ANDRÉ TRIGUEIRO
(Pensamentos)

 

 

 

André Trigueiro

André Trigueiro

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo

 

 

 

Este trabalho teve por objetivo garimpar aqui e ali alguns pensamentos de André Trigueiro (Rio de Janeiro, 30 de julho de 1966) – um jornalista brasileiro especializado em jornalismo ambiental. Este texto é incompletíssimo, uma vez que André inspira e exala, 24 horas por dia, temas relacionados ao Amor, ao Bem e à Beleza, que se traduzem, em sua vida, em um esforço permanente para educar as pessoas. Seja como for, penso que esta pequena coletânea servirá para nos alertar um pouquinho sobre temas, que, geralmente, empurramos para debaixo do tapete.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

André Trigueiro

André Trigueiro

 

 

 

André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, onde leciona a disciplina Geopolítica Ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-Rio, autor dos livros "Cidades e Soluções - Como construir uma sociedade sustentável" (Ed. LeYa, 2017); “Mundo Sustentável 2 – Novos Rumos para um Planeta em Crise" (Ed.Globo, 2012); "Mundo Sustentável - Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação (Ed. Globo, 2005), “Espiritismo e Ecologia” (Ed. Federação Espírita Brasileira, 2009), "Viver é a Melhor Opção - A prevenção do Suicídio no Brasil e no Mundo" (Ed. Correio Fraterno, 2015) e coordenador editorial e um dos autores do livro "Meio Ambiente no Século XXI" (Ed. Sextante, 2003).

 

De 1996 a 2012 atuou como repórter e apresentador do Jornal das Dez da GloboNews, canal de TV a cabo onde também produziu, roteirizou e apresentou programas especiais ligados à temática socioambiental.

 

Pela Globo News, cobriu os Jogos Olímpicos de Verão de 2000 (2000), as Copas do Mundo da FIFA realizadas na Coréia do Sul e no Japão (2002) e na Alemanha (2006), as eleições para a presidência dos Estados Unidos (2004), a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima (COP-15), em Copenhague na Dinamarca (2009) e participou, em Nova Iorque, da cobertura especial dos dez anos dos atentados de 11 de setembro (2011).

 

É editor-chefe do programa semanal Cidades e Soluções, exibido na GloboNews desde outubro/2006 e comentarista do programa Estúdio I. Por 15 anos, trabalhou na Rádio CBN como o primeiro comentarista de sustentabilidade da emissora Rádio CBN. Em abril de 2012, aceitou o convite para retornar à Rede Globo (onde foi repórter entre 1993 e 1996) para ser o primeiro colunista de sustentabilidade do Jornal da Globo, onde apresentou por três anos o quadro Sustentável, com séries especiais gravadas na China, na Alemanha e em várias partes do Brasil. Realiza reportagens para a Rede Globo, além de apresentar eventualmente os programas Bom Dia Rio, RJTV e o BrasilTV da Praça TV (Antena Parabólica). De junho de 2016 a agosto de 2018, foi colunista da Folha de São Paulo (maio de 2012 a dezembro de 2016) e do G1 do G1. Presidiu o Júri das VI e VII Edições do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (2004 e 2005).

 

Em 1º de abril de 2020, durante a Pandemia de COVID-19 no Brasil, André foi anunciado como novo apresentador eventual do Jornal Nacional.

 

 

 

Pensamentos

 

 

André Trigueiro

André Trigueiro

 

 

 

Os primeiros cinco meses do Governo de Jair Bolsonaro já podem ser considerados os mais desastrosos da história da política ambiental brasileira. Eis algumas das muitas medidas que revelam desprezo, descaso, omissão e irresponsabilidade do Governo, no que lhe compete fazer segundo o artigo 225 da Constituição Brasileira, que impõe ao poder público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente:

• enfraquecimento do Ministério do Meio Ambiente;

• revisão de todas 334 Unidades de Conservação (que poderão ter os traçados revistos ou ser até extintas);

