito, e, aí, vieram me dizer: isso que o senhor disse é um absurdo. Aí eu respondo: é um absurdo, mas, não fui eu que disse.

Terceira idade é para fruta: verde, madura e podre.

 

 

 

 

Ao completar 80 anos: Estão me fazendo um chamego danado; como é que vai ser quando eu completar 160? É melhor economizar um pouco agora, porque, senão...

Eu não posso ser naturista nunca; eu como Castro Alves, Casimiro de Abreu... Na Idade da Pedra, o cavalo vivia 20 anos, e o homem, o ser humano, também. Hoje, eu já vou com 80, aqui, e o cavalo continua com 20, e é vegetariano! Grama não dá não!

Eu tomei café durante muito tempo, mas, por falta de personalidade. Todo mundo dizia que brasileiro gosta de café, aí, eu tomava, e me queimava todo. Passei a tomar frio... Achava azedo! Aos 57 anos descobri que não gostava de cafezinho. E parei de tomar.

Meu padroeiro é Santo Ariano, um Santo desconhecido, que morreu afogado (em negócio de água ele não era bom não) mas, meu pai o admirava, e botou o nome dele em mim.

 

 

 

Aqui Morava um Rei

 

Aqui morava um Rei quando eu menino.
Vestia ouro e castanho no gibão.
Pedra da sorte sobre o meu destino.
Pulsava junto ao meu seu coração.

Para mim, seu cantar era divino,
Quando, ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca o desatino,
O sangue o riso e as mortes do sertão.

Mas, mataram meu pai, desde esse dia.
Eu me vi como um cego sem meu guia,
Que se foi para o Sol, transfigurado.


Sua efígie me queima, eu sou a presa.
Ele a brasa que impele ao fogo, acesa,
Espada de ouro em pasto ensangüentado.

 

 

Como é que eu chego aos Estados Unidos? Não tem problema não; você vai de posto em posto , que você chega lá.

Ariano: — Você é daqui do Rio?
Um tal de Walter: — Sou; mas, nós estamos em São Paulo!

Outro dia, viajando de avião, eu li: 320 instruções de segurança. Isto quer dizer que são 320 perigos!

Se eu fosse dono de avião, eu não botava aquela frase, que eu acho de um agouro danado: 'Para flutuar, use o assento da poltrona.' Ora, eu não vim aqui nadar, não.

Meu pai, na época, era Presidente do Estado da Paraíba, e eu nasci no Palácio do Governo. O quarto onde eu nasci está meio desmoralizado: está cheio de computadores! Eu não tenho nada contra os computadores; eles é que têm contra mim. Botaram meu nome no computador. Ariano ele aceitou. Vilar ele não aceitou, e sugeriu vilão. E Suassuna ele recusou, e sugeriu assassino! Quer dizer: no computador, meu nome é Ariano Vilão Assassino! E ainda acham que eu sou contra os computadores; eles é que são contra mim.

Quando eu comecei a escrever, quando eu não sabia o que fazer com o personagem, eu o matava. No meu primeiro conto – que era curto, rápido e violento havia três personagens. O marido chegava em casa e encontrava a mulher com um urso. Matava os dois e se suicidava! Não sobrava ninguém.

Eu não tenho astúcia nenhuma; eu sou um ingênuo.

Eu tenho uma grande intimidade com os mentirosos, e eu reconheço um mentiroso logo na primeira vez. Uma vez, lá no Recife, encontrei um mentiroso inglês. Eu nunca havia visto mentiroso com sotaque!

Meu apelido, no tempo do colégio, era chocalho. Por quê? Porque eu falava muito. E ainda hoje falo!

 

 

 

O Amor e a Morte


S
obre essa estrada ilumineira e parda
dorme o lajedo ao Sol, como uma cobra.
Tua nudez na minha se desdobra
— ó corça branca, ó ruiva leoparda.

O Anjo sopra a corneta e se retarda:
seu cinzel corta a pedra e o porco sobra.
Ao toque do Divino, o bronze dobra,
enquanto assolo os peitos da javarda.

Vê: um dia, a bigorna desses paços
cortará, no martelo de seus aços,
e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.

