O
erro
vulgar consiste em confundir o desejar com o querer. O desejo mede obstáculos;
a vontade vence-os.
Dai
às paixões todo o ardor que puderdes, aos prazeres mil vezes
mais intensidade, aos sentidos a máxima energia e convertei o mundo
em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo
melancólico, os deleites serão apenas o prelúdio do
tédio.
Tal
era a forma primitiva e singela de um espetáculo de eras bárbaras,
que a civilização, desenvolvendo-se gradualmente por alguns
séculos, ainda não pode desterrar da Península, e que
nos conserva na fronte o estigma de bárbaros, embora tenhamos procurado
esconder este estigma debaixo dos ouropéis e das pompas da arte moderna,
e pleitear a nossa vergonhosa causa perante o tribunal da opinião
da Europa com sofismas pueris e ineptos.
A
tauromaquia1
e a lavoura com gado bravo são duas barbaridades que mutuamente se
auxiliam e que roubam anualmente a uma agricultura sensata grande porção
dos nossos terrenos de aluvião, isto é, dos nossos terrenos
mais produtivos.
Tirai
do mundo a mulher e a ambição desaparecerá de todas
as almas generosas.
Fonte:
http://www.heraldsun.com.au/news/right-
brain-v-left-brain/story-e6frf7jo-1111114603615
Um dos principais defeitos dos trabalhos
históricos no nosso país parece-me ser a insulação
de cada um dos aspectos sociais de qualquer época, que nunca se conhecerá,
nem entenderá, enquanto a sociedade se não estudar em todas
as suas formas de existir, enquanto se não contemplar em todos os
seus caracteres. Estas cartas, se merecerem a aprovação de
V. Exas, poderão algum dia servir, no que tiverem de bom, se o tiverem,
de esclarecimento e notas a uma parte da História Portuguesa, como
eu concebo que ela se deveria escrever: história não tanto
dos indivíduos como da Nação; história que não
ponha à luz do presente o que se deve ver à luz do passado;
história, enfim, que ligue os elementos diversos que constituem a
existência de um povo em qualquer época, em vez de ligar um
ou dois desses elementos, não com os outros que com ele coexistem,
mas com os seus afins na sucessão dos tempos. A história pode
comparar-se a uma coluna polígona de mármore. Quem quiser
examiná-la deve andar ao redor dela, contemplá-la em todas
as suas faces. O que entre nós se tem feito, com honrosas exceções,
é olhar para um dos lados, contar-lhe os veios de pedra, medir-lhe
a altura por palmos, polegadas e linhas. E até não sei ao
certo se estas indagações se têm aplicado a uma face
ou unicamente a uma aresta.
A
civilização, tornando cada vez mais íntimo o trato
das nações entre si, faz necessariamente atuar as idéias
de umas sobre as outras, e o homem é, ordinariamente, mais propenso
a se contentar com as idéias alheias do que refletir e raciocinar.
Querer
é quase sempre poder. O que é excessivamente raro é
o querer.
Eu
não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião
porque não me envergonho de raciocinar e aprender.
O medo é o pior dos conselheiros.
A
ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados.
Ingratidão
O
segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos
outros.
As
lágrimas de piedade consolam quando é um amigo que as derrama.
O
amor do poeta é maior do que o de nenhum homem, porque
é imenso, como o ideal, que ele compreende, eterno, como o seu nome,
que nunca perece.
Realidade
ou desejo incerto, o amor é o elemento primitivo da atividade interior;
é a causa, o fim e o resumo de todos os defeitos humanos.
Saber
resistir à violência é forte, mas vulgar; saber resistir
à calúnia e aos motejos é maior esforço e mais
raro.
Feliz
a alma vulgar e rude que crê, e nem sempre sabe que a dúvida
existe no mundo!2
Nas horas de silêncio, à meia-noite,
Eu louvarei o Eterno!
Ouçam-me a Terra, e os mares rugidores,
E os abismos do inferno.
Pela amplidão dos céus meus cantos soem,
E a Lua resplendente
Pare em seu giro, ao ressoar nest'harpa
O hino do Onipotente.
Antes de tempo
haver, quando o infinito
Media a eternidade,
E só do vácuo as solidões enchia
De Deus a imensidade,
Ele existia, em sua essência envolto,
E fora dele o nada:
No seio do criador a vida do homem
Estava ainda guardada;
Ainda então do mundo os fundamentos
Na mente se escondiam
De Jeová, e os astros fulgurantes
Nos céus não se volviam.
Eis o Tempo, o
Universo, o Movimento
Das mãos solta o Senhor.
Surge o Sol, banha a Terra, desabrocha
Nesta a primeira flor;
Sobre o invisível eixo range o globo;
O vento o bosque ondeia;
Retumba ao longe o mar; da vida a força
A natureza anseia!
Quem, dignamente,
ó Deus, há-de louvar-Te,
Ou cantar Teu poder?
