A Cidade Virtuosa
(Segunda Parte)

 

 

Alfarábi

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

Este estudo tem por objetivo oferecer para consideração e análise a segunda parte de alguns pensamentos e reflexões (eventualmente comentados) contidos na obra A Cidade Virtuosa, de autoria de Alfarábi, um filósofo muçulmano da Idade de Ouro Islâmica, e de quem foi gerado o termo português alfarrábio e termos deste derivados, como, por exemplo, alfarrabista e alfarrabístico. Alfarábi é considerado não apenas o fundador da Filosofia Islâmica, mas, também, um dos autores mais influentes na formação das Filosofias Cristã e Judaica Medievais. Usei como fonte bibliográfica a tradução do árabe de Catarina Belo, editada pela Fundação Calouste Gulbenkian.

 

 

Breve Biografia

 

 

Alfarábi

 

 

Abu Nasr Muhammad ibn Muhammad Farab (Farabe, Turquistão, cerca de 872 – Damasco, Síria, 950), mais conhecido somente como Alfarábi ou Farábi, foi um filósofo muçulmano da Idade de Ouro Islâmica. Do seu nome se gerou o termo português alfarrábio e termos deste derivados. Estudou em Bagdá e Harrã, viveu na Síria e no Egito, e se estabeleceu depois na corte do soberano de Alepo, Ceife Adaulá.

Alfarábi, que inaugurou a grande linha de filósofos muçulmanos da Idade Média, se interessou tanto por química, ciências naturais, física quanto por ética, ciência política e Filosofia da religião. Foi também um bom músico e seu Grande Livro da Música o colocou entre os principais teóricos do assunto.

Na Filosofia, se dizia, ao mesmo tempo, influenciado por Platão e Aristóteles, e considerava que as doutrinas dos dois mestres da Antigüidade, longe de serem opostas, se complementavam. Alfarábi formulou, com uma clareza até então desconhecida, a distinção entre a existência peregrinante e a essência. Retomou a teoria aristotélica sobre a eternidade do mundo, o que lhe causou dificuldades com os círculos islâmicos ortodoxos. Mas, o próprio Alfarábi não separava a religião da Filosofia e se servia de termos do Alcorão para traduzir os conceitos de Filosofia grega.

Grande parte de sua obra é dedicada à política e à economia. Em seu tratado Epístolas Sobre as Opiniões do Povo ou Estado Modelo, o filósofo apresentou uma utopia platônica na qual a sociedade é comparada com um grande corpo único que estenderia suas ramificações à totalidade dos homens.

 

 

Fragmentos da Obra A Cidade Virtuosa

 

 

A matéria existe em função da forma. Se não houvesse forma, a matéria não existiria. A forma não serve para que exista a matéria, mas, para que a substância se tome substância em ato, pois, cada espécie só se torna existente em ato, com o modo mais perfeito dos seus dois tipos de existência, matéria e forma, quando está presente a sua forma. [Nem sempre é do modo mais perfeito. Aliás, perfeição absoluta não existe.] Enquanto a matéria se mantiver existente sem forma, estará em potência, pois, a matéria, enquanto não tiver uma forma, será apenas potência [possibilidade de vir a ser alguma coisa], e apenas se tornará ato se a sua forma estiver presente na matéria. [Ora, a matéria não existe, propriamente, em função de uma forma, mas, sim, em função da Energia Unimultiversal, pois, o Unimultiverso foi-é-será, primariamente, sempre energia. A partir de uma determinada oitava da Spira Legis, devido ao decaimento vibratório, a energia começa a se converter em matéria, nos mais variados tipos, ou seja, nas mais variadas formas. Assim, a matéria é apenas a energia manifestada em freqüências mais baixas e com maior comprimento de onda (). Portanto, na verdade, não existe essa dicotomia assimétrica de matéria e energia. Tudo é energia. Tudo é Tudo está entrelaçado. Albert Einstein demonstrou isto perfeitamente quando, na sua Teoria da Relatividade, propôs que E = mc2. Mas concordo com Alfarábi quando afirmou que é possível a matéria existir sem forma.]

Dentre os seres sublunares, não há ser mais excelente do que o animal racional.

A contrariedade é uma imperfeição na existência.

Não pode haver no céu algo que se dê pela força.

Há coisas que se dão uma vez e nunca se repetem.