• fim das Reservas Legais (Projeto de Lei do Senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ);

• freio na fiscalização (diminuição do número de multas aplicadas pelo IBAMA por desmatamento ilegal);

• anúncio, pelo IBAMA, onde os fiscais irão reprimir os crimes ambientais;

• transformação da Estação Ecológica de Tamoios (refúgio de espécies marinhas, criada há 30 anos numa área que ocupa aproximadamente 5% da Baía de Ilha Grande) numa "Cancún brasileira";

• afastamento do fiscal José Augusto Morelli, que flagrou e multou o então Deputado Federal Jair Bolsonaro em um barco com varas de pescar e recipientes para peixes na Estação Ecológica de Tamoios;

• o Ministro Ricardo de Aquino Salles nomeia para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) policiais de SP em lugar de especialistas em biodiversidade;

 

 

ICMBio

 

• desmantelamento da Política Climática;

• crítica ao modelo de gestão do projeto Fundo Amazônia;

• sinal verde para a exploração de petróleo em Abrolhos;

• com o novo Código Florestal, não haveria mais a exigência de recompor matas e florestas que, somadas, equivalem a duas vezes o Estado de Sergipe;

• risco real de aumento descontrolado do desmatamento da Amazônia, perspectiva de afrouxamento do licenciamento ambiental travestido de ‘eficiência de gestão'" e governança socioambiental no Brasil sendo desmontada em afronta à Constituição; e

• a política ambiental do País está comprometendo a fiscalização e a prevenção do desmatamento ilegal.

 

 

Desmatamento Ilegal

Desmatamento Ilegal

 

 

Da necessidade de percebermos como cada um de nós pode fazer a diferença em favor de um mundo melhor e mais justo. Não adianta reclamar das múltiplas crises que nos atingem (política, econômica, social, ética, ambiental) sem usar os recursos ao nosso alcance para transformar problemas em soluções. Sou daqueles que acreditam que toda existência tem um propósito, que todo tempo é precioso, e que nossa energia precisa ser destinada ao que nos faz sentir útil, importante para o meio em que estamos inseridos. “A força do um” é aquela que nos conecta com todos à nossa volta, à natureza, ao sentido da vida.

 

 

Fazendo a Diferença

Fazendo a Diferença

 

 

O mundo não será um lugar melhor de se viver se continuarmos esperando que algo aconteça. Nós precisamos ser a mudança que desejamos para o mundo, como assinalou Gandhi.

 

A vida é resultado de um sistema em equilíbrio. Este sistema não está imune a abalos, mas, para ser sustentável precisa ser resiliente, ou seja, precisa ter a capacidade de se recuperar de eventuais ataques para seguir em frente. “A força do um” remete ao poder que cada um de nós possui de superar dificuldades, reconfigurar o 'software' inteligente da vida e descobrir o que devemos fazer para nos sentirmos plenos. Estamos neste Planeta exatamente para isso!

 

 

Clown

Não estamos na Terra para isto!

 

 

Trabalhar na linha de frente, para minorar a imensa dor causada pela miséria absoluta onde, entre outras coisas, estão presentes o abandono, a desesperança, a falta de água e de comida, de saúde e de dignidade é exercitar o Amor em seu estado mais puro e luminoso.

 

A informação exerce papel fundamental para a prevenção do suicídio. Temos que chamar a atenção de todos que o suicídio é um caso de saúde pública e que, em 90% dos casos, o suicídio é passível de prevenção. Quanto mais informações pudermos transmitir, maiores as chances de entender porque o suicídio acontece e quais são as psicopatologias associadas ao rito suicida. Além disso, é importante divulgar onde procurar ajuda.

 

É necessário que compreendamos
que o suicídio e o homicídio

sejam psicopatológicos desviados da norma,
sejam ilógicos que aniquilam a forma

não são atos isolados, solitários.
Se nós somos todos um,
se o Uni(multi)verso é um,
todo suicida é um homicida
e todo homicida é um suicida.

