ANNA BONUS KINGSFORD
(Pensamentos)

 

 

 

Anna Kingsford

Anna Kingsford

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo se propõe a apresentar para reflexão alguns fragmentos do pensamento de Anna Bonus Kingsford (editados aqui e ali, e colhidos, principalmente, na obra O Novo Evangelho da Interpretação: um Resumo do Cristianismo Místico).

 

Anna Kingsford foi uma mística por natureza, cuja vida adulta foi empregada para trabalhar inegoisticamente pelos demais, para a elevação do lado espiritual da Humanidade. Em sua vida, costumava afirmar que havia retornado à Terra com o objetivo de realizar uma dupla redenção: a da raça humana e a sua própria.

 

Bem, acho que as idéias místico-esotéricas de Anna Kingsford, como você constatará ao ler o texto, considerando-se a época em que viveu, eram muito-pra-lá-de-heterodoxas, e devem ter causado o maior charivari na cuca dos papa-santinhos, dos papa-santos e dos papa-santões. Seja como for, ainda que eu não concorde com todas elas, bendito charivari, que é muito melhor do que um busílis científico-sacerdotalista de solidéu e dinner-jacket, qualquer que seja o repiquete.

 

 

Busílis Científico-sacerdotalista
de Solidéu e Dinner-jacket

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Anna Bonus Kingsford (16 de setembro de 1846 – 22 de fevereiro de 1888) foi uma médica, escritora e mística britânica, e uma das primeiras mulheres inglesas, depois de Elizabeth Garrett Anderson, a obter um diploma de Medicina.

 

Lutou contra a sociedade machista da época, contra a vivissecção de animais durante as experiências científicas e nas salas de aula, defendeu o vegetarianismo e, sobretudo, se empenhou por uma nova interpretação das escrituras sagradas cristãs, que denominou de Novo Evangelho da Interpretação, pois, era uma crítica ferrenha do sacerdotalismo e do materialismo da Igreja.

 

Suas obras mais importantes são: The Perfect Way or the Finding of Christ (O Caminho Perfeito ou a Descoberta de Cristo); Clothed with the Sun (Vestida com o Sol) e The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo).

 

Por um breve período, Anna Kingsford presidiu a Sociedade Teosófica na Inglaterra, tendo sido, ao lado de Helena Blavatsky e outros, uma das promotoras desta Organização.

 

 

 

Pensamentos Kingsfordianos

 

 

 

O sacerdotalismo (a “mulher enfeitada”) – reduzindo a nada as mais vigorosas afirmações das Escrituras – se apóia na letra e na forma, materializa a verdade e – insistindo no inexplicável – nega a Compreensão, e apela para a autoridade.

 

Nas taças de ouro, antes de beber, cada Divindade colocava dois tipos de liquido, um dos quais era vinho, e o outro água.

 

O sacerdotalismo representa de forma tão equivocada o Cristianismo, até o ponto de o destituir de toda semelhança com a Religião do Cristo, tornando o Cristianismo, sob todos os aspectos concebíveis, em um obstinado e irreconciliável oponente da Religião do Cristo.

 

O Nome Jesus significa o Libertador.

 

Se quiserem ser perfeitos, e para serem capazes de conhecer todas as coisas, abandonem com rapidez a heresia.

 

A profecia, quando usada no sentido de previsão, é um relato prospectivo.

 

Doutrina do Cristo Representante da [personalidade-]alma. Sacerdotalismo (Clericarismo ou Eclesiasticismo: representante do materialismo eclesial.

 

Como as Coisas Espirituais podem ser óbvias?

 

Além do sentido intuitivo, o mais interno e divino, o que constitui a Gnose, as Escrituras podem ser interpretadas de forma gramatical, histórica ou literal, alegórica ou figurativa, analógica, e tropológica ou moral.

 

O sacerdote é o ministro dos sentidos e aquele que materializa as coisas espirituais. O profeta é o ministro da intuição e o redentor da degeneração materializante.

 

É o sacerdotalismo que, ao longo de toda a Bíblia, é a “Jerusalém que assassina os profetas”.

 

Não podemos dar estes presentes a vocês (os frutos da Árvore da Vida) até que estejam purificados e tenham alcançado um nível superior.

 

A densa escuridão que cobriu a Terra na Crucificação de Jesus pelo sacerdotalismo representa o eclipse total da faculdade de percepção espiritual.1

 

 

 

O inferno e os demônios são realidades, mas, o mundo confundiu sua origem e sua natureza. Eles não são criações de Deus, mas, sim, do ser-humano-aí-no-mundo.