A ação de cada agente sobre cada objeto consiste em ajudar ou se opor. Aqueles que ajudam por vezes ajudam e outras vezes se opõem, e os que se opõem por vezes se opõem e outras vezes ajudam.

Todos os existentes, ao começarem a existir – [isto é, ao manifestarem objetivamente (in actu) suas existências como seres existentes, porque, de uma forma ou de outra sempre existiram (in potentia)] tendem a permanecer e a perdurar [o mais que puderem]. Uma vez que os existentes [para se manifestar nesta dimensão] consistem de matéria e forma, e as formas são distintas, e como o habitual em cada matéria é ter uma forma, cada um destes corpos passa a ter o direito à sua forma e a merecê-la [Privilégio], e o direito à sua matéria e a merecê-la [Privilégio]. Através das suas formas individualizadas, têm o direito [Privilégio] a permanecer na existência que lhes pertence, e, em virtude das suas matérias peculiares, têm o direito [Privilégio] a ter outras existências, contrárias às existências que têm atualmente. Uma vez que, conjuntamente, não podem ter estes dois tipos de existência ao mesmo tempo, têm, necessariamente, de ter uma existência durante um certo tempo e outra durante outro tempo. Existem e perduram durante algum tempo com suas existências [objetivas] conservadas, depois, são destruídos, passando a existir em seus contrários [apenas espiritualmente, digamos assim], e assim constantemente. A existência de cada existente não tem prioridade em relação à existência do outro, nem a permanência de cada um tem primazia em relação à permanência do outro.

 

 

Gráfico Animado Simbólico

 

 

O é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A prioridade é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A primazia é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A preferência é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A predileção é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

O egoísmo é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

O apego é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

O desejo é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A avarícia é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A cobiça é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A paixão é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A submissão é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A imitação é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A separatividade é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

O fiat volunhtas mea é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

A res extensa (coisa extensa), é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

O movimento horário é uma prisão delusória
que faz retroceder, destrói e nada constrói.

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna,
cada existente tem a sua existência necessária,
de tal forma que nunca houve, não há, nem jamais haverá
existente preferencial ou + importante
nem existente preterido ou importante.
Todas as existências existentes são igualmente
essenciais, prioritárias e indispensáveis.

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna,
nihil novi sub Sole
(não há nada de novo sob o Sol).

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna,
nihil novi sub Luna
(não há nada de novo sob a Lua).

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna,
nihil novi super Terram
(não há nada de novo sobre a Terra).

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna,
nihil novi in Unimultiversus
(não há nada de novo no Unimultiverso).

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna,
ex nihilo nihil fit
(nada surge do nada).

Na unimultiplicidade unimultiversal sempiterna
ainda que cada existente tenha a sua qüididade particular –
todos os existentes estão interligados,
interconectados, inter-relacionados e quanticamente entrelaçados.


Qüididades Particulares =
Qüididade Unimultiversal.


Portanto, ainda que cada existente seja um e único,
todos os existentes são
Nenhum existente está excluído de nada.
Quando excluímos alguma coisa ou alguém,
estamos, primariamente, excluindo a nós mesmos.
Por isto, se a Grande Heresia da Separatividade
é a matrasta maledicta de todas as dores e aflições,
o apego é o patraster maledictus de todas as impedições e retrocessões.

 

 

+

 

 

As forças que destroem uma coisa vêm tanto do seu interior como também do exterior.

Em um corpo, as partes que são dissemelhantes podem sucumbir devido à corrupção. [Por isto, todo cuidado é pouco, e muito cuidado nunca é muito.]

A justiça consiste em cada existente ter exatamente aquilo que merece.

Quando surge [se manifesta objetivamente] o ser humano, a primeira coisa que aparece nele é a faculdade que lhe permite se alimentar, ou seja, a faculdade nutritiva; segue-se a faculdade através da qual sente o tangível, como o calor e o frio, e as outras coisas tangíveis; depois, segue-se a faculdade pela qual sente os sabores, a faculdade pela qual sente os odores, a faculdade pela qual ouve os sons, e, finalmente, a faculdade pela qual vê as cores e todas as coisas visíveis, como os raios de luz. Com os sentidos, surge uma outra faculdade pela qual se dá a inclinação para o que sente ou o que deseja ou o que repele. Depois, surge nele outra faculdade, através da qual retém os sensíveis que ficaram impressos na [personalidade-]alma, após se afastarem do testemunho dos sentidos: trata-se da faculdade da imaginação. Através desta faculdade, ele junta os sensíveis uns com os outros, e os separa uns dos outros, por meio de combinações e de separações diferentes, algumas falsas [miragens + ilusões] e outras [relativamente] verdadeiras. Junta-se a esta faculdade, igualmente, a inclinação para aquilo que imagina. Depois, surge a faculdade racional, através da qual intelige os inteligíveis, e através da qual distingue o belo do feio, e possui as artes e as ciências. Junta-se a esta faculdade também a inclinação para aquilo que intelige.