Quem dirá de Teu braço as maravilhas,
Fonte de todo o ser,
No dia da Criação; quando os tesouros
Da neve amontoaste;
Quando da Terra nos mais fundos vales
As águas encerraste?!
E eu onde estava
quando o Eterno os mundos,
Com destra poderosa,
Fez, por lei imutável, se livrassem
Na mole ponderosa?
Onde existia então? No tipo imenso
Das gerações futuras;
Na mente do meu Deus. Louvor a Ele
Na Terra e nas alturas!
Oh, quanto é grande o rei das tempestades,
Do raio, e do trovão!
Quão grande o Deus, que manda, em seco estio,
Da tarde a viração!
Por Sua providência nunca, embalde,
Zumbiu mínimo inseto;
Nem volveu o elefante, em campo estéril,
Os olhos inquieto.
Não deu Ele à avezinha o grão da espiga,
Que ao ceifador esquece:
Do norte ao urso o Sol da Primavera,
Que o reanima e aquece?
Não deu Ele à gazela amplos desertos,
Ao cervo a amena selva,
Ao flamingo os paus, ao tigre o antro,
No prado ao touro a relva?
Não mandou Ele ao mundo, em luto e trevas,
Consolação e luz?
Acaso em vão algum desventurado
Curvou-se aos pés da Cruz?
A quem não ouve Deus? Somente ao ímpio
No dia da aflição,
Quando pesa sobre ele, por seus crimes.
Do crime a punição.
Homem, ente imortal,
que és tu perante
A face do Senhor?
És a junça do brejo, harpa quebrada
Nas mãos do trovador!
Olha o velho pinheiro, campeando
Entre as neves alpinas:
Quem irá derribar o rei dos bosques
Do trono das colinas?
Ninguém! Mas ai do abeto, se o seu dia
Extremo Deus mandou!
Lá correu o aquilão: fundas raízes
Aos ares lhe assoprou.
Soberbo, sem temor, saiu na margem
Do caudaloso Nilo,
O corpo monstruoso ao Sol voltando,
Medonho crocodilo.
De seus dentes em roda o susto habita:
Vê-se a morte assentada
Dentro em sua garganta, se descerra
A boca afogueada:
Qual duro arnês de intrépido guerreiro
É seu dorso escamoso;
Como os últimos ais de um moribundo
Seu grito lamentoso:
Fumo e fogo respira quando irado;
Porém, se Deus mandou,
Qual do norte impelida a nuvem passa,
Assim ele passou!
Teu nome ousei
cantar! Perdoa, ó Nume;
Perdoa ao teu cantor!
Dignos de ti não são meus frouxos hinos,
Mas são hinos de amor.
Embora vis hipócritas te pintem
Qual bárbaro tirano:
Mentem, por dominar com férreo cetro
O vulgo cego e insano.
Quem os crê é um ímpio! Recear-te
É maldizer-te, ó Deus;
É o trono dos déspotas da Terra
Ir colocar nos Céus.
Eu, por mim, passarei entre os abrolhos
Dos males da existência
Tranqüilo, e sem temor, à sombra posto
Da Tua Providência.
|
Quanto
mais conheço os homens, mais estimo os animais.
Há
épocas de tal corrupção que, durante elas, talvez só
o excesso do fanatismo possa, no meio da imoralidade triunfante, servir
de escudo à nobreza e à dignidade das almas rijamente temperadas.
A
providência tempera as coisas deste mundo de modo que se podem simbolizar
todas as felicidades dele numa ameixa saragoçana.3
Doçura, suco, beleza externa, sim senhor; tudo quanto
quiserem. Mas, no fim de contas, travo e mais travo ao pé do caroço.
O
gozo é sempre o desengano das fascinações do desejo.
Nunca
vereis viúva que muito chore a falta do marido que não case
cedo.
Para
secar as lágrimas de uma viúva jovem não há
como as mãos do amor.
Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?
És tu, meu
anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?
Oh, sim!, és
tu, que na infantil idade,
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d'ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao por do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!
|
A
hipocrisia, suprema perversão moral, é o charco podre e dormente
que impregna a atmosfera de miasmas mortíferos e que salteia o homem
no meio de paisagens ridentes. É o réptil que se arrasta por
entre as flores e morde a vítima descuidada.
O
gênero humano assemelha-se a uma pirâmide cujo vértice
– um homem, o primeiro homem –
se esconde nas alturas
quase inacessíveis de sessenta séculos sobrepostos uns aos
outros, e cuja base, de miríades de indivíduos, pousa no abismo
incomensurável de um futuro desconhecido.
Das
definições possíveis do homem, uma só é
verdadeira: o homem é o animal que disputa.
É
o progresso das idéias que traz as reformas, e não o progresso
dos males públicos quem as torna inevitáveis.
A
indiferença silenciosa – grave, quase benévola –
é a manifestação
legítima da morte de toda a crença.