 

Devemos ficar atentos, principalmente em relação às pessoas que eventualmente compõem determinados grupos de risco. É preciso averiguar se elas são portadoras de depressão, de síndrome do pânico, se são usuárias ou não de drogas e saber quais são as implicações do ponto de vista da dependência. Isto ajuda familiares e amigos das pessoas enquadradas nestes grupos, a tomarem decisões que venham a fortalecer e blindar o risco de um suicídio.

 

A sociedade vive a ditadura da alegria constante. É feio sofrer. Isto explica muitos casos de depressão. O suicídio pode ser uma saída para uma pessoa que esteja vivendo em estado de sofrimento. Por isto, é preciso procurar ajuda especializada, para buscar o tratamento correto. O suicida não quer se matar, ele quer resolver um problema. Não podemos esquecer, também, as drogas lícitas e ilícitas, que provocam dependência. Não é por acaso que o Brasil é o país com maior número de farmácias por metro quadrado no mundo!

 

 

Farmácias

 

 

As universidades, os centros de atendimento psicossociais e as entidades de classe ligadas a psicólogos e psiquiatras são fundamentais para atender a uma parcela significativa da população que necessita de tratamento e de acompanhamento profissional na prevenção e nos casos de tentativa de suicídio.

 

É correto não falar de suicídio na imprensa toda vez que acontece. Sabemos que, dependendo da forma como o suicídio é abordado, esta informação poderá chegar a pessoas fragilizadas psíquica ou emocionalmente, como uma sugestão. E esta pessoa poderá entender que aquilo também poderá vir a ser uma solução para ela. Entretanto, se a imprensa, simplesmente ignorar o problema, não falar nada, não conseguiremos promover a prevenção. Assim, nos casos inevitáveis de publicação de notícias sobre suicídio, é importante não dar destaque ao tema, com grandes manchetes, fotos ou descrição dos métodos utilizados. Viver é a melhor opção.

 

Mas, por que viver é a melhor opção?
Por que viver é a única opção

para podermos (nos) compreender
e nos alforriarmos, no vir-a-ser.

Viver, de fato é a única opção.
Pelo renascimento (ou reencarnação),
de Raça em Raça, de degrau em degrau,
um Dia, todos nós colaremos Grau!

Todavia, colar grau é um fim-começo,
pois, todo fim é um novo recomeço,
em um plano vibratório mais elevado,
em um nível existencial mais concertado.

A gente está vivendo em uma correria, na qual as pessoas não têm a disponibilidade da escuta. Há muita gente entretida várias horas do dia nas redes sociais, na internet. Há pouca paciência nas relações interpessoais para ouvir o outro. Precisamos estar mais atentos ao que acontece perto de nós, no nosso perímetro, e informação ajuda.

 

Hoje, presenciamos uma banalização da vida, o consumo pelo consumo, o deslumbramento com a Black Friday, o natal pagão de muitos presentes, e você vai colocando em objetos descartáveis e perecíveis a condição para ser feliz. E aí as pessoas abastadas sentem o vazio no peito porque elas aparentemente têm tudo que elas precisam e se sentem arruinadas, psicologicamente, emocionalmente. Esta ditadura da eterna alegria, as selfies, onde eu estou, com quem eu estou, o que estou comendo. Nós vamos compartilhando na Internet frames de felicidade falsa. Ninguém é o tempo todo feliz e ninguém está o tempo todo de bem com a vida. E isto não é problema, a vida é assim. A vida é uma montanha-russa.

 

Livros que falam sobre o fenômeno do suicídio escritos por profissionais de saúde, salvo raras e honrosas exceções, são para os pares. Psiquiatra escrevendo para psiquiatra, psicólogo escrevendo para psicólogo. Eu estou escrevendo para o "povão", para quem sabe ler.