 

 

A faculdade apetitiva principal do homem se encontra no coração.

A percepção sensível, em si, é uma ação da [personalidade-]alma.

O coração é o órgão principal, e não é regido por nenhum outro órgão do corpo. Segue-se o cérebro, que também é um órgão principal, mas, não rege de forma primária, porém, secundária, pois é regido pelo coração e rege os restantes órgãos. O cérebro serve o coração em si mesmo, e é servido por todos os outros órgãos, de acordo com a disposição natural do coração. O cérebro, portanto, está encarregado de servir o coração nas suas funções mais nobres. [Há um Átomo-semente para cada um dos três Corpos (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) e para o veículo Mente. É graças a esses Átomos-semente que conseguimos construir um novo Corpo e uma nova Mente. A Quintessência de toda a nossa experiência de cada vida que vivemos se imprime sobre o Átomo-semente correspondente de cada Corpo e da Mente. Isto é a base, servindo de núcleo em torno do qual serão construídos o novo Corpo, a nova Mente e os outros Corpos nos próximos renascimentos. No caso do Corpo Físico Denso, enquanto todos os átomos do corpo humano se renovam de vez em quando, o seu Átomo-semente é indestrutível. Ele permanece estável, não somente durante uma única vida, mas, forma a parte integrante de todos os Corpos Densos utilizados por um Ego particular. Enquanto estamos vivos, aqui, o Átomo-semente do Corpo Denso fica na posição referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração; o Átomo-semente do Corpo Vital fica na posição referencial do plexo solar (“boca do estômago”); o Átomo-semente do Corpo de Desejos na posição referencial do fígado; e o Átomo-semente da Mente na posição referencial entre os sínus frontal (na testa). Na morte, esse Átomo-semente é retirado apenas para despertar novamente no alvorecer de outra vida física, servindo, assim, como o núcleo em torno do qual o novo Corpo Denso será construído para ser usado pelo próprio Ego. Por isto, é chamado de “Átomo-Semente”. O Átomo-semente do Corpo Denso está na cabeça triangular de um dos espermatozóides do sêmen do pai. Este espermatozóide só torna possível a fertilização. À medida que o sangue corre pelo ventrículo esquerdo do coração, ele deixa uma marca no minúsculo Átomo-semente no ápice no coração, que corresponde a uma câmara cinematográfica. Na morte, o referido Átomo-semente ascende ao cérebro pelo nervo pneumogástrico, deixando o Corpo Denso, juntamente com os veículos superiores, pela comissura dos ossos parietal e occipital. No momento da morte, quando o Átomo-semente do coração, que contém todas as experiências da vida que acaba de terminar, se rompe, o Espírito deixa seu Corpo Denso físico levando consigo os veículos mais refinados. A Quintessência de toda a nossa experiência de vida está impressa no Átomo-semente, como consciência e virtude que nos impelirão a evitar o mal e a fazer o bem na próxima existência. O que tudo isto quer dizer? Como não me canso de repetir, quer dizer que tudo depende de nós e que tudo é nossa responsabilidade. Somos responsáveis por tudo: pelo que pensamos, pelo que falamos, pelo que obramos. (In: Átomo-semente, Fraternidade Rosacruz de Campinas).]

Todos os órgãos do corpo se beneficiam do coração, pois, dele obtêm o Espírito Inato Vital que passa pelas artérias. Contudo, é o cérebro que regula o calor que costuma passar do coração para ele , de forma que o calor que chega a cada membro é regulado e adaptado para ele. Esta é a primeira função do cérebro e o serviço primeiro e mais geral que presta aos órgãos e membros.

A faculdade apetitiva se encontra no coração.

O coração é extremamente quente, como o fogo.

