Este
trabalho é uma pequena coletânea de alguns pensamentos
do Adepto Avançado e Místico-Magista Aleister Crowley
(1875-1947) – que não gostava nem da umidade e nem do frio,
mas gostava muito de citron pressé – e que asseverou
no seu Prefácio da obra John St. John: O Universo
da Magick está na mente de um homem; o cenário é
apenas Ilusão, mesmo para o pensador.
Acredito
que para melhor se conhecer o homem Aleister Crowley, uma confissão
de sua lavra explique melhor:
Terríveis
têm sido os ordálios do Caminho; tenho perdido tudo que
possuía e tudo que amava, tal como no Começo, eu ofereci
Tudo por Nada sem saber naquela época o significado destas
palavras. Eu tenho sofrido muitas e dolorosas coisas às mãos
dos elementos e dos planetas; fome, sede, fadiga, doença, ansiedade,
perda, todas estas dores e outras tem pesado sobre mim – e vêde!
Quando eu contemplo estes anos passados, eu declaro que tudo tem ido
muito bem. Pois tão grande é a Recompensa que eu (indigno)
obtive, que os Ordálios parecem apenas incidentes, insignificantes
a não ser pelo fato de que eles são as Alavancas por
intermédio das quais eu movi o Mundo. Mesmo essas pavorosas
fases de “secura” e de desespero parecem apenas o necessário
período de gestação da Terra após lançada
a sementeira.
Todos esses
“falsos caminhos” de Magick, de Meditação
e da Razão não eram falsos nem caminhos: eram degraus
sobre o verdadeiro Caminho, da mesma maneira que uma árvore
necessita mergulhar suas raízes sob a Terra a fim de poder
florir, e em sua estação dar fruto.
De maneira
que agora eu sei que mesmo em meus meses de absorção
em prazeres e afazeres mundanos eu não estou realmente ali,
mas estou de pé nos bastidores, preparando o Evento.
Neste
ensaio, procurei selecionar aquelas passagens de suas obras que, de
imediato, falaram ao meu Coração. E muitas falaram! Por
outro lado, esta pequena contribuição que ora estou divulgando,
nem de longe contempla (porque isto seria impossível) o que de
mais importante Aleister deixou escrito, fora, obviamente, o que ele
não escreveu e nem divulgou e que, provavelmente, jamais saberemos.
Mas, de certa forma e muito modestamente, estou fazendo o que fez Timotky
Leary, que afirmou: Acho que estou realizando muito da obra que
ele iniciou há mais de cem anos... Vou ajustar o que digitei
acima, porque seria exagerado e inteiramente falso manter, da forma
que está, o que acabei de escrever (no que concerne a mim): estou,
sim, apenas e despretensiosamente, contribuindo para que o pensamento
de Aleister possa ser examinado e estudado, hoje, cinqüenta e nove
anos depois de sua partida. Só isso. Acredito que, por exemplo,
ninguém possa discordar desta sentença: Love is the
law, love under will. E também estou convencido de que a
Liberdade Interior só poderá ser conquistada por um ato
de Vontade. O néscio ficará (sempre?) na escuridão
ou, no mínimo, na sombra.
Finalmente,
como informo sempre que produzo textos desta natureza, tive que fazer
algumas edições nos excertos do pensamento do Autor para
adaptá-los à esta forma de trabalho. Contudo, por evidente,
não adulterei nada, pois isto seria simplesmente uma heresia.
Enfim, este trabalho tem duas finalidades básicas: 1ª -
penso que para os que conhecem a obra de Aleister, recordar alguns de
seus pensamentos será inspirador; e 2ª - para os que não
a conhecem, desejo incentivar que leiam os textos originais, pois este
resumo ora disponibilizado não pode, em nenhum aspecto, substituir
as obras originais. Mas, se em cada fragmento o leitor se detiver por
alguns instantes e se dispuser a refletir sobre o seu conteúdo,
uma Porta poderá ser aberta. Quem sabe não será
a Porta?
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Século
XIX — 14 de Janeiro de 1875: nasce Albert Schweitzer;
31 de Maio de 1875: morre Alphonse Louis Constant, mais conhecido como
Éliphas Lèvi; 26 de Julho de 1875: nasce Carl Gustav Jung;
7 de Setembro de 1875: Helena Petrovna Blavatsky funda a Sociedade Teosófica;
12 de Outubro de 1875: nasce Aleister Crowley. Esse ano de 1875 foi
mesmo um ano muito interessante. A soma teosófica dos algarismos
que compõem o ano é igual a 21 (1 + 8 + 7 + 5). Entre
diversas (outras) possibilidades, 21 está associado a 777. O
próprio dia do nascimento de Aleister é bastante significativo:
12 de Outubro. 12 + 10 = 22. E 21 + 22 = 43, que se reduz a 7. Estou
certo de que Aleister sabia disso tudo. Nesta Via Prestigiosa que escolhemos
não existem coincidências!
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FRAGMENTOS
do PENSAMENTO
de
ALEISTER CROWLEY
Do
what thou wilt shall be the whole of the law. [Faze o que tu queres
e será toda a lei.]. A Lei é a apoteose da liberdade;
mas é também a mais estrita das injunções.
Não há lei fora: Faze o que tu queres. Tu não tens
direito senão de fazer a tua vontade. Faze aquilo e nenhum outro
te dirá não.
O Homem tem o direito de viver
por sua própria lei; viver da maneira que ele quiser: trabalhar
como ele quiser; brincar como ele quiser; descansar como ele quiser;
e morrer quando e como ele quiser.
Love
is the law, love under will. [Amor é a lei, amor sob vontade.].
Enquanto
a Vontade é a Lei, a natureza dessa Vontade é Amor. Mas
este Amor é como que um subproduto daquela Vontade. Não
contradiz nem sobrepuja aquela Vontade. E se, em qualquer crise, uma
contradição se erguer, é a Vontade que nos guiará
corretamente.