 

Conforme for a concepção do ser-humano-aí-no-mundo acerca de Deus, assim também será sua concepção acerca de si mesmo, bem como sua conduta na vida.

 

O “sacrifício vicário” é uma perversão, como é todo o erro, de uma verdade.2

 

O sacerdotalismo representa a sobrevivência de um sistema que foi originado e desenvolvido por meio de feitiçaria.

 

Terrível história: Catolicismo sob o domínio do sacerdotalismo e dos seus apoiadores.

 

Enquanto o ser-humano-aí-no-mundo se considerar como estando sadio ele não buscará nenhum médico. [Mas, está completamente sadio?]

 

O ser-humano-aí-no-mundo não-regenerado – não apenas devido à falta de evolução, mas, degenerado ao máximo pela autodegradação e não mais um ser-humano-aí-no-mundo, mas, sim, um demônio, por nele ter se transformado em tão grande medida está fadado a ser rejeitado pelo cosmo planetário, e ser conduzido à extinção [entropização] na Esfera Mais Externa [Oitava Esfera]. Daí ser identificado pelo número 666 – soma de todos os números de 1 até 36 que é o número de Decanatos do Zodíaco.

 

Miguel representa a restauração da Intuição (Conhecimento Inato, LLuz da Sabedoria, Espírito de Deus dentro do ser-humano-aí-no-mundo) a seu devido Trono.

 

O intelecto, quando não está santificado, desvia do Caminho Reto. A força da mente estando corrompida é a causa da própria ruína.

 

O sacerdotalismo em razão da falta de qualquer senso de coerência, da ignorância quanto aos princípios e aos processos de funcionamento da [personalidade-]alma, bem como do significado da simbologia bíblica tem provado e demonstrado que sua inspiração é de origem astral e infernal, uma vez que seus métodos reproduzem tão exatamente aqueles das influências assim designadas.

 

O processo da Redenção deve necessariamente ser o exato inverso daquele da Queda, e ambos devem ser espirituais, e não pessoais. O sacerdotalismo atribuiu a Queda a uma mulher, e jogou toda a culpa da Queda sobre ela e seu sexo, marcando-a com o estigma da inferioridade e da servidão, com o qual as mulheres têm, desde então, sido amaldiçoadas, e ignorou completamente o fato de que a Queda foi causada inteiramente pelo próprio sacerdotalismo, através de sua sistemática deturpação de tudo o que ela [a Mulher] representa. Assim sendo, ao invés de buscar – trabalhando em prol do seu soerguimento – e de reparar os efeitos da Queda, o sacerdotalismo tem mantido a mulher subjugada, para que ela não possa ser reerguida, tornando-a, deste modo, uma escrava desprezível.

 

Mais do que Mãe Física do Homem Jesus, Maria foi Mãe Espiritual do Cristo no Homem.

 

O sacerdotalismo se tornou o responsável por suprimir a verdade quanto a natureza da [personalidade-]alma e sua preexistência, suprimindo também a verdade acerca das conseqüentes oportunidades da [personalidade-]alma adquirir conhecimentos por meio da experiência. Aquilo que a intuição representa é precisamente aquele conhecimento positivo que a [personalidade-]alma adquiriu por meio da experiência, a respeito de Deus, do mundo e do próprio ser-humano-aí-no-mundo, durante as longas eras de seu passado como um ente individual [em ascensão].

 

O sacerdotalismo, composto de trogloditas espirituais, impõe aos seus devotos, subjugados sob o altar, uma espécie de suicídio intelectual e moral.

 

A Ilimitada e Eterna Plenitude se diferencia e se distribui no Universo, para se tornar individualizada no ser-humano-aí-no-mundo, tornando-o, ao mesmo tempo, Humano Completo [Regenerado] e Deidade Integral.

 

Espírito Puro União, na mente, do Intelecto [Rei] e da Intuição [Rainha]. Se e quando isto acontecer, o ser-humano-aí-no-mundo se tornará repleto do Espírito, e será, para sempre, Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque. [Hebreus, XVII: 7], pois, renasceu da Água e do Espírito. Será, a partir de então, Homem-Deus – Homem tornado Deus, Deus tornado Homem.

 

A Regeneração (Purificação Interior), por ser longa e gradual, se estende por muitas vidas terrenas [e não-terrenas]. Logo, a (re)encarnação é a condição fundamental para a Regeneração.

 

Dê aos homens um Deus que ame o sangue, e eles inundarão a Terra com sangue para Sua glória.3

 

Cristo não representa apenas uma pessoa, uma posição ou um estado espiritual, mas, também, um princípio e um processo.4

 

Todos os seres-humanos-aí-no-mundo possuem igualmente Potencialidades Divinas.

