A
transcrição a seguir foi copiada por Boris de Zirkoff
do Livro de Atas da Loja Blavatsky, e publicada no volume XIII dos
Collected Writings (Escritos Reunidos), de Helena P. Blavatsky,
T. P. H., EUA, 1982, pp. 364 a 365. A tradução é
de Carlos Cardoso Aveline.
Em
uma reunião em Maycott, em 16 de junho de 1887, surgiu uma
discussão sobre a aura e o magnetismo do indivíduo
humano.
O
magnetismo, segundo foi dito, é uma emanação
que surge de todas as coisas: da terra, da vida animal e da vida
vegetal. É uma coisa fisiológica, e surge do prana,
que é o princípio vital individual. A aura é
uma individualização de um Princípio Vital
Universal (Jiva), e permanece com um ser humano, apesar das suas
trocas periódicas de estado e de planos de consciência.
A
aura é o princípio dos sentimentos de simpatia e de
antipatia; é uma emanação de prana, mas, em
combinação com manas (o princípio mental) e
buddhi (a alma espiritual ou inteligência espiritual ). Em
relação a isto, deve-se ter presente que a memória
é o efeito de buddhi sobre manas. O processo de “ter
influência psicológica” é realizado através
do poder da vontade, pela aura, e também afeta a aura.
Surgiu
uma discussão sobre a diferença entre a vontade e
o desejo. O desejo está relacionado com o êxito de
um ser-humano-aí-no-mundo, mas, menos do que a vontade ou
do que o carma. Fora do reino animal, o desejo deveria surgir apenas
de um dos princípios superiores. O desejo é um princípio
kâmico, é Tifônico (próprio de Tífon,
monstro da Mitologia Grega, flagelo dos mortais), uma força
perturbadora que se opõe à vontade. A vontade é
uma emanação do Sexto Princípio (Princípio
Búddhico da Alma Espiritual) e do Sétimo Princípio
(Princípio Átmico ou Supremo e Universal). O desejo
é uma energia que deve ser reprimida; quando sua energia
é suprimida, é espalhada e vai para a energia universal,
mas, não se perde. Ao reprimi-la, o ser-humano-aí-no-mundo
não se liberta dela, porém, se transformada em atos
ela flutua ao redor do seu pescoço na forma de Carma.
Depois
da morte, o ser-humano-aí-no-mundo passa a existir no Kama-loka
(local dos desejos –
uma das primeiras etapas do ciclo pós-morte), e está
enquadrado no Kama-rupa (espécie de corpo sutil pós-morte,
que habita Kama-loka)
ou
feixe de desejos. O Kama-rupa impede os princípios mais elevados
de passar inteiramente para o Devachan (estágio superior
e espiritual do ciclo pós-morte). No momento da volta para
cá, o ser-humano-aí-no-mundo reencontra o Carma do Desejo não-reprimido
esperando por ele no limiar. Assim, o real castigo do Carma surge
da presença de desejos que precisam ser reprimidos. Isto
é feito por um esforço da vontade, que não
é infinito, e tem um princípio e um final. Todavia,
a vontade é a manifestação de uma Lei Eterna
que só pode ser apreciada em seus efeitos, e neste ponto
foi dito que vontade absoluta não é a mesma coisa
que Vontade Cósmica.
Assim,
o ser-humano-aí-no-mundo, como microcosmo, é dotado
de livre-arbítrio; mas, ele é limitado pela ação
de outros livres-arbítrios, sob a ação da Lei
da Harmonia Universal, que é a Lei do Carma. A verdadeira
função do poder da vontade é produzir harmonia
entre a Lei e o ser-humano-aí-no-mundo. Assim, o Mahatma
(ser que alcançou a perfeição do ponto de vista
do estágio atual da evolução humana), como
não tem quaisquer desejos, está fora da esfera de
ação do Carma; a sua real condição está
em harmonia com a Natureza; ele é o Carma, é seu agente,
e portanto está fora do seu campo de ação.1
Seu Corpo Físico, no entanto,
ainda está dentro do seu campo de atuação.
Assim, a direção da vontade deve ser colocada no rumo
da realização das aspirações individuais
que são búddhicas, de modo que o Quinto Princípio
Intelectual fique quase dissolvido no Sexto Princípio, Buddhi.
Essas aspirações podem ser chamadas de “vislumbres
do eterno”.
A
consciência inferior reflete estas aspirações
inconscientemente, e mais tarde ela mesma passa a aspirar, e é
elevada, se as coisas estiverem de acordo. Uma tal aspiração
seria uma tendência em direção à Teosofia.
[do grego ,
Sabedoria Divina]. Este instinto, se for desenvolvido,
se tornará uma aspiração consciente.
Foi
feita uma distinção entre obstinação,
firmeza e vontade. A obstinação resulta de um obscurecimento
da razão, e pode ser comparada às duas metades do
cérebro agindo em oposição, quando o trabalho
é obstruído. A firmeza pode ser descrita como algo
que resulta do equilíbrio entre as duas metades do cérebro.
É sobre esta firmeza que a vontade se baseia, e a vontade
começa a funcionar a partir deste equilíbrio.
_____
Nota:
1.
Fora do seu campo de ação,
segundo o registro escrito
das palavras de Helena Petrovna Blavatsky. O Mahatma está
fora do campo de ação da Lei do Karma que pode ser
percebido pelo ser humano comum; mas, ele está perfeitamente
dentro do campo de ação da Lei
do Karma.
Um Mahatma aprende. Ele tem sua própria fonte de inspiração.
Ele erra e corrige seus erros. Ele expande sua consciência.
Ele é um agente da Lei
do Karma,
como afirma Helena
Petrovna Blavatsky
neste parágrafo, mas, ele não é a Lei ele próprio.
A ilusão de que um sábio esteja “acima”
ou “fora” da Lei é uma das armadilhas mais terríveis
do Caminho Espiritual. Exatamente devido ao fato de que os Mahatmas
agem sob a Lei do carma, os dois Mestres que inspiraram a criação
do Movimento Esotérico Moderno trabalhavam sob a supervisão
rigorosa de um ser mais evoluído do que Eles, chamado de
“Chohan”. Todas as inteligências do Cosmos obedecem
humildemente à Lei.
In: A
Aura e o Magnetismo do Ser Humano.