E a Morte, em trajos pretos e amarelos,
brandirá, contra nós, doidos cutelos
e as asas rubras dos dragões antigos.

 

 

Menino não é bobo; é inocente. Por isso, é cruel.

Nunca saí do Brasil. Eu não gosto de viajar de jeito nenhum. De avião é pior; nem paisagem você vê! Aquelas nuvens bastas... O tempo todo... Eu não gosto de viajar de nada. Prefiro ficar aqui. Eu tenho muita vontade de conhecer Portugal, a França e o norte da África. Mas, só se fosse ali em Alagoas. Para os Estados Unidos, nem que me ofereçam dinheiro, eu não vou.

A Disneylândia é um desgosto. Conheci uma mulher que dividia a Humanidade em duas categorias: quem já havia ido à Disney e quem não havia. Eu, como nunca fui, me senti desgraçado. Essa mesma mulher, que tinha três filhos adolescentes, disse: — Os professores daqui não têm nível suficiente para conversar com os nossos filhos. Eu só pensei: 'Danou-se. Essa mulher é mãe de Ruy Barbosa, de Joaquim Nabuco e de Castro Alves.

Se você quiser me conquistar
você tem que balançar.
S
e você quiser me conquistar
você tem que rebolar.

Uou...
Uou... Uou...
Uou... Uou... Uou...

Meu filho: — Papai, mataram John Lennon.
Eu: — Quem é John Lennon? (Hoje, eu sei o nome dele porque o mataram).

Uma vez, dei um mote a um cantador [repentista], “a vida venceu a morte”. Veja o que ele me fez:

Na vida material, cumpri o sagrado destino.
O filho de Deus Divino nos deu glória espiritual.
Deu o bem tirou o mal, livrando-nos da má sorte.
Pai de seu suplicio forte, como o maior dos heróis,
Morreu para dar vida a nós, a vida venceu a morte.

O de trás dava banana,
O da frente discursava.
Quanto mais um se “inxiria”,
Mais o outro se encostava.
Atrás ainda tinha um jeito,
Ai, ai, meu Deus,
Na frente é que eu não ficava.

Só deixando de glosar,
embora seja um defeito,
quem glosa fica sujeito,
a ferir ou melindrar.
Agora eu vou me arriscar,
ofendendo o cidadão,
que com calma e educação,
podia ser meu amigo.
Você diz, mas, eu não digo,
seu joventino é um ladrão.

Às vezes, as pessoas pensam que sou contra a televisão. Digo: não, sou contra; é o modo como a estão fazendo. A televisão é uma coisa maravilhosa, mas, o que tem de arte ali é muito pouco. Tem noticiário, entretenimento, negócio, e só de repente aparece uma obra de arte. Em geral, eles só mostram o que não presta, e, depois, fazem uma enquete e perguntam: o que o senhor acha dos programas? E as pessoas dizem que gostam do que não presta. Claro, elas só vêem o que não presta.

Cervantes não é arcaico nem nunca será. Aquele ali é contemporâneo, eterno e será sempre para todas as gerações. E o Quixote ainda hoje é romance de vanguarda. E vai ser até o fim dos tempos.

 

 

 

A esquerda não chegou ao poder; a esquerda chegou ao governo, que é outra coisa muito diferente.

 

 

 

Noturno

 

Têm para mim chamados de outro mundo
as noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha.
São turvos sonhos, mágoas proibidas,
são ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente,
consomem tudo o que desejo Aqui.

Será que mais alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas amarelas
e escuto essas canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.

Diluídos na velha luz da Lua,
a quem dirigem seus terríveis cantos?

Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e, como um halo escuso, te envolveram.
Eis-te no fogo, como um fruto ardente,
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.

Que vale a natureza sem teus olhos,
ó aquela por quem meu sangue pulsa?

Da Terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
abrase fundamente as minhas mão...

Mas, não: a luz escura inda te envolve,
o vento encrespa as águas dos dois rios
e continua a ronda, o som do fogo.

Ó meu amor, por que te ligo à morte?


 

Assombração de cachorro existe e é uma das mais perigosas.