No
amor, a ingratidão é filha primogênita da abnegação
e da fraqueza.
Que
fora a vida, se nela não houvesse lágrimas? Os desgraçados,
na sua miséria, conservam sempre olhos que saibam chorar. A dor mais
tremenda do espírito quebrantam-na as lágrimas.
Haverá
paz no túmulo? Deus sabe o destino de cada homem. Para o que aí
repousa sei eu que há na Terra o esquecimento.
Examina a consciência e diz-me
qual é, para os corações puros e nobres, o motivo imenso,
irresistível das ambições, do poder, da abastança,
do renome? É uma só mulher: é este o termo final de
todos os nossos sonhos, de todas as nossas esperanças, de todos os
nossos desejos.
Que
somos nós hoje? Uma nação que tende a se regenerar.
Diremos mais: que se regenera. Regenera-se porque se repreende a si própria;
porque se revolve no lodaçal onde dormia tranqüila; porque se
irrita da sua decadência, e já não sorri sem vergonha
ao insultar de estranhos; porque principia, enfim, a reconhecer que o trabalho
não desonra, e vai esquecendo as visagens senhoris de fidalga. Deixai
passar estas paixões pequenas e más que combatem na arena
política, deixai flutuar à luz do Sol na superfície
da sociedade estes corações cancerosos que aí vedes;
deixai erguerem-se, tombar, despedaçarem-se estas vagas encontradas
e confusas das opiniões! Tudo isto acontece quando se agita o oceano;
e o mar do povo se agita debaixo da sua superfície. O sargaço
imundo, a escuma fétida e turva hão-de desparecer. Um dia
o oceano popular será grandioso, puro e sereno como saiu das mãos
de Deus. A tempestade é a precursora da bonança. O lago asfaltite,
o Mar Morto, este é que não tem procelas. O nosso estrebuchar,
muitas vezes colérico, muitas mais mentecapto e ridículo,
prova que a Europa se enganava quando cria que esta nobre terra do último
ocidente era o cemitério de uma nação cadáver.
Vivemos! E ainda que semelhante viver seja o delírio febril de moribundo,
esta situação violenta, aos olhos dos que sabem ver, é
uma crise de salvação, posto que dolorosa, e lenta. Confiemos
e esperemos: o nome português não foi riscado do livro dos
eternos destinos.
Tão
ilegítimo acho o direito divino da soberania régia, como o
direito divino da soberania popular. A soberania não é direito:
é fato – fato impreterível para a realização
da lei psicológica, e até fisiológica, da sociabilidade,
mas, em rigor, negação, por restrição, nos seus
efeitos, do direito absoluto, e cujas condições são,
portanto, determinadas só por motivos de conveniência prática
e dentro dos limites precisos da necessidade. Fora disto, toda a soberania
é ilegítima e monstruosa. Que a tirania de dez milhões
se exerça sobre o indivíduo, que a de um indivíduo
se exerça sobre dez milhões, é sempre tirania, é
sempre uma coisa abominável.
A
Democracia é uma forma de Governo que parece estar destinada a converter
o homem em molécula. Minha inteligência se amotina contra
a conversão do homem em molécula.
Conversão
do homem em molécula
(Isto
até parece filme do Almodóvar!)
Nas
democracias, a igualdade fabrica-se, mergulhando-se as cabeças que
se elevam e flutuam acima das vagas populares na torrente das vontades irreflexivas
e inconscientes que se precipitam para o imprevisto, só porque as
paixões as arrastam. E este mergulhar é eterno, porque a realidade,
a verdade natural, protesta eternamente contra ele.
Na
arte de governar, os despropósitos são às vezes piores
do que os atentados.
É tão suave ess'hora,
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,
O trovador medita
Em sonhos enteado!
O mar azul se encrespa
Coa vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus.
Mas despregou seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
Turba-se o vasto oceano.
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor.
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Era blasfema idéia,
Que triunfava enfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:
«Cantor, esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frêmito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso,
Tipo da vida do homem,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,
Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar:
No Deus, que é pai, confia,
Do raio ao cintilar.
Ele o mandou: a causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!»
Oh, sim, torva blasfêmia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;
Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
|
...
os levavam à pia batismal sem crerem no batismo!
Em
certa esfera e até certo ponto, a reação geral tem
representantes entre nós. Cumpre combatê-la, não para
convencer aqueles que sempre amaram o passado e nunca negociaram com as
suas crenças, porque esses respeitamo-los, mas para forticar na fé
liberal os tíbios do próprio campo e premuni-los contra as
ciladas dos trânsfugas. Este intuito não é só
nosso; é de todos os homens leais, de todos os amigos sinceros de
uma justa liberdade.
Na
maioria das sociedades atuais, falta, geralmente, aos homens públicos
o valor não só para ousar o bem, mas, até, para praticar
francamente o mal. Deste fato psicológico, que assinala as épocas
de profunda decadência moral, deriva principalmente a hipocrisia:
a hipocrisia, que é a anemia da alma. A altivez insolente do poder
que se coloca acima do decente e do legítimo e que ri das invectivas
da opinião indignada, como de um clamor sem sentido.
