ALDOUS HUXLEY – Pensamentos

 

 

 

Aldous Huxley

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este resumido estudo é uma coletânea de alguns pensamentos de Aldous Huxley – um escritor inglês plural com conhecimento enciclopédico que se tornou mais conhecido pelo seu famoso romance Admirável Mundo Novo, uma das maiores distopias ficcionais de todos os tempos.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Aldous Huxley

Aldous Huxley

 

 

 

Aldous Leonard Huxley (Godalming, 26 de julho de 1894 – Los Angeles, 22 de novembro de 1963) foi um escritor inglês e um dos mais proeminentes membros da família Huxley. Passou parte da sua vida nos Estados Unidos, e viveu em Los Angeles de 1937 até à sua morte, em 1963. Mais conhecido pelos seus romances, como Admirável Mundo Novo e diversos ensaios, Huxley também editou a revista Oxford Poetry e publicou contos, poesias, literatura de viagem e guiões (roteiros) de filmes.

 

Huxley foi um entusiasta do uso responsável do LSD (acrônimo de Lysergsäurediethylamid, palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico, que é uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas) como catalisador dos processos mentais do indivíduo, em busca do ápice da condição humana e de maior desenvolvimento das suas potencialidades. Sem criticar esta opção de Huxley, não posso deixar de dizer que isto é absolutamente desnecessário e totalmente detrimentoso ao organismo. Normalmente, os efeitos do LSD duram de oito a doze horas. Já foi relatado que distúrbios intermitentes podem ocasionalmente persistir por diversos dias. As reações físicas ao LSD são marcadamente temporárias, extremamente variáveis e podem incluir: contrações uterinas, hipotermia (diminuição excessiva da temperatura normal do corpo) ou hipertermia (elevação da temperatura do corpo acima de 36,5°C), níveis elevados de glicemia, piloereção (na pele), aumento da freqüência cardíaca, mandíbula presa, transpiração, pupilas dilatadas, produção de muco, insônia, parestesia (sensação anormal e desagradável sobre a pele), euforia, hiperreflexia (reflexos muito ativos ou responsivos em excesso), tremores e sinestesia (cruzamento de sensações). Os usuários de LSD relatam ainda hipoestesia (sensibilidade a estímulos tácteis abaixo da normal) e fraqueza. Todos os efeitos físicos são passageiros e, em vista da sua variabilidade, estima-se que alguns dependam da experiência psicológica pela qual passa o indivíduo, ou seja, são psicossomáticos. Resumo: o LSD é uma sesquipedal bosta(gem). E Huxley não ficou só no LSD; experimentou também a dimetiltriptamina, a mescalina e a psilocibina – coquetel psicodélico da melhor qualidade para nehum delirante botar defeito.

 

 

LSD

 

A obra-prima de Huxley, Admirável Mundo Novo (Brave New World), foi escrita durante quatro meses, no ano de 1931. Os temas nela abordados remontam grande parte de suas preocupações ideológicas, como a liberdade individual em detrimento ao autoritarismo do Estado.

 

Nos seus últimos dias, impossibilitado de falar, Huxley escreveu um pedido à sua mulher para "LSD, 100 µg, intramuscular" (100 microgramas de LSD, aplicação intramuscular). Ela injetou uma dose às 11:45 da manhã e outra algumas horas depois. Ele morreu às 17:21 do dia 22 de novembro de 1963, aos 69 anos, no mesmo dia em que o Presidente John F. Kennedy foi assassinado. As cinzas de Huxley foram enterradas no jazigo da família, no cemitério de Watts, casa de Watts Mortuary Chapel, em Compton, uma vila perto de Guildford, Surrey, Inglaterra.

 

 

 

O Que Pensou Aldous Huxley

 

 

 

Sou, e até onde a minha memória alcança, sempre fui pouco dado a devaneios.

 

O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas inevidentes. A Ciência é o grau mais elevado do bom senso – é rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa.

 

Eu estava sentado, sozinho com livros.
Até a dúvida era uma doença negra,
Quando ouvi o grito alegre dos rebentos
Nas árvores despidas, proféticas.

Árvores despidas, profetas do novo nascimento
Levantam as filiais limpas e livres,
Para ser uma marca na Terra,
Uma flama de cólera para que todos vejam.

E os rebentos nas filiais riem e gritam
Àqueles que podem ouvir e compreender:
"Ande através dos caminhos sombrios da dúvida
com a tocha da visão em sua mão."

 

A educação atual e as atuais conveniências sociais premem o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. Sobre todas as tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de banimento. Três quartas partes do homem são proscritas. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para ser cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e, depois, em homens indesejáveis. A insistência nas qualidades socialmente valiosas da personalidade, com exclusão de todas as outras, derrota finalmente os seus próprios fins. O atual desassossego, o atual descontentamento e a atual incerteza de propósitos testemunham a veracidade disto. Tentamos fazer homens bons cidadãos de estados industriais altamente organizados: só conseguimos produzir uma colheita de especialistas, cujo descontentamento em não serem autorizados a ser homens completos faz deles cidadãos extremamente maus. Há toda a razão para supor que o mundo se tornará ainda mais completamente tecnicizado, ainda mais complicadamente arregimentado do que é presentemente; que graus cada vez mais elevados de especialização serão requeridos dos homens e das mulheres individuais. O problema de reconciliar as reivindicações do homem e do cidadão tornar-se-á cada vez mais agudo. A solução deste problema será uma das principais tarefas da educação futura. Se irá ter êxito, e até mesmo se o êxito é possível, somente o evento poderá decidir.