Os acidentes da [personalidade-]alma que se inclinam para a força, como a ira e a dureza, são mais fracos na fêmea e mais fortes no macho, enquanto os acidentes que se inclinam para a fraqueza, como a misericórdia e a delicadeza, são mais fortes na fêmea, mas, podem existir em alguns homens os acidentes semelhantes aos das mulheres, e nas mulheres podem existir acidentes semelhantes aos dos homens. Assim, por estes acidentes, se distinguem machos e fêmeas nos seres humanos. Quanto às faculdades dos sentidos, da imaginação e a faculdade racional, macho e fêmea não diferem.

A perfeição última é a felicidade. A felicidade consiste em a [personalidade-]alma atingir um grau de perfeição na sua existência em que não precise mais da matéria nem da forma para a sua manifestação/expressão. [Penso que, na verdade, a última perfeição relativa, à qual todos poderão chegar ou alcançar nesta Onda Evolutiva Terrena, seja a Divinização Consciente, que, básica e necessariamente, passa, pelo menos, por estes estágios: Bom Combate (Esforço + Mérito = Mudamento) —› Iniciações Preliminares (Nascimento: A.'., Batismo: U.'. e Transfiguração: M.'.) —› Illuminação —› Transcompreensão —› Libertação (de si mesmo) —› Ascensão —› Unificação —› Serviço. Se isto for a felicidade (relativa), à qual aludiu o Filósofo Alfarábi, então, que seja.]

Todos os inteligíveis em potência podem se tornar inteligíveis em ato. [Um exemplo interessante disto é, por exemplo, quando estamos desencarnados (condição em potência) nos preparando e esperando o momento de reencarnarmos (condição em ato). O entreato entre a desencarnação e uma nova encarnação varia de ser-aí para ser-aí. Poderá ser praticamente imediato ou até demorar milênios. Fundamentalmente, a variação interposta depende do propósito consciente de Servir. Isto é muito fácil de ser compreendido, se assimilarmos a idéia de que a Lei do Renascimento é menos uma obrigação temporal aprazada – pois, o espaço-tempo é uma ilusão e mais uma oportunidade de prestar um Serviço digno a uma causa nobre. No frigir dos ovos, tudo é mesmo uma questão de mérito, de adequação e de predisposição.]

 

Lá, não sei onde, em potência,
eu queria tanto reencarnar!
Cá, em ato, já reencarnado,
eu

Em potência, meu demônio interior,
sempre sussurrando, me incentivava.
Em ato, obnubilado, mentalmente confuso,
sem perceber, eu topava... E fui me suicidando.

Em potência, então, desencarnado,
as trevas foram minha herança.
Em ato, um dia, novamente encarnado,
decidi que me libertaria (de mim mesmo).

Em potência, mentalmente, planejei
o Bom Combate como um ato permanente.
Em ato, o Deus em Potência que sempre fui
se tornou um Deus Consciente e Atualizado.

Em potência, decidi que sempre ajudaria
a minha Humanidade-irmã 'até o fim-sem-fim dos tempos'.
Em ato, tenho me esforçado para ensinar a todos
o Caminho da Senda Interior
que leva à Transfiguração (M.'.).

 

 

Esta é a Peregrinação Realizadora de Todos Nós,
para a qual o Catalisador é o Bom Combate.
(Gráfico Animado Simbólico)

 

 

Esta é a Peregrinação Realizadora de Todos Nós,
para a qual o Catalisador é o Bom Combate.
(Gráfico Animado Simbólico)

 

A faculdade da imaginação medeia entre a faculdade dos sentidos e a faculdade racional. Quando todos os auxiliares da faculdade dos sentidos sentem em ato e desempenham as suas ações, a faculdade da imaginação é afetada por eles e fica ocupada com os sensíveis que os sentidos lhe fornecem e que são inscritos nela. Também se ocupa em servir a faculdade racional e em fornecer informação à faculdade apetitiva.

 

 

O Intelecto Agente é a causa responsável por tomar os inteligíveis em potência inteligíveis em ato, e tomar o intelecto em potência intelecto em ato, e é a faculdade racional que se torna intelecto em ato.

Visões verídicas emergem em sonhos, a partir dos particulares fornecidos pelo Intelecto Agente à faculdade da imaginação, surgindo, desta forma, adivinhações [COMPREENSÕES] relativas às Coisas Divinas. [Se tudo é , não há, propriamente, uma fronteira entre as Coisas Divinas e as Coisas Humanas. O que há, sim, é maior ou menor ignorância em relação às Leis Universais, e é exatamente esta ignorância separatória e divisória que cria os deuses e os demônios, os céus e os infernos, as Coisas Divinas e as Coisas Humanas.]