A
vitória do Cristianismo é infalível: ele repousa em
provas históricas de indubitável autoridade, porque, além
da sua clareza e força, não contradizem a razão nem
a consciência.
Até
nossa época, a ciência foi exclusivamente a ciência dos
fatos especiais e do individualismo. Hoje, a sua tendência é
esquecer os indivíduos para contemplar as sociedades, na sua vida
composta de milhões de vidas. E ainda nós, caminheiros do
progresso, fazemos só metade da peregrinação, antes
de nos irmos a repousar na terra: a história das sociedades não
é mais do que a passagem para a verdadeira história –
a do gênero humano.
Creio
que Deus é Deus e os homens livres!
O
povo tinha a liberdade e quis a licença; tinha a justiça e
quis a iniqüidade: o povo perecerá.
Para as turbas, o cheiro de sangue
é perfume suave; o roubo, gloriosa conquista.
A plebe desenfreada é como
o fantasma do crime, como o espectro da morte, como o grito do extermínio.
Não leio jornais políticos
por duas razões; primeira por falta de tempo, segunda porque não
me importa o que vai pelo mundo social. Cheguei a obter a triste tranqüilidade
do incrédulo político. Apesar, porém, disto sei, porque
me afirmam várias pessoas, que não têm faltado injúrias
à ilustração, e creio que até ameaças
a alguns dos sujeitos que aí escrevem, em cujo número tenho
a honra de contar.
Faz
o favor de me dizer onde é a diocese do Estado, qual é a sua
freguesia? O Estado não se batiza, não ouve missa, não
se confessa, não vai depois da morte (os Estados também morrem)
para o céu ou para o inferno. Em tal sentido, a expressão
religião do Estado seria um despropósito. Se, porém,
aquelas palavras significassem que a constituição do reino
não consentia que nenhum súdito português deixasse de
ser católico, o artigo 6.° da Carta restabeleceria a inquisição;
inquisição sem a polé e o potro; inquisição
civilizada, culta, perfumada, substituindo o trato moral ao trato físico;
mas inquisição na sua índole e efeitos, porque a inquisição
nada mais é do que a intolerância organizada e regularizada.
Quando
eu tinha 25 anos cultivava flores e fazia versos; depois dos 35 anos fabrico
manteiga e faço prosa. Passados os 50, provavelmente, não
farei nem uma coisa nem outra. Serei talvez um avaro ou um caturra.
Quisera
eu que o Sr. Antero de Quental conhecesse melhor a doutrina e a tradição
verdadeiramente católicas, porque havia de ser menos injusto com
o Catolicismo, embora não fosse menos severo, ou, talvez, o fosse
ainda mais, com os padres.
Mas
quando se ergue um muro intransitável
Entre nós e a ventura; quando ao longe
Pelos campos da vida tudo é pálido,
E perece a esperança, então a mente
Recua com horror, e dando em terra,
Maldiz-se a si e a Providência e o mundo.
Enfim,
a glória prostitui-se à traição: a nacionalidade
é levada ao mercado das ambições de estrangeiros. Um
homem ilustre cospe na face da pátria, expira contando os sacos de
ouro que lhe valeu sua perfídia, e a nação se dissolve
como um cadáver gangrenado.
O
princípio da autoridade, considerado como critério único
e exclusivo da verdade, é não menos falso que o da razão,
da consciência ou de qualquer outro, tomado do mesmo modo exclusivamente.
A
memória é um instante de repouso e saudade do clarão
enorme que recebemos.
O
conceito de unidade reside na nossa alma.
A
justiça pede que digamos que uma grande parte dos preceitos dos antigos
foi deduzida do princípio da unidade, desse princípio que
reside em nossa alma e que, enquanto existirmos sobre a Terra, representa
para nós o absoluto, ao qual nos faz constantemente tender à
consciência da imortalidade.
O belo das imagens, o belo chamado
físico, não existe nos objetos porque a unidade e a necessidade
da sua existência seriam destruídas; mas sem estas duas condições
o espírito não o admite. É, pois, em nós, no
mundo das idéias, que o devemos buscar.
É
na alma do homem que reside o princípio vivificante das artes.
Todas
as perfeições aplicadas à pintura não podem
subsistir senão em idéia.
A
verdade perfeita é composta pela verdade simples
e pela verdade ideal, sendo a única que faz o complemento da arte
e a perfeita imitação da bela Natureza.
A
biografia das famílias ou dos indivíduos nunca pode caracterizar
qualquer época; antes, pelo contrário, a história dos
costumes, das instituições e das idéias é que
há-de caracterizar os indivíduos, ainda quando quisermos estudar
exclusivamente a vida destes, em vez de estudar a vida do grande indivíduo
moral, chamado povo ou nação.