A
Palavra da Lei é
[Thelema]. ['Thelema' tem origem grega e significa
Vontade ou Intenção. 'Thelema' se refere à
Doutrina ou Filosofia criada e difundida por Aleister Crowley a partir
de 1904 nos moldes propostos pelo 'Liber AL vel Legis' (o Livro da Lei),
escrito em apenas três dias na Cidade do Cairo. De acordo com
a Filosofia Telêmica, o ser humano está afastado de sua
condição divina não pela encarnação,
conforme pregava, por exemplo, o Gnosticismo, e sim pela simples não-conscientização
desta natureza. Essa falta de consciência, segundo a Doutrina,
é mantida por uma série de fatores, dentre os quais podem-se
citar o conceito de pecado (enquanto restrição artificial
dos impulsos naturais), o egocentrismmo e a entrega à vontade
alheia ou aos vícios, que no conceito telêmico referem-se
a qualquer atitude que controle a vontade ao invés de ser controlado
por ela. Assim, cabe ao ser humano buscar uma profunda autoconsciência
[consciente], chegando, por esta Via, ao conhecimento do que
foi chamado de Verdadeira Vontade — o objetivo primal da encarnação
de um espírito individual. Segundo Aleister, um dos Caminhos
desta busca pelo autoconhecimento passa pela experimentação
dos próprios limites. Enfim, a Filosofia Telêmica postula
que toda existência manifesta surge da interação
de Dois Princípios Cósmicos: o Contínuo Espaço-Temporal,
infinitamente extenso e perpétuo, e o Princípio da Vida
e Sabedoria, atômico e individual. Desta interação,
surge o Princípio da Consciência, o qual governa a existência.
No Livro da Lei, estes Princípos Divinos são personificados
através de Três Divindades egípcias: Nuit –
a Deusa do Espaço Infinito – Hadit – a Serpente Alada
da Luz – e Hórus – o Deus Solar com Cabeça
de Falcão e Senhor do Cosmo.].
O estabelecimento da Lei de Thelema, segundo Aleister, é
a única forma de preservar a liberdade individual e de assegurar
o futuro da raça.
A
palavra do Pecado é Restrição.
O
malígno é sinônimo de
falha.
A
antítese do sistema Magick é representada pelos feiticeiros
de baixa classe que se vendem porque são escravos de algum 'diabo',
ou melhor dizendo, de algum 'demônio'.
se o experimento for ilógico
transformá-se em Magia Negra. Aquelas forças poderosas
– cujos nomes (talvez ignorantemente) foram invocadas –
são invisíveis, mas podem ser trazidas à tona como
um empurrão, e muito poucos têm a força necessária
e a energia suficiente para domá-las!
Magick é
a extensão do Microcosmo no Macrocosmo. O Mago é uma expressão
da Vontade do Universo.
Pelo amor perfeito, pela fé
perfeita e pela confiança perfeita você será inexpugnável.
Cada um de nós
tem um Universo só dele, mas Ele é o mesmo Universo para
cada um, já que inclui todas as experiências possíveis.
Isso implica na extensão da consciência para que inclua
todas as outras consciências.
Todo
homem e toda mulher são uma estrela, e cada estrela se move em
uma órbita determinada, sem interferência. Existe lugar
para todos; é apenas a desordem que causa confusão. Cada
um de nós é uma estrela para se mover em sua verdadeira
órbita como demarcada pela natureza da nossa posição,
pela lei do nosso crescimento e pelo impulso das nossas experiências
passadas. Todos os eventos são igualmente lícitos, e cada
um necessário na longa jornada para todos nós, em teoria;
mas, na prática, somente um ato é lícito para cada
um de nós em um dado momento. Portanto, o Dever
consiste na determinação em experimentar o evento correto
de um momento de consciência para outro.
Ó crianças,
apareçam sobre as estrelas
e tomem seu quinhão de amor!
Dividi, somai, multiplicai
e compreendei. Não há laço que possa unir o dividido,
fora o Amor: tudo mais é uma maldição.
A
vontade não pode ser duas, mas uma.
Cada evento, inclusive a morte,
é somente outro acréscimo à nossa experiência,
livremente desejada por nós mesmos desde o início e, portanto,
também predestinada.
Considere o afloramento
das ditaduras, somente possíveis quando o crescimento moral está
em seus mais primevos estágios. Considere a prevalência
dos cultos infantis como o Comunismo e o Fascismo (o Fascismo é
como o Comunismo: é desonesto na barganha), o Pacifismo, as Doenças
Mentais, o Ocultismo (em quase todas as suas formas) e as religiões
sentimentalizadas até o ponto, praticamente, de extinção.
Considere a popularidade do cinema, do rádio, da loteria esportiva
e das competições de adivinhação —
todos mecanismos para acalmar bebês irritadiços e sem nenhuma
semente de finalidade em nenhum neles. Considere o esporte, o entusiasmo
infantil e a fúria que ele provoca; nações inteiras
perturbadas por disputas entre garotos. Considere
a guerra e as atrocidades que ocorrem diariamente e que nos deixam impassíveis
e dificilmente preocupados. Nós somos crianças.
O
'desejo do resultado' arruina nosso trabalho e nos faz ridículos.
Não pode haver nenhum resultado. Vontade pura – desaliviada
de propósito e livre da ânsia de resultado – é
de todo perfeita.
Meu número é 11,
como todos os seus números que são nossos. A Estrela de
Cinco Pontas, com um Círculo no meio: o Círculo é
vermelho. Minha cor é negra para o cego; mas o azul e o dourado
são vistos pelos videntes. Também tenho uma glória
secreta para aqueles que me amam.
Na Esfera, Eu Sou em
todas as partes o Centro; como Ela – a Circunferência –
o Centro não se acha em parte alguma.
Eu sou a Chama que arde
em todo coração humano e no núcleo de toda estrela.
Eu sou a Vida e o doador da vida; no entanto, conhecer-me, é
conhecer a Morte [Morte Iniciática].
Para qualquer um, que ainda não alcançou
o mínimo desenvolvimento espiritual, pode completar-se totalmente
pela auto-gratificação.
Se o Poder pergunta: Por quê?
— então é um Poder enfraquecido. O que é
correto continuará sendo correto; o que é imundo continuará
sendo imundo. Em guarda! Em guarda! Segura teu êxtase. Não
caia no desvanecimento dos beijos excelentes! Endurece! Levanta! Levanta
a cabeça! Não respire tão fundo! Exceda! Morra!
[Morra Iniciaticamente!]. O alcance do seu anseio será a fortaleza
de sua glória. Aquele que muito vive e deseja a morte será
sempre o Rei entre os Reis.