 

Os provérbios continuarão a ser chavões, até você experimentar a verdade contida neles.

 

Da sua experiência ou da experiência gravada por outros [História], os homens aprendem somente o que suas paixões e seus preconceitos metafísicos lhes permitem.

 

Literária ou científica, liberal ou especializada, toda a nossa educação é predominantemente verbalista, e, pois, não consegue atingir plenamente seus objetivos. Ao invés de transformar crianças em adultos completamente desenvolvidos, ela produz estudantes de Ciências Naturais que não têm a menor noção do papel primordial da Natureza como elemento fundamental da experiência; entrega ao mundo estudantes de Humanidades que nada sabem sobre a Humanidade, seja ela a sua ou a de quem mais for.

 

As palavras nos permitiram elevar-nos acima dos brutos; mas é também pelas palavras que, não raro, descemos ao nível de seres demoníacos.

 

Se não fossem os intelectuais esnobes que pagam o tributo que o prosaísmo deve à cultura, as artes pareceriam com seus famintos profissionais.

 

Aquilo que o homem uniu a Natureza não consegue separar.

 

O silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência como o mármore não talhado é rico em escultura.

 

 

Pietà
(Michelangelo)

 

 

A Democracia permite que criaturas abomináveis conquistem o poder.

 

Senti que vem a vós o Grande Ser dos dias!
Alegrai-vos com a sorte ideal que Ele vos deu!
Fundi-vos ao cantar das melodias,
Porque, enfim, eu sou vós e vós sois eu.

 

Os defeitos da Democracia política como sistema de Governo são tão óbvios e têm sido tantas vezes catalogados, que não preciso mais do que resumi-los aqui. A Democracia política foi criticada porque conduz à ineficiência e à fraqueza de direção, porque permite aos homens menos desejáveis obter o poder e porque fomenta a corrupção. A ineficiência e fraqueza da Democracia política se tornam mais aparentes nos momentos de crise, quando é preciso tomar e cumprir decisões rapidamente. Averiguar e registrar os desejos de muitos milhões de eleitores em poucas horas é uma impossibilidade física. Segue-se, portanto, que, em uma crise, uma de duas coisas tem de acontecer: ou os governantes decidem apresentar o fato consumado da sua decisão aos eleitores – em cujo caso todo o princípio da Democracia política terá sido tratado com o desprezo que em circunstâncias críticas ela merece; ou, então, o povo é consultado e perde-se tempo, freqüentemente, com conseqüências fatais. Durante a guerra, todos os beligerantes adotaram o primeiro caminho. A Democracia política foi em toda a parte temporariamente abolida. Um sistema de Governo que necessita ser abolido todas as vezes que surge um perigo, dificilmente se pode descrever como um sistema perfeito.

 

A fraqueza crônica de um sistema democrático de Governo, em oposição à ocasional, parece ser proporcional ao grau da sua democratização. Os mais poderosos e estáveis Estados democráticos são aqueles nos quais os princípios da Democracia foram menos lógica e consistentemente aplicados. Assim, um parlamento eleito segundo um sistema de representação proporcional é um parlamento verdadeiramente democrático. Mas é também, na maioria dos casos, um instrumento não de Governo, mas de anarquia. A representação proporcional garante que todos os setores da opinião estarão representados na assembléia. É o ideal da Democracia cumprido. Infelizmente, a multiplicação de pequenos grupos dentro do parlamento torna impossível a formação de um Governo estável e forte. Nas assembléias proporcionalmente eleitas, os Governos têm geralmente de confiar em uma maioria compósita [caracterizada pela heterogeneidade dos seus elementos]. Esta maioria tem de comprar o apoio de pequenos grupos, com uma distribuição de favores mais ou menos corrupta, e, como nunca consegue dar o suficiente, fica sujeita a ser derrotada em qualquer altura. Na Itália, a representação proporcional conduziu ao Fascismo através da anarquia. Causou grandes dificuldades práticas na Bélgica, e, agora, ameaça fazer o mesmo na Irlanda. Encontram-se Governos democráticos estáveis em países nos quais as minorias, por muito grandes que sejam, não estão representadas, e onde nenhum candidato que não pertença a um dos grandes partidos terá a mais leve possibilidade de ser eleito. Em tais países, os parlamentos não são de modo nenhum Todavia, possuem um grande mérito, que compensa todos os seus defeitos: podem formar Governos suficientemente fortes para governar.

 

Quando pomos em jogo toda a nossa força para levantar o que nos parece ser um peso enorme, é desagradável perceber que se trata apenas de um halter de papelão, e que teria sido possível erguê-lo com dois dedos.

 

As sensações não são entidades à parte, suscetíveis de ser estimuladas independentemente do resto do espírito. Quando um homem fica emocionalmente exaltado em uma direção, está sujeito a ficar também em outras...

 

A felicidade não é atingida pela busca consciente de felicidade; geralmente, ela é um subproduto de outras atividades.

 

O hábito converte os suntuosos prazeres em suspeitas necessidades cotidianas.

 

Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música.

 

O silencioso nunca depõe contra si próprio.

 

Quando não se tem o hábito da História, os fatos relativos ao passado parecem quase sempre inacreditáveis.

 

Toda descoberta da Ciência pura é potencialmente subversiva; por vezes, a Ciência deve ser tratada como um inimigo possível.

 

Experiência não é o que acontece com um homem; é o que um homem faz com o que lhe acontece.