Meu filho, perdoe esta alma,
Tenha dela compaixão.
Não se perdoando esta alma,
Faz-se é dar mais gosto ao cão:
Por isto, absolva ela,
Lançai a vossa bênção,
Jesus,
Pois minha mãe leve a alma,
Leve em sua proteção.
Diga às outras que recebam,
Façam com ela união.
Fica feito o seu pedido,
Dou a ela a salvação.

Foi na venda e de lá trouxe
Três moedas de cruzado.
Sem dizer nada a ninguém,
Para não ser censurado,
No fiofó do cavalo
Fez o dinheiro guardado.
Disse o pobre: — “Ele está magro”.
Só tem o osso e o couro,
Porém, tratando-se dele,
Meu cavalo é um tesouro.
Basta dizer que defeca
Níquel, prata, cobre e ouro.

Se fôssemos julgados pela justiça, toda a nação seria condenada.

Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor.

Antes de morrer, tenho um pedido a fazer.
Quero que ela morra primeiro, para eu ver.

Homem, morra, que o espetáculo precisa continuar!

O que me desgosta é ver minha imagem refletida em você, uma imagem profundamente repugnante.

Eu, pelo contrário, estou me sentindo muito bem. Sinto-me como se minha alma quisesse cantar.

Padre: — Eu, por mim, nunca soube o que era preconceito de raça.
Encourado: — É mentira. Só batizava os meninos pretos depois dos brancos.
P
adre: — Mentira! Eu muitas vezes batizei os pretos na frente.
Encourado: — Muitas vezes, não, poucas vezes, e mesmo essas poucas quando os pretos eram ricos.

Na verdade, eu pulei três fogueiras: eu tive dois infartes e um aneurisma estourou no meu cérebro.

Às vezes, eu tenho uns sonhos que se transformam em Literatura. Tenho um poema chamado "Sonho" que foi um sonho. E, às vezes, quando não estou acordado ainda, mas, não estou mais dormindo, é o momento em que invento muita coisa muito criativa.

Poucos dias antes de adoecer, eu dei uma entrevista em que me perguntaram se eu tinha medo da morte. E eu disse: eu não gosto de contar valentia antecipada, acho que a gente só pode dizer que não tem medo de alguma coisa depois de enfrentá-la. Agora, até onde eu vejo, eu não tenho medo da morte. Eu tenho pena de morrer sem ter realizado certas coisas. Por exemplo: se visse que não dava para terminar o romance que escrevo, aí teria muito pena de morrer.

O circo, sua estrada e o Sol de fogo.
Ferido pela faca na passagem,
Meu coração suspira sua dor
Entre os cardos e as pedras da pastagem.
O galope do sonho, o riso doido,
e late o cão por trás desta viagem.

Pois é assim: meu circo pela estrada.
Dois emblemas me servem de estandarte;
No sertão, o arraial do bacamarte
Na cidade, a favela consagrada.
Dentro do circo há vida, onça malhada
Ao luzir do teatro,
o pelo belo se transforma
num sonho, palco e prelo,
e é ao som deste canto na garganta,
que a cortina do circo se levanta
para mostrar meu povo e seu castelo.

Considero Eduardo Campos o político mais brilhante que já conheci. Ele é de uma capacidade de articulação que você não pode imaginar. Outra coisa: é paciente, é obstinado. Ele tem todas as qualidades de um político.

Entre a Dilma e o PSDB, prefiro Dilma. Mas, entre a Dilma e o Lula, prefiro o Lula.

O julgamento do mensalão no Supremo foi uma coisa triste. O que acho triste ali é que, de repente, houve uma crispação desse problema. Não tenho elementos para provar nem ninguém tem, mas, a gente sabe que isto não foi inaugurado naquele momento. Estas práticas existiam em todos os Governos, e tem havido até agora. Se você não fizer isso, você não governa. Tem que questionar a própria existência do Congresso. É bom que exista o Congresso? Eu acho que é. Agora, no Congresso existe esse tipo de coisa? Existe e vai continuar existindo. Todo mundo sabe que essa idéia de dois mandatos [compra de votos no Congresso para aprovar a emenda da reeleição durante o Governo Fernando Henrique Cardoso] não foi obtida de graça não.

