ALEIJADO ÀS AVESSAS

 

 

 

Oh, Zeus, afasta mim esse tuba,
com essa boca cheia de dentes!

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Há coisas piores do que faltar um olho, um ouvido ou uma perna ou não ter uma língua, um nariz ou uma cabeça. São os aleijados às avessas. [In: Also Sprach Zarathustra: Ein Buch für Alle und Keinen (Assim Falou Zaratustra: um Livro Para Todos e Para Ninguém), escrito por Friedrich Wilhelm Nietzsche.]

 

 

Aleijado Às Avessas

 

 

O ranger de dentes é a mais solitária aflição da vontade. O desejo do tempo é a mais solitária aflição da vontade. Chama-se “o que foi” a pedra que a vontade não pode remover. Não é permitido querer para trás! [Ibidem.]

 

 

O que está feito está feito;

não podemos mudar.

Todavia, o que não está feito

nós poderemos edificar.

 

Tudo depende apenas de nós;

se quisermos, faremos.

Poderá, até, haver um catrapós,

mas, nós realizaremos.

 

 

Aqui, por ventura, não houve catrapós!

 

 

A existência será, uma vez e outra, eternamente, ação e dívida [compensação], a não ser que a vontade acabe por se libertar a si mesma [fiat voluntas mea —› Fiat Voluntas Tua] e que o querer se transforme em não-querer. Ou seja: que a vontade [fiat voluntas mea] se livre da sua própria loucura, que se esqueça da vingança e de todo o ranger de dentes e se torne redentora e mensageira de Alegria. Enfim, aquele que não quiser morrer de sede entre os seres-humanos-aí-no-mundo deverá aprender a beber em todos os vasos, e o que quiser permanecer puro entre os seres-humanos-aí-no-mundo deverá aprender a se lavar em água suja. Precisamos aprender a responder esta pergunta: Quem sou eu? Não em um longínquo futuro, mas, já. [Ibidem.]

 

 

Quem sou eu?

Quem sou eu?

 

 

Aleijado do Coração,

eu odiava e maltratava.

Aleijado da língua,

eu mentia e perjurava.

Aleijado das orelhas,

eu ouvia e acreditava.

Aleijado dos olhos,

eu via, mas, não enxergava.

Aleijado das mãos,

eu tinha, mas, não dava.

Aleijado da panturra,

eu comia, mas, não oferecia.

Aleijado da sílica-gel,

eu bebia, mas, desidratava.

Aleijado das pernas,

eu ia, mas, não chegava.

Aleijado dos braços,

eu nadava, mas, só afundava.

Aleijado da razão,

eu só coisava e hipotetizava.

Aleijado da moral,

eu só me desacreditava.

Aleijado da misericórdia,

eu só separava e criticava.

Aleijado da tolerância,

eu só homofobiava e xenofobiava.

Aleijado da generosidade,

eu só acorrentava e escravizava.

Aleijado do desprendimento,

eu só em mim pensava.

Aleijado da coragem,

eu de tudo me encagaçava.

Aleijado da liberdade,

eu vivia engaiolado.

Aleijado do livre-arbítrio,

eu vivia condicionado.

Aleijado da consciência,

eu só em maldade pensava.

Aleijado da memória,

Aleijado da força interior,

eu dormia e não despertava.

Aleijado da personalidade-alma,

eu já nem mais me importava.

 

 

 

Afogado

 

 

 

Música de fundo:

Jaws Theme Song
Compositor: John Towner Williams

Fonte:

http://www.orangefreesounds.com/jaws-theme-song/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.roblox.com/

https://clipartstation.com/

http://airventairconditioning.co.za/

https://gifer.com/en/CQPj

https://giphy.com/

 

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