 

Fatos empíricos: Um. Todos nós somos capazes de sentir amor por outros seres humanos. Dois. Impomos limitações a este amor. Três. Podemos transcender a todas estas limitações – se nos aprouver. (É uma questão de observação que, quem quer que o deseje, poderá vencer a repugnância pessoal, o sentimento de classe, o ódio nacional, o preconceito de cor. Não é coisa fácil; mas, podemos conseguir, se tivermos vontade e soubermos pôr em prática as nossas boas intenções.). Quatro. Amor que se manifesta em bom tratamento cria amor. Ódio que se manifesta em mau tratamento cria ódio. À luz destes fatos, é óbvio quais deveriam ser os comportamentos políticos entre pessoas, entre classes, entre nações. Mas, ainda uma vez, o saber não basta. Saber, todos nós sabemos; onde quase todos nós fracassamos é em fazer. E a questão está, habitualmente, em achar os melhores métodos de dar cumprimento às intenções. Entre outras coisas, a propaganda da paz deve consistir em uma série de instruções para a arte de modificar o caráter.

 

 

 

 

O inferno é a incapacidade de sermos diferentes da criatura segundo a qual ordinariamente nos comportamos.

 

As escadas sociais vão se tornando mais largas à medida que se sobe. Embaixo, mal há lugar para se botar o pé. Em cima, os degraus têm uma largura de vinte jardas.

 

Certas lembranças e certos processos mentais são como um dente que dói e que se precisa estar sempre tocando, apenas para se ter a certeza de que ainda dói!

 

A vida interior começa quando o ego analisável deixa de agir.

 

O sortilégio da história e sua lição enigmática consistem no fato de que, de uma época a outra, nada muda, e, contudo, todas as coisas são completamente diferentes. Em personagens de outras épocas e culturas estranhas, reconhecemos nossos egos demasiadamente humanos, e, contudo, temos consciência de que o sistema de referências no qual moldamos nossas vidas mudou, até se tornar irreconhecível. Proposições que pareciam incontestáveis são agora indefensáveis, e o que encaramos como os mais irrefutáveis postulados não poderia, em um período anterior, encontrar aceitação nem na mais ousada mente especulativa. Mas, embora acentuadas e importantes nas áreas do pensamento e da tecnologia, da organização social e do comportamento, as diferenças são sempre periféricas. No centro, permanece uma identidade fundamental. Na medida em que são mentes revestidas de forma humana, sujeitas à decadência física e à morte, capazes de sentir dor e prazer, dirigidas pelo ardente e pela aversão, e oscilando entre o desejo de auto-afirmação e o de autotranscendência, os seres humanos, em todo tempo e lugar, têm de enfrentar os mesmos problemas, confrontam-se com as mesmas tentações, e são forçados, de acordo com a Ordem das Coisas, a fazer a mesma escolha entre impenitência e esclarecimento. Mudam os contextos, mas, a essência e o significado são invariáveis.

 

Uma tragédia é algo de que se participa; a uma comédia, apenas assistimos.1

 

O reino do céu pode ser destinado a existir na Terra; não pode ser destinado a existir em nossa imaginação ou em nosso raciocínio discursivo. Tem de haver uma mortificação da nossa tendência fatal para colocar produtos de nossa imaginação no lugar da Natureza. Temos de nos livrar de nosso catálogo de simpatias e antipatias, dos modelos verbais aos quais esperamos adaptar a realidade, das fantasias nas quais nos refugiamos quando os fatos não atingem nossas expectativas...

 

A síntese do espírito de finura poderá se transformar na essência da não-verdade.

 

A vida é curta e o conhecimento ilimitado.

 

A organização em excesso transforma homens e mulheres em autômatos, reprime o espírito criador e elimina a própria possibilidade de liberdade. Como sempre, o único caminho seguro está no meio-termo, entre o excesso do 'laissez-faire', em um dos topos da escala, e o controle total, no outro extremo.

 

A vida na cidade é anônima e, por isso mesmo, abstrata. As pessoas se relacionam umas com as outras, não como personalidades integrais, mas, como personificações de funções econômicas ou, quando não estão no emprego, como pessoas que procuram irrefletidamente o entretenimento. Sujeitos a uma vida desta espécie, os indivíduos tendem a se sentir solitários e sem importância. A sua existência deixa de ter qualquer importância ou qualquer sentido.

 

Nenhum povo em condições econômicas precárias tem uma grande oportunidade para estar capaz de governar democraticamente a si próprio.2

 

Em uma época de superpopulação crescente, de crescente superorganização e de meios de comunicação cada vez mais eficientes com as massas, como podemos manter intacta a integridade e reafirmar o valor do ser humano individual?

 

Já não compramos laranjas, compramos vitalidade; já não compramos um automóvel, compramos prestígio. Com um dentifrício, por exemplo, adquirimos, não um mero antisséptico ou um produto de higiene, mas, sim, a libertação do medo de sermos sexualmente repulsivos. Com a 'vodka' ou com o 'whisky', não adquirimos um veneno protoplásmico que, em pequenas doses, pode afetar o sistema nervoso de maneira psicologicamente valiosa; estamos adquirindo amizade e boa camaradagem... Com o 'best-seller' do mês adquirimos cultura, a inveja dos vizinhos menos ilustrados e a admiração dos que são intelectuais.

 

Penso na incompreensível seqüência de mudanças que fazem uma vida. Penso que o destino dos seres humanos, insuscetível de ser interpretável e, mesmo assim cheio de significação divina, é composto pela fusão de belezas, de horrores e de absurdos.