Sobre as crianças: a)
Cada criança deve desenvolver sua própria individualidade
e Vontade, a despeito de ideais estranhos a si; b) Ela
é confrontada com tais desafios como natação, escalada
e trabalhos domésticos, e deixada livre para resolver de sua
própria forma; c) Seu subconsciente é impressionado pela
leitura de obras-primas, as quais se permite que se infiltrem em sua
mente automaticamente sem pressão seletiva nem pedidos de compreensão
consciente; d) Nada é ensinado a não ser pensar por si
mesma; e e) Ela é tratada como um ser responsável e independente,
encorajada na autoconfiança e respeitada pela auto-afirmação.
Cada
um de nós tem uma vontade de importância eterna, necessariamente
relacionada a tudo que existe, e todos nossos desejos conscientes são
máscaras – uma expressão transformada que esconde
nossa variedade infinita.
A
óbvia tarefa prática do mago é descobrir qual é
realmente a sua Vontade, para que ele possa fazer a sua Vontade desta
forma.
Tu
deves: 1) Descobrir qual é a tua Vontade; e 2) Fazer a tua Vontade
com: a) unidade de propósito; b) desprendimento; e c) paz.
O defeito, que é
fatalidade, no amor, como toda outra forma de Vontade, é a impureza.
Sê prudente e sê
silente, discernindo sutilmente e com agudeza a natureza da Vontade
dentro de ti, para que não tomes medo por castidade, ou cólera
por coragem.
A Vontade não
foi perdida, se bem que esteja enterrada sob o monturo das repressões
de uma vida inteira. Ela persiste vital dentro de ti (não é
ela o verdadeiro movimento do teu ente mais íntimo?), e apesar
de toda repressão consciente vem à noite, de mansinho,
em sonhos e fantasias. Ora ei-La nua e brilhante, ora ei-La vestida
em ricos trajes de símbolo e hieróglifo; mas sempre viaja
contigo em teu Caminho, pronta a te familiarizar com tua verdadeira
natureza, se tu escutares sua Palavra, seu Gesto ou seu Espetáculo
de Imagens.
Tal como o Pensamento
da Mente se interpõe à Alma e impede a manifestação
desta no consciente, assim também a grosseira vontade física
é a criadora dos sonhos dos homens comuns. E tal como na meditação
tu destróis todo pensamento acasalando-o com o seu oposto, assim
também tu deves limpar-te por uma completa e perfeita satisfação
daquela vontade corporal no Caminho de Castidade e de Santidade.
Que cada qual
pense como quiser sobre o Universo. Mas, que ninguém tente impor
aquele pensamento sobre outrem por qualquer ameaça de punição
neste Mundo ou em qualquer outro Mundo.
Teu pior
inimigo é a inércia da mente. As coisas que os homens
mais odeiam são as que os atingem no íntimo. Por isso,
eles temem a Luz e perseguem os Portadores de Tochas.
A Matemática
é como se fosse o derradeiro véu diante da Imagem da Verdade,
de forma que não há melhor Caminho do que nossa Santa
Qabalah [KBL], que analisa todas as coisas e as reduz a puro Número.
E assim, as naturezas das coisas, não mais sendo coloridas e
confundidas, podem ser reguladas e formuladas em simplicidade pela operação
da pura razão, para teu grande conforto no trabalho da nossa
Arte Transcendental, através da qual os muitos se tornam UM.
Toda Força
age, na devida proporção, sobre todas as coisas com as
quais está relacionada.
Tudo
que existe é santo. Sim, e mais ainda: todo ato é santo,
sendo indispensável ao Sacramento Universal.
Todas
as coisas são Uma.
Existem
muitas aflições e muitos sofrimentos que redundam dos
erros dos homens com respeito à Vontade. Mas não existe
nenhum maior do que este: a interferência dos intrometidos.
Pois tais intrometidos pretendem conhecer o
pensamento de um homem melhor do que ele mesmo, dirigir a Vontade dele
com mais sabedoria do que ele e fazer planos para a felicidade dele.
E de todos esses, o pior é aquele que se sacrifica para o bem
dos seus semelhantes. Quem é tolo a ponto de não fazer
sua própria Vontade, como será ele sábio para fazer
aquela de outrem? (Grifo meu).
O Adepto
deve ser completo – Ele Mesmo – contendo todas as coisas
em verdadeira proporção, antes que Ele se faça
a Noiva do Universo Uno Transcendental em sua mais Secreta Virtude.
Tu bem sabes,
meu Filho, como um pensamento é imperfeito em duas dimensões,
estando separado de sua contradição, mas também
constrangido em seu alcance, porque por aquela contradição
nós (comumente) não completamos o Universo, mas apenas
aquela parte deste Universo que corresponde ao campo daquele particular
pensamento.
As impressões
dos sentidos possuem opostos facilmente concebíveis, como longo
e curto e claro e escuro. E o mesmo ocorre com as emoções
e as percepções, como no amor e no ódio, ou no
falso e no verdadeiro. Mas, quanto mais violento o antagonismo, mais
este é o fruto de ilusão, determinado por uma relação.
Está
escrito no Livro da Lei que a Lei é para todos.
Todo Ato
de Vontade deve ser executado em sua Perfeição –
um estado que será conseguido de acordo com estas condições:
primeira, aquelas de sua própria Lei; segunda, aquelas do seu
ambiente.
Todos os fenômenos são
o resultado de um conflito, tal qual o Universo mesmo é um Nada
expressado como a diferença entre duas igualdades; ou, se quiseres,
como o divórcio de Nuit e Hadit.
TODOS os distúrbios, ó
meu Filho, são quebras do equilíbrio; e tal como teus
pensamentos, palavras e atos conscientes resultam do deslocamento da
Vontade consciente, assim também acontece no inconsciente.
Os perturbadores da Paz
da Humanidade agem assim por causa de sua ignorância de suas Verdadeiras
Vontades.
Desde
que a Vontade não é mais do que o aspecto dinâmico
do ente, e desde que dois entes diversos não podem possuir vontades
idênticas, então, se tua Vontade é a Vontade de
Deus – Tu és Aquilo.
Você
não pode descansar. Deve demonstrar que a energia é algo
indestrutível, que nada está desperdiçado, que
todo o trabalho verdadeiro é de valor.