Eu estou entusiasmado com esse novo Papa. Só o fato de ele ter escolhido o nome de Francisco, vi logo que ele era alguma coisa de novo. Era o que a Igreja estava precisando. Estou entusiasmadíssimo. Olhe, ele foi o primeiro Papa jesuíta, o primeiro chamado Francisco e o primeiro papa latino-americano. Três novidades de uma vez!

Uma das minhas leituras prediletas é "Guerra e Paz", de Tolstoi. Eu já a li pelo menos 15 vezes. E, toda vez, quando vou chegando no fim, eu fico desgostoso. Pelo meu gosto, a obra seria ainda maior.

A poesia é uma face da minha personalidade à qual ninguém dá importância, mas, eu dou. Eu acho que a fonte profunda de tudo o que eu escrevo, inclusive do teatro e do romance, é a poesia. Minha poesia, diferentemente da prosa, é meio hermética.

Há uma coisa que a mim não me agrada em "Macunaíma", que é essa idéia do herói sem caráter. Eu tenho uma hostilidade especial à essa maneira de ver o povo brasileiro.

Aqui, no Nordeste, existe um ditado que diz: "A astúcia é a coragem do pobre."

No circo, para mim, há duas presenças fundamentais: a do palhaço e a do mágico. Nos circos da minha infância você tinha mulheres lindíssimas, que deviam ser horrorosas, mas, eu achava lindíssimas, não é? As equilibristas eram para mim a equivalência do que hoje são as bailarinas. Em tudo o que eu escrevo, ainda hoje, a presença do circo é muito flagrante.

O cantador nordestino tem alguma coisa da oralidade do palhaço. Só que ele fala em verso.

Minha infância foi ao mesmo tempo atormentada e maravilhosa. Foi um tempo muito violento para os dois extremos. Eu passei por uma infância muito tormentosa com os acontecimentos de 1930, quando meu pai foi assassinado. Agora, ao mesmo tempo, foi uma infância rural, no meu entender, muito mais feliz e rica do que uma infância urbana, porque eu tinha as caçadas, que era uma coisa de que eu gostava muito quando era menino. Eu hoje não caço mais não. Para ser franco, o que eu gostava mais da caçada era a excursão, era o mato, era encontrar água. Era o encontro do próprio animal.

Uma das coisas que estou com horror no Brasil é a tal modernidade liberal. Deus me livre e guarde de qualquer modernidade liberal. Não tenho nada a ver com isso; tenho horror a isso. Atualmente, os devotos da modernidade liberal estão querendo transformar o Brasil nos Estados Unidos de quarta categoria ou numa Alemanha de terceira. Eu prefiro o Brasil parecido com a Índia.

Na Guerra do Golfo, todos os ricos formaram uma aliança de rico contra pobre. E a luta agora é essa. É a luta das metrópoles contra as aldeias. As aldeias são o Terceiro Mundo.

Eu sempre fui socialista, mas, sempre tive horror ao Marxismo. Eu acho o Marxismo um pensamento estreito, castrador.

 

 

 

A minha simpatia pelo regime monárquico começou muito cedo, na infância, através da influência de um tio meu, Joaquim Duarte Dantas, monarquista e católico. Ele lia para mim trechos e mais trechos de um livro português escrito por um certo Antero de Figueiredo, que hoje está meio fora de moda, mas, a quem ele admirava muito. E o livro de Antero era sobre D. Sebastião. Um dos motivos que me levavam para a Monarquia era o motivo estético. A Monarquia é mais bonita do que a República. Plasticamente, pelo ritual, pela liturgia, por tudo. Então, eu sou um escritor e um artista, e eu tenho uma natural atração pela beleza, pelas coisas bonitas. Agora, por outro lado, a própria visão do povo brasileiro é uma visão mais monárquica do que republicana. Eu duvido que você, na sua infância, tenha travado conhecimento com um conto oral que começa assim: era uma vez um presidente da república. Não é verdade? Sempre se diz: era uma vez um rei. Mas, enfim, não é que eu tenha abandonado a Monarquia não. Foi a Monarquia me abandonou. E eu coloquei a monarquia entre parêntesis.3

 

 

 

Abertura 'Sob Pele de Ovelha'
(Poema Inédito)

 

Falso profeta, insone, extraviado,
vivo, cego, a sondar o indecifrável:
e, jaguar da Sibila – inevitável
meu Sangue traça a rota deste fado.