Não é impossível que uma pessoa se a sua faculdade da imaginação tende para uma perfeição relativa estando acordada, obtenha do Intelecto Agente particulares [passados], presentes e futuros. [A onisciência (relativa) ocorre quando a ilusão do espaço-tempo desaparece (relativamente). O OM não tem passado, nem presente, nem futuro; o OM é.]

Profecias do presente, profecias do futuro e profecias das Coisas Divinas poderão surgir como conseqüência da perfeição relativa que a faculdade da imaginação pode atingir.

Cada um de nós deve ser para o outro aquilo que ele precisa. [Negrito e sublinhado meus. Basicamente, são o maior ou o menor egoísmo e a maior ou a menor separatividade que produzem sociedades relativamente perfeitas e sociedades relativamente imperfeitas. No primeiro grupo – sociedades relativamente perfeitas – estão, por exemplo, os países: Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Singapura, Suécia, e Suíça. No segundo grupo – sociedades relativamente imperfeitas – estão, por exemplo, os países: Somália, Sudão do Sul, Síria, Iêmen e Venezuela.]

 

 

A cidade na qual a associação tem por finalidade cooperar na obtenção das coisas que levam à felicidade, na realidade, é a Cidade Virtuosa, e a associação na qual se coopera para a obtenção da felicidade é a Associação Virtuosa. E assim, a nação cujas cidades cooperam todas naquilo pelo qual se obtém a felicidade é a Nação Virtuosa. [Aqui, não posso deixar de recomendar a leitura da obra A República (em grego: ; transliteração: Politeía) – um diálogo socrático escrito por Platão, filósofo grego do século IV a.C, na qual a JUSTIÇA é o principal conceito desenvolvido, que, para Platão, é a maior de todas as virtudes. Quem lê e compreende o conteúdo desta obra não é obscurantista, não é injusto nem separatista, não é antidemocrático, não é anti-republicano, não delira com ditadura, não redige minuta golpista, não esparrama news, não cria gabinete do ódio, não tenta dar golpe de Estado, não transforma ser humano em minion, não organiza Festa da Selma e não outras coisas piores.]

 

 

A República
(Papiro encontrado no Egito com fragmentos da República, de Platão, datado do século III d.C.)

 

 

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto, fui um
obscurantista de carteirinha.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto, fui injusto e separatista de carteirinha.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto, fui um
antidemocrático de carteirinha.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto, fui um
anti-republicano de carteirinha.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
delirava com uma ditadura.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
redigi uma minuta golpista.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
esparramei 1001
news.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
criei um gabinete do ódio.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
tentei dar um golpe de Estado.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
transformei seres humanos em minions.

 

 

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
inventei a lenda do jacaré.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
organizei a Festa da Selma.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto,
pensava e fazia coisas piores.

Eu nunca soube nem quis saber
quem foi Platão nem li a
.
Por isto, fui
um grande filho-da-puta.

Um Dia, ouvi a Voz da minha personalidade-alma.
Transracionalmente
no Mundo Akáshico das Idéias
saí garimpando em busca da ShOPhIa,
e, intuitivamente, compreendi que
o que passou e o futuro são hoje, agora,
que o hoje foi, é e será o ,
e que, sem exceção, tudo-todos são
Não há seres piores nem melhores,
mais importantes nem menos importantes,
privilegiados nem já escolhidos de antemão.
Não há preferidos e peixinhos de nascença
nem condenados após o desenlace.
Não há galardão para os virtuosos
nem punição para os sacanocratas.
Não há paraíso para os bem-comportados
nem inferno para os malconceituados.

Então, enfim, um Dia, encontrei a saída do Labirinto Encarnativo.
Lutando bravamente contra mim mesmo e fazendo um esforço sobre-humano,
transmutei 'Crise da Encarnação'
–› 'Crise da Reorientação' –› 'Crise da Iniciação',
'Cruz Comum'
–› 'Cruz da Transmutação' –› 'Cruz da Transcendência'.
Alforriei-me de todas as miragens e de todas as ilusões,
de todos os preconceitos e de todos os julgamentos 'a priori',
de todas as opiniões desfavoráveis, censuras, depreciações e condenações,
e deixei de ser um filho-da-puta cruel e sem caráter.
Deixei de somar 1 + 1 = 2 e passei a somar 1 + 1 = 1
e deixei de subtrair 1 – 1 = 0 e passei a subtrair 1 – 1 = 1.