 

Jesus foi um Redentor, não em razão de ter sofrido no lugar de outros, mas, sim, por ter Iniciaticamente sofrido dentro dos outros e com os outros, através da plenitude de Sua Compaixão – por meio da demonstração da Perfeição de Seu Amor.

 

Deus, nos seres-humanos-aí-no-mundo, é o Cristo Interior em cada um, e isto significa unificação e sacrifício.

 

O ser-humano-aí-no-mundo necessita apenas ser convencido de suas próprias possibilidades divinas para empreender todos os esforços para realizá-las.

 

O que quer que Jesus possa ter dito sobre qualquer assunto, somente ficou registrado aquilo que os seus biógrafos julgaram adequado registrar, e apenas sobreviveu aquilo que o sacerdotalismo permitiu que sobrevivesse.5

 

No que diz respeito à condição do ser-humano-aí-no-mundo, quanto mais distante ele estiver do infernal, mais próximo ele estará do Celestial. De modo semelhante, com relação à , quanto mais distante for o afastamento do sacerdotalismo, maior será a proximidade com o divino.

 

Deus Interior: ponto de partida e ponto de chegada.

 

 

Períodos Cíclico-evolutivos

 

A existência é essencialmente Divina, sendo o impulso para a evolução a tendência em reverter o decaimento em direção a uma Condição Divina Primordial. A Divindade é a meta da evolução. Não há nenhuma barreira à realização do Deus Interior, a não ser a vontade do indivíduo.

 

A [personalidade-]alma – que é o indivíduo – é indestrutível, salvo através de sua própria vontade perversa.

 

Ao fazer de Cristo a encarnação do Filho na Trindade da Divindade, ao invés de sua contraparte no homem, o sacerdotalismo confundiu o manifestado com o não-Manifestado, e fez do Espírito Santo o Pai da Pessoa por meio da qual Ele tem a sua processão.6 Este é um artifício sutil para privar o ser-humano-aí-no-mundo das suas Potencialidades Divinas, e para exaltar a ordem que reivindica o poder de converter os elementos eucarísticos em real Divindade.

 

A diferença entre os Veículos da Manifestação Divina é unicamente de grau.

 

Se salvação houver, só será salvo aquele que, através da experiência, se tornar um Cristo. Mas, isto só será possível se a religião se reconciliar com a Razão, e a fé com o Conhecimento [Sabedoria ShOPhIa] .

 

Nada pode se afastar ou ser afastado da presença de Deus.

 

Renuncie ao mundo. Renuncie ao 'fiat voluntas mea'. Renuncie à vaidade, e seja pobre: renuncie ao reconhecimento, e seja humilde: renuncie à luxúria, e seja casto. [Renuncie à vida, e Morra Iniciaticamente].

 

Todas as impurezas, para se tornarem Ouro Puro, precisam ser Sete Vezes refinadas. Mas, para produzir Ouro Alquímico, o Alquimista deve ter Ouro.

 

Cristo é a Perfeita Razão de Deus na manifestação. Ele é o cumprimento, e não a subversão, da Ordem Natural-divina, a realização, tanto para o indivíduo quanto para o universal, das Divinas Potencialidades próprias e comuns a todos, em virtude de sua origem e constituição, pela Lei Imutável da Hereditariedade. Ele o fruto maduro da semente implantada em todo ser-humano-aí-no-mundo, a semente de sua própria regeneração. Ele é a demonstração da “jóia preciosa” da Divindade “nascida na fronte do sapo”, Símbolo Alquímico da matéria.

 

Todas as coisas se dão pela Geração, a qual é o produto da interação entre a Força e a Substância – Pai e Mãe, respectivamente. Os três termos da história espiritual do homem são: Geração,7 Degeneração, Regeneração. Uma vez gerado, o ser-humano-aí-no-mundo é livre para se degenerar, até que chegue seu tempo de ser regenerado. Suas possibilidades de regeneração dependem do uso que fez de seu período de liberdade. A evolução se dá por meio da Geração, mas, a escada da mesma pode ser descida até que se alcance uma condição na qual a Regeneração é impossível, e a extinção [entropização], inevitável. O Período da Graça, subentendido na expressão “setenta vezes sete”, então, expirou para ele.

 

Foi tão-somente o sacerdotalismo que transformou o ser-humano-aí-no-mundo em um “filho-do-diabo”.

 

Não é pelo repúdio do natural que o ser-humano-aí-no-mundo eleva a si mesmo em direção ao Divino, mas, pela purificação.

 

Há somente uma Lei, e Aquele que opera é Um.

