ANTINOMIAS

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Verdade

 

 

 

A moralidade da sociedade a moralidade da ordem social é desordem e imoralidade. Dividimos a vida, e em tal divisão se encontram o sofrimento e o conflito. Todavia, isto não significa que devamos evitar ou fugir do conflito, de tal maneira que fiquemos isolados do conflito. A compreensão do conflito não significa que devamos vegetar ou nos tornar igual a uma vaca. Compreender estas coisas significa não ficar preso a elas, não depender delas. Significa: nunca negar coisa alguma, nunca chegar a conclusão nenhuma, nunca alcançar um certo estado ou princípio ideológico, verbal, para tentar viver de acordo com ele. A própria percepção de todo o conteúdo do mapa que se está desdobrando é inteligência. Esta inteligência é que atuará, e não uma conclusão, decisão ou princípio ideológico. Devemos compreender que, pela educação que recebemos, o ajustamento a um padrão estabelecido pela sociedade embotaram nossa mente e nosso coração. Precisamos aprender a viver tanto no fundo do vale quanto no alto da montanha. Quando aprendermos isto, não haverá mais separação ou contradição entre ambos. [In: A Outra Margem do Caminho, entrevistas realizadas na Índia, na Califórnia e na Europa, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

A criação nasce e morre, mas, a Verdade é imortal, pois, está acima de argumentos e de contradições. Mas, como é possível construir a fórmula incondicional da Verdade Divina a partir do material condicional da mente humana? Se o conhecimento é dado na forma de certos julgamentos, ou seja, como a síntese de S e P, ou de outro S e outro P, ou mesmo de S com não-P, então, segue-se que todo julgamento é contraditório, e pode encontrar uma objeção a si próprio. A Vida é infinitamente mais completa do que as definições racionais, e, portanto, nenhuma fórmula pode abranger toda a plenitude da Vida. Nenhuma fórmula pode substituir a própria Vida em sua criatividade. Uma fórmula racional só poderia estar acima dos ataques da Vida se, e somente se, reunisse toda a Vida em si mesma, com todas as diversidades da Vida e todas as suas contradições presentes e futuras. Portanto, segue-se que a Verdade é um julgamento autocontraditório. A tese e a antítese juntas formam a expressão da Verdade. Em outras palavras: a Verdade é uma antinomia e não pode deixar de ser. Quando olhamos para uma mesma coisa de diferentes pontos de vista, quando nos separamos em diferentes modos de atividade espiritual, podemos chegar a antinomias ou proposições que são incompatíveis em nossa mente racional. Estas são eliminadas apenas em certos momentos de Illuminação, não racionalmente, mas, tão-só supra-racionalmente [ou transracionalmente, o que é extremamente difícil, extremamente raro e só Iniciaticamente alcançável.] A Reconciliação e a Unicidade são mais importantes do que a racionalidade, [porque a racionalidade sempre será parcial e incompleta, e, algumas vezes, poderá ser até irracionalmente falsa, prejudicial e retrogressiva. Seis simples exemplos disto são: 1º) a crença, até hoje generalizada e prevalente, de que o Mestre Jesus e o Cristo são uma só e a mesma Entidade; 2º) a Hipótese do Átomo Primordial para o nascimento do Universo (Big Bang); 3º) o antigo Sistema Geocêntrico; 4º) o Modelo Atômico de John Dalton; 5º) a nefelibatice de alguns nefelibatas de que a cloroquina é uma panacea COVIDialis; e 6º) a nefelibatice de alguns nefelibatas de que a palavra de ordem, em meio a esta Coronamia, é flexibilização.] [In: The Pillar and Ground of the Truth: An Essay in Orthodox Theodicy in Twelve Letters, (5ª carta), de autoria de Pavel Alexandrovich Florensky.]

 

 

 

Antinomia

 

 

 

Eu era heterossexual,

e tinha horror de homossexual.

Tornei-me homossexual,

e passei a ter horror de heterossexual.

 

 

Flag

 

 

Eu era não,

e tinha horror do sim.

Tornei-me sim,

e passei a ter horror do não.

 

Eu era noite,

e tinha horror do dia.

Tornei-me dia,

e passei a ter horror da noite.

 

Eu era ego,

e tinha horror do Eu.

Tornei-me Eu,

e passei a ter horror do ego.

 

Eu era Água,

e tinha horror do Fogo.

Tornei-me Fogo,

e passei a ter horror da Água.

 

Eu era preguinho,

e tinha horror de três com goma.

Tornei-me três com goma,

e passei a ter horror de preguinho.

 

Eu era pobre,

e tinha horror de rico.

Tornei-me rico,

e passei a ter horror de pobre.

 

 

Bufunfa

 

 

Eu era pobre, pobre, pobre,
de marré, marré, marré.
Fiquei rico, rico, rico,
de marré, marré, deci.

Hoje, odeio, odeio, odeio,
de marré, marré, marré.
Quem é rico, rico, rico,
de marré, marré, deci.

 

 

 

Chico Justo Veríssimo Anysio

Chico Justo Veríssimo Anysio

 

 

Eu era religioso,

e tinha horror de ateu.

