(Pensamentos e Reflexões)

 

 

 

 

Anselmo de Cantuária

Anselmo de Cantuária

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Foi Hugues de Saint-Victor (1096 – 1141), filósofo do século seguinte ao de Anselmo, quem definiu de maneira mais sucinta a experiência filosófica anselmiana: Deus relacionou-se de modo tão intimamente intrincado com o ser humano que o homem não pode entender Deus. Mas também não O pode ignorar. Este estudo que basicamente especula as relações entre a fé e a razão e a idéia filosófico-teológica da existência de Deus apresenta para reflexão excertos de alguns pensamentos de Anselmo de Cantuária, um influente teólogo e filósofo medieval italiano de origem normanda, que viria a ser canonizado pela Igreja Católica e declarado Doutor da Igreja em 1720 (Doctor Magnificus), pelo Papa Clemente XI.

 

Sua obra e a importância dos seus ensinamentos podem ser resumidos nas palavras de Miguel Spinelli: Não só a habilidade dialética fez de Anselmo o precursor da Escolástica, mas foi ele também quem forjou uma nova orientação à teoria dos universais, que reverteu em grande proveito para os intuitos da Teologia racional. Na realidade, Anselmo, que se tornou famoso como o criador do argumento ontológico em favor da existência de Deus, foi, em termos teológicos, um defensor do teocentrismo – do grego theos (Deus) e kentron (centro) que é a concepção segundo a qual Deus é o centro do Universo. Tudo foi criado por Deus, por Ele é dirigido e não há outra razão além do desejo divino sobre a vontade humana. Enfim, para Anselmo, todas as coisas criadas existem pela ação conservadora da Essência Suprema. Se isto é assim, se é mais ou menos assim ou se não é assim, cabe a cada um de nós no Sagrado Silêncio de nossos Corações refletir sobre este tema e chegar a uma conclusão, que – ainda que seja temporária e/ou incompleta possa satisfazer nossos anseios de relativa liberdade, pois, em nossa ignorância, só podemos ter uma certeza absolutamente certa: a absolutização da incerteza.

 

 

 

 

Breve Nota Biográfica de Anselmo

 

 

 

Anselmo de Cantuária

Anselmo de Cantuária

 

 

Anselmo de Cantuária (1033/1034, Aosta – 21 de Abril 1109, Canterbury) nasceu em Aosta e foi abade da abadia do Bec, na Normandia, sendo mais tarde bispo de Cantuária. Com ele, começa a Escolástica primitiva a tomar consciência de si. O que existia antes dele, como propõe Grabmann, pode ser entendido como pré-escolástica. Anselmo estudou os clássicos e escreveu sempre em latim, sendo que as suas duas mais célebres obras são o Monologium, que trata da sabedoria divina, e o Proslogium, cujo objeto é a existência de Deus. No Proslogium, particularmente, Anselmo constrói o texto em busca de um único argumento, válido em si e por si, sem nenhum outro, que permita demonstrar que Deus existe verdadeiramente. Um argumento suficiente, em suma, para fornecer provas adequadas sobre aquilo em que cremos acerca da Substância Divina.

 

Santo Anselmo é considerado um dos fundadores da tradição escolástica. Procurava um argumento para provar a existência de Deus e sua bondade suprema. Dizia que a crença e a fé correspondem à verdade e que existe um ser do qual não é possível pensar nada maior. Este ser não existe apenas na inteligência, mas também na realidade. Anselmo desenvolveu uma linha de pensamento sobre estas bases que foi retomada por Descartes e criticada por Kant.

 

Na véspera de sua morte, lamentava que não tivesse tido tempo para escrever um tratado sobre a origem da alma, tema sobre o qual havia meditado constantemente. Enfim, carregado de anos e de virtude, faleceu no dia 21 de abril de 1109, sendo canonizado pelo Papa Clemente XI.

 

 

 

Pensamentos e Reflexões de Alselmo

 

 

 

Anselmo de Cantuária

Anselmo de Cantuária

 

 

 

Deus é uno.