 

Os dualismos Vontade e Amor, Sabedoria e Compreensão, Espírito e Alma, Mente e Consciência Moral, Intelecto e Intuição representam a conjunção das duas potências representadas pelos termos masculino e feminino, e seus fatores são masculinos e femininos um para o outro.

 

A parte “homem” do ser-humano-aí-no-mundo – os sentidos externos e o intelecto – não pode “ver Deus”; mas, há aquilo no ser-humano-aí-no-mundo que pode ver Deus, a saber, a “mulher”, sua [personalidade-]alma. E é para ela que a visão é concedida, e é dela que o Cristo no ser-humano-aí-no-mundo tem nascimento.

 

Tendo abolido a Razão como um fator do Ser, o sacerdotalismo tem sistematicamente convertido toda a doutrina da Igreja de perfeita razão, que ela realmente é, em algo destituído da razão, até a completa deterioração do seu caráter divino em uma desesperante confusão. Daí, a substituição do que possui sentido pelo sem-sentido, chamando-o de mistério; da justiça pelos caprichos, chamando-os de graça; do amor pela vontade, chamando-a de Deus; da verdade pela falsidade, chamando-a de ortodoxia, e ao mesmo tempo anatematizando a verdade como heresia, perseguindo seus porta-vozes até a morte; substituindo a inteligência pela aceitação mecânica, chamando-a de fé; permutando o serviço razoável pela subserviência ignorante, chamando-a de devoção; trocando a redenção da inclinação ao pecado pela imunidade das conseqüências do pecado, chamando-a de salvação; comutando a purificação do Coração em derramamento de sangue, e este dos inocentes, chamando-o de expiação para satisfação da justiça divina, um atributo de outro modo dispensado em favor da graça; substituindo o Espírito Puro, simbolizado pelo “Sangue de Deus” pelo sangue físico de um deus, e cambiando o Cristo Interior e Suas Obras Internas, assim como a Verdade que Jesus veio para ilustrar e comunicar, pelo homem Jesus e seus sofrimentos corporais. Por outro lado, exaltando a virgindade como sendo aquela do corpo em lugar daquela que deve ser e é da [personalidade-]alma, e saturando-a com a própria materialidade, cuja liberdade desta mesma materialidade é aquilo que tal virgindade consiste, o sacerdotalismo tem, ao mesmo tempo, incapacitado as almas-aí para a percepção do Espírito e atribuído um estigma à Divina, uma vez que natural, relação dos sexos, deste modo tachando-a de impura. E ao invés de se tornar o líder de ações, tendo como finalidade a regeneração do mundo por meio de puros e elevados ideais de vida, envolvendo a abolição de práticas grosseiras e cruéis, o sacerdotalismo tem persistentemente apoiado os poderes constituídos, tendo como objetivo os interesses materiais de sua própria ordem. Enfim, sistematicamente afastando o ser-humano-aí-no-mundo da condição de Perfeição de Coração e Mente, Perfeição esta que o aproxima de Deus, o sacerdotalismo tem se interposto entre o ser-humano-aí-no-mundo e Deus, não como um mediador para os unir, mas, para os dividir, colocando-os em direções opostas e os mantendo apartados [mergulhados nas trevas da ignorância].

 

Ao exclamar “Esse é o Herdeiro; vamos matá-lo, a fim de que a herança seja nossa”, o sacerdotalismo se tornou, ao mesmo tempo, antiCristo e blasfemador contra o Espírito Santo.

 

Não foram os judeus [como povo] que crucificaram Jesus, pois, embora aqueles que O crucificaram fossem judeus, não foi como judeus, mas, como sacerdotes que eles o fizeram.

 

Tão-somente por meio da (restauração da) Intuição todos os enganos poderão ser reparados.

 

No que concerne ao ser-humano-aí-no-mundo, o objetivo e a finalidade da evolução cósmica é precisamente o triunfo e apoteose da [personalidade-]alma.

 

A Inquisição, com a hoste de horrores que a acompanharam e a seguiram, marcou o ponto mais baixo de degradação ao qual, até então, a Queda havia levado o ser-humano-aí-no-mundo. Os católicos acreditaram nos especialistas da religião, os sacerdotes, quando eles lhe disseram que Deus deveria ser aplacado e as almas salvas pela tortura e pelo massacre de todos os que discordassem Dele quanto à opinião religiosa e, em seguida, passou a devastar o mundo com ferro e fogo, fogueira e roda-de-tortura, circundando mares e terras em busca de vítimas.8

 

Os “três véus” (“três espíritos diabólicos”) – sangue, idolatria e maldição de Eva (negação e extinção da Intuição) – estão sempre saindo da boca do dragão, para impedir que o ser-humano-aí-no-mundo se liberte e tenha a visão de Deus.