 

Cerca de um terço do sofrimento que devo suportar é inteiramente inevitável por ser inerente à própria condição humana. Representa o preço que todos temos que pagar pelo fato de sermos dotados de sensibilidade. Embora sedentos de libertação, nos sujeitamos às Leis Naturais, que nos obrigam a continuar caminhando (sem poder retroceder) através de um mundo inteiramente indiferente ao nosso bem-estar. Caminhando em direção à decrepitude e à certeza da morte. Os outros dois terços são 'confeccionados em casa', e o Universo os considera inteiramente supérfluos.

 

Saber é uma palavra cujo significado é muito amplo. Prefiro dizer que estamos capacitados a fazer algumas suposições.

 

A função da juventude depende do lugar em que os jovens residem. Por exemplo: para que servem os rapazes e as moças da América? Resposta: para consumirem maciçamente. E os corolários desse tipo de consumo são: comunicações em massa, publicidade em massa. Narcóticos em massa (sob a forma de televisão, tranqüilizantes, pensamentos positivos e cigarro). Agora que a Europa também ingressou na produção em massa, para que servirão os seus rapazes e moças? Para consumirem maciçamente, exatamente como a juventude da América. O destino da mocidade deve ser apenas se desenvolver harmoniosamente e se transformar em adultos plenamente realizados.

 

Não existe remédio único para males que jamais têm somente uma causa.3

 

O segredo da genialidade é conservar o espírito de criança até à velhice, o que significa nunca perder o entusiasmo.

 

Há três espécies de inteligência: a inteligência humana, a inteligência animal e a inteligência militar.

 

Dá tanto trabalho escrever um mau livro como um bom; ambos brotam com igual sinceridade da alma do autor.

 

 

 

 

Uma das funções principais de um amigo consiste em sofrer, sob uma forma mais doce e simbólica, os castigos que desejaríamos e não podemos infligir aos nossos inimigos.

 

O homem que pretende ser sempre coerente no seu pensamento e nas suas decisões morais ou é uma múmia ambulante ou, se não conseguiu sufocar toda a sua vitalidade, um monomaníaco fanático.

 

Posso compartilhar as dores das pessoas, mas não os seus prazeres. Existe algo curiosamente aborrecedor na felicidade alheia.

 

Os fatos são como os bonecos dos ventríloquos. Sentados no joelho de um homem sábio, articularão palavras de sabedoria; em outros joelhos, não dirão nada ou dirão disparates, ou se comprazeão em puro diabolismo.

 

A publicidade é uma das formas mais interessantes e difíceis da Literatura moderna.

 

O degrau da escada não foi inventado para repousar, mas, apenas, para sustentar o pé o tempo necessário para que o homem coloque o outro pé um pouco mais alto.

 

A castidade é a mais anormal das perversões sexuais.

 

Em tempos normais, nenhum indivíduo são pode concordar com a idéia de que os homens são iguais.

 

Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados.

 

A constância é contrária à Natureza, contrária à vida. As únicas pessoas completamente constantes são os mortos.4

 

A nossa política educacional se baseia em duas enormes falácias. A primeira é a que considera o intelecto como uma caixa habitada por idéias autônomas, cujos números podem ser aumentados pelo simples processo de abrir a tampa da caixa e introduzir novas idéias. A segunda falácia, é que, todas as mentes são semelhantes e podem lucrar como o mesmo sistema de ensino. Todos os sistemas oficiais de educação são sistemas para bombear os mesmos conhecimentos pelos mesmos métodos, para dentro de mentes radicalmente diferentes. Sendo as mentes organismos vivos e não caixotes do lixo, irremediavelmente dissimilares e não uniformes, os sistemas oficiais de educação não são, como seria de se esperar, particularmente afortunados. Que as esperanças dos educadores ardorosos da época democrática cheguem alguma vez a ser cumpridas parece extremamente duvidoso. Os grandes homens não podem ser feitos por encomenda, por qualquer método de ensino por mais perfeito que seja. O máximo que podemos esperar fazer é ensinar todo o indivíduo a atingir todas as suas potencialidades, e se tornar completamente ele próprio. Mas, o eu de um indivíduo será o eu de Shakespeare, o eu de outro será o eu de Flecknoe. Os sistemas de educação prevalecentes não só falham em tornar Flecknoes em Shakespeares (nenhum método de educação fará isto alguma vez); falham em fazer dos Flecknoes o melhor. A Flecknoe não é dada sequer uma oportunidade para se tornar ele próprio. Congenitamente, pela educação que recebe, um sub-homem está condenado a passar a sua vida como um sub-sub-homem.

 

Os homens são animais muito estranhos: uma mistura do nervosismo de um cavalo, da teimosia de uma mula e da malícia de um camelo.

 

As paródias e as caricaturas são as formas mais agudas de crítica.

 

 

Frank Sinatra

 

 

Há um único recanto do Universo que podemos ter certeza de melhorar: o nosso próprio interior.

 

As particularidades, como todos sabem, são favoráveis à virtude e à felicidade; as generalidades é que são, intelectualmente, males necessários. A espinha dorsal da sociedade não é composta de filósofos, mas de serradores de enfeites e de colecionadores de selos.

 

A normalidade é tão-somente uma questão de estatística.

 

Uma verdade desinteressante pode ser eclipsada por uma mentira emocionante.

 

Nunca é igual saber a verdade por si mesmo e ter de a ouvir por outro.

 

Por muito lentamente que nos pareça que passam as horas, parecer-nos-ão curtas, se refletirmos que não voltarão a passar.

