O
Amor É...
O amor é o início.
O amor é o meio. O amor é o fim. O amor faz-te pensar,
faz-te sofrer, faz-te agarrar o tempo, faz-te esquecer o tempo.
O amor obriga-te a escolher, a separar, a rejeitar. O amor castiga-te.
O amor compensa-te. O amor é um prêmio e um castigo.
O amor fere-te, o amor salva-te, o amor é um farol e um naufrágio.
O amor é alegria. O amor é tristeza. É ciúme,
orgasmo, êxtase. O nós, o outro, a ciência da
vida.
O
amor é um pássaro. Uma armadilha. Uma fraqueza e uma
força.
O
amor é uma inquietação, uma esperança,
uma certeza, uma dúvida. O amor dá-te asas, o amor
derruba-te, o amor assusta-te, o amor promete-te, o amor vinga-te,
o amor faz-te feliz.
O
amor é um caos, o amor é uma ordem. O amor é
um mágico. E um palhaço. E uma criança. O amor
é um prisioneiro. E um guarda. Uma sentença. O amor
é um guerrilheiro. O amor comanda-te. O amor ordena-te. O
amor rouba-te. O amor mata-te.
O
amor lembra-te. O amor esquece-te. O amor respira-te. O amor sufoca-te.
O amor é um sucesso. E um fracasso. Uma obsessão.
Uma doença. O rasto de um cometa. Um buraco negro. Uma estrela.
Um dia azul. Um dia de paz.
O
amor é um pobre. Um pedinte. O amor é um rico. Um
hipócrita, um santo. Um herói e um débil. O
amor é um nome. É um corpo. Uma luz. Uma cruz. Uma
dor. Uma cor. É a pele de um sorriso.
Joaquim
Pessoa, in: Ano Comum
Por
isto, há uma diferença inconciliável entre
o amor e o Amor. Há o amor que-tudo-quer
e o Amor que-nada-quer.
Há
o amor que-faz-escolhas
e o Amor que-não-escolhe-nada.
Há o amor egoísta e o Amor filantrópico. Há
o amor
apocópico
e o Amor acrescentador.
Há o amor androfágico e o Amor fraternal. Há
o amor hipotético e o Amor categórico. Há
o amor consuetudinário e o Amor transcendental.
Há o amor vem-a-mim
e o Amor vou-a-ti.
Há o amor pessoal-hominal-limitado e o Amor Divinal-universal-ilimitado.
Disto resulta: o amor pessoal-hominal-limitado
é uma miragem aprisionadora;
o Amor Divinal-universal-ilimitado
é uma Lei Cósmica
Libertadora!
Rodolfo
Pizzinga