Busquemos
a história da sociedade e deixemos por um pouco a dos indivíduos.
A
história dos sucessos políticos, que não é senão
o resumo das dependências do gênero humano, quer se refira à
vida interna, quer à vida externa das nações, cifra-se
em descrever fenômenos mais ou menos notáveis desta luta interminável.
À conquista empreendida ou realizada pelo mais forte corresponde
a resistência ou a reação do mais fraco; ao despotismo
de um as conjurações de muitos; à opressão oligárquica
a revolução democrática. Nenhum, porém, destes
fatos traz uma situação definitiva. Na conclusão da
peleja em que um dos princípios triunfa absolutamente começa
a preparar-se a vitória do princípio adverso. Deste modo a
história encerra um protesto perene da liberdade contra a desigualdade,
digamos assim, ativa, e ao mesmo tempo atestamos que todos os esforços
para a substituir por uma igualdade absoluta têm sido inúteis,
e que estes esforços ou degeneraram na tirania popular, no abuso
da desigualdade numérica, ou fortificam ainda mais o despotismo de
um só ou o predomínio tirânico das oligarquias da inteligência,
da audácia e da riqueza.
A
revolução literária que a geração atual
inventou e concluiu não foi instinto; foi resultado de largas e profundas
cogitações. Veio com as revoluções sociais,
e explica-se pelo mesmo pausamento destas.
Quem
pode duvidar de que a classe média, ensaiando as forças adquiridas
lentamente, invade todo o gênero de domínio, e, estendendo
uma das mãos para as terras de menagem e a outra para as choupanas
colmadas, diz ao nobre que desça, ao humilde que se alevante? Quem
lhe disputa hoje a palma da inteligência, da propriedade e da indústria?
A idéia de liberdade civil e política, idéia progressiva
e de transformação, é representada por esta classe
que, por isto, é forte e dominadora, e para ela e por ela se traçam
e aperfeiçoam instituições e leis.
O feudalismo4
foi um meio de progresso, um elemento de ordem, e, por conseqüência,
um bem, enquanto a civilização precisou dele.
Deve-se buscar na história
do passado uma doutrina para o presente.
Coligir
os fatos que constituíram o desenvolvimento e a vida coletiva dos
povos é o mister principal da história, porque ordenados e
expostos a convertem em uma ciência útil pela sua aplicação
às graves questões que abalam os fundamentos das sociedades
modernas.
Não
é lícito ofender impunemente.
Durante
os doze primeiros séculos da Igreja, foi aos bispos que exclusivamente
incumbiu vigiar pela pureza das doutrinas religiosas dos fiéis. Era
isto para eles, ao mesmo tempo, um dever e um direito que resultavam da
índole do seu ministério: ninguém podia, portanto,
intervir nesta parte tão grave do ofício pastoral, sem ofender
a autoridade do episcopado. Esta era a doutrina e a praxe dos bons tempos
da Igreja. Um tribunal especial e estranho à hierarquia eclesiástica,
incumbido de examinar os erros de crença que a ignorância ou
a maldade introduziam; um tribunal que não fosse o do pastor da diocese,
encarregado de descobrir e condenar as heresias, seria, nos séculos
primitivos, uma instituição intolerável e moralmente
impossível. E, todavia, este tribunal, se em alguma parte houvera
então existido, não teria sido na essência senão
aquela instituição terrível que, ajuntando ao monstruoso
da origem e natureza a demência das suas manifestações
e a atrocidade das suas fórmulas, surgiu no seio do Catolicismo durante
o século XIII, e que veio com o nome de Inquisição
ou Santo Ofício, a cobrir de terror, de sangue e de luto quase todos
os países da Europa meridional e, ainda, transpondo os mares, a oprimir
extensas províncias da América e do Oriente.
A reação, como sucede
em todas as reações, ultrapassa, não raro, os limites
do justo.
Com
Kant, o Universo é uma dúvida.
O
Socialismo vê no indivíduo a coisa da sociedade; o liberal
vê na sociedade a coisa do indivíduo.
As
idéias democrático-republicanas tendem, pela sua índole,
a apoucar o indivíduo e a engrandecer a sociedade.
A
liberdade humana é uma verdade de consciência com Deus.
Os
acontecimentos posteriores provaram, todavia, mais uma vez, quanto podem
falhar todas as previsões humanas.
Quando
as mãos que retinham o cetro eram frouxas ou inabilmente violentas,
as perturbações tornavam-se não só possíveis,
mas, até, fáceis.
No meio de uma nação
decadente, mas rica de tradições, o mister de recordar o passado
é uma espécie de magistratura moral, é uma espécie
de sacerdócio. Exercitem-no os que podem e sabem; porque não
o fazer é um crime.
Quanto
mais a reação abusar da vitória, mais depressa lhe
chegará o dia do último desengano, e os povos, amestrados
por experiência tremenda, cortarão, enfim, a última
artéria que ainda faz bater o coração da tirania desesperada
e moribunda.