 

Devemos o progresso aos insatisfeitos.

 

Talvez somente os gênios sejam verdadeiros seres humanos.

 

A ânsia pelo ritual e pelas cerimônias é forte e generalizada. Quanto é forte e quanto está largamente espalhada vê-se pelo ardor com que homens e mulheres, que não têm nenhuma religião ou têm uma religião puritana sem ritual, se agarram a qualquer oportunidade para participar em cerimônias, sejam elas de que espécie forem. A Ku Klux Klan, por exemplo, nunca teria conseguido o seu êxito do pós-guerra, se se aferrasse aos trajes civis e às reuniões de comissões. Os Srs. [William Joseph] Simmons e [Edward Young] Clark, os ressuscitadores daquela notável organização, compreendiam o seu público. Insistiram em realizar estranhas cerimônias noturnas nas quais os trajes de fantasia não eram facultativos, mas, sim, obrigatórios. O número de sócios subiu aos saltos e baldões. A Klan tinha um objetivo: o seu ritual simbolizava alguma coisa. Mas, para uma multidão ritofaminta a significação é aparentemente supérflua. A popularidade dos cânticos em comunidade mostram que o rito, como tal, é o que o público quer. Desde que seja impressivo e provoque uma emoção, o rito é bom em si próprio. Não interessa nada o que ele possa significar. À cerimônia dos cânticos em comunidade falta todo um significado filosófico, e não há nenhuma ligação com qualquer sistema de idéias. A cerimônia é simplesmente ela própria e mais nada. Os rituais tradicionais da religião e da vida quotidiana sumiram deste mundo vastamente. Mas, o seu desaparecimento causou pena. Sempre que as pessoas têm oportunidade, tentam satisfazer a sua fome cerimonial, mesmo que o rito com que a mitigam seja inteiramente destituído de significado.

 

 

Ku Klux Klan

 

É possível que a religião da solidão, de certa maneira, seja superior à religião social e formalizada. O que é certo é que ela apareceu mais tarde no decurso da evolução. Além disso, os fundadores das religiões e das seitas historicamente mais importantes têm sido todos, com exceção de Confúcio, solitários. Talvez seja verdade se dizer que quanto mais poderosa e original for uma mente, mais ela se inclinará para a religião da solidão, e menos ela será atraída no sentido da religião social ou impressionada pelas suas práticas. Pela sua própria superioridade, a religião da solidão está condenada a ser a religião das minorias. Para a grande maioria dos homens e das mulheres, a religião ainda significa o que sempre significou: religião social formalizada, um assunto de rituais, observâncias mecânicas, emoção das massas. Perguntem a qualquer dessas pessoas o que é a verdadeira essência da religião, e eles responderão que ela consiste na devida observância de certas formalidades, na repetição de certas frases, na reunião em certos tempos e em certos lugares, da realização por meios apropriados de emoções comunais.

 

Um homem louco é aquele cuja maneira de pensar e de agir não se coaduna com a maioria dos seus contemporâneos. A sanidade mental é uma questão de estatística. Aquilo que a maioria dos Homens faz em qualquer dado lugar e período é a coisa ajuizada e normal a fazer. Esta é a definição de sanidade mental na qual baseamos a nossa prática social. Para nós, aqui e agora, são muitos os de mentalidade sã e poucos os loucos. Mas, os julgamentos, aqui e agora, são, por sua natureza, provisórios e relativos. O que nos parece sanidade mental, a nós, porque é o comportamento de muitos, pode parecer... uma loucura. Nem é preciso invocar a eternidade como testemunho. A História é suficiente. A maioria auto-intitulada mentalmente sã, em qualquer dado momento, pode parecer ao historiador, que estudou os pensamentos e as ações de inumeráveis mortais, uma escassa mão-cheia de lunáticos. Considerando o assunto de outro ponto de vista, o psicólogo pode chegar à mesma conclusão. Ele sabe que a mente consiste de tais e tais elementos, que existem e devem ser tidos em conta. Se um homem tenta viver como se certos destes elementos constituintes do seu ser não existissem, está a tentar viver, em um sentido psicológico absoluto, anormalmente. Está a tentar ser louco; e tentar ser louco é insânia. Aplicando estes dois testes, o do historiador e o do psicólogo, à maioria mentalmente sã do Ocidente contemporâneo, o que verificamos? Verificamos que os ideais e a filosofia da vida agora geralmente aceites são totalmente diferentes dos ideais e da filosofia aceite em quase todas as outras épocas. O Sr. Buck e os milhões por quem ele fala estão, esmagadoramente, em minoria. Os incontáveis mortos preferem a sentença a seu respeito: estão loucos. Os psicólogos confirmam o seu veredicto. O êxito – «a deusa-cadela, Êxito» na frase de William James – exige estranhos sacrifícios daqueles que a adoram. Nada menos do que automutilação espiritual pode obter os seus favores. O homem coordenado para o êxito é um homem que foi forçado a deixar metade do seu espírito fora da sua personalidade. E se ele aceitar os ideais e a filosofia da vida que a deusa-cadela tem para oferecer, achar-se-á condenado, ou a uma estrênua irreflexão, ou a um cinismo poeirento e descolorido. Nascido potencialmente são, ele aprende a sua loucura. “Porque todo o Homem”, como Sancho Pança observou, “é como o céu o fez, e algumas vezes muito pior do que isso” – algumas vezes, também, muito melhor; depende, em parte, dos seus próprios esforços, em parte das tradições, das crenças, dos códigos, da filosofia da vida que acontece ser corrente na sociedade em que ele nasceu. Onde esta herança social é uma loucura, o indivíduo naturalmente mais normal está moldado à semelhança de um louco. Em relação à sociedade em que vive, ele é, sem dúvida, normal, porque se parece com a maioria dos seus pares. Mas eles são todos, falando em absoluto, conjuntamente loucos. A Natureza permanece inalterável, quaisquer que sejam os esforços conscientes feitos para a deformar. Os Homens podem negar a existência de uma parte do seu próprio espírito; mas o que é negado não é por isso destruído. Os elementos banidos se vingam nos indivíduos, nas sociedades inteiras. Uma coisa apenas é absolutamente certa quanto ao futuro: que as nossas sociedades ocidentais não se manterão por muito tempo no seu presente estado. Ideais loucos e uma filosofia lunática da vida não são as melhores garantias de sobrevivência.

