Todos os opostos são idênticos, já que são ramos procedentes da mesma raiz. [In: A Outra Margem do Caminho, entrevistas realizadas na Índia, na Califórnia e na Europa, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
A mente que se recusa a ver O-que-é se torna mecânica. [Ibidem.]
Ver é sempre novo, puro, ativo. Pensar é sempre velho, e, portanto, nunca é puro. O pensamento é sempre separativo, funciona sempre fragmentariamente. [Ibidem.]
A Meditação é o fim da separação, não por ação da vontade ou do desejo ou pela busca de prazer em coisas ainda não provadas. A meditação não é uma coisa separada da vida; é a própria essência da vida, a própria essência do diário viver. [Ibidem.]
A crença é uma coisa e a Realidade [Atualidade] outra coisa é. A crença leva à escravidão [dependência], e a Realidade só se tornará possível no estado de Liberdade. A crença jamais conduzirá à Realidade [nem à Liberdade]. A crença é o resultado do condicionamento ou é o efeito do medo ou é o produto de uma certa autoridade externa ou interna proporcionadora de conforto. A Realidade não é nada disto, e não há passagem da Realidade para a crença [nem da crença para a Realidade]. A crença nasce do medo ou da tradição ou do hábito da aceitação. Dois mil ou dez mil anos de propaganda constituíram a estrutura religiosa de palavras, rituais, dogmas e crenças. A palavra se tornou, então, sobremodo importante, e a repetição de palavras hipnotiza os crédulos. Os crédulos estão sempre dispostos a crer, a aceitar, a obedecer, não importa se é bom ou mau, maléfico ou benéfico o que se lhes oferece. A mente crédula é incapaz de investigar e, assim, permanece entre os limites da fórmula ou do princípio [sempre dogmáticos]. É tal qual o animal que, atado a uma estaca, só pode se mover até à extremidade da corda. Ser bom é o agora, o presente; tornar-se bom é o futuro, que é uma invenção da mente que se sujeitou à crença, a uma fórmula de comparação e de tempo [espaço-tempo]. Quando há medição, desaparece o bom. Toda propaganda é falsa, porém, o ser-humano-aí-no-mundo se alimenta de propaganda, que varia da marca de um sabonete a Deus. Quando começamos a perceber por nós mesmos o que realmente existe à nossa frente, começamos a ficar livres de qualquer outro, de qualquer autoridade – da palavra, da pessoa, da idéia. Para ver, não há necessidade de crença. Pelo contrário, para ver , é necessária a ausência de crença. Só poderemos ver em um estado negativo, e não no estado positivo de uma crença. Ver é um estado negativo, no qual só O-que-é se torna evidente. Crença é uma fórmula de inação [de não ver O-que-é] que gera hipocrisia. A crença é um perigo que deve ser completamente evitado, para que se possa ver a verdade contida em O-que-é. O político, o sacerdote e os cidadãos respeitáveis sempre funcionarão em conformidade com uma fórmula, sempre forçarão os outros a viver de acordo com esta fórmula, e os que não pensam, os que não raciocinam, os ingênuos, serão e estarão sempre deslumbrados por suas palavras, por suas promessas, por suas [falsas] esperanças. [Falsa esperança porque quem espera não alcança]. A autoridade da fórmula se torna muito mais importante do que o Amor a O-que-é. A autoridade [baculinidade], conseqüentemente, é perniciosa, seja a autoridade da crença, seja da tradição, seja do costume, seja da chamada moralidade, seja qual for. Quando dizemos eu vencerei o medo, eu eliminarei o medo, eu me livrarei do medo, isto representa a tradição, que dá uma falsa esperança de dominar o medo. Ao compreendermos que nós somos [criamos] o medo, que nós e o medo não são duas entidades separadas, mas, uma coisa só, o medo desaparecerá. Então, as fórmulas e as crenças se tornarão absolutamente desnecessárias, pois, assim, passaremos a viver só com O-que-é, vendo a Verdade [relativa] nele contida. Só quando pusermos de parte o símbolo, o santuário e a teia de palavras que os seres-humanos-aí-no-mundo teceram ao redor de si mesmos, estaremos habilitados a investigar se existe ou não uma Realidade Imensurável [à qual costumamos chamar Deus]. Mas, para isto é preciso haver Liberdade. A Liberdade é necessária para se poder ver se existe ou não uma coisa que não se pode expressar em palavras, [no máximo, podendo ser designada por Aquilo]. Mas, este ver não é uma experiência ou uma conquista pessoal. Todas as experiências neste sentido produzem uma existência separada, contraditória, [e, portanto, falsa]. É esta existência separada, como pensador-observador, que exige novas e cada vez mais amplas experiências, e o que ela exige nunca será a Verdade. Todavia, a Verdade não é minha, nem sua, nem dele. O que é nosso pode ser organizado, consagrado, explorado. Mas, a Verdade não pode ser organizada. Como a Beleza e o Amor, a Verdade não se acha na esfera das coisas possuídas. [Amor + Beleza + Verdade + Liberdade = Illuminação.] [Ibidem.]
