AQUECIMENTO GLOBAL

Por definição, aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa, originados de uma série de atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis e as mudanças no uso da terra, como o desmatamento e as queimadas, bem como de várias outras fontes secundárias. Estas causas são um produto direto da explosão populacional, do crescimento econômico, do uso de tecnologias e de fontes de energia poluidoras e de um estilo de vida insustentável, em que a Natureza é vista como matéria-prima para exploração. Os Gases de Efeito Estufa (GEE) mais relevantes são: o vapor de água (H2O), o dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), o metano (CH4) o óxido nitroso (N2O), o hexafluoreto de enxofre (SF6) e os Perfluorcarbonetos (PFCs), compostos orgânicos constituídos exclusivamente por átomos de carbono e flúor, como, por exemplo, F3C-CF2-CF3.

Efeito Estufa

Efeito Estufa

Na atualidade, penso que não haja uma só pessoa sobre a Terra que não saiba o que seja aquecimento global. Mas, o que a maioria das pessoas não sabe são (todas) as conseqüências desastrosas do aquecimento global. Neste sentido, apresentarei a seguir um lista destas conseqüências, inteiramente desconsideradas por alguns líderes mundiais, tanto ignorantes quanto irresponsáveis, pois, são irresponsáveis porque são ignorantes. O pior é quando têm prazer em ser ignorantes e fazer a orelha da gente de penico!

Orelha-penico

Orelha-penico

Uma coisa que, geralmente, não se sabe é que os efeitos dos gases estufa só se manifestam muitos anos depois de ocorrerem as emissões, e outros são de longa duração. Os gases estufa podem levar mais de trinta anos para produzirem efeitos em termos de temperatura. Ou seja: o aquecimento experimentado atualmente é o resultado dos gases emitidos até a década de 1980. Por isto, é inevitável um aquecimento adicional, mesmo se as emissões cessassem hoje totalmente, pois, os gases emitidos entre os anos 80 e a atualidade só produzirão seus efeitos daqui a algumas décadas. Todavia, desde então, as emissões só cresceram, e evidências recentes indicam que a tendência é não apenas continuarem crescendo, mas, também, que o crescimento deve se acelerar, pelo menos enquanto prevalecer sobre a maioria dos dirigentes dos diversos países o negacionismo boçal de alguns líderes mundiais empedernidos e anciloglóssicos [que a minha mãe, que está no céu, chamava de sarabeta (sarabêta)]. Enfim, não há nenhuma garantia de que todos os efeitos serão reversíveis, se esta crise for superada, nem que uma eventual recuperação levará os ecossistemas a um estado semelhante ao que eram antes, sendo, ao contrário, virtualmente certo que eles reemergirão transformados de maneira substancial e provavelmente muito empobrecidos.

Árvore

Algumas conseqüências desastrosas do aquecimento global:

• aumento da capacidade de a atmosfera reter vapor d'água, bem como aumento da evaporação das águas superficiais (oceanos, lagos e rios);

• distribuição irregular das chuvas nas diferentes regiões do mundo (aumento em determinadas áreas e redução em outras);

• mudança no regime de ventos, nas correntes oceânicas e na linha de monções;

• aumento das chuvas torrenciais, das secas recorde e dos ciclones tropicais devastadores;

• em função do desequilíbrio hídrico, em algumas regiões subtropicais está prevista uma tendência à desertificação;

• diminuição da capacidade de a Natureza de reciclar o gás carbônico, com conseqüente realimentação do efeito estufa;

• redução nas florestas com conseqüente declínio dos mananciais de água e das chuvas, criando outro ciclo de auto-reforço para aumento dos danos ambientais;

• alterações no ciclo da água e no clima em geral com conseqüências negativas imprevisíveis para a biodiversidade, para a agricultura, para a pecuária, para a silvicultura e para a produção de alimentos;

• mudanças no padrão dos ventos e o aumento na freqüência e intensidade das tempestades severas e das ondas de calor extremo;

• sob certas condições, agravamento das ondas de frio;

• aumento na intensidade dos furacões e dos ciclones tropicais;

• salgamento de terras cultivadas por marés de tempestade;

• aumento de epidemias, como, por exemplo, febre tifóide, cólera e disenteria;

• aumento da fome, da sede, da falta de assistência médica e de abrigo no mundo;

Crianças Subnutridas

Crianças Subnutridas
(Orfanato da Nigéria na década de 1960)

• mudanças no tipo e na quantidade de nuvens, maior umidade e maior temperatura, que afetarão a produção de precursores biológicos do ozônio atmosférico;

• diminuição da cobertura de gelo, subida do nível do mar e mudanças dos padrões climáticos;

• alterações nas condições que mantêm estáveis os ecossistemas, influindo negativamente, por extensão, nas atividades humanas;

• contração latitudinal, na qual as zonas climáticas tendem a se deslocar em direção aos pólos e às altitudes mais elevadas;

• inundações causadas pelo degelo antecipado das neves;

• maior ressecamento dos solos produzindo mais incêndios florestais;