Cada
um é perfeito à sua maneira. Cada um necessita de uma
ilusão para que se torne consciente de si mesmo (apenas enquanto
o tolo se interpreta a si através de seu próprio jogo
de ilusões). Cada um somente atrairá incômodo a
si mesmo e a outros se assimilar falsas idéias, interferindo
com o outro para várias razões confundidas, desse modo
causando toda a sorte de atritos, perdendo sua razão do sentido,
temendo o futuro, lamentando o passado e conduzindo mal o presente.
O
objetivo da vida (que é movimento) é indicar uma manifestação
importante em cada mudança, assim permitindo a cada um se tornar
consciente do Todo.
No
momento em que nos identificarmos com o Sol nós perceberemos
que nos tornamos a Fonte de Luz. Olhai as coisas do ponto de vista do
Sol.
Aquele
que ousar executar o seu milagre deve chamar diante de si o seu próprio
Deus no Microcosmo. Isso é a união com o Deus do Macrocosmo
por sua semelhança a Ele. E a Força Macrocósmica
operar-se-á, então, no Universo porque o magista A fêz
operar-se em si mesmo, tornando a Vontade do magista una com seu Deus.
O
magista não pode, realmente, executar nenhum milagre, a menos
que este já seja da natureza ou um projeto do Universo.
O primeiro requisito para se
causar qualquer mudança é preenchido através do
entendimento qualitativo e quantitativo das condições.
O segundo requisito para se causar qualquer mudança é
a habilidade prática de direcionar corretamente as forças
necessárias.
O homem é
ignorante da natureza de seu próprio ser e poderes. Mesmo a idéia
que ele próprio tem sobre suas limitações é
baseada na experiência passada, e, em seu progresso, todo passo
estende seu império. Não há, portanto, razão
alguma para que se assinalem limites teóricos para o que ele
possa ser, ou para o que ele possa fazer.
Todo
homem está mais ou menos ciente de que sua individualidade compreende
diversas ordens de existência, mesmo quando ele acredita que seus
princípios mais sutis são meramente sintomas de mudanças
ocorridas no seu veículo grosseiro. Pode se assumir que uma ordem
similar seja estendida a toda a Natureza.
O
homem é capaz de ser e de usar tudo o que ele percebe, pois tudo
o que ele percebe é, de certo modo, uma parte de seu ser. Ele
pode, assim, subjugar todo o Universo do qual ele esteja consciente
à sua Vontade individual.
Não
há limites para o número de relações de
qualquer homem como Universo em essência; pois tão logo
o homem se torne uno com qualquer idéia, os meios de medida deixam
de existir. Mas, o seu poder para utilizar essa força é
limitado por seu poder e capacidade mentais, bem como pelas circunstâncias
de sua condição humana.
Todo
indivíduo é essencialmente suficiente para si mesmo. Mas
ele é insatidfatório para si mesmo até que estabeleça
a sua relação correta com o Universo.
'Magick' é a
Ciência de entender-se a si próprio e suas condições.
É a Arte de aplicar este entendimento à ação.
Todo homem deveria fazer da 'Magick' a chave mestra de sua
vida. Deveria aprender suas leis e viver por elas.
Uma
rosa vermelha absorve todas as cores,/menos a vermelha;/Vermelha, portanto,
é a única cor que ela não é./Essa Lei, Razão,
Tempo, Espaço,/toda Limitação, cega-nos à
Verdade/Tudo o que sabemos sobre o Homem, Natureza, Deus,/é apenas
aquilo que eles não são;/é aquilo que rejeitam
como repugnante.
HINO
A PÃ
Vibra
do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã!
Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Meu mote mágico
TO MEGA THERION soma 666. THERION,
no hebreu, vale 666.1
Juntai as folhas da direita para
a esquerda e do topo ao pé: então contemplai! Existe um
esplendor em meu nome oculto e glorioso, como o Sol da Meia-Noite é
sempre o Filho. O fim das palavras é a Palavra Abrahadabra.
O Livro da Lei está Escrito e Escondido.
Matéria
e pensamento devem ser conjugados antes que qualquer dos dois se torne
inteligível. De um lado, todo conhecimento nos vem através
dos sentidos; por outro lado, é só através dos
sentidos que nos vem o conhecimento.
Nossa
felicidade depende do nosso estado mental. É a mestria de tais
coisas que os Magistas contemporâneos estão buscando obter
para a Humanidade. Eles não voltarão atrás,
nem serão desviados. (Grifo meu).
Ankh
– a Chave da Vida!
Adonai
está escondido em mim. Eu sei onde Ele vive. Eu sei que serei
bem vindo se fizer uma visita. Mas não sei se Ele me convidará
para um banquete ou se me pedirá que vá com Ele em uma
longa jornada. [ADoNaY = 65 (1 + 4 + 50 +
10). 65 = 6 + 5 = 11. A 11ª Lâmina do Tarô é
a FORÇA.].
Está
escrito que para com o perseverante mortal os Abençoados Imortais
são rápidos...
Desde
o princípio deste Trabalho de Arte Mágicka o
aspecto transformado do Mundo – cuja culminação
é o cumprimento do juramento é: Eu interpretei todo
fenômeno como um trato particular de Deus com a minha alma –
tem estado presente comigo.
Existe,
talvez, uma diferença essencial na operação dos
mantras hindus e muçulmanos. Os mantras hindus ressoam; os muçulmanos
ondulam.
A
intenção é fazer com que o Chittam (substância-pensamento)
flua calma e equanimente em uma só direção. Também,
pratico desgrudar o Chittam das Vrittis (impressões).
Olho todas as coisas sem vê-las.
Normalmente,
se o pensamento for dirigido energicamente a quase que qualquer parte
do corpo, aquela parte começa a pulsar, e até a doer.
Especialmente tal é o caso se vibramos um mantra ou um Nome Mágicko
em um centro nervoso.
Ó
minha Alma! – levanta-te! Sê homem, sê forte. Endurece-te
contra teu amargo Destino, pois ao Fim tu O encontrarás. E vós
entrareis juntos no Palácio Secreto do Rei – mesmo no Jardim
de Lírios – e sereis Uma [Alma e Rei – o Mestre-Deus
Interior] para sempre. Assim seja!
Todos
estes pensamentos são vãos. Existe apenas Um pensamento,
se bem que ainda não tenha nascido: Ele apenas é Deus,
e não existe outro Deus senão Ele!
Súbito,
um espasmo de pranto apoderou-se de mim e eu gritei através do
mantra: – Meu Deus, meu Deus, por que Tu me abandonaste? Ó
Senhor, até quando?