 

O pecado típico da nossa época é a prática da chamada vivissecção.9 Aquilo que a Inquisição foi para a época que passou, o laboratório fisiológico é para a presente época – o indicador do nível espiritual do ser-humano-aí-no-mundo deste período. E enquanto, antes, o indicador apontava para um grau acima de zero, ele, agora, aponta para zero! A vivissecção objetiva encontrar alguma medida de alívio para os padecimentos que, por sua própria ignorância, insensatez ou perversidade, os seres-humanos-aí-no-mundo fabricaram para si mesmos. E – curioso! os perpetradores das vivissecções são prezados, incentivados, honrados e premiados como benfeitores de sua espécie. Na esfera da ciência, a vivissecção nada mais é do que uma espécie de salvação vicária (por meio de outro).

 

Em aquilo que o ser-humano-aí-no-mundo torna este mundo para os demais, não importa quão pequenos e pobres sejam eles, ele o torna para si-mesmo.

 

A sociedade atual está tão perversamente degradada, que o moralmente errado é o cientificamente certo e o praticamente útil, e os fins divinos – como, por exemplo, a arte de curar – têm sido alcançados por meios infernais, tal como a prática de torturar e de vivisseccionar.

 

Na atualidade, a coisa é assim: a cabeça é tudo, o Coração nada; os sentidos são tudo, a consciência nada; o corpo é tudo, a [personalidade-]alma nada. Desumanidade é humanidade. E não o amor, mas, o si-mesmo (ou o ego corporal) é tudo. O verdadeiro caminho de evolução é pela degradação moral. A prática do que é mais baixo é a regra para o mais elevado. E a Humanidade deve ser beneficiada por aquilo que é supremamente subversivo da Humanidade, mesmo que conduza à demonização do próprio ser-humano-aí-no-mundo.

 

Pelos sacerdotalismos – quer religioso, quer científico a Humanidade foi reduzida à condição de imbecilidade mental, moral e espiritual.

 

Queda —› Perda do Equilíbrio Mental —› Supressão da Metade Feminina (Intuição) do Sistema Intelectual —› Insanidade. Redenção —› Restauração do Equilíbrio Mental —› Reposição da Metade Feminina Suprimida —› Recuperação da Sanidade.

 

No processo de regeneração, a Intuição desempenha papel essencial e insubstituível.

 

Apenas quando o Intelecto é equilibrado pela Intuição há como escapar da serpente da natureza dos sentidos.

 

Tudo aquilo que é deriva de uma modalidade anterior. As diferenças existentes são apenas de grau e condição.

 

 

 

 

Sem a Força e a Substância não há ser. Estes são os dois pilares do Templo de Deus, cuja Igreja é o Universo.

 

Não há nenhuma morte real, exceto a morte espiritual. E esta [entropização] depende exclusivamente da vontade do indivíduo.

 

O ser-humano-aí-no-mundo, após longas eras de desenvolvimento, começando nas formas inferiores de vida, seguiu sua elevação através de muitas formas, e acabou alcançando a forma humana.10

 

Em todos os lugares na cristandade católica os pobres e pacientes animais, que não podem falar, suportam todas as espécies de tormentos sem uma única palavra ser pronunciada em sua defesa pelos instrutores da religião. Isto é horrível – é deplorável. E a razão para tudo isto é que os animais são popularmente considerados como não possuindo almas. Digo, então, recordando as palavras de Voltaire que se fosse verdade que eles não possuem almas, seria necessário inventar almas para eles. A Terra se tornou um inferno para os animais por causa dessa doutrina. Vejam a vivissecção e a tolerância da Igreja para com ela.11

 

A [personalidade-]alma passa de uma forma para outra, e são múltiplas as mansões da sua peregrinação.

 

O vegetarianismo é único meio efetivo para a redenção do mundo, seja em relação aos próprios homens, seja em relação aos animais.12

 

Toda injustiça é uma crueldade, e toda crueldade, por excelência, é um pecado imperdoável.

 

Vivissecção significa demonização da raça.

 

A criação é o período de atividade (mânvântâra) de Deus.

 

Deus em Evolução (Deus Explicitus) –› Mânvântâra.

 

Deus em Involução (Deus Implicitus) –› Prâlâya.

 

Representando somente a força, seja ela física ou intelectual, o ser-humano-aí-no-mundo não é mais do que um demônio.

 

Sabedoria e Amor são Unos.

 

A Bíblia foi escrita por pessoas de intuição, para pessoas de intuição, e do ponto de vista das pessoas de intuição. Ela tem sido interpretada por pessoas superficiais, para pessoas superficiais, e do ponto de vista das pessoas superficiais. Mesmo sendo o mais oculto e místico dos livros, ela tem sido exposta por pessoas sem conhecimento oculto ou percepção mística.