Mudança Climática

• interferência nos ciclos reprodutivos das espécies aquáticas decorrente do degelo antecipado dos rios;

• desaparecimento dos corredores ecológicos;

• declínio populacional ou extinção das espécies nativas;

• aumento no número e na gravidade dos incêndios na tundra e nas florestas boreais, que lançam grandes quantidades de gases estufa na atmosfera, destruindo ecossistemas e derretendo o permafrost;

• com o derretimento do permafrost, será liberado para a atmosfera o gás congelado, amplificando o efeito estufa de maneira dramática, com impactos ecossistêmicos que causarão a redistribuição e o declínio de espécies, a intensificação de incêndios florestais, alterações nos sistemas hidrológicos, assoreamento e secura de rios e lagos e erosão de suas margens;

• diminuição progressiva da espessura do gelo flutuante do Oceano Ártico, influindo diretamente na sobrevivência das morsas (Odobenus rosmarus), das focas (Phoca vitulina) e dos ursos-polares (Ursus maritimus);

Urso-polar

Ursus maritimus

• declínio mundial da biodiversidade;

• rompimento das cadeias alimentares, perturbação no ciclo dos componentes inorgânicos e auto-reforço dos processos entrópicos;

• colapso irreversível de alguns ecossistemas, como, por exemplo, dos corais, que são a base de sustentação de um grande número de espécies;

Branqueamento em Massa de Corais
(Colônia de Millepora alcicornis branqueada em Pernambuco)

• declínio dramático de diversas espécies de insetos, que são os principais polinizadores das plantas (flores e culturas agrícolas), com conseqüências catastróficas (empobrecimento) para a biodiversidade e para a sociedade;

• diminuição na atividade fotossintética e no total da biomassa produzida nas florestas tropicais de altitude;

• subida do nível do mar;

• derretimento das calotas polares e dos glaciares de montanha, não havendo garantia de reversibilidade (o estrago está feito);

• se todo o gelo instável da Groelândia derreter o nível do mar se elevará em até 7 metros (o recuo dos gelos está inequivocamente ocorrendo em virtualmente todas as regiões geladas do mundo, e está acelerando);

• está se acelerando o ritmo de elevação das águas;

• muitas ilhas e regiões litorâneas baixas, onde se concentra uma parte expressiva da população mundial e onde hoje florescem muitas megacidades, como Hong Kong, Nova Iorque, Rio de Janeiro e Buenos Aires, serão inundadas em graus variáveis;

• a elevação do nível do mar comprometerá a estrutura de Internet, como redes de fibra ótica e centros de processamento de dados;

• desagregação de comunidades e conflitos sociais;

• erosão costeira, provocando o recuo da linha de areia nas praias, mudanças no perfil dos litorais e destruição de infra-estruturas litorâneas;

• diminuição da oferta de água potável para as populações humanas, gerando, por extensão, problemas de saúde e inquietação social;

• mudanças indesejáveis no metabolismo animal e vegetal, tornando as espécies mais vulneráveis a malformações congênitas e doenças;

• liberação de metano (CH4) estocado em sedimentos depositados no fundo dos oceanos sob a forma de hidratos de metano [segundo David Archer, o reservatório de hidratos de metano tem o potencial de aquecer o clima da Terra até um estado semelhante ao da 'Estufa do Eoceno' num intervalo de poucos anos. O potencial para uma devastação planetária, derivado do reservatório de hidratos de metano, será, portanto, comparável à destrutividade de um inverno nuclear ou do impacto de um meteorito];

• modificação da circulação termoalina, das correntes marinhas e da estratificação das camadas de água;

• redução na velocidade média e mudanças súbitas e irregulares na Circulação do Atlântico Meridional;

• expansão nos giros do Pacífico Norte e do Pacífico Sul;

• deslocamento da Corrente Circumpolar Antártica;

• comprometimento da produção de alimentos;

• tendência à desertificação subtropical;

• alteração do equilíbrio das forças naturais, desorganizando e desestruturando grande parte dos sistemas produtivos da Humanidade;

• crescimento da pobreza mundial, do avanço dos vetores de doenças tropicais, da fome e dos conflitos violentos derivados da competição entre grupos e nações por recursos em declínio;

• desequilíbrio no metabolismo dos animais e dos vegetais, tornando-os mais propensos a epidemias e a distúrbios de crescimento e de reprodução;

• risco de perdermos 30% das espécies do mundo, caso a temperatura global aumente 2ºC;

• transformação das culturas agrícolas em venenosas para o consumo, com acumulação, por exemplo, de cianeto de hidrogênio (HCN), que é o caso do milho, da soja, de algumas gramíneas consumidas pelo gado de corte, do damasco, das peras e das maçãs;

HCN

HCN

• plantas estressadas pelo aquecimento se impregnam mais facilmente de toxinas produzidas por fungos e por outros microrganismos invasores;

• aumento da insolação e da radiação solar, em virtude do aumento do buraco da Camada de Ozônio;

Buraco da Camada de Ozônio

Buraco da Camada de Ozônio

• aumento dos riscos para a segurança alimentar das nações;