Tornei-me ateu,

e passei a ter horror de religioso.

 

Eu era presa,

e tinha horror de predador.

Tornei-me predador,

e passei a ter horror de presa.

 

Eu era lulista,

e tinha horror de bolsonarista.

Tornei-me bolsonarista,

e passei a ter horror de lulista.

 

Eu era nazista,

e tinha horror de judeu.

Tornei-me judeu,

e passei a ter horror de nazista.

 

Eu era peronista,

e tinha horror de videlista.

Tornei-me videlista,

e passei a ter horror de peronista.

 

Eu era allendista,

e tinha horror de pinochetista.

Tornei-me pinochetista,

e passei a ter horror de allendista.

 

Eu era mariquinhas,

e tinha horror de cavalão.

Tornei-me cavalão,

e passei a ter horror de mariquinhas.

 

 

Cavalão

Cavalão

 

 

Eu era escravo,

e tinha horror de feitor.

Tornei-me feitor,

e passei a ter horror de escravo.

 

Eu era vassalo,

e tinha horror de suserano.

Tornei-me suserano,

e passei a ter horror de vassalo.

 

Eu era cambono,

e tinha horror de pai-de-santo.

Tornei-me pai-de-santo,

e passei a ter horror de cambono.

 

Eu era ratazana,

e tinha horror de meganha.

Tornei-me meganha,

e passei a ter horror de ratazana.

 

Eu era analfabeto,

e tinha horror de alfabetizado.

Tornei-me alfabetizado,

e passei a ter horror de analfabeto.

 

Eu era sem-terra,

e tinha horror de posseiro.

Tornei-me posseiro,

e passei a ter horror de sem-terra.

 

Eu era sem-teto,

e tinha horror de com-teto.

Tornei-me com-teto,

e passei a ter horror de sem-teto.

 

Eu era gordalhaço,

e tinha horror de esbelto.

Tornei-me esbelto,

e passei a ter horror de gordalhaço.

 

Eu era chincheiro,

e tinha horror de careta.

Tornei-me careta,

e passei a ter horror de chincheiro.

 

Eu era zé-povinho,

e tinha horror de autoridade.

Tornei-me autoridade,

e passei a ter horror de zé-povinho.

 

Eu era virtuoso,

e tinha horror de corrupto.

Tornei-me corrupto,

e passei a ter horror de virtuoso.

 

Eu era católico,

e tinha horror de evangélico.

Tornei-me evangélico,

e passei a ter horror de católico.

 

Eu era bíblico,

e tinha horror de védico.

Tornei-me védico,

e passei a ter horror de bíblico.

 

Eu era ultramontanista,

e tinha horror de antipapista.

Tornei-me antipapista,

e passei a ter horror de ultramontanista.

 

Eu era carnívoro,

e tinha horror de vegetariano.

Tornei-me vegetariano,

e passei a ter horror de carnívoro.

 

Eu era fanático,

e tinha horror de tolerante.

Tornei-me tolerante,

e passei a ter horror de fanático.

 

Eu era anticloroquínico,

e tinha horror de procloroquínico.

Tornei-me procloroquínico,

e passei a ter horror de anticloroquínico.

 

 

Cabo-de-guerra Cloroquínico

Cabo-de-guerra Cloroquínico

 

 

Eu era antiflexibilista,

e tinha horror de proflexibilismo.

Tornei-me proflexibilismo,

e passei a ter horror de antiflexibilista.

 

 

Macrobinha

Essa macrobinha aí tá com cara de
que está pensando em flexibilizar!

 

 

Eu era antidemocrático,

e tinha horror de democrata.

Tornei-me democrata,

e passei a ter horror de antidemocrático.

 

Eu era cara,

e tinha horror de coroa.

Tornei-me coroa,

e passei a ter horror de cara.

 

 

Moeda

 

 

Eu era encavernado,

e tinha horror de Iniciado.

Tornei-me Iniciado,

e passei a ajudar encavernado.

 

Eu era mago negro,

e tinha horror de Illuminado.

Tornei-me Illuminado,

e passei a ajudar mago negro.

 

Eu era demônio,

e tinha horror de Deus.

Tornei-me um Deus,

e passei a ajudar demônio.

 

 

 

Amor

 

 

 

Música de fundo:

A Velha a Fiar
Interpretação: Rá-Tim-Bum

Fonte:

http://www.krafta-musicas.co/
playlist/palavra-cantada-a-velha-a-fiar

 

Páginas da Internet consultadas:

https://drevil.co/produto/camiseta-skull/

http://www.netanimations.net

https://www.behance.net

https://pt.pngtree.com/freepng/ufo_1436773.html

https://gifer.com/en/2I6E

https://ya-webdesign.com

https://www.epicentrofestival.com

https://www.picuki.com

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloroquina

https://creazilla.com

https://tenor.com

https://www.canstockphoto.com

http://glenocarm.blogspot.com/
2013/02/truth-is-antinomy.html

http://www.lowgif.com/view.html

https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page

https://see.news/love-valentines/

http://www.chumbogordo.com.br

 

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