A LUZ PERFEITA

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Al-Farabi

 

 

É muito difícil saber o que é Deus por causa da limitação de nosso intelecto e sua união com a matéria. Assim como a luz é o princípio pelo qual as cores se tornam visíveis, de modo semelhante seria lógico dizer que uma luz perfeita deveria produzir uma visão perfeita. Em vez disto, o exato oposto é o que acontece. Uma luz perfeita ofusca a visão. O mesmo é verdadeiro a respeito de Deus. O conhecimento imperfeito que temos de Deus é devido ao fato de que Ele é infinitamente perfeito. Isto explica o porquê de Seu Ser infinitamente perfeito desnortear nossa mente. Mas se pudermos despir nossa natureza de tudo o que chamamos de 'matéria', então, certamente, nosso conhecimento de Seu Ser será perfeitíssimo.

 

Muhammad ibn Muhammad ibn Tarkhan ibn Uzalagh al-Farabi (870 – 950)

 

 

 

 

 

 

 

 

Devaneamos a Perfeição1

porque somos imperfeitos,

e aí, buscamos na religião2

alívio para nossos defeitos.

 

 

Uma suposta Luz Perfeita,

no Cosmo, não pode existir,

pois, se Ela fosse perfeita,

3

 

 

Em eviterno Movimento,

o Cosmo é sem ter sido;4

Nele, não há um momento

e nem um tempo colorido.

 

 

Tempo que é um só Tempo;

Movimento sem alargamentos.5

Movimento sem andamentos.6

 

 

Mas isto não será entendido

pela dialética7 ou pela razão,

e enquanto nosso Eu ferido

estiver mergulhado na ilusão.

 

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. O que é a perfeição? Com base em quê nos acreditamos imperfeitos? Qual é o padrão cósmico de perfeição? Estas perguntas deveriam ser feitas pelas pessoas para evitarem imitar modelos presumidos de perfeição que, geralmente, mais fazem retrogradar e aprisionar do que ascensionar e libertar.

2. E nos deuses.

3. Mas, ir para onde? Vir de onde?

4. E sem vir-a-ser.

5. Movimento sem alargamentos e sem estreitamentos para aquém ou para além da própria energia cósmica, que é invariante.

6. Se admitirmos que o Cosmo é finito, porém ilimitado, Ele se movimenta sem se mover, isto é: energeticamente, não foi, não é e não será menos (ou menor) do que Si mesmo, e não foi, não é e não será mais (ou maior) do que si mesmo. Localisticamente, não foi e não irá; não esteve e não estará. Ele é o que sempre foi, é o que é e é o que será, sem ter sido e sem vir-a-ser, sem ter estado e sem vir a estar, ainda que, como escreveu Ovídio, em Metamorphoses, Nihil est toto quod perstet in orbe. Não há nada no mundo inteiro que se mantenha imutável. Mas, que não se esqueça: Nihil ex nihilo. Nada vem do nada. A animação abaixo está incorreta quanto aos conceitos acima apresentados; apenas, pictoricamente, dá uma pálida e distorcida idéia do que possa ser um entendimento rudimentar do Cosmo. O meu entendimento rudimentar, por exemplo. A circunferência tracejada e em movimento circular simboliza a energia cósmica invariante.

 

 

 

 

7. Observe que digitei a palavra dialética com a letra d inicial minúscula.

 

Observação:

A música de fundo deste trabalho foi retirada da Página da Internet que contém o artigo História da Música e Instrumentos Musicais. O endereço é:

http://www.kfs10.com.br/loubnan/music01.html

 

 

 

 

 

 

 

 

Para concluir este trabalho, elaborei a animação em flash abaixo – Pedra Sobre Pedra – com base em uma imagem digital disponibilizada no Blog Diálogos de Cafetín, que ilustra o poema Piedra sobre Piedra. Escreve o autor, que não se identifica: Piedra sobre piedra, se van construyendo las ilusiones, que, consciente o inconscientemente, van acompañadas de una fuerte carga de dudas que llevan a avanzar y retroceder, a reír y llorar, a soñar y a trasnochar. O autor da imagem, por este motivo, mantém os mesmos direitos legais e autorais sobre a animação em flash. O endereço da Página que contém o poema Piedra sobre Piedra é:

http://dialogosdecafetin.wordpress.com/
2008/01/19/las-ilusiones-piedra-sobre-piedra/