Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Não se consegue resolver uma aporia1

tão-somente rezando uma Ave Maria.

Algumas aporias são mesmo irresolúveis

enquanto vida e mente forem volúveis.

 

A Chave estará sempre no Coração;

Lá, para o que for, haverá solução.

É ± como um problema de matemática

que não será resolvido pela gramática.

 

Enquanto o carma tende para zero

— sem jamais poder chegar a zero —

a Verdade jamais será alcançada.

 

Essas são duas simples aporias

que causam tantas melancolias.

Viver é estar com o pé na Estrada.

 

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Nota:

1. Aporia = Impasse do pensamento, caminho inexpugnável, momento de auto-contradição, dificuldade ou dúvida racional decorrente de uma impossibilidade objetiva na obtenção de uma resposta ou conclusão para uma determinada indagação filosófica. As aporias foram cultivadas pelo ceticismo pirrônico [o Pirronismo era a doutrina do pensador grego Pirro de Élida (365-275 a.C.), que, ao fundar uma nova escola filosófica – o Ceticismo – prescreveu o cultivo de um estado permanente de dúvida, refratário aos dogmas, às certezas inquestionáveis e à idéia de verdade] como demonstração da ausência de qualquer verdade absoluta ou certeza filosófica definitiva. Em Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), a aporia é um problema lógico, uma contradição ou um paradoxo nascido da existência de raciocínios igualmente coerentes e plausíveis que alcançam conclusões contrárias; Aristóteles, nos Tópicos, definiu a aporia como uma igualdade de conclusões contraditórias. As aporias formuladas pelo filósofo grego Zenão de Eléia (século V a.C.) tinham por objetivo provar que as idéias de multiplicidade e de movimento conduzem o pensamento a impasses e a contradições lógicas insuperáveis. Enfim, há aporias que não poderão ser solucionadas ou compreendidas jamais, porque mesmo que sejam deslindadas outras surgirão que não compreenderemos. E assim ad infinitum. Humildade, humildade, humildade. Transrazão, transrazão, transrazão. To be, or not to be: that is the question. (William Shakespeare (1564-1616).

Fundo musical:

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Fonte:

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