AUM
TAT SAT AUM
É
importante parar com o mantra por completo quando se quer; a Obra mesma
pode se tornar uma obsessão.
Isis-Apophis-Osíris
= IAO. Nascimento,
morte, ressurreição! IAO!
Hoje
em dia, meu mais negro desespero é temperado pela certeza de
que atravessarei o estágio e sairei dele mais cedo ou mais tarde;
e isto com sucesso e em triunfo.
Ó
Adonai, meu Senhor! Seguramente eu Te invoquei com fervor; mas Tu não
vieste por completo ao nosso encontro marcado. E, no entanto, eu sei
que Tu ali estiveste; e talvez que a manhã traga lembranças
de ti, que esta consciência no momento não contém.
Mas, eu juro, pela Tua própria Glória, que não
me satisfarei com isto; que eu prosseguirei até à loucura
– e até à morte se tal for a Tua vontade –
mas eu Te conhecerei como Tu és.
Eu
quero o Perfume e a Visão... Eu quero aquela definida Experiência
na mesma forma em que Abramelin a teve. E mais: eu tenciono continuar
até consegui-La.
Óh!
Que a Porta do meu Coração esteja sempre
aberta! Pois Ele está sempre Ali e sempre ansioso por entrar.
Que
a qualquer momento eu possa estar perfeito em Teu Conhecimento e em
Tua Conversação – ó meu Sagrado Anjo Guardião
ao qual eu tenho aspirado estes dez anos! [Acho muito educativo repetir,
negritar, 'italicar' e sublinhar esta última afirmação
de Aleister: ao qual eu tenho aspirado estes dez anos.
Uma das necessárias virtudes do Caminho e da Obra é, entre
outras, a superlativa paciência.].
Eu
Te juro – ó Tu que és Eu-Mesmo – que não
escreverei senão para glorificar-Te, que escreverei apenas em
beleza e em melodia, que darei ao mundo como Tu me dás, quer
seja um fogo consumidor, ou a taça de vinho de Iacchus, ou uma
Adaga reluzente, ou um disco mais brilhante do que o Sol. Eu morrerei
de fome nas ruas antes de conceder o que quer que seja à vileza
dos homens entre os quais eu vivo – ó meu Senhor Adonai,
Sê comigo, dá-me a mais pura poesia, faz-me cumprir este
voto! E se eu me desviar, mesmo que por um momento, eu Te rogo: avisa-me
por algum grande castigo que Tu és um Deus zeloso, e que Tu me
conservarás velado, querido e guardado em Teu harém como
uma esposa pura e perfeita, como uma esbelta fonte borbulhando brincalhona
em Tuas cortes de mármore e de malaquita, de jaspe, de topázio
e de lápis-lazúli. E pelo meu poder mágicko
eu convoco todos os habitantes dos dez mil mundos para que testemunhem
este Juramento.
O
Amor é o prêmio daquele que executou todas as coisas e
que suportou todas as coisas!
...
E eles pronunciam a Secreta Palavra de Poder
que se ergue do Silêncio e que a Ele retorna. Aquela Palavra
Secreta contém Tudo!
KONX
OM PAX.
[Os Mistérios de Eleusis eram encerrados com estas palavras místicas.
(Nota do tradutor da obra John St. John).].
No
Reino de Osíris existem Liberdade e Luz.
Em
uma condição de alta tensão mágicka
as coisas mais insignificantes têm uma grande influência.
Não
há descanso para os maus!
Satã
treme quando vê/Qualquer santo ajoelhado,/Então, com certeza,/Satã
dispara, xingando,/Ante um santo pranayando!
Que
me dêem forças para a minha busca pela Quintessência,
para a minha busca pela Pedra dos Filósofos, para a minha busca
pelo Svmmvm Bonvm, para a minha busca pela Verdadeira Sabedoria
e para a minha busca pela Felicidade Perfeita!
O
melhor plano é treinar a Vontade para que se torne uma máquina
tão formidável quanto possível. E depois, no momento
do Ritual, quando o real esforço deve ser feito, arremessar aquela
concentrada Vontade 'regirando avante com ecoante Estrondo, de forma
que se possa compreender com invencível Volição
idéias uniformes, as quais nasceram esvoaçantes daquela
Fonte única, cuja Fundação é o Um –
o Um Solitário e Único'.
Os
fantasmas do absinto e do amor são suficientemente poderosos
para levar um homem à morte ou ao casamento, enquanto que o sonho
acordado pode acabar em fanatismos como o antiviviseccionismo ou o vegetarianismo
a vapor.
Eu
prefiro explicar as muitas catástrofes terríveis que eu
tenho visto ocorrer na Magick mal compreendida pela suposição
de que, na Magick, nós estamos trabalhando com alguma
função muito sutil e essencial do cérebro, distúrbio
da qual pode significar, para um homem, paralisia, para outro, mania,
para um terceiro, melancolia e para um quarto, morte. Não é
absurdo sugerir a priori que possa existir algum pensamento
particular cuja manifestação causaria a morte.
Senhor
Adonai, dá-me um descanso profundo como a morte, de forma que
em poucas horas eu possa estar desperto e ativo, cheio de força
leonina e de propósito em direção a Ti!
Que
tolo que eu sou, por sinal! Eu digo 1800 vezes por hora: Ele é
Deus e não existe outro Deus senão Ele. Mas eu não
penso isto nem uma vez por dia!
Deus
nunca está tão afastado do homem e nunca lhe manda tantos
novos labirintos, como quando ele se entrega a divinas especulações
ou obras de uma maneira confusa e desordenada e (como o oráculo
acrescenta) de lábios conspurcados ou de pés sujos. Pois
o progresso desses que são assim negligentes é imperfeito,
seus impulsos são vãos e seus caminhos são obscuros.
(Zoroastro, apud Aleister Crowley).
Devemos
usar métodos estritamente corporais para domar o corpo e métodos
estritamente mentais para controlar a mente. E o contrário,
usar as forças espirituais para adquirir saúde física,
como certas pessoas tentam fazer hoje em dia, é a mais vil Magick
Negra.
Eu
poderia, com mais facilidade, arrebentar meus miolos do que escrever
um poema que eu não sentisse. As aparentes exceções
são casos de ironia. [Eu poderia muito bem ter escrito esta frase.
Ela calha como uma luva para mim.].