 

Que todos os homens são iguais é uma proposição à qual, em tempos normais, nenhum ser humano sensato deu, alguma vez, o seu assentimento. Um homem que tem de se submeter a uma operação perigosa não age sob a presunção de que tão bom é um médico como outro qualquer. Os editores não imprimem todas as obras que lhes chegam às mãos. E quando são precisos funcionários públicos, até os Governos mais democráticos fazem uma seleção cuidadosa entre os seus súditos teoricamente iguais. Em tempos normais, portanto, estamos perfeitamente certos de que os homens não são iguais. Mas quando, em um país democrático, pensamos ou agimos politicamente, não estamos menos certos de que os homens são iguais. Ou, pelo menos – o que na prática vem ser a mesma coisa procedemos como se estivéssemos certos da igualdade dos homens. Identicamente, o piedoso fidalgo medieval que, na igreja acreditava em perdoar os inimigos e oferecer a outra face, estava pronto, logo que imergia novamente a luz do dia, a desembainhar a sua espada à mínima provocação. A mente humana tem uma capacidade quase infinita para ser inconsistente.

 

A imposição de padrões pelas sociedades aos seus extremamente diversificados indivíduos tem variado muito em diferentes períodos históricos e em diferentes níveis de cultura. Nas culturas mais primitivas, nas quais as sociedades eram pequenas e ligadas a tradições muito estreitas, a pressão para o conformismo era naturalmente muito intensa. Quem ler Literatura de Antropologia ficará espantado com a natureza fantástica de algumas das tradições às quais os homens tiveram de se adaptar. A vantagem de uma sociedade grande e complexa como a nossa é permitir à variedade de seres humanos se expressar de muitas maneiras; não precisa haver uma adaptação intensa, como a que encontramos em pequenas sociedades primitivas. Mesmo assim, em toda a sociedade há sempre um impulso para a conformidade, imposto de fora pela lei e pela tradição, e que os indivíduos impõem sobre si mesmos, tentando imitar o que a sociedade considera o tipo ideal. A este respeito, recomendo um livro muito importante do filósofo francês Jules de Gaultier, publicado há cerca de cinqüenta anos, chamado "Bovarismo". O nome vem da heroína do romance de Gustave Flaubert, Madame Bovary, no qual essa jovem mulher infeliz sempre tentava ser o que não era. Gaultier generaliza isto e diz que todos temos tendência a tentar ser o que não somos, a querer ser o que a sociedade na qual crescemos julga desejável. Ele diz que todo mundo tem um "ângulo bovarístico", e que o de algumas pessoas é bastante estreito; aquilo que elas são intrinsecamente, pela hereditariedade, não difere muito do que tentam fazer de si mesmas pela imitação. Mas, algumas pessoas têm ângulos bovarísticos de noventa graus, outras até de cento e oitenta, e tentam ser exatamente o oposto daquilo que são por natureza. Em geral, os resultados são desastrosos. Mesmo assim, um dos mecanismos através dos quais a sociedade consegue que as pessoas se conformem à ela é criar um ideal e fazer com que as pessoas o imitem voluntariamente. (Não é por nada que o livro provavelmente mais lido e mais influente da devoção cristã se chama Imitação de Cristo). Infelizmente, como vemos muito bem pelo estudo da delinqüência juvenil, nem sempre o ideal que imitamos é o melhor. Há a imitação de Al Capone, infelizmente, e a imitação do jovem duro que anda por aí a dar porrada nas pessoas; há imitação de cantores de 'rock-and-roll', e assim por diante. O processo sempre existe, em qualquer sociedade, e sempre existirá. O que devemos descobrir é algum método para aproveitar ao máximo este impulso social de conformidade, salvaguardando, ao mesmo tempo, a variabilidade genética dos indivíduos. Em primeiro lugar, liberdade e tolerância são de enorme importância, e, em segundo lugar, um ambiente decente – igual para todos e melhorando igualmente para todos – é decisivo. É vital não pressionar pessoas geneticamente diferentes para que sejam como todo o mundo, e, dentro dos limites da lei e da ordem, tentar e permitir que todo o indivíduo se desenvolva conforme as leis do seu próprio ser, e conforme o princípio religioso de que a alma individual é infinitamente valiosa. O nosso ideal deveria ser o que o filósofo de Chicago, Charles Morris, descreveu no seu livro "The Open Self": 'uma sociedade aberta constituída de Eus abertos.'

