A QUESTÃO DO MEDO I

 

 

 

Bob Esponja

SpongeBob SquarePants
(Bob Esponja)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Se pudermos olhar todas as coisas sem permitir a intrusão do prazer olhar uma rosa, uma ave, a cor de um sari [traje nacional das mulheres indianas, constituído de uma longa peça de pano que envolve e cobre todo o corpo], a beleza de uma extensão de água rutilando ao Sol ou qualquer coisa deleitável se pudermos olhar assim, sem desejarmos que a experiência se repita, então, não haverá dor, nem medo e, por conseguinte, haverá uma alegria infinita. É a luta para repetir e perpetuar o prazer que o converte em dor. A própria exigência da repetição do prazer produz dor, porque ele nunca é a mesma coisa de ontem. [In: Liberte-se do Passado (título do original: Freedom From The Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

 

 

 

Ao buscarmos o prazer, inevitavelmente, haverá dor. Se, entretanto, desejarmos pôr fim ao prazer, o que significa pôr fim à dor, deveremos estar completamente atentos à estrutura total do prazer. Mas, não deveremos repeli-lo, como o fazem os monges e os sannyasins, que, por exemplo, não olham para uma mulher porque é pecado e, desta maneira, destroem a vitalidade da própria compreensão. Cumpre, sim, ver todo o significado e toda a importância do prazer. Encontraremos, então, infinita alegria na vida, ainda que não se possa pensar na alegria. A alegria é uma coisa imediata, e, se nela pensarmos, a converteremos em prazer. Viver no presente é a percepção imediata da beleza e o grande deleite que nela se encontra, sem dela procurar extrair prazer. [Ibidem.]

 

A vontade de domínio é uma forma de agressão. O santo que busca posição em sua santidade é tão agressivo como as aves que se bicam em um aviário. E, qual é a causa desta agressividade? O medo, não? O medo é um dos mais formidáveis problemas da vida. A mente que está nas garras do medo vive na confusão, no conflito, e, portanto, tem de ser violenta, tortuosa e agressiva. Não ousa se afastar dos seus próprios padrões de pensamento, e isto gera a hipocrisia. Enquanto não nos livrarmos do medo, ainda que galguemos o mais alto cume, ainda que inventemos toda espécie de deuses, ficaremos sempre na escuridão. O medo é uma coisa terrível, que torce, deforma e ensombra os nossos dias. O medo nada mais é do que o movimento do certo para o incerto. [Ibidem.]

 

 

 

Black Pete

Black Pete
(João Bafo de Onça)

 

 

 

Eu vivia com medo de tudo.

Medo de mim, medo dos outros,

de dormir e de acordar,

de ir e de ficar,

(das incertezas) da vida,

do passado e do futuro,

de a minha estrela se apagar,

da sombra dos meus 'pecados'

dos que já cometi e dos que cometerei

dos maus pensamentos que pensei,

das más palavras que falei,

das más ações que obrei,

das omissões que negligenciei,

do desamparo e do abandono,

de me ver como realmente sou

de, talvez, constatar que,

realmente, eu não sou

o que eu penso que sou...

 

 

 

The Picture of Dorian Gray
(O Retrato de Dorian Gray)

 

 

 

De perder o meu emprego,

de não ter dinheiro,

de ficar a neném,

de não poder pagar meu plano de saúde,

de não ter comida,

de não ter onde morar,

do frio do inverno,

das monções e da chuva,

dos relâmpagos e dos trovões,

das inundações e dos alagamentos,

dos terremotos e dos derruimentos,

dos tsunamis e das destruições,

dos tornados e das assolações,

dos vulcões e dos incêndios,

das ditaduras e das torturas,

das inquisições e das fogueiras,

do terrorismo e das degolas,

do PT e do PSL,

do PSDB e do PCdoB,

da REDE e do NOVO,

do SOLIDARIEDADE e do PATRI,

do PSOL e do PDT,

do Donald Trump e do Kim Jong-un,

do Bashar al-Assad e do Vladimir Putin,

do Nicolás Maduro e do Ali Khamenei,

do Lobo Mau e do João Bafo de Onça,

dos Irmãos Metralha e do Coringa...