Eu, forçado a ascender, eu, mutilado,
busco a Estrela que chama, inapelável.
E a pulsação do Ser, fera indomável,
arde ao Sol do meu pasto – incendiado.

Por sobre a dor, a sarça do espinheiro,
que acende o estranho Sol, sangue do ser,
transforma o sangue em candelabro e veiro.

Por isso, não vou nunca envelhecer:
com meu cantar, supero o desespero.
Sou contra a morte e nunca hei de morrer.

 

 

Eu tinha três anos quando meu pai foi assassinado, e as primeiras obras que eu escrevi eram todas trágicas. Eu era todo travado por dentro!

O mentiroso cria um outro universo; o escritor é a mesma coisa. Eu tenho uma simpatia por mentiroso danada! Agora, veja bem: por mentiroso decente!

Todo mundo tem seu preço:
o interesse, é a Lei eterna!
É quem dirige a cabeça,
a barriga, o peito e a perna!
A ambição é quem comanda!
A cobiça é quem governa!

Nevinha, deixe de ilusão,
que amizade, na pobreza,
é defeito e complicação!

Sei não senhora!
Do jeito que pensei, botei!
Precisei da rima,
do jeito que saiu,
eu sapequei!

Ave-Maria! Vai ser um cu-de-boi dos seiscentos diabos!

Minha voz é feia, fraca baixa e rouca!

Eu sou advogado, mas, estudei Direito por falta de opção. Não estou faltando com respeito aos que estudam Direito por convocação [convicção], mas, eu não tinha vocação mesmo. Isto porque, no meu tempo, só havia três opções: Engenharia, Medicina e Direito. Quem era bom em conta de somar ia fazer Engenharia. Não é o meu caso; eu sou horrível. Eu faço uma conta de somar seis vezes, e obtenho seis resultados diferentes – todos os seis errados. Quem gostava de abrir barriga de lagartixa de manhã ia ser médico. Eu não gosto também. E quem não dava pra nada ia estudar Direito. Era o meu caso. Aí, me formei, não tinha emprego e fui ser advogado. E fui advogado por quatro anos. Nunca sofri tanto na minha vida!

Eu não gosto nem do telefone comum, quanto mais daquela praga – o celular. O próprio telefone fixo é meio mal-assombrado... A gente falando com a pessoa sem a pessoa estar perto... E o telefone sem fio é misterioso demais pra mim. Não gosto não.4

Um dia, eu estava no escritório do Dr. Murilo Guimarães, onde eu trabalhava como advogado, e o telefone tocou. Como eu estava perto do telefone, atendi. Eis o diálogo:

Do outro lado da linha: — Quem fala?
Ariano: — Ariano Suassuna.
Do outro lado da linha: — Desculpe. Não é pra aí não.

O telefone tocou outra vez.

Do outro lado da linha: — Quem fala?
Ariano: — Murilo Guimarães.

Do outro lado da linha: — Como vai você Murilo?
Ariano: — Eu não sou o Dr. Murilo não.

Do outro lado da linha: — E por que disse que é?
Ariano: — Porque quando eu digo o meu nome o senhor desliga.

Pequena pausa. E eu já estava ficando meio atrapalhado. O homem queria falar com o Dr. Murilo... E eu fiquei naquela agonia.

Do outro lado da linha: — Vá chamar Murilo?
Ariano: — Dr. Murilo não está não.

Do outro lado da linha: — Ele demora?
Ariano: — Eu acho que demora.
Ele foi para a Europa.
Do outro lado da linha: — E por que o senhor não disse logo?
Ariano: — Porque o senhor não perguntou.

Do outro lado da linha: — E tem algum auxiliar dele aí?
Ariano: — Tem.

Do outro lado da linha: — Quem é?
Ariano: — Ariano Suassuna.