A
reação moral, que vai acompanhando a reação
material, deve merecer mais sérios cuidados aos amigos sinceros e
prudentes da civilização e da liberdade.
A hipocrisia, que, depois de minar
debaixo da terra durante anos, surge, enfim, à luz do Sol e, balouçando
o turíbulo, incensa todos os que abusam da força, declarando-os
salvadores da religião, como se a religião precisasse ser
salva ou coubesse no poder humano destruí-la.
O vulgacho espera de cima a realização
dos seus ódios contra a classe média, a satisfação
à sua inveja; os velhos interesses pensam numa indenização
impossível; os hipócritas querem aproveitar o ensejo de granjear
as multidões para o fanatismo e, com tal intuito, recorrem a um meio,
infalível em todos os tempos, para se obter esse fim, o inculcarem-lhes
de preferência o que na superstição há de afirmações
mais incríveis. Os milagres absurdos renascem, multiplicam-se em
frente dos recrutamentos: o convento e a casa professa já disputam
ao quartel a geração nova. O cercilho5
e o bigode jogam o futuro sobre o tambor posto em cima da ara. O praguejar
soldadesco cruza-se com a antífona do breviário. A água
benta, aspergida do hissope episcopal, vai diluir no chão o sangue
coalhado dos espingardeamentos, e o sacerdote crê ter afogado o clamor
daquele sangue que se embebe na terra, porque entoou hosanas sacrílegos
ao triunfar dos algozes, no momento em que as vítimas caíam
mártires da sua fé na civilização e na liberdade.
O temor, como sempre, raciocina mal.
Se
fosse possível voltar atrás para nos curvarmos à tirania,
voltaríamos igualmente atrás para, depois, reagir contra ela
e repetir inutilmente experiências já feitas. O remédio
contra as idéias exageradas de cabeças ardentes ou levianas
ou contra os desígnios dos hipócritas da liberdade não
está em reações moralmente impossíveis.
Assim
como o mau chefe de família é um indivíduo desonrado,
o que despreza as funções públicas que lhe incumbe
exercer para a manutenção da liberdade igualmente se desonra.
Debaixo
dos pés de cada geração que passa na Terra dormem as
cinzas de muitas gerações que a precederam.
Um
dia, em que atravessava da Lisboa árabe para a Lisboa romana, da
Alfama para o Castelo, não sei como passei pelo sítio onde
existiu o Convento dos Bons Homens de Vilar ou Cônegos dos Evangelistas,
e parei a examiná-lo. O meu exame foi demorado e consciencioso, como
se costuma dizer nos dois lugares onde raro entra a consciência –
nas câmaras legislativas e na imprensa política.
Era
uma destas noites vagarosas do inverno em que o brilho do céu sem
Lua é vivo e trêmulo; em que o gemer das selvas é profundo
e longo; em que a soledade das praias e ribas fragosas do oceano é
absoluta e tétrica. Era a hora em que o homem está recolhido
nas suas mesquinhas moradas; em que, pelos cemitérios, o orvalho
se pendura do topo das cruzes e, sozinho, goteja das bordas das campas,
em que só ele chora os mortos. As larvas da imaginação
e o gear noturno afastam o campo santo, a saudade da viúva e do órfão,
a desesperação da amante, o coração despedaçado
do amigo. Para se consolarem, as infelizes dormiam tranqüilas nos seus
leitos macios, enquanto os vermes iam roendo esses cadáveres amarrados
pelos grilhões da morte. Hipócritas dos afetos humanos, o
sono enxugou-lhes as lágrimas! Era, pois, numa destas noites como
a que desceu do céu depois do desbarato dos hunos; era numa destas
noites em que a Terra, envolta no seu manto de escuridade, se povoa de terrores
incertos, em que o sussurro do pinhal é como um coro de finados,
o despenho da torrente como um ameaçar de assassino, o grito da ave
noturna como uma blasfêmia do que não crê em Deus. Nessa
noite fria e úmida, arrastado por agonia íntima, vagava eu
às horas mortas pelos alcantis escalvados das ribas do mar, e enxergava
ao longe o vulto negro das águas balouçando-se no abismo que
o Senhor lhe deu para perpétua morada. Por cima da minha cabeça
passava o norte agudo. Eu amo o sopro do vento, como o rugido do mar porque
o vento e o oceano são as duas únicas expressões sublimes
do Verbo de Deus, escritas na face da Terra quando ainda ela se chamava
caos. Depois é que surgiu o homem e a podridão, a árvore
e o verme, a bonina e o emurchecer. O mundo atual nunca poderá entender
plenamente o afeto que, vibrando-me dolorosamente as fibras do coração,
me arrastava para as solidões marinhas do promontório, quando
os outros homens nos povoados se apinhavam à roda do lar aceso e
falavam das suas mágoas infantis e dos seus contentamentos de um
instante. E o que me importa para mim isto? Virão um dia a esta nobre
terra de Espanha gerações que compreendam a palavra do presbítero.