Ó
criatura de Incenso! Eu te conjuro por Ele – que está sentado
sobre o Trono Santo e vive e reina para sempre como a Balança
da Justiça e da Verdade – para que confortes e exaltes
minha Alma com teu perfume, de forma que eu possa ser completamente
dedicado nesta Obra de Invocação de meu Senhor Adonai,
e de forma que eu possa executá-la por completo, contemplando-O
face a face, como está escrito: Antes que houvesse equilíbrio,
Face não contemplava Face. Sim, sendo completamente absorvido
em Sua Glória inefável. Sim, tornando-me Aquilo de que
não existe Imagem, quer na palavra quer no pensamento.
Apenas
é mau, em certo senso, aquilo que não leva a Adonai. Em
outro senso, tudo é mau que não seja Adonai.
Temos
que querer Aquilo que não tem forma; e isto é muito difícil.
Concentrar a mente sobre uma coisa definida é bem difícil;
mas existe, pelo menos, algo sobre o que se apoiar e algum meio de verificarmos
nossos resultados. No instante em que a nossa Vontade toma uma forma
mágicka – e a Vontade adora criar formas –
naquele instante sabemos que saímos do trilho.
Milagres
são legítimos apenas quando não
existe outra solução possível. É desperdício
de força (o mais caro tipo de força) fazer com que espíritos
nos tragam qualquer tipo de comida quando vivemos ao lado do Savoy.
Foi tolo aquele Yogui que passou quarenta anos aprendendo como cruzar
o Ganges caminhando sobre as águas, enquanto todos os meus conhecidos
cruzavam o Rio diariamente por dois tostões. E é tolo
o homem que invoca Tahuti para curar um resfriado, quando a
farmácia do Sr. X está tão perto em Stafford Street.
Mas, milagres podem ser executados em uma extrema emergência.
E são.
O
milagre do Conhecimento e o milagre da Conversação com
o Sagrado Anjo Guardião só podem ser executados quando
o Magus se esgotou completamente; na linguagem do Tarô,
quando o Magus se tornou o Louco. [O Louco (ou o Doido) é
a 21ª Lâmina do Tarô. É um Louco do Bem que
caminha da esquerda para a direita; sua cabeça está voltada
três quartos para a direita, corresponde à letra hebrica
ShIN, seu número é 21 e seu nome esotérico
é Amor. Na Primeira Epístola aos Coríntios
(Corinto era capital da Acaia – uma das principais cidades da
Grécia antiga – era famosa pelo comércio e pela
vida imoralíssima dos seus habitantes) Paulo em III, 18 e 19
afirma: Ninguém se engane a si mesmo. Se algum dentre vós
se tem por sábio segundo este Mundo, faça-se louco para
ser sábio. Porque a sabedoria deste Mundo é loucura diante
de Deus. Está escrito: Eu apanharei os sábios na sua própria
astúcia.].
Toda
comida é uma espécie de intoxicante; daí, uma possível
fonte de erro.
Complicados
códigos de moralidade nada têm a ver com o meu sistema.
Nenhuma questão de pecado ou de graça entra nele.
O
Concurso das Forças tornou-se a Harmonia das Forças. A
Palavra Tetragrammaton está dita e acabada. A Santa
Letra Shin [ShIN = 300] desceu Nela. Em lugar do trovejante
Deus do Sinai nós temos a adormecida Criança de Belém.
Um cumprimento – não uma destruição
– da Lei. (Grifo meu).
Óh!
Como o Mundo tem inflexíveis regentes intelectuais! Eu me alimento
de forma semi Yogui.
Por
que não serem as circunstâncias da União com Deus
compatíveis com a consciência normal? Interpenetrando-a
e iluminado-a, se quereis; mas sem destruí-la?
Misturar
os Planos é o triste fado [destino?!] de muitos místicos.
Eles estabelecem um sistema baseados em insignificâncias, e o
seu Senhor e Deus é algum traquinas elementalzinho fingindo ser
o Todo Poderoso. [Aqui, Aleister alude, mais uma vez, à ilusão
dos sentidos.].
Medo
é fracasso: eu preciso atrever-me a errar! Espera e Vigília
são os supremos esforços Mágickos.
Todo
erro é um passo necessário no Caminho. O desvio mais longo
é o mais curto atalho para a Meta.
Contentar-se
com os resultados menores apenas seduzem e desviam dos resultados realmente
grandes. [O entendimento desta máxima é importantíssimo.
Importantíssimo!]. Quando em dúvida, pratique Pranayama,
ensina Aleister.
Eu
não sinto nenhum desejo ou ambição além
de realizar a Grande Obra.
Não
se preocupe: Trabalhe! Uma vez que o Correto Pensamento venha, Ele transcenderá
toda e qualquer concepção.
O
Guardião do Umbral nunca é visível até depois
de nós cairmos. Ele é um Deus Velado – e golpeia,
cavalgando e matando, como o Cavaleiro Maligno em Malory – e ninguém
O vê. Mas, quando você é despenhado no Inferno, onde
Ele vive, então, Ele desvela sua Face e fulmina você com
seu horror! Muito bem, John St. John, agora você sabe! Você
é apenas John St. John, e você tem que subir novamente
através dos Caminhos até o Umbral. E lembre-se desta vez
de mortificar aquela auto-satisfação! Não pense
em St. John e sua tolice; pensa apenas em Adonai! E desta vez, que Adonai
construa a Casa!
Tudo
é Ilusão. Quem diz “eu”, nega Adonai, a não
ser que ele queira por “eu” significar Adonai. Aquele que
está embriagado com o mau vinho dos Sentidos e do Pensamento
não dá com a Fechadura. [E o que é pior: não
tem acesso à Chave.]. Continua o Mestre THERION::
Adonai, sê terno comigo Teu escravo,
e mantém as minhas pisadas no Caminho da Verdade! Eu retornarei
e me humilharei diante do Senhor Adonai.
Fórmula
de Recepção Rosa Cruz (sic):
Que
possa tua Mente estar aberta ao Altíssimo!
Possa
teu Coração ser o Centro da Luz!
Seja
teu Corpo ser o Templo da Rosa Cruz!
Tremenda
é a tarefa do postulante, pois que ele tem que glorificar e iniciar
todos os seus princípios e treiná-los às suas tarefas
novas e superiores. Isto seguramente explica melhor os terríveis
perigos do Caminho... É realmente extraordinário como
o mínimo sucesso acorda uma horda monstruosa de demônios
egoístas e de pavões vaidosos e cheios de pose, enfeitando-se,
exibindo-se, gritando!