 

Você, que sabe ler,
leia e pense um tiquinho:
no inverno, também faz quentinho,
e, no verão, também faz geladinho.
De noite, também há claridade;
de dia, também há escuridade.
O presente é a herança do passado;
o futuro se constrói no presente.
Não existe milagre que mude lhufas;
quem precisa mudá-las somos nós.
Portanto, não se morre para viver,
mas, é preciso MORRER para VIVER.
Quem morre para viver morre;
que MORRE para VIVER VIVE.
Suicídio é simplesmente morrer;
COMPREENDER é concertadamente VIVER.
Para isto, precisamos abolir já
a velha tradição e essa tal de imitação.
Existem três tipos de calos:
calo nos joelhos, para quem vive ajoelhado,
calo na bunda, para quem vive sentado,
e calo na alma, para quem vive anestesiado.

 

Citação editada, modificada e acrescentada por mim: Deus está onde sempre esteve e está onde sempre estará; nós é que precisamos chegar lá. E onde é que Deus sempre esteve, sempre está e sempre estará? Em nosso Coração.

 

Há inúmeras lideranças religiosas que, por ignorância, acham que basta freqüentar a igreja, o terreiro, o centro espírita, o que for, para ficar imune. Isto é falso; é crime de lesa-saúde. Nós é que precisamos fazer a travessia do buraco em que nos encontramos para a Luz.

 

Fui a um padre,
e pedi uma oração.
Fui a um rabino,
e pedi uma cabala.
Fui a um babaloxá,
e pedi um amuleto.
Fui a um médium,
e pedi um passe.
Fui a um monge,
e pedi um mantra.
Fui a um xamã,
e pedi uma bênção.
Fui a uma bruxa,
e pedi uma dica.
Fui a um astrólogo,
e pedi um horóscopo.
Fui a um vidente,
e pedi uma profecia.
Fui a uma cartomante,
e pedi uma sortinha.
Fui a um mágico,
e pedi um truque.
Fui a não-sei-quem,
e pedi não-sei-o-quê.
Entrei em meu Coração,
e encontrei tudinho!

 

Com relação ao suicídio, o que não podemos fazer é fingir que isto não está acontecendo.

 

Fechamento de ano é fechamento de ciclo. Então, inconscientemente, as pessoas pensam: como é que está a minha vida? Como foi este ano? Foi bom ou foi ruim? Nem todo mundo é complacente consigo mesmo para perceber que nunca haverá um ano só de coisa boa ou de coisa ruim. Mas, dependendo do momento psicológico da gente, o julgamento pode ser muito cruel. Outro ponto: férias. Férias significam que meu tempo livre não está programado. Quem vai programar agora sou eu. Tem gente que não lida bem com a situação da liberdade absoluta da escolha; gosta de ter rotina, pois, isto exonera você da responsabilidade de escolha. E, então, entra de férias. E o que eu vou fazer amanhã? E as férias, em determinados casos, remete ao encontro das pessoas consigo mesmas, com suas vontades genuínas, com seus desejos. Falta de autoconhecimento gera dor. Tem gente que não se conhece, que não se pergunta. E você descobre isto quando? Nas férias. E mesmo que você não esteja de férias, as cidades costumam ficar mais vazias e melancólicas. Menos movimento. E muita gente associa perda de movimento à melancolia, à falta do que fazer. Então, é você e as suas caraminholas.

 

Todo jornalista, forçosamente, precisa se dar conta de que a questão ambiental está absolutamente inserida em seu universo de trabalho. Aliás, cada vez mais inserida.

 

E, hoje,
a
questão ambiental,
fundamentalmente, se resume em:
1º) ficar em casa;
2º) lavar bem as mãos;
3º) ter uma boa higiene respiratória;
4º) evitar tocar nos olhos, nariz e boca;
5º) mantenha distância das pessoas;
6º) é recomendado o uso de máscaras;
7º) evitar grandes aglomerações;
8º) não compartilhar objetos de uso pessoal;
9º) manter os ambientes limpos e ventilados;
10º) higienizar celular, computador etc.; e
11º) dormir bem e ter uma alimentação saudável.
Somos responsáveis por nós e pelos outros.

