Aletheia

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Pragmata ‹—› Chremata

 

 

 

nquanto predominar pragmata,1

enquanto preponderar chremata,2

não poderemos conhecer3 Aletheia.4

 

 

e prevalecerem as contraposições

não poderemos conhecer Aletheia.

 

 

Enquanto só olharmos os retratos

e ficarmos tomados pelos fatos

não poderemos conhecer Aletheia.

 

 

Se só vivermos em estado de hipnose5

sem participar da Sagrada Gnose,

jamais poderemos possuir Aletheia.

 

 

Mas, não pode haver desvelamento

total, absoluto, porque o velamento –

a não-aletheia – é parte da Aletheia.

 

 

Só em Silêncio – em nosso Coração –

poderemos ultrapassar a contradição

e a ambigüidade objetiva da aletheia.6

 

 

Navigare necesse; vivere non necesse.7

Deambulare8 non necesse; Laborare necesse.9

Só assim nos aproximaremos da Aletheia.

 

 

 

Navegar ‹—› Laborar

 

 

 

______

Notas:

1. Pragmata = os negócios humanos; aquilo com o que se lida; os retratos das coisas.

2. Chremata = as coisas de e em uso.

3. Conhecer no sentido de um conhecimento sempre relativo, limitado; mas progressivamente de forma mais harmoniosa e mais concertada, a depender de...

4. Aletheia = o desesquecimento relativo e progressivo; o não-velamento relativo e progressivo; o desencobrimento relativo e progressivo; a revelação relativa e progressiva; a verdade relativa e progressiva como resultado de uma interpretação mais harmoniosa e mais concertada da Verdade inalcançável. Para os Filósofos gregos, particularmente os platônicos e os neoplatônicos, Aletheia designava, simultaneamente, Verdade Universal e Atualidade Cósmica. Nos anos 1930, o filósofo alemão Martin Heidegger (1889 – 1976) retomou o termo para definir a tentativa de compreensão da verdade. Realizou uma análise etimológica do termo a-letheia, atribuindo-lhe a significação de desvelamento. Portanto, para Heidegger, Aletheia é distinta do conceito comum de verdade esta considerada como um estado descritivo objetivo. Seja como for, para nós, seres-no-mundo, mortais, mas imortais em potência, como afirmou Laura Goulart Fonseca em sua tese de doutorado Nos Labirintos da Memória: a Poética de Autran Dourado em Os Sinos da Agonia e Ópera dos Mortos, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura (Teoria Literária) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aletheia é a physis em seu permanente e ambíguo movimento de velamento e desvelamento... pois se oculta e se revela, muda e permanece. Aletheia, em última instância, é a [des]conhecida Verdade, sempre-sendo e não-sendo, não-sendo e sempre-sendo.

 

 

5. Por exemplo, escarrapachados no sofá engolindo hipnotizados o que a mídia televisiva quer que engulamos.

6. aletheia —› reflexo (muitas vezes distorcido) da Aletheia.

7. Navegar é preciso; viver não é preciso. (Navegar é Preciso, Fernando Pessoa). Navigare necesse. [Divisa] Navegar é preciso. Navigare necesse; vivere non necesse. [Plutarco, Vida de Pompeu 50.2/Rezende 3765]. Navegar é preciso; viver não é preciso. (O general romano Pompeu tentava convencer seus soldados a embarcarem em mar proceloso levando trigo a Roma, então ameaçada por fome iminente).

8. Deambular no sentido de acreditar em mirabolâncias, de viver a trouxe-mouxe e de saçaricar à-toa. Vaguear fantasiando sem rumo certo, ao acaso, meio que esquizofrenicamente como bosta n'água, sem projetos precisos, fundamentados, genuínos e incontestados.

 

O Bosta N'água

 

9. Deambular não é preciso; laborar é preciso. Ora, lege, lege, relege, labora et invenies! Ora, lê, lê, relê, labora e encontrarás!

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.hkocher.info/minha_pagina/
dicionario/n01.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Al%C3%A9theia

http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/trabalhos
/2007/lauragoulart_noslabirintos.pdf

http://bdtd.unisinos.br/tde_busca/
arquivo.php?codArquivo=84

http://www.faculdadejesuita.edu.br/

http://www.esdc.com.br/
CSF/artigo_verdade.htm

http://www.arscientia.com.br/
materia/ver_materia.php?id_materia=310

http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br
/index.php/tp/article/viewFile/11/2

http://www.igeo.ufrj.br/fronteiras/tecnica/
modules/AMS/article.php?storyid=41

 

Música de fundo:

Endless Love
Compositores: Jonathan Tunick & Lionel Richie

 

Fonte:

http://www.i-love-piano.com/p-midis.html