O
Misticismo cresce com aquilo de que se alimenta. [Henry Maudsley
apud Aleister Crowley.]. Continua Aleister: Importantíssimo,
então, aplicar constantemente o nosso espírito crítico
a todo o nosso Trabalho. Mesmo a devoção a Adonai poderia
se tornar suspeita, não fosse a própria definição
de Adonai. Adonai é aquele pensamento que infunde, fortifica
e purifica — Suprema Sanidade e Supremo Gênio. Qualquer
coisa que não seja isto não é Adonai. Possa eu
ser muito humilde, agora e para todo o sempre!
Estava
meditando sobre ascetismo. John Tweed contou-me, uma ocasião,
que Swami Vivekananda, perto do fim da vida, escreveu uma carta patética
deplorando que sua santidade lhe proibia 'cair na farra'.
Que farsa é uma tal santidade! Mais sábio é que
o homem proceda como homem, o Deus como Deus.
Nada
é mais imundo do que tentar usar Adonai como uma folha de parreira
para cobrir nossa vergonha. Aproveito, além do mais, esta oportunidade
de asseverar meu Ateísmo.
Eu
creio na Lei de Causa e Efeito. Eu detesto a cantiga tanto dos Supersticiosos
quanto dos Racionalistas. Como a Magick é simples —
uma vez o encontrado Caminho!
A
Confissão de São Judas McCabeage
Eu creio em Charles Darwin Todo-Poderoso,
criador da Evolução. E em Ernst Haeckel seu único
filho e Senhor, Quem por nós homens, e para nossa salvação,
desceu da Alemanha; que foi concebido por Weissman, nascido de Buchner,
sofreu sob du Bois-Raymond, foi impresso, encadernado e posto em estantes.
Que foi erguido novamente em inglês (não dos melhores).
Ascendeu ao Panteão do Guia Literário e está sentado
à mão direita de Edward Clodd, de onde virá para
julgar os cabeçudos. Eu creio em Charles Watts; na Associação
da Imprensa Racionalista; no jantar anual no Restaurante Trocadero;
na regularidade das subscrições; na ressurreição
em uma edição de bolso; e na Estante de Livraria Eterna.
AMÉM.
Com
que solenidade o homem sábio se aproxima de um grão de
pó!
Tu,
Adonai, és a imanente e a essencial Alma das Coisas. Não
separado delas, ou de mim, mas Aquilo que está atrás do
jogo de sombras — a Causa de tudo, a Quintessência de Tudo,
o Transcendentor (sic) de tudo. Tu eu busco incessantemente.
Se Tu Te ocultares no Céu, ali eu Te buscarei. Se Tu Te revestires
das Chamas do Abismo, mesmo ali eu Te perseguirei. Se Tu Te fizerdes
em um lugar secreto no Coração da Rosa ou nos Braços
da Cruz que se estende através do Espaço Infinito, e se
Tu estiveres no mais intrínseco da matéria ou atrás
do Véu da mente, Tu eu seguirei! Tu eu alcançarei! Tu
eu colherei ao meu ser! Assim, então, como eu Te persigo de trincheira
a trincheira do meu cérebro e Tu atiras contra mim Véu
após Véu Mágicko de glória ou de
medo, ou de desespero ou de desejo – pouco importa – no
Fim eu Te conseguirei – Ó meu Senhor Adonai!
O
Santo Graal me apareceu, e muitas outras coisas inexpressíveis
foram conhecidas por mim. Também foi-me dado usufruir da sutil
Presença de meu Senhor, interiormente, durante todo este Décimo
Segundo Dia. Então, eu solicitei ao Senhor que Ele me tomasse
à Sua Presença, eternamente, mesmo agora. Mas, Ele Se
retirou, pois eu devo fazer aquilo para o qual fui aqui enviado; a saber:
governar a Terra.
É
o Infinito Movimento Interior das coisas – assegurado pela co-extensão
da soma delas com o Todo – que transcende os mortíferos
pares de opostos, mudança que implica decadência, estabilidade
que soletra monotonia.
O
'Mestre se considera sempre um estudante'.
Assim, portanto, o que quer que seja que eu tenha conseguido, tanto
nisto como em Arte, existe sempre tanta coisa mais possível que
não podemos jamais estar satisfeitos.
A
ruptura começou a arrebatar-me, no entanto, eu a resisti, e continuei
com o meu jogo de bilhar, por educação. E ali mesmo, no
Café du Dôme, a Glória estava dentro de mim, e eu
Nela. De forma que, toda vez que eu falhava em uma tacada e me endireitava
e bebia aquele ar ambrosial, eu me sentia ao ponto de cair por causa
da intensa doçura que dissolvia e desvanecia a minha Alma. Mesmo
como um amante que desmaia de excesso de prazer ao primeiro beijo do
seu amor, assim mesmo era eu, Ó Meu Senhor Adonai!
Sinto-me
completamente vazio. Não tenho nem mesmo a coragem do desespero.
Não existe nada em mim para se desesperar.
Muitos
e maravilhosos foram as Visões e os Poderes a mim oferecidos,
mas eu os recusei a todos, pois, estando em meu Senhor e Ele em mim,
não há necessidade destes brinquedos.
Será
que existe, em verdade, algum Caminho Místico? Não será
tudo desapontamento e ilusão?
Que
verme dos vermes eu sou! Fracassado! Fracassado! Fracassado! Ó
suíno, John St. John! John St. John – como ele sabe agora
– é o Nome do grande Inimigo — o Guardião
do Umbral. Foi Aquele Poderoso Espírito cujo horror informe o
repeliu, pois, isso era ele! Adonai! Adonai! Ó Senhor Adonai!
Que Tua Luz ilumine o Caminho daquele mísero cego John St. John,
aquele ser que – separado de Ti – está separado de
toda Luz, de toda Vida e de todo Amor. A besta decididamente sente-se
melhor! [Paz ao meu Irmão Aleister Crowley!!!].
Para
mim, agora, sono é o mesmo que vigília, e Vida é
o mesmo que Morte.
O
DÉCIMO TERCEIRO DIA — São oito
horas da manhã. Tendo entrado no Silêncio, que eu permaneça
no Silêncio! Amém!
