Há
coisas piores do que faltar um olho, um ouvido ou uma perna ou não
ter uma língua, um nariz ou uma cabeça. São os aleijados
às avessas.
[In: Also Sprach
Zarathustra: Ein Buch für Alle und Keinen (Assim Falou
Zaratustra: um Livro Para Todos e Para Ninguém), escrito por
Friedrich Wilhelm Nietzsche.]
Aleijado
Às Avessas
O
ranger de dentes é a mais solitária aflição
da vontade. O desejo do tempo é a mais solitária aflição
da vontade. Chama-se “o que foi” a pedra que a vontade não
pode remover. Não é permitido querer para trás! [Ibidem.]
—
O que está feito está feito;
não podemos mudar.
Todavia, o que não está feito
nós poderemos edificar.
—
Tudo depende apenas de nós;
se
quisermos, faremos.
Poderá,
até, haver um catrapós,
mas,
nós realizaremos.
Aqui,
por ventura, não houve catrapós!
A
existência será, uma vez e outra, eternamente, ação
e dívida [compensação],
a não ser que a vontade acabe por se libertar a si mesma
[fiat
voluntas mea —› Fiat
Voluntas Tua] e que o querer se transforme
em não-querer. Ou seja: que a vontade [fiat
voluntas mea] se livre da sua própria
loucura, que se esqueça da vingança e de todo o ranger de
dentes e se torne redentora e mensageira de Alegria. Enfim, aquele que não
quiser morrer de sede entre os seres-humanos-aí-no-mundo deverá
aprender a beber em todos os vasos, e o que quiser permanecer puro entre
os seres-humanos-aí-no-mundo deverá aprender a se lavar em
água suja. Precisamos aprender a responder esta pergunta: Quem sou
eu? Não em um longínquo futuro, mas, já. [Ibidem.]
—
Quem
sou eu?
—
Aleijado do Coração,
eu
odiava e maltratava.
Aleijado
da língua,
eu
mentia e perjurava.
Aleijado
das orelhas,
eu
ouvia e acreditava.
Aleijado
dos olhos,
eu
via, mas, não enxergava.
Aleijado
das mãos,
eu
tinha, mas, não dava.
Aleijado
da panturra,
eu
comia, mas, não oferecia.
Aleijado
da sílica-gel,
eu
bebia, mas, desidratava.
Aleijado
das pernas,
eu
ia, mas, não chegava.
Aleijado
dos braços,
eu
nadava, mas, só afundava.
Aleijado
da razão,
eu
só coisava e hipotetizava.
Aleijado
da moral,
eu
só me desacreditava.
Aleijado
da misericórdia,
eu
só separava e criticava.
Aleijado
da tolerância,
eu
só homofobiava e xenofobiava.
Aleijado
da generosidade,
eu
só acorrentava e escravizava.
Aleijado
do desprendimento,
eu
só em mim pensava.
Aleijado
da coragem,
eu
de tudo me encagaçava.
Aleijado
da liberdade,
eu
vivia engaiolado.
Aleijado
do livre-arbítrio,
eu
vivia condicionado.
Aleijado
da consciência,
eu
só em maldade pensava.
Aleijado
da memória,
Aleijado
da força interior,
eu
dormia e não despertava.
Aleijado
da personalidade-alma,
eu
já nem mais me importava.
Música
de fundo:
Jaws
Theme Song
Compositor: John Towner Williams
Fonte:
http://www.orangefreesounds.com/jaws-theme-song/
Páginas
da Internet consultadas:
https://www.roblox.com/
https://clipartstation.com/
http://airventairconditioning.co.za/
https://gifer.com/en/CQPj
https://giphy.com/
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