 

 

 

 

Tenho dentro de mim a idéia de um Ser tal que não se pode imaginar nada maior, isto é, um Ser infinito. Logo, este Ser existe, pois eu O vejo em certo sentido, desde o momento em que penso Nele. O que está na realidade, além de estar no pensamento, é mais perfeito que o que só está no pensamento: portanto, Deus é real, porque se não existisse, não seria tal que não se pode pensar em outro maior.

 

Só Deus tem em Si a razão de Sua existência.

 

Pai e Filho são distintos e, todavia, são tão idênticos pela substância, já que sempre a essência do Filho está no Pai, e a essência do Pai está no Filho, e nunca ela é diferente, porque a essência de ambos não é diferente, mas a mesma; não é múltipla, mas única.

 

Deus é uma unidade indivisível porque sua imensidade é interminável.

 

Não é possível pensar nada maior que Deus (id quo maius cogitari non potest).

 

Deus é onipresente, isto é, Deus está presente no intelecto do homem, mesmo daqueles que, insipientes, afirmam que Ele não existe, a não ser como simples conceito (nuda intellecta). Também está na realidade (res), que o filósofo compreende como outra coisa que não o homem. A onipresença de Deus mostra-se como uma totalidade, fruto de um somatório destas duas partes (intelecto e realidade).

 

O que és Tu, ó Senhor, Deus meu, Tu de quem não é possível pensar nada maior? Mas quem poderia ser, senão aquele que – supremo entre todas as coisas, único existente por si mesmo criou tudo do nada.1

 

Não havia nada antes de ser feito o que foi feito.1a

 

Deus é um ser que contém, em sua unidade, toda perfeição (summum ommnium bonorum cunctaque bona intra se continens).

 

Deus é um Ser do qual nada maior se pode conceber.

 

Somente Tu, ó Senhor, és aquilo que és, e somente Tu és aquele que és. Com efeito, o ser que não é o mesmo em sua totalidade e em partes ou que está sujeito em algum ponto a variações, esse, certamente não é aquilo que é. Assim, também, todas as coisas que tiveram início, porque antes não existiam, podem ser pensadas como não existentes e, se não forem mantidas na existência por meio de outro, voltam ao nada. E tudo aquilo, cujo passado não existe mais e cujo futuro ainda não é, não existe em sentido próprio e absoluto. Tu, ao contrário, és verdadeiramente aquilo que Tu és, ainda que apenas uma vez e de alguma maneira, continues sendo completamente e sempre.

 

Com efeito, se apenas os corpos são sensíveis porque os sentidos se estendem pelo corpo e se encontram dentro do corpo, como poderá acontecer que sejas sensível Tu, que não és corpo e, sim, Espírito Supremo, o que é melhor do que ser corpo? Ó senhor, embora não sejais corpo, és, todavia, sumamente sensível, do mesmo modo que conheces profundamente todas as coisas; não porém segundo a pura sensação corpórea do ser animal.

 

Relação entre o tempo e Deus: Não existes ontem, nem existes hoje, nem existirás amanhã, porque ontem, hoje e amanhã Tu existes. Mas não se deve dizer ontem, hoje, amanhã, e, sim, simplesmente, existe; e fora de qualquer tempo.

 

Tu (Deus) preenches e abranges todas as coisas existentes, pois Tu existes antes e depois delas.

 

Maria, o meu Coração quer amar-te e os meus lábios desejam ardentemente louvar-te.

 

Ó Virgem, que privilégio pode ser tido em maior consideração do que esse pelo qual és a mãe daqueles para os quais Cristo se digna de ser Pai e Irmão? Não existe reconciliação senão a que Tu geraste.

 

 

Reconciliação

 

 

Deus (teos) pode ser interpretado como o fundamento de todo ente (ón) que, verdadeiramente, é a ser provado sob a exigência da lógica (logia).

 

Não tento, Senhor, penetrar a Vossa profundidade, porque não posso sequer de longe comparar com ela o meu intelecto; mas desejo entender, pelo menos até um certo ponto, a Vossa verdade, em que o meu Coração crê e ama. Com efeito, não procuro compreender para crer, mas creio para compreender.

 

Graças a Ti, bom Senhor, graças a Ti, porque aquilo que, por teu dom, eu anteriormente cri, já compreendo de tal modo, por Tua iluminação, que, se não quisesse crer que Tu és, não poderia compreender.