 

Apenas quando o “grande rio” da vontade humana tiver “secado”, ao ser sublimado e se unificado à Vontade Divina, o ser-humano-aí-no-mundo terá acesso à LLuz que nasce no Oriente.

 

Tudo o que é verdadeiro é espiritual.

 

Não existe tal coisa como mal puramente espiritual; o mal é o resultado da materialização do Espírito (materialização de Deus). As várias formas de mal são o resultado da nossa limitação em perceber o Universo como um todo. Todas as coisas são Deus, de acordo com a medida do Espírito que nelas existe.13

 

 

 

Epílogo
(Só Para Complicar um Tantinho)

 

 

 

ão somos rábãos-silvestres.

Ora, somos extraterrestres!

Viemos todos lá de Saturno,

mas, cada qual, a seu turno,

precisa deixar de ser magano

para poder chegar a Vulcano.

Moa o quanto tiver que moer,

o projeto é: domar o não-ser!

O oposto disto é malenconia,

e virar cochicho que não pia!

Temos que dar um fim na dor.

Modéstia. Misericórdia. Amor.


 

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Nota:

1. Como explica Alice Ann Bailey na sua obra Astrologia Esotérica, as Três Cruzes do Gólgota são símbolos bíblicos das Três Cruzes Astrológicas: 1ª) Cruz Comum, Cruz Mutável, Cruz da Experiência Mutável e Adquirida, Cruz das Vidas Mutáveis ou Cruz do Renascimento (Crise da Encarnação); 2ª) Cruz Fixa ou Cruz da Transmutação (Crise da Reorientação); e 3ª) Cruz Cardinal ou Cruz da Transcendência [Fundamental] (Crise da Iniciação). Nesta terceira e última Cruz, a vida do ego, a vida na forma e a vida planetária já não mais controlam o ser-humano-aí-no-mundo. [O mau ladrão – Gestas – representa a Cruz Mutável. O bom ladrão – Dimas – manifesta a Cruz Fixa. Jesus – o Cristo – simboliza a Cruz Cardinal.]

2. O Sacrifício Vicário ou Sacrifício Expiatório é explicado pela Teologia Católica como o sacrifício abolitivo de Jesus, na Cruz, dos pecados dos seres-humanos-aí-no-mundo. Portanto, teologicamente, morte vicária significa morte substitutiva ou morte suspensiva. No caso de Jesus, segundo a Teologia Católica, o Seu Sangue, derramado no Gûlgaltâ, foi uma espécie de propiciação agradadora feita a Deus pelas nossas canalhices e pelos nossos malfeitos. Isto, realmentemente, é o pai do pai de um quádruplo absurdo teológico, pois: 1º) se uma morte vicária pudesse ter mesmo acontecido, aboliria ou suspenderia o cumprimento da Lei da Compensação (Lei do Karma) para quem estivesse vivo a partir da Crucificação Volitiva de Jesus; 2º) os desditosos e azarados que tivessem morrido antes da Crucificação, como Akhn-Aton, Pitágoras, Sócrates e Platão, por exemplo, estariam fritinhos da silva, pois, não seriam beneficiados, e teriam que, a-não-sei-quem-em-não-sei-onde, reclamar, por isonomia, seus direitos vicários; 3º) irresponsavelmente, equipararia e poria no mesmo saco probos e velhacos, traidores e lealdosos, assassinos e assassinados, esforçados e indiferentes, santos e sacanocratas etc.; e 4º) o sacrifício vicário teria validade apenas para o Planeta Terra, não contemplando, ipso facto, por exemplo, os greys (seres extraterrestres que recebem este nome em função da sua cor de pele), bem como todos os outros zilhões de entes dos outros Sistemas. Ora, teve toda razão Anna Kingsford quando argumentou que o sacrifício vicário é uma perversão. Ninguém pode redimir o outro por meio do derramamento de sangue inocente. A justiça não pode ser saciada com a punição do inocente pelo culpado, mas, na verdade, o inocente é com isto duplamente ultrajado... Ninguém se libertará do estado de ser no qual pecou – até ter pago [compensado] o último vintém... As gerações são os degraus para o progresso do próprio ser-humano-aí-no-mundo. Por outro lado, porém, dançando a música do mesmo tema, pois, a Bíblia foi transformada autoritariamente em uma mistura grotesca de absurdos teológicos + adulterações injustificadas, dentre vários exemplos de adulterações que nela foram maliciosamente introduzidas para elastecer o poder temporal da Igreja Católica, para a qual, sem limites, quanto mais poder melhor, um deles é a referência bíblica à Cura do Paralítico, em Cafarnaum, citada em Marcos, II e em Lucas, V, na qual Jesus, ao curar um paralítico, teria dito: — Filho, são-te perdoados os teus pecados... Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. Curar (harmonizar o que está desarmômico) é uma coisa, possível por sinal, ainda que rara; perdoar pecados é outra inteiramente diferente, impossível, no tempo e no espaço. O fato é que Jesus, conhecedor da Lei Cósmica, jamais poderia ter dito Filho, são-te perdoados os teus pecados, porque Ele sabia muito bem que não há um só ser no Universo que possa perdoar pecados, porque perdoar pecados é equivalente a abolir a Lei da Compensação (Lei do Karma), e isto é uma impossibilidade. Entretanto, por uma necessidade superior, retardar ou suspender temporariamente o cumprimento do Karma é possível. Logo, como forma de ficar livre da necessidade-obrigação de compensar-retribuir erros cometidos, o Sacramento da Confissão é inútil, mas, como catalisador psicológico de mudança é poderosíssimo (desde que haja, efetivamente, vontade de mudar). Como regra, uma pessoa só poderá ser regenerada, reorganizada ou restaurada de uma mazela (física ou mental) se compreendeu o motivo que gerou a mazela e/ou se já fez as devidas compensações-retribuições. Qualquer coisa diferente disto é conversa-fiada. Logo, preliminarmente e inab-rogavelmente, quem cura precisa saber direitinho se pode curar, e, para isto, o curador tem que, necessariamente, ser um Iniciado e um clarividente. E isto, invariavelmente, aconteceu sempre nas curas operadas por Jesus, pois, Ele curou alguns, tanto presencialmente, como à distância, mas, não todos. Só quero acrescentar mais um pensamento para reflexão: para nós, o maior de todos os curadores somos nós mesmos.