Do outro lado da linha: — O senhor? O senhor não sabe nem atender telefone, quanto mais resolver um problema de Direito! O senhor não dá pra isso não!
Ariano: — É mesmo.

Quando o Dr. Murilo voltou da Europa, eu disse a ele: — Dr. Murilo, eu não quero mais ser advogado não.

Eu tenho uma boa memória. Eu tenho uma memória de cachorro vingativo.

Eu sou católico, mas, não estou dizendo com isto que sou um homem virtuoso.

Eu não admito que a inteligência humana tenha evoluído do macaco ou seja lá de que bicho for. A diferença é grande demais. E não vou nem dizer a Divina Comédia ou a Nona Sinfonia de Beethoven... Pra não humilhar os macacos! Um macaco pode trabalhar quinhentos milhões de anos que não fará jamais um pregador de roupa! Na inteligência humana, tem uma Centelha Divina, que não tem bicho que chegue perto. Tá certo? Macaco já nasce macaco. E gente já nasce gente. Pode vir a mãe do Papa... Eu sou católico... Não é não.

No começo, era tudo molécula... De repente, um grupo de moléculas enlouqueceu... E virou célula... As células começaram a nadar... Foram se juntando... E disseram: — 'Este mundo está muito monótono; vamos virar uma parte macho e outra fêmea...' Aí, nasceu um peixe... Um grupo de peixes virou passarinho... Daí, até chegar à Nona Sinfonia de Beethoven... Quem pode acreditar nisto?

Minha mulher, que está ali... Nós namoramos desde o dia 20 de agosto de 1947... Estamos namorando até hoje... Não acabou nem acaba... Nem a morte vai...

Eu adoro os palhaços; eu sou um palhaço frustrado. Eu gosto de fazer umas molecagens.5

Uma mulher que escolhe como nome artístico Lady Gaga ou é imbecil ou é idiota. Mas, isto é contagioso. Já pensou eu virar Lord Gaga? Isto é triste!

Eu gosto muito de história de doido. Não sei se é por identificação, mas, eu gosto muito.

Leitura! Ô coisa boa!

O circo chegou! O mundo já melhorava.

Não podemos perder a crença nem na ordem política nem na ordem jurídica do País.

Onça Malhada O Povo Brasileiro. O que mais me orgulha no Brasil é essa unidade na variedade.

Lampião [Virgulino Ferreira da Silva] era um personagem trágico. Ele não era uma alma pura, mas, não era uma alma pequena e vulgar. Era uma alma grande. Mas, minha admiração maior é por Maria Bonita [Maria Gomes de Oliveira].

Ser poeta é muito bom. Eu não tenho nenhuma obrigação com a veracidade. Eu posso mentir à vontade.

A coisa mais melancólica do mundo é um roqueiro velho! Quando é jovem, ainda vai, mas, quando envelhece...

Se eu gasto o adjetivo genial com o Chimbinha [Cledivan de Almeida Farias, um dos fundadores da Banda Calypso], o que eu vou dizer de Beethoven?

Eu sempre tive uma desconfiança de que o Príncipe Charles [Charles Philip Arthur George, Prince of Wales, 14 de novembro de 1948] tem mau gosto. Um homem que troca a Princesa Diana [Diana Frances Spencer, Princess of Wales, 1961 – 1997] por aquela mulher com quem ele está casado [Camilla Rosemary Shand Parker-Bowles, Duchess of Cornwall, 17 de julho de 1947]...

Sou sertanejo, e como sertanejo sou vingativo. Vingança braba não faço não; mas, vingança mansa eu faço.

O por fazer é só com Deus.

Eu digo sempre que, das três virtudes teologais chamadas, eu sou fraco na fé e fraco na qualidade, só me resta a esperança. Eu sou o homem da esperança.

Desculpe o desarrumado das minhas palavras.

 

 

 

As Três Virtudes Teologais

 

 

 

Das três Virtudes Teologais,

a Fé eu já não tenho mais,

e a 'Sp'rança nem saudade.

Só ficou mesmo a Caridade!

 

Sim, Fé não me interessa;

eu creio em mim. Homessa!