 

Alguns irmãos de hábito me pediram muitas vezes e com insistência para transcrever, sob forma de meditação, umas idéias que lhes havia comunicado em conversação familiar, acerca da Essência Divina e outras questões conexas com este assunto. Isto é, atendendo mais a como devia ser redigida esta meditação do que à facilidade da tarefa ou à medida das minhas possibilidades, estabeleceram o método seguinte: sem, absolutamente, recorrer, em nada, à autoridade das Sagradas Escrituras, tudo aquilo que fosse exposto ficasse demonstrado pelo encadeamento lógico da razão, empregando argumentos simples, com um estilo acessível, para que se tornasse evidente pela própria clareza da verdade.

 

Certamente, algo tal que não se pode pensar maior, não pode estar somente na inteligência. Porquanto, se está somente na inteligência, poder-se-ia pensar também na coisa, o que é maior. Portanto, se algo tal que não se pode pensar maior está somente na inteligência, este mesmo algo tal que não se pode pensar maior é tal que se pode pensar maior. Ora, certamente isto não pode ser. Existe, portanto, sem dúvida, algo tal que não se pode pensar maior, tanto na inteligência como na coisa.

 

Fides quarens intelectum. (A fé em busca da inteligência).

 

Tudo estava como que morto, tinha perdido a dignidade para que tinha sido feito, ou seja, para servir aqueles que louvam a Deus. Os elementos do mundo estavam oprimidos, tinham perdido o seu esplendor por causa do abuso de quantos os tornavam servos dos seus ídolos, para o quais não tinham sido criados.

 

A Essência Suprema existe em todas as coisas e tudo depende Dela.

 

O pensamento tem algo de divino, e Deus tem uma razão. Sua Palavra é sua Essência, e Ele é pura Essência Infinita, sem começo nem fim, pois nada existiu antes da Essência Divina e nada existirá depois.

 

O presente, o passado e o futuro são uma coisa só.

 

O Verbo e o Espírito Supremo são uma coisa só, pois o Espírito Supremo usa o Verbo consubstancial para se expressar.

 

Nenhuma alma é privada do bem do Ser Supremo, e deve buscá-lo, através da fé.

 

É próprio de um monge buscar as honras, os louvores, a celebridade? Claro que não. Pois bem, far-me-ei monge onde possa pisotear minhas ambições, onde seja estimado menos que os demais, onde seja pisoteado por todos.

 

Deus, rogo-vos, desejo conhecer-Vos, quero amar-Vos e poder regozijar-me em Vós. E, se nesta vida não sou capaz disto na medida plena, que eu possa, pelo menos, progredir cada dia, até alcançar a plenitude.

 

A alma humana é imortal. Nenhuma alma é privada do bem do Ser Supremo, e, através da fé, deve buscá-Lo.

 

O fogo do inferno não emite nenhuma luz. Assim como, ao comando de Deus, o fogo da fornalha babilônica perdeu o seu calor, mas não perdeu a sua luz, assim, ao comando de Deus, o fogo no inferno, conquanto retenha a intensidade do seu calor, arde eternamente nas trevas... Qual o nome, então, que devemos dar às trevas do inferno, que hão de durar não por três dias apenas, mas por toda a eternidade? O nosso fogo terreno foi criado por Deus para benefício do homem, para manter nele a centelha de vida e para ajudá-lo nas artes úteis, ao passo que o fogo do inferno é de outra qualidade e foi criado por Deus para torturar e punir o pecador sem arrependimento. O sulfuroso breu que arde no inferno é uma substância que foi especialmente designada para arder para sempre e ininterruptamente com indizível fúria. É um fogo que procede diretamente da ira de Deus, trabalhando não por sua própria atividade, mas como um instrumento da vingança divina. Assim como as águas do batismo limpam tanto a alma como o corpo, assim o fogo da punição tortura o espírito junto com a carne.

 

Parece-me descuido se, depois de firmarmos nossa fé, não lutarmos para compreender aquilo em que acreditamos.

 

Quem tem a intenção de fazer Teologia não pode contar somente com a sua inteligência, mas deve cultivar ao mesmo tempo uma profunda experiência de fé.