Arrastava-me para o ermo um sentimento íntimo, o sentimento de haver
acordado, vivo ainda, deste sonho febril chamado vida, e que hoje ninguém
acorda, senão depois de morrer. Dar às palavras – virtude,
amor e glória – uma significação profunda e,
depois de haver buscado por anos a realidade delas neste mundo, só
encontrar aí hipocrisia, egoísmo e infâmia. Perceber,
à custa de amarguras, que o existir é padecer o pensar; descrer,
o experimentar; desenganar-se e esperança nas coisas da Terra uma
cruel mentira de nossos desejos, um fumo tênue que ondeia em horizonte
aquém do qual está assentada a sepultura. Depois disto, nos
abismos da sua alma só há para mandar aos lábios um
sorriso de desprezo em resposta às palavras mentidas dos que o cercam
ou uma voz de maldição desabridamente sincera para julgar
as ações dos homens. É, então, que para ele
há unicamente uma vida real – a íntima; unicamente uma
linguagem inteligível – a do bramido do mar e do rugido dos
ventos; unicamente uma convivência não travada de perfídia
– a da solidão. Tal era eu quando me assentei sobre as fragas;
e minha alma via passar diante de si esta geração vaidosa
e má que se crê grande e forte, porque sem horror derrama em
lutas civis o sangue de seus irmãos. E o meu espírito atirava-se
para as trevas do passado. E o sopro rijo do norte afagava-me a fronte requeimada
pela amargura, e a memória consolava-me das dissoluções
presentes com a aspiração suave do formoso e energético
viver de outrora. E o meu meditar era profundo, como o céu, que se
arqueia imóvel sobre nossas cabeças; como o oceano, que, firmando-se
em pé no seu leito insondável, braceja pelas baías
e enseadas, tentando esboroar e desfazer os continentes. E eu pude, enfim,
chorar!
Hoje,
a justiça assentou-se no lugar da eqüidade: o juiz vende a consciência
no mercado dos poderosos.
Eu,
por minha parte, fraco argumentador, só tenho pensado no celibato
à luz do sentimento e sob a influência da impressão
singular que desde verdes anos fez em mim a idéia da irremediável
solidão da alma a que a Igreja condenou os seus ministros, espécie
de amputação espiritual, em que para o sacerdote morre a esperança
de completar a sua existência na Terra.
Por que não seria a mulher
o intermédio entre o céu e a Terra?
Lá,
no tumulto dos cortesãos, onde o amor é cálculo ou
sentimento grosseiro, terás achado quem te chame sua, quem te aperte
entre os braços, quem tivesse para dar a teu pai o preço do
teu corpo e te comprasse como alfaia preciosa para serviço doméstico?
O velho estará contente porque trocou sua filha por ouro?
A
isto chama prudência o mundo estúpido e ambicioso; a isto,
que não é mais do que uma prostituição abençoada
sacrilegamente perante as aras sacrossantas.
...
tu não és para mim mais do que... um consolo e ao mesmo tempo
um martírio.
Nunca
sua mão benéfica deixou de se estender para o lugar onde a
aflição se assentava.
Imaginações desregradas:
não é para o mundo entendê-las.
Por
que te havia eu de amar, ó Sol, se tu és o inimigo do imaginar;
se tu nos chamas à realidade e a realidade é tão triste?
Sempre
ela! Sempre esta visão de remorso!
Bem
longo e atroz tem sido meu martírio, porque ainda não achei
no mundo alma com quem me fosse dado repartir o cálix do infortúnio.
E meu espírito se atirava
para as trevas do passado!
...
recordando-se dos tempos em que era feliz porque tinha esperança,
escrevia com lágrimas os hinos de amor e saudade.
Dantes,
o sacerdote era o anjo da Terra!
Dantes,
o juiz era o pai do oprimido, o tribunal, o obrigo do inocente, a justiça,
o nervo do império gótico.
O presente que vive e passa e sorri
é horrendo e maldito.
Dez
anos! Sabes tu, Hermengarda, o que é passar dez anos amarrado ao
próprio cadáver?
Eu
o cria um anjo de virtude e esforço, mas ele era apenas um homem.
Dorme
debaixo de uma lousa o sono da eternidade.
Nos
explicas um mistério por outro mistério?
Se
mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-los.
Temos
pugnado por todas as liberdades e por todas as garantias. A liberdade ampla
de discussão é a liberdade mais preciosa e a garantia suprema
porque é a salvaguarda de todas as garantias e de todas as liberdades.
Que
o país seja governado pelo país. Como realidade deste princípio,
temos pugnado pela verdade do sistema parlamentar. Só nele, sinceramente
respeitado, pode estar a nossa marcha segura no caminho do progresso.