 

 

Os Imitadores

 

Como todos sabemos, aprender pouco é algo perigoso. Mas, o excesso de aprendizado altamente especializado também é uma coisa perigosa, e, por vezes, pode ser ainda mais perigoso do que aprender só um pouco. Um dos principais problemas da educação superior, agora, é conciliar as exigências da muita aprendizagem, que é essencialmente uma aprendizagem especializada, com as exigências da pouca aprendizagem, que é a abordagem mais ampla, mas menos profunda, dos problemas humanos em geral. O que precisamos fazer é arranjar casamentos, ou melhor, trazer de volta ao seu estado original de casados os diversos departamentos do conhecimento e das emoções, que foram arbitrariamente separados e levados a viver em isolamento nas suas celas monásticas. Podemos parodiar a Bíblia e dizer: "Que o homem não separe o que a Natureza juntou"; não permitamos que a arbitrária divisão acadêmica em disciplinas rompa a teia densa da realidade, transformando-a em absurdo. Mas, aqui, deparamo-nos com um problema muito grave: qualquer forma de conhecimento superior exige especialização. Precisamos nos especializar para entrar mais profundamente em certos aspectos separados da realidade. Mas, se a especialização é absolutamente necessária, pode ser absolutamente fatal, se levada longe demais. Por isto, precisamos descobrir algum meio de tirar o maior proveito de ambos os mundos: aquele mundo altamente especializado da observação objetiva e da abstração intelectual, e aquele que podemos chamar o mundo casado da experiência imediata, no qual nada pode ser apartado. Somos as duas coisas, intelecto e paixão, as nossas mentes têm conhecimento objetivo do mundo exterior e da experiência subjetiva. Descobrir métodos para unir esses mundos separados, mostrar a relação entre eles, é, penso eu, a mais importante tarefa da educação moderna. Gostaria de citar uma frase muito bela, de uma carta escrita por T. H. Huxley a Charles Kingsley, por ocasião da morte do filho pequeno de Huxley, de quatro anos de idade. Kingsley escrevera-lhe uma carta de condolências, e o meu avô respondeu escrevendo extensamente sobre todo o problema da imortalidade e da posição do cientista no mundo moderno. Ele disse: "Parece-me que a Ciência ensina da maneira mais elevada e firme a grande verdade, personificada na concepção cristã, de uma submissão absoluta à vontade de Deus. Sentarmo-nos diante do destino como uma criança pequena, e estarmos preparados para renunciar a qualquer noção preconcebida, seguindo humildemente para sejam quais forem os abismos aos quais a Natureza nos guia, ou não aprenderemos coisa alguma".

 

A investigação das doenças progrediu de tal forma que é quase impossível encontrar alguém totalmente saudável.

 

Não basta que as frases sejam boas. Seria preciso que o que delas se fizesse também fosse bom.

 

Os ideais da Democracia e da liberdade se chocam com o fato brutal da sugestionabilidade humana. Um quinto de todos os eleitores pode ser hipnotizado quase num abrir e fechar de olhos, um sétimo pode ser aliviado das suas dores mediante injeções de água, um quarto responderá de modo pronto e entusiástico à hipnopédia.5 A todas estas minorias demasiado dispostas a cooperar, devemos adicionar as maiorias de reações menos rápidas, cuja sugestionabilidade mais moderada pode ser explorada por não importa que manipulador ciente do seu ofício, pronto a consagrar a isso o tempo e os esforços necessários. É a liberdade individual compatível com um alto grau de sugestionabilidade individual? Podem as instituições democráticas sobreviver à subversão exercida do interior por especialistas hábeis na ciência e na arte de explorar a sugestionabilidade dos indivíduos e da multidão? Até que ponto pode ser neutralizada pela educação, para bem do próprio indivíduo ou para bem de uma sociedade democrática, a tendência inata a ser demasiado sugestionável? Até que ponto pode ser controlada pela lei a exploração da sugestionabilidade extrema, por parte de homens de negócios e de eclesiásticos, por políticos no e fora do poder?

 

Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas, são crucificados sozinhos.

 

E se este mundo for o inferno de outro planeta?

 

Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados em uma única autotranscendência. Debalde! Cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a viver e a gozar em solidão.

 

A felicidade real sempre parece bastante sórdida em comparação com as supercompensações do sofrimento. E, por certo, a estabilidade não é, nem de longe, tão espetacular como a instabilidade. E o fato de se estar satisfeito nada tem da fascinação de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de um combate contra a tentação, ou de uma derrota fatal sob os golpes da paixão ou da dúvida. A felicidade nunca é grandiosa.

 

Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível, e tentai vos conduzir melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.

 

O homem tem encontrado abundância em a Natureza, e, em quase todos os casos, devastou inteiramente o que encontrou.

 

Todo excesso traz, em si, o germe da autodestruição.

 

O único grande mérito dos deuses (além de amedrontar os pássaros e os ‘pecadores’, e, às vezes, consolar os miseráveis), consiste nisto: erguidos sobre estacas, temos de levantar a cabeça para vê-los. Quando alguém olha para cima, mesmo que seja para procurar um deus, não pode deixar de ver o céu que está além. E o que é o Céu? Simples dispersão de ar e de luz.

 

Além das prisões reais e históricas, marcadas por muita ordem e disciplina, e aquelas em que a anarquia engendra o inferno do caos moral e físico, há ainda outras prisões não menos terríveis por serem fantásticas e, portanto, sem uma estrutura fixa – as prisões metafísicas, que residem dentro da mente, cujas paredes são feitas de pesadelo e de incompreensão, cujas amarras são a ansiedade e seu instrumento de tortura, um sentimento de culpa tanto pessoal quanto coletivo.