 

Somente o homem deve fazer reparação pelos seus pecados, visto que foi ele quem pecou. Somente Deus pode fazer a reparação necessária, visto que foi Ele quem a exigiu.

 

A atividade do teólogo desenvolve-se em três fases: 1ª) a fé, dom gratuito de Deus, a acolher com humildade; 2ª) a experiência, que consiste em encarnar a palavra de Deus na própria existência quotidiana; e 3º) o verdadeiro conhecimento, que jamais é fruto de raciocínios assépticos, mas, sim, de uma intuição contemplativa.

 

A razão não pode ser sua própria luz; para realizar sua obra, ela necessita de uma fonte de iluminação mais alta – a fé.

 

Enquanto a verdade lógica é uma retidão só perceptível pelo espírito, a justiça é a retidão da vontade observada por si mesma, ou seja, desinteressadamente.

 

Uma vez que o livre-arbítrio parece contradizer a graça, a predestinação e a presciência de Deus, desejo saber o que é a liberdade do arbítrio e se o temos sempre. Se, de fato, a liberdade do arbítrio é poder pecar e não pecar, como alguns costumam dizer, e se está sempre na nossa posse, como é que às vezes temos necessidade da graça? Mas, se não o temos sempre, porque o pecado nos é imputado, quando pecamos sem livre-arbítrio? Não penso que a liberdade do arbítrio seja o pode de pecar e de não pecar. Seguramente, se esta fosse a definição, nem Deus, nem os anjos, que não podem pecar, não teriam liberdade de arbítrio, e é um sacrilégio dizê-lo. E se disséssemos que o livre-arbítrio de Deus e dos anjos é diferente do nosso? Se bem que o livre-arbítrio dos homens difira do de Deus e do dos bons anjos, a definição desta liberdade deve, contudo, segundo o próprio nome, ser a mesma para todos. Portanto, o poder de pecar não é a liberdade nem parte da liberdade.

 

Se o anjo ou o homem sempre dessem a Deus o que lhe é devido, nunca pecariam, pois nada mais é pecar do que não dar a Deus o que lhe é devido, isto é, toda a vontade da criatura racional sujeita à vontade de Deus. Quem não dá a Deus isto que lhe é devido, tira de Deus o que lhe é devido e o desonra, e isto é pecar. Enquanto não devolver o que é devido, permanece em culpa. Não é suficiente, porém, devolver o que lhe foi tirado, pois pela injúria feita sempre deve-se devolver mais do que se tirou. É assim que não é suficiente para quem lesa a saúde de outro que lhe devolva a saúde, pois deve também, pela dor impingida, recompensar-lhe com algo mais. Do mesmo modo não é suficiente para quem viola a honra de alguém que lhe devolva a honra, pois deve também, de acordo com o dano que lhe causou, restituir-lhe algo a mais que seja de seu agrado.

 

Ninguém está acima de tudo o que não é Deus senão Deus.

 

A morte entrou no mundo pelo pecado.

 

Quem poderá conceber uma misericórdia maior do que o pecador, condenado ao eterno tormento, sem ter como se redimir, ao qual Deus Pai se dirige e lhe diz: — 'Aceita o meu Filho Unigênito, e ele te redimirá.' E o próprio Filho: — Toma-me contigo, e redime-te. Pois é de fato isto o que dizem, quando nos chamam à fé cristã e a ela nos trazem.

 

Quem pensa continuamente em morrer não morre de repente.

 

Se bem que os que pecaram se tivessem submetido ao pecado, eles não puderam, contudo, aniquilar neles a natural liberdade do arbítrio, mas puderam fazer com que fossem incapazes de usar aquela liberdade sem uma graça diferente daquela que antes tiveram. Acredito, mas desejo compreender (Credo, sed intelligere desidero). Portanto, porque toda a liberdade é poder, aquela liberdade de arbítrio é o poder de conservar a retidão da vontade por causa da própria retidão. Não pode ser de outro modo. É agora claro que o livre-arbítrio não é senão o arbítrio capaz de conservar a retidão da vontade por causa da própria retidão.

 

Quer se entenda que a verdade tenha um princípio e um fim, quer se diga que não tenha, a verdade não pode ser confinada por nenhum princípio e nenhum fim.