 

 

 

 

3. Bolas! Não é exatamente isto que estão fazendo o Boko Haram e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante?

4. Segundo a visão gnóstica, Cristificação é o processo consciente e Iniciático pelo qual deve passar toda e qualquer personalidade-alma para que consiga atingir a liberação final.

5. Por isto, é extremamente educativo, conveniente, desejável e útil que sejam lidos e estudados os Evangelhos Apócrifos – uma coletânea de textos gnóstico-iniciáticos escritos nos primeiros séculos do Cristianismo, vetados no Primeiro Concílio de Nicéia, em 325 d.C., não reconhecidos, portanto, pelo Catolicismo Sacerdotalista, e que, por isto, não foram incluídos no Cânone do Novo Testamento. Como afirmou Bart D. Ehrman, a prática da falsificação católica tem uma longa e distinta história; o debate durou mais de trezentos anos, e, mesmo dentro dos círculos "ortodoxos", havia considerável controvérsia sobre quais livros deveriam ser incluídos no cânon. E o que foi incluído acabou, em grande medida, por escusos e ilícitos interesses, sendo apocopado e adulterado. Jesus, por exemplo, ao ser supliciado na Cruz do Calvário, jamais poderia ter dito Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste (abandonaste)? Disse, sim, conforme já expliquei diversas vezes, Deus meu, Deus meu, como me glorificaste!

6. Na Doutrina Católica, processão é a admissibilidade teológica de que o Filho provém do Pai, e de que o Espírito Santo provém de ambos, no Mistério da Santíssima Trindade. Já, segundo Plotino e Schelling, a processão (emanação) das coisas do Uno não se constitui em mera necessidade, porém, advém de absoluta liberdade. Por outro lado, não se trata também de uma criação ex nihilo, do nada, mas, a partir da própria Divindade, por irradiação processual, contínua e permanente, que, independentemente disto, conserva Sua Natureza e permanece essencialmente imutável. Seja como for, estas teorias teológico-filosóficas não explicam concertadamente como é possível que da Perfeição Absoluta de um Aquilo-do-Qual-Nada-Pode-Ser-Dito (admitindo-se a existência cósmica não-antropomórfica de um Aquilo) possam, por processão volitiva, vir a aparecer e a se manifestar proveniências sucursais tão canhestras, desarmônicas, mondrongas e, no limite, contemporaneamente, estado-islâmicas e boko-harâmicas vingativas, assassinas e crudelíssimas. Isto é absolutamente incompatível com a presumida existência de um Aquilo-do-Qual-Nada-Pode-Ser-Dito incriado, sempiterno, perfeito na origem e excelso por natureza. Não há contra-argumento que possa desmantelar esta ponderação metafísica. Só uma fé insciente poderá fazer com que alguém continue a sustentar e a apoiar crenças estapafúrdicas como a Doutrina da Processão e a Doutrina do Sacrifício Vicário. Bem, como a fé pode tudo e mais dez vinténs... Um simples exemplo disto foi a afirmação de um irmão membro do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que disse ao repórter Javier Espinosa, um ex-refém do grupo: — Há 73 tipos de muçulmanos, mas, apenas os de um tipo entrarão no paraíso!

