RIO ANTIGO
NOVO RIO

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Canto por muito amor ao Rio

– Rio de Janeiro de todos nós.

Rio antigo, novo Rio

– Rio nosso, Rio de nossos avós.

 

 

Praias, florestas, montanhas...

Sol, jogo do bicho, carnavais...

Mulheres cheias de manhas...

Cariocas... Cordiais e joviais.

 

 

Aquele que aqui nasceu,

– Reto, torto ou ladrão –

Aprenderá sua lição.

 

 

E quem aqui não nasceu

– Mas escolheu o Rio por opção –

Está cumprindo sua missão.

 

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Mandrake

 

Saudades? A saudade, por definição, é um sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e de determinados prazeres já vividos e considerados como um bem desejável. O tempo passa! Inexoravelmente. Carnaval? Bonde? Lotação? Tanques na rua? Doutor Getúlio? Carlos Lacerda? Jango? Brizola? Glostora? Loção Aqua-Velva? Mercúrio Cromo? Brylcreme? Regulador Xavier? Rocambole Pulmann? Papel higiênico Tico-Tico? Rádio Nacional? Noel Rosa? Emilinha - a favorita da Marinha? Cauby? Conceição? Marlene - a favorita da Aeronáutica? Cely Campelo? Nelson Gonçalves? Chacrinha? Alvarenga e Ranchinho? Lapa? Madame Satã? Lança-perfume? Melhoral? Melhoral, Melhoral, é melhor e não faz mal. Sabonete Benjoim? Colônia Madeira do Oriente? Perfume Lancaster importado da Argentina? Colônia Parisiana? Pinho Campos do Jordão? Calçados Ortopé? Casas Pernambucanas?

Toc, toc, toc...
Quem Bate ? — É o Friooooo....
Não adianta bater,
Eu não deixo você entrar.
As Casas Pernambucanas,
É que vão aquecer o meu lar!
Vou comprar flanelas,
Lãs e cobertores eu vou comprar
– Nas Casas Pernambucanas –
E não vou sentir o inverno passar!

 

Poupança Delfim?

 

Neste Natal,
Lembre-se de mim...
Neste Natal,
Lembre-se de mim...
Dê para quem ama
Um cofrinho da Delfim.

 

Lâmpadas GE?

 

Se a lâmpada apagar,
Não adianta esquentar,
Nem bater o pé...
O que resolve,
É ter logo à mão
Lâmpadas GE.

 

Rhum Creosotado?

 

Veja ilustre passageiro,
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem a seu lado;
E, no entanto, acredite,
quase morreu de bronquite.
Salvou-o o Rhum Creosotado.

 

 

Você leu ou cantou mentalmente os jingles? Saudades? Lembranças? Bem, mais o quê? Sei lá. Muito mais. A lista é longa. Esse é nosso Mundo... Esse é o Rio... Rio dos meus tempos... Rio dos meus amores... Rio de outros tempos... Rio de outros amores... Rio de todos nós. O tempo passa... Antigas inconformações. Novas compreensões. Mas, se o passado, por um lado, pode trazer saudade, por outro, deve ser motivo de conformidade. Conformidade não em um sentido submissivo ou em relação àquilo que chamam comumente de destino. Nós é que construímos o nosso destino. Mas, passado, então... Que passado? Passado no sentido de coisas que se concertam, que se harmonizam, via compreensão. Quem vive preso ao passado, morrerá preso ao passado. Precisamos, todos, cruzar a ponte. Régua de calcular e máquina de escrever já não mais são usadas. Ou será que ainda são? Luz Del Fuego e Clóvis Bornay... Carmen Miranda e Oscarito... Flávio Cavalcante e Rogério Cardoso-Rolando Lero... — Captei vossa mensagem, estupefaciente guru! Mas, meu amado mestre, bati as botas! Esses artistas já não estão mais conosco. Devem estar fazendo uma tremenda zorra do lado de lá, cada um à sua maneira. Del Fuego, claro, com suas arborículas jibóias! E o Reco-reco, o Bolão e o Azeitona (grande Luiz Sá) e o Super Mouse ficaram tão-só na memória. E os Mandrakes, hoje, são outros. Memória boa, mas, memória! Agora basta, senão não conseguirei parar. São muitas as lembranças, lembranças boas de vivências boas vividas intensamente! Hoje, só lembranças. Boas lembranças, mas lembranças das quais, sinceramente, não sinto saudades. Faço visitações e revisitações, isso eu faço. Mas, respeito os que sentem saudades.

 

Super Mouse
Seu amigo!
Vai salvá-lo
Do perigo!

 

Reco-Reco, Bolão e Azeitona

 

 

Almanaque
O Tico-Tico - 1953

 

Para os saudosistas, na verdade para todos, rever (ou mesmo ver) é sempre parte de um processo. Bom? Não sei. Vai de cada um. Educativo? Sempre. Clique AQUI e (re)veja o Rio Antigo. Vale a pena. (*pps com 896 kb).

 

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Websites Consultados
http://www.gibindex.com/enciclopedia/br/l/495
http://www.novomilenio.inf.br/santos/bondei.htm
http://www.hypnosisinmedia.com/Comics/

http://www.culturaesaude.med.br/revista/
http://www.memorychips.com.br/desenhos007.htm

Música de fundo:
Eu Só Quero É Beliscá. [Cateretê (dança rural muito difundida em que os participantes formam duas filas, uma de homens e outra de mulheres e, ao som de música, sapateiam e batem palmas) de Eduardo Souto gravado na Odeon por Bahiano].

Ó sá dona, não se zangue,
Vancê pode assossegá,
Eu não vim fazê barúiu,
Eu só quero é beliscá.

Ai, ai, ai,
Com licença de Sinhá,
Ai, ai, ai
Eu só quero é beliscá.

Seu doutô, seu delegado,
Dá licença pra passá,
Eu não vim fazê barúiu,
Eu só quero é beliscá.

Me dissero que a puliça,
Deixa a gente pandegá,
Eu inté nem faço nada,
Eu só quero é beliscá.

Fonte:
http://www.geocities.com/aochiadobrasileiro/
Cronologia/cronologia1922.htm