 

               +        =           

 

               –        =           


Continuei no mundo, com todos, mas, sem ser do mundo.
Deixei de viver sem eira nem beira e, iniciaticamente, .
Deixei de morrer sozinho para unimultiunificado.
E me tornei um
Se isto aconteceu comigo, por que não com você?
Por que não com todos?

 

 

A Morte de Sócrates
(Quadro de Jacques-Louis David, de 1788)

 

O membro principal no corpo humano é, por natureza, o coração, o mais perfeito e o mais completo de todos os órgãos, por si mesmo e na sua especificidade, e tem o que há de mais excelente naquilo em que participam também os outros órgãos. Abaixo dele há outros membros e órgãos principais que dirigem outros órgãos inferiores a eles. A sua liderança é inferior à liderança do coração, e estão subordinados à sua liderança. Logo, dirigem e são dirigidos. Do mesmo modo, o líder da Cidade Virtuosa é a parte mais perfeita na sua especificidade, e tem o que há de mais excelente naquilo em que participam os outros. Abaixo dele estão as pessoas dirigidas por ele e que dirigem outras. Na Cidade Virtuosa, todas a suas partes devem imitar, com os seus atos, o objetivo do seu primeiro líder, segundo a ordem. [Para Platão, a cidade ideal é designada como Kallipólis, que significa Cidade Bela, e que seria administrada por um Governante Filósofo – Rei-filósofo, um Amante da Sabedoria o qual, por natureza e essência, seria o mais apto, por conta de sua Phrônesis (virtude do pensamento prático, sendo traduzida, habitualmente, como Sabedoria Prática), a ordenar tanto a si mesmo quanto a Pólis.]

O líder da Cidade Virtuosa não pode ser uma pessoa qualquer, pois, a liderança requer duas coisas, sendo a primeira que a pessoa deve estar preparada para ela pela sua natureza inata, e a segunda que deve ter a disposição e o hábito voluntário para a liderança, que se desenvolve em quem está naturalmente preparado para ela. O primeiro dirigente da Cidade Virtuosa tem de ter uma arte que não serve outra arte nem é, efetivamente, dirigida por outra arte, mas, a sua arte é aquela em direção a cujo objetivo todas as artes tendem, e cujo objetivo todas procuram, através de todas as ações da Cidade Virtuosa.

Cada pessoa cujo intelecto passivo se aperfeiçoou através da apreensão de todos os inteligíveis tornando-se intelecto em ato e inteligido em ato, sendo o inteligido nela o que intelige, recebe, então, um intelecto em ato cujo nível está acima do nível do intelecto passivo, e que é mais perfeito e imaterial do que o intelecto passivo; chama-se intelecto adquirido, e se situa entre o intelecto passivo e o Intelecto Agente, não existindo entre ele e o Intelecto Agente outra coisa. O intelecto passivo é como a matéria e o sujeito do intelecto adquirido, e o intelecto adquirido é como a matéria e o sujeito do Intelecto Agente. A faculdade racional, que é uma disposição natural, é uma matéria que é sujeito do intelecto passivo que é, em ato, intelecto.

O ser humano, através de um Intelecto Divino nele desenvolvido e manifesto, se torna, através dessa emanação para o seu intelecto passivo, um sábio, um filósofo e um pensador prudente, de fato um profeta que anuncia o que está para vir e informa sobre os particulares atualmente existentes. Este ser humano se encontra no nível mais perfeito da Humanidade e no grau mais elevado da felicidade, e a sua [personalidade-]alma está unida, por assim dizer, ao Intelecto Agente.

A primeira condição para ser o líder da Cidade Virtuosa é conhecer todas as ações pelas quais se pode atingir a felicidade. Além disso, deve ser um bom orador, para poder exprimir tudo o que sabe, apelando devidamente à imaginação das pessoas. E deve ter o poder de dirigir corretamente para a felicidade e para as ações que permitem obter a felicidade. Este é o líder que nenhuma outra pessoa, efetivamente, dirige, e é o dirigente. É o primeiro líder da Cidade Virtuosa, é o líder da comunidade virtuosa e o líder de todo o Estado.