 

 

Como isto pode ser possível?

 

7. Somos todos extraterrestres. Até a água do nosso Planeta é extraterrestre.

8. Como Anna Kingsford faleceu em 22 de fevereiro de 1888, não viu a Segunda Grande Guerra e os seus horrores, que, na verdade, foi, sim, o ponto mais baixo da degradação humana.

9. A coisa não se resume tão-só à vivissecção. O sofrimento dos nossos irmãos da Terceira Hierarquia tem outras fontes ou origens, como, por exemplo, matança como de fonte de proteínas, matança por puro esporte, matança por proteção, matança por feitiçaria e por crenças absurdas, matança durante treinamentos militares, matança por vingança, matança para controle populacional etc. É extremamente curioso e paradoxal o que vou afirmar, mas, quando tomamos um antibiótico para combater uma moléstia infecciosa e impedir o crescimento de microrganismos patogênicos, de certa forma, somos assassinos, pois, estamos matando seres que, no fundo, são nossos irmãos. Mas, que ninguém morra por não tomar um antibiótico, se precisar!

10. Período de Saturno, Período Solar, Período Lunar e Período Terrestre.

11. Na realidade, os animais (Terceira Hierarquia) não têm uma (personalidade-)alma individual ou individualizada, mas, coletivamente, cada espécie tem sua alma-grupal ou espírito-grupo.

12. Já Albert Einstein 1879 – 1955) sentenciou: Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na Terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana. A ordem de vida vegetariana, por seus efeitos físicos, influenciará o temperamento dos homens de uma tal maneira, que melhorará e muito o destino da Humanidade.

 

 

Albert Einstein – O Vegetariano Parrudão

 

13. Este fragmento (editado) está citado na obra Tratado Sobre o Fogo Cósmico, de autoria de Alice Ann Bailey. Mas, quanto ao fragmento, gostaria de comentar o seguinte: se isto é uma Verdade Cósmica, então, quanto maior e mais concertada for a nossa consciência das Leis e do funcionamento do Universo, mais próximos estaremos de nos tornarmos Super-Homens-Deuses. Isto poderá demorar zilhões de anos, mas, no Tempo (que não é tempo), o que é demorar? Quem se lembra da Época Atlante? E da Época Lemuriana? E da Época Hiperbórea? E da Época Protoplasmática? E de antes de tudo isto? E de antes do antes? Então... O Tempo não é tempo!

 

Páginas da Internet consultadas:

http://sddhhhh.blogspot.com.br/p/
albert-einstein-modernintellectualsuper.html

http://inezinhaoliveira.blogspot.com.br/
2011_10_01_archive.html

http://horacosmica.blogspot.com.br/
2012/04/o-banquete-dos-deuses.html

https://books.google.com.br/

http://artbylu-artigos.blogspot.com.br/2009/10/
em-memoria-de-anna-kingsford-1846-1888.html

http://internetdobrasil.com/magiadas
palavras/pdf/vegetarianos04.pdf

http://www.kingsford.com.br/obra/veg-biblia.html

http://www.anna-kingsford.com/portugues/obras_de
_anna_kingsford/textos/OAKM-P-VegBib-OP1/index.htm

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/james-foley
-poderia-ter-fugido-do-estado-islamico-diz-ex-refem.html

https://books.google.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ap%C3%B3crifos_do_Novo_Testamento

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristifica%C3%A7%C3%A3o

http://asylum-art.tumblr.com/post/90577765190

https://catigula.wordpress.com/

http://www.estudantesdabiblia.com.br/
licoes_cpad/2008/2008_01_11.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Sacrif%C3%ADcio_vic%C3%A1rio

http://photobucket.com/

http://www.anna-kingsford.com/portugues/obras_de_
anna_kingsford/textos/OAKM-P-Novoevangelho-web.htm

http://www.vidavegetariana.com/site/
especiais.php?page=especiais/anna-kingsford/index

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anna_Kingsford

 

Música de fundo:

On The Street Where You Live
Compositores: Frederick Loewe (música) & Alan Jay Lerner (letra)
Interpretação: Ray Conniff
e sua Orquestra

Fonte:

http://minhateca.com.br/

 

Direitos autorais:

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