 

Convenientemente aplicado a qualquer situação, o amor vence sempre. É um fato que se verifica empiricamente. O amor é a melhor política. A melhor não só para os que são amados, mas, também, para quem ama. Pois, o amor é um potencial de energia.

 

O bem da Humanidade deve consistir em que cada um goze o máximo de felicidade que possa, sem diminuir a felicidade dos outros.

 

 

 

 

 

 

Por estarmos encarnados,

somos seres-aí (de)limitados.

Mas, a tal da morte não liberta,

e, algumas vezes, até incerta.

 

Nem LSD nem dimetiltriptamina,

nem mescalina nempsilocibina...

Nem de joelhos nem prometendo,

nem se relhando nem fendendo...

 

Já para o ser-aí que delivra,

a compreensão, esta sim, livra.

Entretanto, o processo é longo;

tanto faz ser gazil ou mocorongo.

 

O Universo não escolhe;

quem faz germinar colhe.

Somos morango com creme;

somos a bússola e o leme.

 

Não há deus nem demônio

que falsifique o nosso nônio.

 

Desde sempre, escolhemos

o que, no venturo, seremos.

Por tudo, somos responsáveis:

veneráveis ou abomináveis.

 

em que é difícil a contravolta.

Para a coluna não entortar,

é necessário a Voz escutar.

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Nem sempre é assim. Às vezes participamos das comédias também, principalmente daquelas em que somos os atores principais. Um exemplo disto é se você der um peido enganador (aquele em que você se caga todo) em um elevador lotado. Todo mundo acabará sabendo logo que foi você, principalmente se você ficar amarelo. E, se feder – e, geralmente, nestas situações fede às pampas – a comédia será mesmo bufa. Mas, não temos que nos envergonhar destas coisinhas; afinal, somos humanos, e não há nada mais salutífero do que rir de si próprio. O negócio é sempre curtir de bom humor o inesperado que a vida apronta.

2. E disto sempre souberam e sabem muito bem os sabichões, que, podendo, se aproveitam logo que podem desta precariedade. Se você consultar a História, verá que todos os regimes de exceção nasceram exatamente da falta de rumo, do desânimo e da desesperança da população. Depois, para apeá-los do poder, só a fórceps; às vezes, com sangue, mas, sempre, com suor e muitas lágrimas.

3. Os males jamais têm somente uma causa, mas, têm uma causa primária: a ignorância. Para ela, o unicismo se aplica muito bem: tintura-mãe de ShOPhIa universalis, três gotinhas pela manhã, três à tarde e três à noite. Se o paciente não morrer do remédio, acabará deixando de confundir o Tratado de Tordesilhas com o tarado das Antilhas.

4. Eu, como já decidi, há muito tempo, que serei cremado (84 horas depois de ter empacotado), não serei constante nem na morte. Uma das coisas que mais prezo em minha personalidade é a minha impermanência consciente e a minha capacidade de mudar e de me adaptar rapidinho. Costumo dizer que não tenho compromisso com nenhuma das minhas idéias. Já pensou alguém que, entra dia sai dia, entra ano sai ano, entra vida sai vida, é igualzinho ao que sempre foi? Eu conheço gente assim e que gosta e se ufana de ser assim. Todos são melancólicos e cifóticos por excelência. Um horror! Bolas! Por exemplo: quem é capaz de ler Platão e continuar o mesminho que sempre foi? De duas uma: ou não compreendeu nada ou nada compreendeu.

5. Sleep-learning (também conhecido como hipnopédia) é uma tentativa de transmissão de informação para um indivíduo no momento do sono. Usualmente, é um método reconhecido de como usar sons gravados enquanto um indivíduo dorme.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ku_Klux_Klan

http://www.ifcs.ufrj.br/
~aproximacao/artigos/kafka.pdf

http://coletivodar.org/wp-content/

http://howtomakelsd.com/about-lsd-and-lsa/

http://pt.wikipedia.org/wiki/LSD#Efeitos

http://mensagensepoemas.uol.com.br/frases
/frases-de-bondade/aldous-huxley.html

http://culturadigital.br/contraculturadigital/files/2012
/02/Aldous_Huxley-As_portas_da_percepcao.pdf

http://apoesiadosoutros.blogspot.com.br/
2011/12/visao-aldous-huxley.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Aldous_Huxley

http://www.posfacio.com.br/2011/04/09/o-
futuro-nao-e-mais-como-era-antigamente/

http://pensador.uol.com.br/
autor/aldous_huxley/3/

http://pensador.uol.com.br/
autor/aldous_huxley/2/

http://pensador.uol.com.br/
autor/aldous_huxley/

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Sleep-learning

http://spfc.terra.com.br/
forum2.asp?nID=135077

http://www.citador.pt/textos/
a/aldous-huxley

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/aldous-huxley/20

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/aldous-huxley/10

http://www.artwallpaperhi.com/

http://johnfishercartoons.blogspot.com.br/
2013/03/frank-sinatra.html

http://s283.photobucket.com/

http://www.topnews.in/law/hitlers-mein-
kampf-be-republished-germany-26447

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/aldous-huxley

http://www.deboraflores.com.br/2012/08/
desvios-posturais-na-coluna-vertebral.html

http://www.blameitonthevoices.com/
2011/01/haters-gonna-hate-bit.html

http://pt.wikiquote.org/wiki/
Aldous_Huxley

 

Música de fundo:

Love is a Many Splendored Thing
Composição: Alfred Newman & Sammy Fain
Interpretação: Frank Sinatra

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/frank_sinatra_
love_is_a_many_splendored_thing.html

 

Direitos autorais:

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