 

 

COVID-19

 

É possível ser feliz sem ser consumista. Não devemos nos iludir com as promessas da publicidade, de que precisamos ter isto ou aquilo para sermos feliz. Devemos buscar a felicidade em experiências que estão longe do consumismo. O consumo favorece a vida, mas, o consumismo degrada a vida porque exaure os estoques de matéria-prima e de energia que são finitos neste Planeta.

 

Compre... Compre... Compre...
Senão, como você será feliz?
Compre... Compre... Compre...
Senão, como eu ficarei rico?

 

Pedagogia do Exemplo: Não importa o que você fala; importa o que você faz. É isto o que move o mundo. É isto o que fica.

 

ATENÇÃO: Inúmeros relatórios de organismos multilaterais revelam o risco real de promovermos o colapso dos ecossistemas que fornecem matéria-prima e energia para a Humanidade nos próximos anos.

 

Gastei, explorei, depredei
e colapsei os ecossistemas.
Gastei, explorei, depredei
e me associei
aos anátemas.

 

 

Mina Mir

Mina Mir (Sibéria)
– Engolidora de Helicópteros –

 

A tecnologia, por si, é apenas uma ferramenta. O uso que se faz dela é o que interessa, é o que define se haverá dano ou benefício. Erram aqueles que apostam na inovação tecnológica como a solução definitiva para os graves problemas ambientais que enfrentamos e que nos ameaçam enquanto espécie. Precisamos repensar hábitos, comportamentos e padrões de consumo. A tecnologia terá o seu papel neste processo, mas, como coadjuvante, nunca como atriz principal.

Precisamos todos entender as causas desta crise ambiental sem precedentes na História e reconhecer o papel de cada um na reconstrução do atual modelo de desenvolvimento. Estamos falando de mudanças estruturais, que só acontecerão com a participação de todos. O problema é que as grandes mudanças levam tempo para acontecer, e nós não temos muito tempo para corrigir o rumo. Inúmeros relatórios de organismos multilaterais – PNUD, PNUMA, Banco Mundial, IPCC – revelam, por meio de indicadores cada vez mais precisos, o risco real de promovermos o colapso dos ecossistemas que fornecem matéria-prima e energia para a Humanidade nos próximos anos, como a água, por exemplo. Não é um problema a ser resolvido em um futuro distante. É pra já.

 

Há um descolamento total entre o que é exibido com pompa e circunstância nas passarelas da moda e a barbárie imposta a animais que têm as peles arrancadas – de maneira cruel e extremamente dolorosa, muitas das vezes com os bichos ainda vivos – sem que haja espaço para se discutir a pertinência desta vaidade alimentada às custas do sofrimento atroz de outros seres vivos.

 

O adjetivo radical se tornou o adjetivo predileto de muitos segmentos conservadores, que rotulam de maneira pejorativa seus opositores, taxando de “radicais” aqueles que, na verdade, lutam em favor de causas legítimas, contra seus interesses mesquinhos, retrógrados e insustentáveis.

No mundo inteiro, chefe de Estado que fala de desenvolvimento precisa falar também de sustentabilidade. Falar e praticar. Como denunciou o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, não é possível falar em preservação da Amazônia e liberar, ao mesmo tempo, recurso do BNDES para a construção de frigoríficos na região – o que estimula a criação de gado, responsável por 80% de toda a destruição já registrada da floresta.

 

A educação é o caminho. Não se impõe uma nova consciência por decreto ou medida provisória. Ou elevamos o nível de interesse dos alunos nas escolas e nas universidades ou se mantém a farsa – recentemente denunciada – de alunos analfabetos depois de quase dez anos na escola pública. Os países do mundo que ascenderam à condição de desenvolvidos não descuidaram da educação.

 

O mais grave problema ambiental do Brasil, hoje, é a falta de saneamento. Menos de 30% de todos os esgotos do País recebem algum tipo de tratamento. O resto é lançado 'in natura' nos rios, lagos e no litoral, espalhando doenças de veiculação hídrica, que respondem pelo maior volume de internações da rede pública de saúde. Em pleno século XXI, ainda registramos óbitos no Brasil de doenças medievais, como diarréia, hepatite e febre tifóide. É uma vergonha.