Queremos
um Governo representativo que proporcione à razão os meios
de se produzir e manifestar pela discussão, de ser consagrado pela
eleição e de reduzir constantemente o poder de fato à
soberania de direito, pelo processo das fórmulas constitucionais.
Por isto, afirmando a harmonia da utilidade social com a justiça
absoluta, derivamos aquela desta, e não acreditamos que nos possam
vir bens reais e duradouros da quebra dos princípios nem que da injustiça
se possa seguir o progresso, nem que os fins devam santificar os meios,
nem nenhuma das máximas atéias e desmoralizadoras que o ceticismo6
tem tantas vezes pretendido introduzir no mundo político.
Detestamos
todas as tiranias, seja qual for o nome com que se disfarcem, seja a tirania
dos reis contra os povos, dos privilegiados contra a prole, da capital contra
as províncias, de uma facção contra o país ou
de uma oligarquia de especuladores políticos contra a totalidade
dos cidadãos. Detestamos qualquer exageração centralizadora,
cujo resultado é a negação viva do progresso, porque
em vez de conduzir os povos ao melhoramento sucessivo, não faz senão
arremessá-los às cegas entre a anarquia e o despotismo.
______
Notas:
1.
Tauromaquia = arte
de tourear; de correr touros.
2. Não sei se
a
alma vulgar e rude que crê pode
ser feliz. Como alguém poderá ser feliz em meio à ignorância?
3. Saragoçano
= relativo a Saragoça, Espanha.
4. Como o feudalismo
– organização social e política baseada em relações
servo-contratuais – pode ter sido um bem? Só terá sido
um bem se considerarmos que, na história da evolução
da Humanidade, mesmo o que não é bom trabalha para o bem.
Ora, não esqueçamos de que quando os servos iam para o manso
senhorial (terras de domínio do senhor feudal, como o moinho e o
castelo), atravessando a ponte, tinham que pagar um pedágio, exceto
quando para lá se dirigiam a fim de cuidar das terras do senhor feudal.
Naquela época, nada era grátis; tudo era pedagiado,
taxado e pagado. Acho que grátis mesmo só o ar que se respirava.
5. Tonsura.
6. O Ceticismo é
uma doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir
nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento
intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por
inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa
ou absoluta do real.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.a77.com.br/desenhos/
desenho_colorir_homem_7.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo
http://www.angelfire.com/pq/unica/
monumenta_1853_alexandre_herculano.htm
http://www.allthelikes.com/quotes.php?
quoteId=5620355&app=139346369444541
http://cesel.multiply.com/reviews/item/38?&
show_interstitial=1&u=%2Freviews%2Fitem
http://estudarabrincar-missmonteiro.blogspot.com/
http://uncertaindoubts.wordpress.com/
tag/alexandre-herculano/
http://www.tumblr.com/tagged/alexandre+herculano
http://pt.wikisource.org/wiki/O_Bobo
http://www.ebooksbrasil.org/
eLibris/inquisicao.html#11
http://piquiri.blogspot.com/2009/
05/o-homem-e-o-bosque.html
http://proudhoniana.blogspot.com/2007/02/
historiografia-crtica-e-ideologia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manso_senhorial
http://pt.wikipedia.org/wiki/Feudalismo
http://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt/
tag/alexandre+herculano
http://repositorio.ul.pt/
http://www.bilibio.com.br/frases/
tags/537/alexandre-herculano.html
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/
Monumentos/Pages/Mosteiro_Jeronimos_Hist1.aspx
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/eneas-
canhadas/autoridade-e-autoritarismo.html#_ednref1
http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/garrafa/garrafa
20/carloseduardodacruz_doexilioaoexilio.pdf
http://www.ecsbdefesa.com.br/
defesa/fts/HERCULANO.pdf
http://comunidade.sol.pt/blogs/arneiro/archive/2010/03/09
/Pensadores-_2D00_-ALEXANDRE-HERCULANO.aspx
http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI32758
,51045-Impede-nos+de+ser?+Impede-nos+de+sermos?
http://casadospoetas.blogs.
sapo.pt/34009.html
http://www.biblio.com.br/
http://pensador.uol.com.br/
autor/alexandre_herculano/
http://www.citador.pt/textos/
a/alexandre-herculano
http://www.citador.pt/frases/citacoes/
a/alexandre-herculano/30
http://www.citador.pt/frases/citacoes/
a/alexandre-herculano/20
http://www.citador.pt/frases/citacoes/
a/alexandre-herculano/10
http://www.citador.pt/frases/citacoes/
a/alexandre-herculano
http://pt.wikiquote.org/wiki/
Alexandre_Herculano
Música
de fundo:
Lisboa Não Sejas
Francesa
Composição: José Galhardo e Raul Ferrão
Interpretação: Amália Rodrigues
Fonte:
http://beemp3.com/
Direitos
autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo)
neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a
quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las,
se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar
que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei
do ar imediatamente.