A 'Sp'rança fede a fede-fede;

prefiro mamão-de-mamede.

 

Pobre sonhador que sonha

e que se deleita na engonha!

Pobre de quem espera o pior,

e não luta para mudar a cor!

 

O meu Coração é Caridade,

Misericórdia e Generosidade

por tudo-todos. Sem-divisão!

Sem-exceção! Sem-restrição!

 

 

 

 

 

 

Agora, que você chegou até aqui, vale superlativamente a pena assistir à Aula Espetáculo Ariano Suassuna. O endereço é:

http://www.youtube.com/watch?v=8ieVa2tVPac

 

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Notas:

1. Mas, o que se tornou Vivo não morre.

2. Não. O ser humano não é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer tempo ou qualquer que seja a sua condição. Não é. Os problemas que afetam verdadeiramente o ser humano não são os mesmos. E por que não são nem poderão ser os mesmos? Porque a história individual dos seres humanos é diferente, como diferente é o karma de cada um. Como impressões digitais, cada personalidade-alma é uma, é única e, em cada encarnação, passará por experiências pessoais exclusivas, e, de certa forma, incomparáveis. Nem quando se cumpre um karma coletivo as pessoas o vivenciam da mesma maneira. É, mutatis mutandis, como jogo de futebol: cada um reage à vitória ou à derrota do seu time de forma distinta.

3. Isto equivale a fazer uma epoché ou epokhé (): – suspensão do juízo, colocar entre parêntesis, ou seja: atitude de não aceitar nem negar uma determinada proposição ou juízo. A epoché se opõe ao dogmatismo, em que se aceita uma proposição obscura.

4. Nisto aí, eu sou mais ou menos como o Ariano. Em umas coisas, mais para menos; em outras, mais para mais. De maneira geral, eu tenho horror de todas essas coisas tecnológicas e todos esses petrechos eletrônicas, que considero a escravização da contemporaneidade e que me causam calafrios e calaquentes. Meu celular, por exemplo, é o mais vagabundo que existe nesse mercado de horrores, e, mesmo assim, me custou umas duzentas pratas: só recebe e faz chamada (o que, para mim, já é muito, porque considero falar ao telefone uma chatura do caramba). E, quanto ao computador, demorei quase sessenta anos para aprender a mexer nessa máquina do demônio. E isto aconteceu (teve que acontecer) por causa do Website Pax Profundis, porque, se não fosse por ele, eu jamais aprenderia nada de computador. Para o Rodolfo Domenico Pizzinga – que não zinga, não rezinga e detesta uma pinga – computador não faz nenhuma falta (não soma, não subtrai, não divide, não multiplica, não deriva e não integra). Bolas! Veja só se não é: Jesus foi Jesus – o Cristo – e era totalmente ignorante nessas coisas mecatrônicas e teletrônicas, pois, não existia nada disto na época Dele; quando precisava se comunicar com seu Pai, que estava no céu, não usava telegrafia sem fios, telefac-símile, telefone convencional (nem com fio nem sem fio), telemóvel, e-mail, Facebook, face-notebook, face-sem-book, face-isto, face-aquilo, face-sei-lá-o-quê, pombo-correio, cegonha, urubu-rei etc. E estava por dentro de tudo; mais por dentro do que bicho de goiaba! A coisa era de cuca para cuca, de Filho para Pai, e pronto, sem senha, sem código de acesso, sem espere-aí-que-eu-vou-confirmar-seus-dados, sem seus-dados-não-confirmam-tente-de-novo, sem nada. E não corria o perigo de ser infectado por um computer virus, por um malicious software, por um trojan horse, por um spyware, nem de ter o papo com seu Pai Celestial grampeado, interceptado e monitorado pelos serviços de inteligência de certas nações mexeriqueiras e intrujonas. Bem, não sei se é verdade, mas, contam que, certa vez, Jesus precisou se comunicar com seu Pai Célio, e Pedro, pescador muito do fofoqueiro, ficou por perto para ver se pescava alguma coisa. Jesus não conversou. Virou-se para o Pedroca, e falou: — Que maniazinha manienta essa que você tem de querer ouvir o papo que eu vou ter com o meu Pai. Pedro, vê se arruma alguma coisa para fazer. Por exemplo: vai torra o juízo do Judas Iscariotes, que anda louquinho para aprontar uma. Pedro ficou vermelhudo, deu um muxoxo e saiu à socapa. E Judas acabou Aprontando Uma mesmo, porque sua missão era Aprontar. Entretanto, ainda que isto não atenda ao senso comum, Judas não foi tão inútil como se pensa; se ele, como um dos Doze Discípulos, não tivesse feito o que fez, a História seria outra ou outro seria o necessário Aprontador. A bem da verdade, nem houve aprontação-traição nem houve aprontador-traidor; houve, sim, uma espécie de Combinação Mística, digamos assim, para que a Coisa se cumprisse do jeito que se cumpriu. Ou será que alguém acha que Judas arquitetou tudo sozinho, e que Jesus foi pegado de surpresa lá no Jardim do Getsêmani, ao pé do Monte das Oliveiras, no Vale da Torrente do Cédron? Até hoje, a Verdadeira História das participações de Judas e de Pilatus na Vida Pública de Jesus não foi devida e corretamente divulgada, e o Catolicismo não tem o menor interesse em mudar o statu quo ante. Agora, o curioso é que é costume se malhar o Judas no Sábado de Aleluia, mas, não se malha Pontius Pilatus. Vai ver foi porque ele lavou as mãos! Sou inocente deste sangue, isto é lá convosco!