Verdadeiramente
Amém! Amém sem mentira! Amém...
E Amém de Amém. [AMeN].
_________
UMA REFLEXÃO
PESSOAL
A
única Magia efetiva é a Magia Cardíaco-Crística.
Não há rituais. Todo o resto, em um certo sentido, são
ilusões de variadas ordens, pois quem pratica a Magia Cardíaco-Crística
é e será sempre um vencedor, ainda que, hipoteticamente
e a priori, jamais pense em ser um vencedor.
O
Verdadeiro Iniciado só age categoricamente.
Acredito que Aleister tenha sido um Magus e um Alto Iniciado
que tenha pautado sua vida por essa linha de pensamento e de conduta,
pois, acima de tudo, a Senda é Cardíaca. E ele sabia
muito bem disso, pois, comprometeu-se em favor do Universo inteiro
(entre outros compromissos) a amar todas as coisas, a trabalhar
sem ânsia de resultado, a trabalhar em verdade
e a interpretar todo fenômeno como um trato particular entre
Deus e minha alma. Disse mais: Se eu falhar nisto, possa
a minha pirâmide ser profanada e o Olho se fechar sobre mim!
Tudo isso (e muito mais) Aleister jurou e selou com um toque sobre
o Sino. Ora, quem declara coisas como estas é muito mais
um Místico do que um Magista. Ele mesmo asseverou, conforme
transcrevi ipsis litteris, no primeiro parágrafo da
Introdução: O Universo da Magick está na
mente de um homem; o cenário é apenas Ilusão,
mesmo para o pensador. E disse também: Muitos e maravilhosos
foram as Visões e os Poderes a mim oferecidos, mas eu os recusei
a todos, pois, estando em meu Senhor e Ele em mim, não há
necessidade destes brinquedos. Então, a bem da Verdade
Mística, a Verdadeira Magia é a Magia Mental-Cardíaco-Crística.
Repito: Todo o resto, em um certo sentido, são ilusões
de variadas ordens. Ah, Senhor – oração
do Mestre THERION
–
colhe-me completamente pela raiz
e põe aquilo que Tu colhes como uma flor sobre Tua fronte!
Senhor Adonai, traze-me ao Fim! Posso estar enganado, mas penso
que não esteja. Por detrás do homem e do Mágiko
havia um Místico sincero e profundo, ainda que ao final
do John St. John ele tenha escrito: O almoço é bom;
os rins estavam bem cozidos; a 'tarte aux fraises' estava excelente;
o Borgonha veio direto do Tonel de Baco; o Café e o 'Cognac'
estão além de todo elogio. E o charuto é o melhor
Cabaña que já fumei. Há algum mal nisso?
Resposta: Nenhum! Se houvesse ele não diria: Minha alma
está cantando... minha alma está cantando!
Contudo,
um coração conturbado não poderá exercitar
qualquer tipo de Magia. Aleister também deixou isso muito bem
explicado em suas obras. Primeiro teremos que pacificar o coração,
para, então – e só então! – podermos
conhecer o Coração!
_________
______
Nota:
1. Aleister informa
que THERION, no hebreu, vale 666.
Estudando a Palavra THERION, concluí
que Ela deverá ser escrita TheRION
para que se ajuste ao hebreu (alfabeto hebraico) e possa ter valor numérico-cabalístico
igual a 666. Isto porque os Valores Numéricos Externos das letras
da Palavra TheRION são:
Th (TaV) = 400
R (RESh) = 200
I (IOD) = 10
O (VAV) = 6
N (NUN) = 50
400 + 200 + 10 + 6 + 50 = 666
A vogal e não possui valor numérico;
está incluída na Palavra TheRION
apenas para compor o fonema The. Se fosse
equivalente a um A (ALeF) teria valor numérico igual
a 1; e se fosse um H (HE ou
H) teria valor numérico igual a 5. Nos
dois casos, não teríamos 666, e sim ou 667 ou 671, respectivamente.
Entre diversos fatos curiosos desta Palavra, observa-se que Ela possui
um IOD exatamente entre a dupla TaV-RESh
e a dupla VAV-NUN. Essas considerações
valem considerados os Valores Numéricos Externos das letras da
Palavra TheRION. Não podem ser usados,
portanto, os Valores Numéricos Pleno, Oculto ou AThBaSh,
pois em nenhum desses casos será obtido o número 666.
Nomes |
Transli-
teração |
Carac-
teres |
Componentes
das Letras
|
Valor
Externo |
Valor
Pleno |
Valor
Oculto |
Valor
AThBaSh |
VAV |
O/U/V |
|
6-10-6
6-1-6
6-6 |
6 |
22 13 12 |
16
7
6 |
80 |
IOD |
I/Y/J |
|
10-6-4
10-4 |
10 |
20 14 |
10
4 |
40 |
NUN |
N |
|
50-6-50 |
50 |
106 |
56 |
9 |
RESh |
R |
|
200-10-300 |
200 |
510 |
310 |
3 |
TaV |
T/Th |
|
400-6 |
400 |
406 |
6 |
1 |
Websites
Consultados:
http://www.thelemicknights.org/acfhome.html
http://www.mt.net/~watcher/crowleyalienlam.html
http://www.angelfire.com/wizard/thelemiteforever/liber2_brasil.html
http://www.angelfire.com/wizard/thelemiteforever/libercl_brasil.html
http://www.castletower.org/cast_port.html
http://www.angelfire.com/wizard/thelemiteforever/revival_brasil.html
http://www.casadobruxo.com.br/textos/thelema.htm
http://www.thelema.org/
http://www.templeofmagic.hpg.ig.com.br/thelema/menutlm.htm
http://www.thelema101.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thelema
http://www.ordotempliorientisbrasil.org/
http://oto-usa.org/about_thelema.html
http://www.thelema-oto.org/93/Main_Page
http://www.otoargentina.com.ar/introduccion.htm
http://www.mysticalinternet.com/thelema/
http://www.socotonobrasil.org.br/liber%20oz.html
http://www.oto.ru/cgi/zageng.pl/article
http://www.museoinformatica.it/SITE%20FAUSTO/home.htm
http://www.sacred-texts.com/oto/lib816.htm
Música
de fundo:
Day By Day
Fonte:
http://my.dreamwiz.com/a0su/music/
|
O Universo
é Vida e Movimento Permanentes |