 

Se não crermos, não compreenderemos. Quanto mais recorremos ao intelecto tanto mais nos aproximamos de tudo aquilo a que os homens aspiram.

 

No Reino dos céus, todos os homens em conjunto, e como se fossem um só, serão um só rei com Deus, pois todos quererão uma só coisa e a sua vontade cumprir-se-á. Eis o bem que, do alto do céu, Deus declara pôr à venda. Se alguém perguntar por que preço, eis a resposta: Aquele que oferece um Reino no céu não precisa de moeda terrestre. Ninguém pode dar a Deus o que já Lhe pertence, porque tudo o que existe é dEle. E, no entanto, Deus não dá coisas importantes sem que lhes seja estimado o preço: Ele não as dará a quem não as apreciar. De fato, ninguém dá coisas que lhe são queridas a quem não demonstrar ter apreço por elas. Então, e porque Deus não precisa dos teus bens, não deve dar-te uma coisa importante se desdenhares amá-Lo: Ele apenas reclama amor, e sem amor nada O obrigará a dar. Por isto, ama, e receberás o Reino. Ama, e possui-Lo-ás. Ama, portanto, a Deus mais do que a ti mesmo, e logo começarás a ter o que queres possuir em plenitude no céu.

 

Ó Luz Suprema e inacessível! Ó Verdade Plena e Bem-aventurada! Como estás longe de mim que de Ti estou tão perto! Quão afastada estás de meu olhar, de mim que estou tão presente ao teu olhar! Senhor, por meio de Teu Filho ordenas, ou melhor, aconselhas a pedir, e prometes acolher o pedido para que nossa alegria seja completa. Por isto, peço-Te, Senhor, o que aconselhas por meio do nosso admirável Conselheiro; possa eu receber o que em Tua fidelidade prometes, a fim de que minha alegria seja completa. Deus fiel, eu Te peço: faze que o receba, para que minha alegria seja completa.

 

O fundamento da existência das coisas ('ser per aliud') está necessariamente na existência da Suprema Natureza ('ser per se'). Não fora assim, o devenir das coisas seria contraditório.2

 

Prefiro estar em desacordo com os homens, do que concordar com eles e discordar de Deus.3

 

 

 

 

1ª Oração de Anselmo de Cantuária

 

Por um momento, busca a Deus, e descansa um pouco Nele. Entra no esconderijo da tua mente, aparta-te de tudo, exceto de Deus e daquilo que pode levar-te a Ele, e fechada a porta, procura-O. Abre a Ele todo o teu Coração e dize-Lhe: Quero Teu rosto; busco com ardor Teu rosto ó Senhor, Ensina-me como procurar-Te e mostra-Te a mim que Te procuro, pois sequer posso procurar-Te se não me ensinares a maneira, nem encontrar-Te se não Te mostrares. Que eu possa procurar-Te desejando-Te e desejar-Te ao procurar-Te, e encontrar-Te amando-Te e amar-Te ao encontrar-Te. Não tento, ó Senhor, penetrar a Tua profundidade: de maneira alguma a minha inteligência amolda-se a ela, mas desejo, ao menos, compreender a Tua verdade, que o meu Coração crê e ama. Com efeito, não busco compreender para crer mas creio para compreender. Efetivamente creio, porque se não cresse não conseguiria compreender.

 

 

 

 

2ª Oração de Anselmo de Cantuária

 

Oh!, meu Senhor e meu Deus! Dê-nos a graça de Vos desejar com todo nosso Coração, porque desejando-O, iremos procurá-Lo, procurando-O, iremos encontrá-Lo, encontrando- O, iremos amá-Lo e amando- O, iremos odiar aqueles pecados que Vós nos redimistes na Cruz.

 

 

 

 

3ª Oração de Anselmo de Cantuária

 

Trespasse com as setas do Seu amor as câmaras secretas do Ser Interior. Permita que a entrada de Suas chamas saudáveis acendam o Coração indolente, e que o Fogo ardente de Sua sagrada inspiração o ilumine.

 

 

 

 

4ª Oração de Anselmo de Cantuária

 

Óh!, Deus, fonte abundante de toda dádiva justa e perfeita! Irradie a alegre Luz de Sua setuplicada graça sobre nossos Corações.