O líder de um Estado deve possuir, por natureza, doze qualidades naturais: 1ª) ter membros e órgãos fortes, completos e adequados para os trabalhos que devem ser executados; 2ª) ter facilidade natural em compreender e conceptualizar tudo o que lhe é dito e entendê-lo de acordo com a intenção daquele que fala e de acordo com a coisa-em-si mesma; 3a) ter boa memória do que entende, do que vê, do que ouve e do que apreende e, de um modo geral, não deve esquecer praticamente nada; 4ª) ter boa inteligência, detalhada e, quando vir o mínimo sinal de uma coisa, deverá compreendê-la tal como foi indicada; 5ª) ter boa expressão, fornecendo a sua fala uma explicação perfeita de tudo o que está na sua mente; 6ª) gostar de aprender, de adquirir e de conservar conhecimento, e ter facilidade em compreender, sem que a aprendizagem o canse, e sem que o esforço da aquisição o incomode; 7ª) amar naturalmente a sinceridade e as pessoas sinceras, detestando as news e os mentirosos; 8ª) ter um desejo moderado pela comida, pela bebida e pelas relações conjugais, evitando, naturalmente, o jogo, e detestando os prazeres que derivam destas coisas; 9ª) ser magnânimo, amando a honra e se elevando, por natureza, acima de todas as coisas inferiores, se inclinado, naturalmente, para as coisas mais elevadas; 10) o dirham, o dinar e outros objetivos do mundo devem ter pouca importância para ele; 11) amar, por natureza, a justiça, e os justos, detestando a injustiça e a opressão e os que as praticam, distribuindo eqüidade, e lamentando quem sofreu injustiça, favorecendo tudo o que lhe parecer ser o bem, o belo, o bom e o justo. Deve ser de bom trato, não deve ser obstinado, nem relutante se lhe for pedida justiça, mas, deve se opor se lhe for pedida a injustiça ou aquilo que é reprovável, de um modo geral; e 12) ser muito decidido, audaz e corajoso em relação àquilo que deve ser feito, sem se acovardar e sem ter medo de nada.

A primeira qualidade de um líder é ser SÁBIO.

Se a Filosofia não fizer parte da liderança, a cidade virtuosa ficará sem rei e à beira da destruição. [Foi exatamente, sem tirar nem botar, o que, lamentavelmente, aconteceu no Brasil entre 2019 e 2022, pois, o máximo que o líder eleito daquele período fez foi inventar a lenda do jacaré! Quanto a isto, é bem adequado este comentário de Alfarábi: Ao contrário da Cidade Virtuosa, existe a cidade ignorante, a cidade dissoluta, a cidade alterada, a cidade que se perdeu. A cidade ignorante não conhece a felicidade. Foi exatamente, sem tirar nem botar, o que, lamentavelmente, aconteceu no Brasil entre 2019 e 2022: o nosso País, de nação emergente e respeitada, se tornou um pária internacional esquisitético (esquisito + patético), e ficou mais perdido do que perna pequena em desfile de escola de samba!]

 

NÃO ‹—            —› SIM

 

A felicidade, segundo os habitantes da cidade ignorante é a saúde do corpo, a riqueza, gozar os prazeres da vida, satisfazer os desejos sem restrição, ser respeitado e ser admirado. E a felicidade será maior e completa quando houver todas essas coisas. As coisas contrárias a estas são a infelicidade, os defeitos do corpo, a pobreza, não gozar os prazeres, não ser livre para realizar os desejos e não se ser respeitado e admirado.

A cidade ignorante se divide em várias cidades: a cidade da necessidade, a cidade vil, a cidade da perversidade e do erro, a cidade do domínio, a cidade coletiva e a cidade da honra, cujos habitantes têm como objetivo cooperar para se tornarem respeitados e admirados, recordados e famosos entre a nações, louvados e elogiados por palavras e por atos, de forma a obter importância e glória, seja em relação a outro, seja em relação uns aos outros, cada qual de acordo com o grau de amor que tem a isso e o grau da possibilidade de o obter. Ainda existem a cidade dissoluta e a cidade alterada.