 

 

 

The Joker

The Joker

 

 

 

Do que pensam de mim,

do que não pensam de mim,

de voltar a prevaricar,

de voltar a mensalãozar,

de voltar a petrolãozar,

de voltar a falcatruar,

de a Lava Jato me pegar,

de o Juiz Moro me encanar,

de voltar a beber,

de voltar a fumar,

de voltar a cheirar...

 

 

 

 

 

 

De não ser um sucesso,

de viver derrotado,

de perder minha posição,

de ser desprezado,

de ser ridicularizado,

da doença e da dor,

da velhice e da brochidão,

de ser dominado,

de não conhecer o amor,

de não ser amado,

de perder os meus pais,

de perder a minha esposa,

de perder os meus filhos,

de perder o meu gato,

de não corresponder

à imagem que fazem de mim,

do ponto final e da morte,

de viver num mundo igual à morte

um mundo de tédio sem fim...

 

 

 

 

 

 

De perder a minha fé,

de perder a minha força,

de assombrações e de fantasmas,

de maus-olhados e de bozós,

de imprecações e de maldições,

da Magia Negra,

das injustiças e dos debacles,

dos sacis-pererês,

das mulas-sem-cabeça,

dos licantropos,

do seiscentos e sessenta e seis,

de pecar e de não ser perdoado,

dos dogmas em que sempre acreditei,

de escorregar e cair,

do Dia do Juízo Final,

de não ser arrebatado,

da ira e do castigo de Deus,

do Barco do Caronte,

do calor do inferno,

do tridente do demônio...

 

 

 

 

 

 

Então, para fugir dos medos,

eu inventava imagens para encobri-los,

que acabavam produzindo mais medos.

E, cada vez mais, meus medos ficavam maiores!

 

 

 

 

 

 

Aí, descobri que meus pensamentos eram velhos,

e que meus medos também eram velhos

ambos criados pela minha ignorância,

uma mistura de miragens e de ilusões.

Descobri que o medo é um movimento único,

que se expressa de diferentes maneiras.

Descobri que os meus pensamentos

eram os responsáveis pelos meus medos.

Parei de pensar no passado e no futuro,

e passei a viver completa e totalmente no presente,

e, assim, minha mente não teve mais medo.

Então, lentamente, pude Compreender,

em seguida, Transcompreender.1

E pude ouvir o Deus do meu Coração,

pude entrever a Santa LLuz,

pude ouvir a Sagrada Canção

e pude, finalmente, me Libertar

de mim mesmo...

Então, dancei um pouquinho.

 

 

 

Esqueleto

 

 

 

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Nota:

1. Algumas vezes, em outros rascunhos, eu afirmei que só a Compreensão Liberta. Isto não está inteiramente correto, pois, esta Compreensão Libertadora é, digamos assim, para menos, porque é racional (seja dianóica, seja noética). Na realidade, a verdadeira Libertação é Translibertação, que só poderá advir da Transcompreensão, que produz um estado de Transrazão para mais. Mas, Translibertação, Transcompreensão e Transrazão, ainda que sempre relativas, só poderão vir a acontecer Iniciaticamente. Não há um substitutivo que se iguale ou mesmo que supere a Iniciação.

 

Música de fundo:

Judgement Day
Composição e interpretação: D-Devils

Fonte:

http://mp3linova.net/search/Dj+Devil+-+Judgement+Day

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.shutterstock.com/

https://allaboutcareerssite.com/

https://www.rvcj.com/

http://rebloggy.com/

https://giphy.com/

https://design.tutsplus.com/

http://disney.wikia.com/wiki/The_Disney_Wiki

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.