• mudanças na distribuição geográfica de várias doenças, especialmente as cardiorrespiratórias, as infecciosas e as ligadas à má nutrição, como a leishmaniose, a febre amarela, a filariose, as zoonoses, a Febre do Oeste do Nilo, a Doença de Lyme e várias arboviroses;

• diminuição da resistência humana às infecções, tendendo a aumentar a gravidade e a incidência das epidemias e das pandemias;

• ondas de calor extremo, que podem afetar as capacidades cognitivas das pessoas;

• aumento dos problemas de saúde relacionados ao estresse térmico no trabalho, que pode levar a crises cardíacas, cãibras, desconforto, desidratação e exaustão, entre outros efeitos, se tornando um agravante de moléstias preexistentes;

• problemas gerados pelo aquecimento sobre a saúde emocional e mental das populações afetadas por desastres ambientais, como crises de ansiedade, distúrbios do sono, depressão, estresse, risco aumentado de suicídio, de surtos de violência social e de consumo de drogas, que se assemelham à síndrome pós-traumática;

• quando o meio ambiente está em uma temperatura superior à 37°C, a capacidade de dissipar calor do meio ambiente fica reduzida, levando o corpo a ficar hiperaquecido. Além disso, quando a umidade atmosférica é alta, o principal mecanismo de regulação térmica do organismo, a transpiração, pára de funcionar. A junção destes dois fatores pode causar hipertermia, levando à perda progressiva de funções vitais;

• efeitos similares à síndrome pré-traumática, um estado de preocupação difusa e desalento ante a possibilidade de catástrofes ou outras perdas graves;

• doenças mentais;

A Loucura

A Loucura (de Agnolo Bronzino)

• êxodo populacional diante do desespero derivado de calamidades climáticas;

• migrações e êxodos populacionais causados pela disrupção climática tendem a desintegrar valores sociais, culturais, identitários, estéticos, afetivos, psicológicos, lingüísticos, políticos e religiosos das populações migrantes;

Ruínas da Missão Jesuítica de Santa Ana

Ruínas da Missão Jesuítica de Santa Ana, na Argentina

• aceleração na degradação de patrimônios históricos edificados, sítios históricos e arqueológicos, aumentando as dificuldades de conservação de acervos de museus; e

• adverte o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas, que, mantido o atual ritmo de emissões, a temperatura aumentará 1,5 ºC entre 2030 e 2052, como uma média global, mas, algumas regiões podem atingi-la antes, e até 2100, conforme as diferentes projeções, deve alcançar um aumento de 4 a 6 ºC. Se houver muita demora na redução, em algum momento, a quantidade de gases lançados na atmosfera ultrapassará um ponto crítico, após o qual serão inevitáveis e irreversíveis efeitos cumulativos devastadores.

Ações e Recomendações do IPCC:

• Desencorajar o consumo e a lucratividade dos combustíveis fósseis como o carvão mineral e o petróleo.

• Alteração radical nas fontes energéticas e no uso da terra.

• Desenvolvimento de tecnologias para remoção de CO2 da atmosfera.

• Melhorar o rendimento dos sistemas de captação, distribuição e consumo de água, incluindo os usos agropecuário, industrial e doméstico.

• Melhorar as técnicas de manejo da terra, incluindo a pecuária, a agricultura, a silvicultura e o extrativismo, protegendo o solo contra a erosão, a degradação e a poluição.

• Definir planos de contenção da subida do mar, como fixação de dunas, reflorestamento costeiro, construção de represas e outras estruturas.

• Modificar hábitos de produção e de consumo de bens e serviços e de descarte de resíduos para um modelo sustentável. Aumentar os incentivos financeiros para projetos de crescimento sustentável.

• Dar educação qualificada para a população, incluindo, decisivamente, a educação ambiental, fomentando a formação de lideranças multiplicadoras do conhecimento.

Educação Ambiental

Educação Ambiental

• Redesenhar as políticas públicas com maior atenção aos fatos científicos e às necessidades reais, prevendo ações integradas em perspectivas de longo prazo.

• Incrementar a cooperação internacional, a pesquisa e a divulgação livre do conhecimento.

• Criar uma política transnacional efetiva sobre o aquecimento.

• Aproveitar conhecimentos de comunidades indígenas e tradicionais.

• Organizar o manejo do provável crescimento de doenças infecciosas e epidemias; melhorar o atendimento médico e as infra-estruturas sanitárias urbanas.

• Organizar planos de assistência social e defesa civil em emergências coletivas e desastres ambientais.

• Diversificar o turismo.

• Adaptar os sistemas de transporte a temperaturas mais elevadas e à possibilidade de inundações mais freqüentes.

• Modificações radicais no estilo de vida das populações, afetando o consumo, reduzindo o desperdício de alimentos e oferecendo opções de transportes não poluentes.

• Reforçar as infra-estruturas de produção e de distribuição de energia e de telecomunicações, usando, preferencialmente, energias renováveis e diversificadas.

• A geoengenharia foi desencorajada devido aos seus altos riscos e incertezas.