 

O Protocolo de Quioto [um tratado internacional, assinado em 11 de dezembro de 1997, com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que produzem o efeito estufa, que são a causa do atual aquecimento global] foi um primeiro passo importante em favor da redução das emissões de gases de efeito estufa. O maior problema para que o acordo seja bem-sucedido é o interesse imediatista de países como os Estados Unidos, que priorizam os resultados de curto prazo, sem se darem conta de que o risco maior é não fazer nada.

 

Em uma sociedade democrática, onde há competição entre as empresas, imprensa livre e sistemas de regulação e certificação bem definidos, a mentira tem perna curta.

 

 

Ideologização

 

 

A crise do novo Coronavírus ficará ainda mais grave, caso não seja respeitado o isolamento social.

 

Não há solução para a Humanidade sem um projeto coletivo.

 

Não há solução para o Brasil [nem para país nenhum] sem o desenvolvimento ético, limpo, que compatibilize a proteção da Natureza e os interesses econômicos.

 

Para uma pessoa poder ser mais sustentável, ela precisa se tornar menos egoísta e menos individualista, precisa pensar no bem-estar coletivo e na resiliência do Planeta. Menos consumo, menos lixo, menos proteína animal; mais consciência e mais interesse sobre como os ciclos da Natureza se resolvem.

 

Nada é mais difícil para o ser-humano-aí-no-mundo do que abrir mão da sua zona de conforto.

 

 

Tio Patinhas

Tio Patinhas

 

 

A melhor negociação é aquela em que ambos os lados estão dispostos a ceder na busca de um resultado que seja o mais bem embasado cientificamente.

 

No Brasil, persiste a cultura da antipatia mútua entre Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Agricultura, porque, na história do Brasil, a ocupação da área agricultável, a expansão da fronteira agrícola e a destruição das florestas criaram um conflito que determinou essa dificuldade de harmonizar os interesses. Mas, esses interesses não são conflitantes entre si. São complementares. Agricultura não pode ser contra o meio ambiente. Meio ambiente não pode ser contra a agricultura.

 

O aquecimento global já está afetando a agricultura no presente. Não é apenas uma questão que mereça ser colocada no tempo futuro. A discussão do aquecimento do global está no presente. O presente está sendo claramente desconfigurado.

 

 

Vórtice Polar

Vórtice Polar
(Capturado pela NASA se deslocando da região
central do Canadá para o Centro-Oeste dos EUA.
O vórtice polar é responsável por várias mortes,
interrupções nos serviços e falta de energia.)

 

 

O uso insustentável de água representa uma ameaça concreta e mensurável na agricultura do Brasil.

 

O mundo não irá acabar, se não forem adotadas políticas de sustentabilidade, mas, irá ficar bem pior para quem não tem dinheiro para contornar os danos causados pela insustentabilidade.

 

Rios são artérias; bacias hidrográficas são o sistema circulatório. O Brasil está perto de um AVC hídrico.

 

Os países, hoje em dia, são avaliados pela forma como sabem usar a água, e não pelo que têm de água. Porque é mais importante hoje saber usar a água do que ostentar a abundância. [Aldo Rebouças, apud André Trigueiro.]

 

Água doce e limpa já vale mais do que petróleo.

 

A mídia precisa ser uma vitrine de soluções. Ela precisa mostrar o norte magnético da bússola.

 

Não perceber a realidade é sintoma de um grave problema de saúde.

 

Não é importante apenas mudar hábitos, comportamentos, estilos de vida e padrões de consumo. É importante mudar rápido.

 

O Centro de Valorização da Vida (CVV) disponibiliza por telefone, pela Internet ou presencialmente o precioso recurso da escuta amorosa, com atenção e respeito. É um trabalho reconhecido pelo Ministério da Saúde como de utilidade pública, porque o desabafo pode, muitas vezes, evitar tragédias. São três milhões de atendimentos gratuitos por ano, pelo número 188. A organização precisa urgentemente de mais voluntários para dar conta dos chamados. Fico feliz por ajudar a divulgar esse belo serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio.