Os reis das cidades virtuosas, que se sucedem em tempos diferentes, uns após os outros, são todos como uma só [personalidade-]alma, e como que um só rei que permanece todo o tempo. Quando acontece haver vários reis ao mesmo tempo, seja numa só cidade, seja em muitas cidades, são todos como um só rei, e as suas [personalidades-]alma são como uma só [personalidade-]alma. Do mesmo modo, os habitantes de cada classe nessa cidade, quando se sucedem em tempos diferentes, são todos como uma mesma [personalidade-]alma, que permanece todo o tempo. Do mesmo modo, havendo, ao mesmo tempo, um grupo de pessoas da mesma classe, quer numa só cidade quer em várias cidades virtuosas, as suas [personalidades-]almas são como uma só [personalidade-]alma, quer essa classe seja um grupo de liderança ou um grupo que serve. [Isto me fez lembrar do Mestre Ascensionado Jesus e os 12 Apóstolos. 1 + 12 = 13 1 + 3 = 4 1 + 2 + 3 + 4 = 10 1 + 0 = 1. Em termos teosóficos, o que isto simboliza? Simboliza o Princípio Unimultiversal de que cada um é cada um (cada um de nós possui um DNA Cósmico e uma Impressão Digital Cósmica), porém, todos são ( DNAs Cósmicos = 1 e Impressões Digitais Cósmicas = 1). Por isto, tanto tenho dito e repetido que a Grande Heresia da Separatividade é a madrasta maldita de todas as desgraças e de todas as dores que assolam a Humanidade, e seus dois filhotes mais cruéis são o preconceito e o egoísmo.]

 

 

Enquanto, em nós, prevalecer a
(miragens + ilusões),
seremos medíocres, ignorantes,
preconceituosos e egoístas,
somaremos 1 + 1 = 2,
subtrairemos 1 – 1 = 0,
as desgraças e as dores reinarão
e nós continuaremos a morrer sem .

Enquanto, em nós, prevalecer a
(fideísmo irracional e fanático),
seremos medíocres, ignorantes,
preconceituosos e egoístas,
somaremos 1 + 1 = 2,
subtrairemos 1 – 1 = 0,
as desgraças e as dores reinarão
e nós continuaremos a morrer sem .

Enquanto, em nós, prevalecer a
(razão científica, pensar discursivo),
continuaremos a ser medíocres, ignorantes,
preconceituosos e egoístas,
somaremos 1 + 1 = 2,
subtrairemos 1 – 1 = 0,
as desgraças e as dores reinarão
e nós continuaremos a morrer sem .

Enquanto, em nós, prevalecer a
(razão ou pensamento intuitivos),
ainda assim, permaneceremos sendo medíocres, ignorantes,
preconceituosos e egoístas,
somaremos 1 + 1 = 2,
subtrairemos 1 – 1 = 0,
as desgraças e as dores reinarão
e nós continuaremos a morrer sem .

Portanto, tão-só pela(s) Iniciação(ões) da G.'. L.'. B.'.
seremos, enfim, Transilluminados,
Transaprenderemos a somar 1 + 1 = 1
e a subtrair 1 – 1 = 1,
nos desapegaremos de tudo e de nós mesmos,
Transcompreenderemos e nos Translibertaremos,
Aprenderemos que só ,
Ascensionaremos e nos Unificaremos
e nos tornaremos
Entretanto, para que isto possa acontecer,
precisaremos, incansavelmente, Lutar o

 

 

Continua...

 

 

Música de fundo:

Askin Aldi Benden Beni

Fonte:

https://archive.org/details/SufiMusicOfTurkey2

 

Páginas da Internet consultadas:

https://depositphotos.com/br/vector/crocodile-or-alligator-pointing-97596024.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloroquina

https://br.freepik.com/vetores/vacina

https://pt.wikiquote.org/wiki/Jair_Bolsonaro

https://www.pensador.com/autor/jair_bolsonaro/

https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Rep%C3%BAblica#:~:text=

https://www.apesjf.org.br/ditadura-nunca-mais-2/

https://exame.com/mundo/os-paises-mais-e-meno
s-corruptos-segundo-a-transparencia-internacional/

https://www.todamateria.com.br/republica-platao/

https://www.pensador.com/frase/MjU2OQ/

https://clipart-library.com/free/transparent-skull-png.html

https://fraternidaderosacruz.com/glossary/atomo-semente/

https://in.pinterest.com/pin/578149670906788052/

https://toppng.com/#google_vignette

https://www.ynetnews.com/health_science/article/rjg8x2z92

https://resumos.soescola.com/glossario/quididade-o-que-e-significado/

https://stock.adobe.com/br/search?k=chain+vector

https://gifer.com/en/NprA

https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-filosofia-pratica-de-kant/

https://dspace.unisa.br/items/0012009a-588f-4554-9c3c-afc5bc933638

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfar%C3%A1bi

 

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