 



 

 

 

 



 

 

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Notas:

1 e 1a. Aqui só citarei um conceito místico já discutido em outros textos: Para o Ser não existe começo, pois o nada não pode gerar alguma coisa. Seja como for, Santo Anselmo, em sua terceira prova a posteriori da existência de Deus, especula: Tudo aquilo que existe, existe em virtude de alguma coisa ou em virtude de nada. Mas nada existe em virtude de nada, isto é, do nada não provém nada. Assim, ou se admite a existência do Ser em virtude do qual as coisas existem ou nada existe. Mas, como existe algo, existe o Ser Supremo. (In: História da Filosofia, vol. I, Giovanni Reale & Dario Antiseri, São Paulo: Edições Paulinas, 1990, p. 496).

2. Tomás de Aquino OP (Roccasecca, 1225 – Fossanova, 7 de março 1274) propõe cinco vias de demonstração para demonstrar a existência de Deus. São elas: 1ª) Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém. É impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente. Logo, há que haver um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido; 2ª) Causa Primeira: Decorre da relação causa-e-efeito que se observa nas coisas criadas. Logo, é necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa. Do contrário, não haveria nenhum efeito, pois cada causa pediria uma outra em uma seqüência infinita de causas; 3ª) Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários, senão o mundo não existiria. Logo, é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser; 4ª) Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres: uns são mais perfeitos do que outros, e qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo. Logo, deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres; e 5ª) Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no Universo que é facilmente verificada. Ora, toda ordem é fruto de uma inteligência; não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos. Logo, há um ser inteligente que dispôs o Universo em forma ordenada.

3. Mas, em outro sentido, só quando estivermos em acordo com todos os homens, poderemos considerar a hipótese de nos pormos em acordo com o Deus de nosso Coração.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.culturabrasil.pro.br/
oracoesmisticas.htm

http://www.domhenrique.com.br/

http://www.monergismo.com/
textos/cristologia/cur_anselmo.htm

http://www.cot.org.br/igreja/revelacao
-do-inferno-por-santo-anselmo.php

http://ecclesia.com.br/
sophia/?tag=santo-anselmo

http://www.snpcultura.org/

http://www.cademeusanto.com.br/
santo_anselmo_canterbury.htm

http://www.lusosofia.net/textos/costa_
freits_manuel_barbosa_anselmo_santo.pdf

http://juramidam.jor.br/verdade/02_cap5.html

http://refutando.spaceblog.com.br/15038/DEUS
-SEGUNDO-FILOSOFOS-E-TEOLOGOS/

http://www.nsrasalette.org.br/admin/
Uploads/missa%20salette%20brasil.pdf

http://64.233.163.132/

http://www.arquidiocesecuiaba.org.br

http://www.adventistas.com/
oleviata_online.htm

http://www.vatican.va/holy_father/

http://www.alalite.org/files/rio2007/
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http://pt.wikipedia.org/wiki/
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http://www.pastoralis.com.br/

http://teocentrismo.com/
teologos_anselmo.php

http://www.gaudiumpress.org/

http://www.ufpel.edu.br/ich/filosofiamedieval
/pdf/anselmo_ferazao.pdf

http://web.letras.up.pt/meirinhos/Ensino/
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http://www.filosofante.com.br/?p=693

http://www.vatican.va/

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Anselmo_de_Cantu%C3%A1ria

http://www.simpozio.ufsc.br/Port/1-enc/y
-mega/RevFilosofia/7460y006.html

http://www.consciencia.org/
santo_anselmoroberto.shtml

http://joaodeca.blogspot.com/
2009/09/anselmo-de-cantuaria.html

http://www.jornadacrista.org/
?tag=santo-anselmo-de-cantuaria

http://alexandrinabalasar.free.fr/
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http://www.diario-universal.com/
2007/04/morreu/anselmo-de-cantuaria/

http://www.consciencia.org/
filosofia_medieval10_santo_anselmo.shtml

http://pt.wikiquote.org/wiki/
Anselmo_de_Cantu%C3%A1ria

 

Fundo musical:

Introït et Kyrie (Gabriel Urbain Fauré)

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/faure.htm