— Se não tiveres medo do demônio,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
— Se pecares contra a castidade,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se te masturbares no escuro,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não puseres mensalmente um dindim na sacolinha,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não participares das quermesses,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não participares dos cursilhos,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não participares das procissões,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não te benzeres com H2O benta,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não te ciliciares até sangrar,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não rezares o terço,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não cantares a Litaniæ Sanctorum,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não acreditares nas escrituras,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não acreditares no Sacrifício Vicário,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não acreditares no poder da Igreja,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não orares para São Longuinho,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não orares para Santo Antão,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares no emaranhamento quântico,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares na Teoria da Panspermia Cósmica,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares que seja possível,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares nos buracos de minhoca,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares na existência do Portal de Amaru Muru,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares nos círculos nas plantações,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares na existência da Atlântida,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares em discos voadores,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares no The Roswell UFO Incident,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares no monstro do Lago Ness,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares que há uma cidade alienígena no lado oculto da Lua,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares em vida extraterrena,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares já que fomos visitados por alienígenas,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares nas maluquices do Giorgio Tsoukalos,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares nos delírios do Nick Pope,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares nas mirabolâncias do Erich von Däniken,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares nas extravagâncias do David Hatcher Childress,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares na existência do Brahmastra,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acreditares que existem ETs,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
— Se soltares pum na Igreja,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se beberes o vinho do padre,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se trocares camelo por jacaré no presépio,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se acrescentares um lobo-da-tasmânia no presépio,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não ajoelhares e rezares,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não beijares a minha mão,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não confessares a mim os teus pecados,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se contares potoca na confissão,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se sonhares com a mulher do próximo,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não santificares os domingos e as festas de guarda,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se organizares um esquema de rachadinha,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se mandares as pessoas tomar cloroquina,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se participares de atos antidemocráticos,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se apoiares a ressurreição da ditadura e do AI-5,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se apoiares uma intervenção militar,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
— Se furtares as moedas dos ceguinhos,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se bifares as muletas dos pepés,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se afanares o dos surdinhos,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se levantares falsos testemunhos,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se cobiçares as coisas alheias,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores preguiçoso,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores comilão,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores unha-de-fome,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores invejoso,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores um sacanocrata,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores um miliciano,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores um terrorista,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se pertenceres à Famiglia Montalbano,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Don Corleone
— Se lavares o dinheiro do ,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se usurpares as relíquias da Igreja,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se envenenares um Papa,1
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se malversares o dinheiro da Igreja,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores vaidoso,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores impaciente,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se fores preconceituoso,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não rogares ora pro nobis,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não rogares miserere nobis,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não rogares libera nos, Domine,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se isto,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se aquilo,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Se não-sei-o-quê,
irás para o inferno, e lá morarás eternamente + 6 meses.
Mas, nunca me ensinaram
porque eu deveria ser temperante,
diligente, digno, misericordioso,
humilde, solidário etc.,
nem nunca me ensinaram
o que é exatamente nem onde fica o tal do inferno.
E eu, encagaçadíssimo e tremulento,
me cagando todinho até sem ter vontade
e vendo demônios em toda parte,
sempre me comportei ± direitinho,
com medo do inferno, mas, sem compreender xongas,
porém, louco para fazer tudinho o que me proibiam.
Acho que pequei mais por pensamentos
do que por qualquer outro jeito.
E assim, vivi e morri sem conhecer
o Amor, a Beleza, a Verdade, a Liberdade e a Illuminação.
E assim, ignorante, joguei minha vida no lixo,
e o que é pior: ainda perambulo no Plano Astral,
na companhia de um monte de religiosos ignorantes como eu.
_____
Nota:
1. Sobrinho do mítico mafioso Lucky Luciano [nascido Salvatore Lucania (Lercara Friddi, 24 de novembro de 1897 – Nápoles, 26 de janeiro de 1962)], Antoni Raimondi, um dos mafiosos mais ativos do século XX e que pertencia à Famiglia Colombo, revelou em um livro de memórias como ajudou a matar o Papa João Paulo I [nascido Albino Luciani (Canale d'Agordo, 17 de outubro de 1912 – Vaticano, 28 de setembro de 1978), que morreu apenas 33 dias depois de se ter tornado líder da Igreja Católica e Chefe de Estado do Vaticano], que foi envenenando com cianeto, pelo arcebispo norte-americano Paul Marcinkus (Cicero, 15 de janeiro de 1922 – Sun City, 20 de fevereiro de 2006), conhecido como o banqueiro de Deus – seu primo e, na altura, presidente do Banco do Vaticano. Fiquei na porta dos aposentos [do Papa] enquanto serviam o chá, escreveu no livro, mas, quem administrou o veneno foi mesmo Paul Marcinkus. Fiz muitas coisas no meu tempo, mas, não queria estar ali quando matassem o Papa. Sabia que isso me compraria um bilhete de ida para o inferno, acrescentou. No livro, Raimondi diz que o sucessor de João Paulo I – o polonês Karol Wojtyla, que em homenagem ao italiano adotou o nome João Paulo II – também ficou ao corrente do escândalo, mas, que nunca o quis revelar por temer pela própria vida. A lista de assassinatos na Igreja Católica é gigantesca, da qual não escapam nem os Papas. Basta lembrar, por exemplo, o Massacre dos Cátaros, por iniciativa do Papa Inocêncio III, as cruzadas e a inquisição.
Papa João Paulo I
Afresco do Papa Inocêncio III
(em estilo bizantino tardio)
Música de fundo:
Litaniæ Sanctorum
Páginas da Internet consultadas:
https://br.pinterest.com/pin/533887730823341641/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cruzada_Albigense
https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=47754
http://madespesapublica.blogspot.com
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