 

Entendo que a vida é sagrada, um bem precioso e inestimável, e que vivemos um tempo em que a Psicologia e a Psiquiatria desenvolveram importantes recursos terapêuticos para nos ajudar em momentos de crise. Quem sofre a ponto de pensar em abandonar a existência precisa de ajuda.

 

Para tornar minha vida mais sustentável e verde, procuro ser um consumidor consciente, evitando excessos e desperdício. Discrimino plástico descartável em todas as suas resoluções, uso copo retornável de água, não uso canudo e rejeito embalagens de isopor. Sou lixo zero dentro de casa porque separo materiais para reciclagem, crio minhocas que transformam lixo orgânico em adubo e pago R$ 60 por mês para a organização Ciclo Orgânico levar o que as minhocas não dão conta de digerir (6 kg de matéria orgânica por semana).

 

Uma possível definição de ecocídio é a obstinação de uma coletividade reproduzir hábitos, estilos de vida e padrões de consumo insustentáveis, mesmo sabendo que eles podem levar ao colapso da civilização. Ocorre que, pela primeira vez na história da Humanidade, precisamos fazer as escolhas certas em um intervalo de tempo curto. A defesa da vida se resolve no macro (prevenção do ecocídio) e no micro (prevenção do suicídio).

 

O desenvolvimento não precisa ser sinônimo de destruição.

 

 

Floresta Amazônica

Imagem Aérea de Desmatamento na Floresta Amazônica
(22 de setembro de 2017)

 

 

Quantas crises precisaremos atravessar até aprendermos a usar com cuidado a água que temos? Lavagem de calçada com mangueira e ducha grátis em posto de gasolina (com água potável) são considerados crimes em outros países.

 

O economista Ladislau Dowbor, da PUC (SP), resumiu em uma frase a sanha de crescimento insustentável: Crescer por crescer é a filosofia da célula cancerosa.

 

O desastre de Mariana não foi acidente. Houve omissão e irresponsabilidade. Os erros que precederam o rompimento da barragem do Fundão foram tão escandaloso, que o Ministério Público Federal acusou os responsáveis por homicídio doloso. O fato de até hoje ninguém ter sido preso, nenhuma multa ter sido paga, os que perderam suas casas ainda estarem em hotéis, e não haver previsão de quando será possível recuperar os quase 700 km da bacia do Rio Doce (além do litoral capixaba na altura de Regência) configura um dos maiores vexames de nossa história. A Vale e a BHP Billiton (que estão por trás da Samarco) ficarão marcadas pela tragédia e pelo que fizeram depois. É simplesmente um escândalo.

 

A gravidade da crise ecológica precisa ser objeto de atenção nas escolas, do contrário formaremos novas gerações de analfabetos ambientais. Só o conhecimento poderá nos livrar do risco de um colapso.

 

O meio ambiente não é sinônimo de bicho e de floresta. Começa no meio da gente.

 

Por que vou me preocupar com o aquecimento global, se em breve não estarei mais aqui? Por que vou economizar água e energia, se estarei desencarnado em alguns anos? Se deixamos um legado material e espiritual no Planeta — onde poderemos, eventualmente, reencarnar — é evidente que, mesmo de passagem, devemos nos preocupar com os nossos rastros. Pela Lei de Causa e Efeito, o eventual desperdício ou uso irresponsável dos recursos naturais terá implicações em nosso processo evolutivo. Portanto, não é porque a vida é transitória que não precisamos prestar atenção naquilo que fazemos — e também naquilo que deixamos de fazer, apenas porque retornaremos em breve à pátria espiritual. Cabe a nós identificar quais ações podemos fazer, e de que jeito, para tornar este mundo um lugar melhor e mais justo. Portanto, mesmo de passagem, há que se cuidar melhor do mundo onde estagiamos em nossa jornada evolutiva.