5. Eu também. Haverá coisa mais importante do que esparramar a alegria e o riso? Não há não. Sabem por quê? Porque a alegria e o riso curam qualquer doença. Faz nascer cabelo até em careca! Quem leva alegria e faz rir é médico sem saber. Melhor: é curador sem saber.

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/alex-antunes/
suassuna-velho-burro-050745356.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Maldi%C3
%A7%C3%A3o_do_sangue

http://www.merchantcircle.com/business/
Nextrio.520-545-7100/picture/view/3848319

http://www.youtube.com/watch?v=8ieVa2tVPac

http://www.cchla.ufpb.br/
ppgl/images/KellySheila.pdf

http://www.unicap.br/webjornalismo/nomoi/?p=15

http://lerfazbemasaude.blogspot.com.br/2012/07/
auto-da-compadecida-ariano-suassuna.html

http://asprimeiraspalavras.blogspot.com.br/
2010/06/ariano-suassuna.html

http://almanaque.folha.uol.com.br/leituras_16jun00.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Suspens
%C3%A3o_do_ju%C3%ADzo

http://www.psbrs.org.br/

http://colegiomatisse.com.br/site/wp-content/uploads/
2010/08/O-Auto-da-Compadecida-Ariano-Suassuna.pdf

http://www.antoniomiranda.com.br/
poesia_brasis/pernambuco/ariano_suassuna.html

http://www.jornaldepoesia.jor.br/ari.html

http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/07/so_nos
_dao_o_osso_-_entrevista_com_ariano_suassuna/

http://www.youtube.com/watch?v=HVl-9lJ9KjQ

http://eofdreams.com/apple-tree.html

http://kdfrases.com/autor/ariano-suassuna/2

http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/07/confi
ra-algumas-frases-celebres-de-ariano-suassuna-4558307.html

http://www.rupestreweb.info/vigirima.html

http://pensador.uol.com.br/autor/ariano_suassuna/2/

http://pensador.uol.com.br/autor/ariano_suassuna/

http://www.humortalouco.com.br/2014/06/
esses-gifs-vao-fazer-seu-cerebro-viajar.html

http://toons.artie.com/alphabet/
ralph/number-index.html

http://www.picgifs.com/graphics/horses/&p=4/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ariano_Suassuna

http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Armorial

http://pt.wikiquote.org/wiki/Ariano_Suassuna

 

Música de fundo:

Toré
Compositor: Antonio José Madureira
Interpretação: Quinteto Armorial

Fonte:

http://mp3skullzone.com/download/SFQ3UjFoNHUv
WExTQnFKbXc0UHB1Zz09/toré-quinteto-armorial

 

Direitos autorais:

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