AO LONGO DA VIDA...

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

A Boa Lógica Portuguesa

 

 

 

Luís Vaz de Camões (1524 – 1580)
Lutando em Ceuta, infelizmente, ficou caolho!

 

 

 

Cá Nesta Babilónia
(Soneto de Luís Vaz de Camões)

 

 

 

Cá, nesta Babilónia, donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá, onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana.

 

Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana.

 

Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,
O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza.

 

Cá, neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da Natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!

 

 

 

 

 

 

 

Brasileiro faz piada com português por não entender que os dois povos têm lógicas diferentes. O português é mais literal, cultiva um preciosismo de sintaxe. Veja só:

 

Uma brasileira dirigia por Portugal quando viu um carro com a porta de trás aberta. Solidária, conseguiu emparelhar e avisou:
A porta está aberta!
A mulher que dirigia conferiu o problema e, irritada, respondeu:
Não, senhora. Ela está mal fechada!

 

 

 

Outro brasileiro estava em Lisboa e, em uma sexta-feira, perguntou a um comerciante se ele fechava no sábado. O vendedor respondeu que não. No sábado, o brasileiro voltou e deu com a cara na porta. Na segunda-feira, cobrou irritado do português:
O senhor disse que não fechava!
O homem respondeu:
Mas como vamos fechar se não abrimos?

 

 

 

Um jornalista hospedou-se em um hotel em Évora. Na hora de abrir a água da pia se atrapalhou, pois na torneira azul estava escrito 'F' e na outra, preta, também 'F'. Confuso, quis saber da camareira o porquê dos dois 'efes'. A moça olhou-o com cara de espanto e respondeu, como quem fala com uma criança:
Ora, pois, fria e fervente.

 

 

 

Em Lisboa, a passeio, o mesmo jornalista resolveu comprar uma gravata. Entrou em uma loja do Chiado, e, além da gravata, comprou um par de meias, duas camisas sociais, uma pólo esporte, um par de luvas e um cinto. Chorou um descontinho, e pediu para fechar a conta. Viu, então, que o vendedor pegou um lápis e um pedaço de papel e se pôs a fazer contas, multiplicando, somando, tirando porcentagem de desconto. Intrigado, o jornalista perguntou:
O senhor não tem máquina de calcular?
Infelizmente não trabalhamos com electrónicos, mas o senhor pode encontrar na loja justamente aqui ao lado...

 

 

 

Há ainda a história de um brasileiro que morou um ano em Estoril e contou que lá num certo dia, meio perdido na cidade, perguntou ao português:
Será que posso entrar nesta rua para ir ao aeroporto?
Poder o senhor pode, mas de jeito algum vai chegar ao aeroporto...

 

 

Um turista brasileiro alugou um carro e decidiu ir à Espanha. Tomou uma estrada sem muita convicção e encontrando à beira da estrada um camponês, perguntou:
Amigo esta estrada vai para a Espanha?
E o camponês respondeu:
Se ela for vai nos fazer muita falta por cá.

 

 

 

Um grupo de brasileiros tendo terminado de almoçar quis tomar café. O primeiro disse:
Garçom, um café.
O segundo disse:
Dois — levantando os dedos.
O terceiro, apressadamente, disse:
Três.
E, por fim, o quarto disse:
Quatro.
O garçom trouxe dez cafezinhos! Ao ser indagado por que trouxera tanto café para quatro pessoas, ele respondeu:
Ora um pediu um, outro dois, outro três e o outro quatro. Faça a conta e vejam se não são 10!

 

 

 

O casal de brasileiros entra em um restaurante na rua do Diário, que tem uma vista bonita para o rio, e pergunta:
Podemos sentar naquela mesa que tem a vista para o rio?
No que o garçom responde:
Acho melhor os senhores sentarem nas cadeiras!

 

 

 

O brasileiro examina o cardápio em um restaurante de Lisboa e chama o garçom para tirar uma dúvida.
Amigo: como é que vem este Filé à Moda da Casa?
Ao que o garçom, sem pestanejar, responde:
Pois; sou eu mesmo que o trago.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  longo de nossas vidas,

algumas vezes criticamos os outros,

outras, repudiamos aqueloutros...

Normalmente pelas mesmas feridas.

 

 longo de nossas vidas,

diversas vezes confraternizamos,

outras, infelizmente, inimizamos...

Incrivelmente pelas mesmas investidas.

 

 longo de nossas vidas,

muitas vezes orgasmamos,

outras, infelizmente, enfossamos...

Trivialmente pelas mesmas perseguidas.

 

 longo de nossas vidas,

percorremos a mesma via...

Usualmente pelas mesmas descabidas.

 

 longo de nossas vidas,

recalcitramos e reincidimos;

então, educativamente, retribuímos...

Invariavelmente pelas mesmas recaídas.

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Helena, Helena, Helena
Compositor: Alberto Landi
Intérprete: Taiguara

Fonte:

http://www.umnovoencontromusical.com/nacionais-T.htm