 

Faz parte de nosso aprendizado espiritual nos relacionarmos de forma saudável, inteligente e responsável com os assuntos da matéria, consagrando parte do nosso tempo à manutenção do corpo e do Planeta que nos acolhem.

 

O “horário nobre” de nossa existência é aqui e agora, já que as escolhas que fizermos a cada instante definirão a qualidade de nossa vida espiritual.

 

Vivemos um modelo suicida de desenvolvimento e precisamos reinventar o sistema. Ou mudamos ou pereceremos.

 

 

 

Um Lamento Pelo Brasil

 

 

 

Pandemia de COVID-19

Pandemia de COVID-19

 

 

Oh! Meu Brasil viril!
Flexibilização agora, já,
nem para a Vovó Naná!

Oh! Meu Brasil viril!
Acabar com o isolamento,
a todos nós só trará tormento!

Oh! Meu Brasil viril!
Se finalizar a quarentena,
só ouviremos o riso da hiena!

 

 

Hiena

Ele tá certo. Essa quarentena é uma anomalia!

 

Oh! Meu Brasil viril!
Abrir agora, já, o comércio,
nem se pagar com sestércio!

Oh! Meu Brasil viril!
Importantizar a Economia
é maximizar a Pandemia!

Oh! Meu Brasil viril!
Esta Pandemia não é histeria;
é, sim, uma mundial epidemia!

Oh! Meu Brasil viril!
Todos nós iremos morrer um dia,
mas, não precisa ser de Coronamia!

Oh! Meu Brasil viril!
Pegar o CV-19, não é questão de medinho;
é uma questão de agir como maluquinho!

Oh! Meu Brasil viril!
Dar apoio ostensivo ao AI-5
é pior que no fálus grudar um brinco!

Oh! Meu Brasil viril!
Armar a população
é engordar o dragão!

Oh! Meu Brasil viril!
Desrespeitar a OMS
é ato de quem é breguesse!

Oh! Meu Brasil viril!
Comer, agora, sonho em padaria
é querer arrumar uma covidaria!

Oh! Meu Brasil viril!
Interferir assim na Polícia Federal,
e o treco poderá acabar mal!

Oh! Meu Brasil viril!
Sassaricar por aí,
nem no Pará, um aparaí!

Oh! Meu Brasil viril!
Chamar a COVID de gripezinha
é coisa de fichinha!

Oh! Meu Brasil viril!
Chamar a COVID de resfriadinho
é coisa de anainho!

Oh! Meu Brasil viril!
Trocar o Sérgio Moro
é instigar o indecoro!

Oh! Meu Brasil viril!
Trocar o Mandetta
é escancarar a Boceta!1

Oh! Meu Brasil viril!
Cagar pro meio ambiente
é coisa de insolente!

Oh! Meu Brasil viril!
Preconceituar um gay
é coisa de eu-lá-sei!

Oh! Meu Brasil viril!
Estas são artimanhas de coveiro,
de quem não é um bom brasileiro!

 

 

 

Ora, mas, presepada é exatamente para isso!

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. A expressão «boceta de Pandora» é uma «uma poética imagem [...] muito empregada pelos literatos», simbolizando todos os males trazidos por Pandora e que se espalharam pela Terra. [In: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.]

 

Música de fundo:

Official Theme Song for the UN International Year of Freshwater
Composição: Bob Reid

Fonte:

http://www.unescap.org/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://epoca.globo.com/

https://www.roblox.com/

https://es.123rf.com/

https://dribbble.com/

https://abcreporter.com.br/

http://www.deolhonocampo.com.br/

https://climate.nasa.gov/

https://www.camara.leg.br/

https://www.grupoescolar.com/

https://envolverde.cartacapital.com.br/no-limite/

http://canalsustentavel.com.br/

https://www.brasildefato.com.br/

http://jornalespiritatl.com.br/

https://www.diariodaregiao.com.br/

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