O
passado não é aquilo que passa, é aquilo que
fica do que passou.
Em
cada momento da vida é preciso recomeçar a viver.
É mister, sobretudo, nunca se cansar de viver e de recomeçar
a viver.
A
primeira condição para se realizar alguma coisa, é
não querer fazer tudo ao mesmo tempo.
É
preciso fazer compreender à criança que a leitura
é o mais movimentado, o mais variado e o mais engraçado
dos mundos.
Amar,
no verdadeiro sentido do termo, é um sacrifício de
si mesmo, é uma vitória sobre suas paixões,
sobre a impaciência, sobre a monotonia, sobre o egoísmo,
sobre a vaidade, sobre tudo o que nos leva a olhar apenas para dentro
de nós mesmos.
A
utopia é o derradeiro reduto dos que não desesperaram
da liberdade.
É
preciso elitizar as massas e massificar as elites.
A
vida não passa de um instante; mas basta este instante para
empreendermos coisas eternas.
O
homem não foi feito para a solidão, mas a solidão
existe para que o homem encontre a si mesmo.
O
homem sem vida interior deixa-se viver, isto é, deixa-se
levar pela vida. O futuro não o preocupa, porque não
o ocupa.
Onde
não há oposição livre, há conspiração
latente.
A
problemática do cristão não é ser ou
não ser. É a de ser e não ser, isto é,
ser no mundo, mas sem ser do mundo.
Conversão
ao Catolicismo:
São Paulo diz que há dois tipos de conversão.
Para simplificar: a conversão lenta e a conversão
violenta. Há uma conversão como a de São Paulo:
violenta, que passa de uma pessoa que é conscientemente perseguidora
do Cristo, negadora de todas as verdades judeu-cristãs e
que os gregos chamam de metanóia
[mudança
essencial de pensamento ou de caráter; transformação
espiritual]. E há uma conversão
lenta, a transformação de um estilo de vida, de uma
concepção, para outro estilo de vida, outra forma
de concepção. A minha conversão foi evidentemente
lenta. Eu nunca tive uma educação religiosa muito
profunda. A minha família era religiosa, mas de uma religiosidade
bastante superficial. Posso dizer que até vinte anos o problema
religioso não me interessou. Por isto, costumo dividir minha
vida em três etapas: a etapa literária, a etapa de
idéias e a etapa de fatos, acontecimentos. A etapa literária
vai até os vinte e poucos anos: só a literatura e
a estética me interessavam. Aí, a Guerra de 14 foi
um problema mundial que afetou profundamente a mim e à minha
geração de um modo muito radical, porque a gente vivia
mesmo a 'belle époque' no sentido de gozar a vida, gozar
a vida esteticamente, ideologicamente, filosoficamente, no sentido
de preocupação de idéias, não no sentido
de ir fundo nos problemas. A guerra provocou realmente uma ruptura.
Eu estava em Paris, e diante daqueles fatos trágicos, de
vida ou de morte, da morte de uma civilização, de
um país, de uma geração, da minha geração,
que eu julgava isenta de ter que fazer opções tão
dramáticas. Voltei para o Brasil e fui me ajustando até
encontrar uma pessoa – que foi o Jackson de Figueiredo –
que promoveu a minha conversão. Neste sentido, a verdade
contida na essência do Cristianismo, de que a Verdade é
uma pessoa: Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida, diz o Cristo, ou
seja, este sentido personalista de que há na Terra alguém
que representa o Caminho e a Verdade na sua integridade, para mim,
começou a se apresentar.
O
Cristianismo é uma passagem de uma promessa do Messias para
a realização dessa promessa através da vivência
no tempo, e uma revelação do que é realmente
o sentido da vida. O Cristo é o sentido do amor, da amizade,
da fraternidade. Então, o Cristianismo é o sentido
de que se encontrou alguma coisa, mas que este encontro não
é um descanso, mas uma responsabilidade nova.
O
poder é uma coisa perigosa. Pois bem, o sexo é mais
perigoso ainda.
Todo
homem deveria ser incendiário até os 25 anos de idade
e bombeiro daí em diante.
Sou
um individuo que tende ao amadorismo e não ao profissionalismo.
Temos
de arrancar de todo o nosso sofrimento a capacidade de reagir dentro
das nossas possibilidades. Conhecer nossos limites. Ser limitado
sem ser medíocre. Ser equilibrado sem ser conformista, sem
ser morno. Deus vomita os mornos.
Devemos
ter o amor da dignidade, da honra, para saber que vivemos em um
mundo em que o bem e o mal estão confundidos em nossas próprias
almas.
Cada
um de nós deve ter o amor da perfeição. Saber
que devemos querer o máximo, mas saber que o máximo
nunca atingiremos. A santidade é um mosaico de pequenas virtudes.
Os grandes gestos são raros. No mais, a vida é feita
de pequenos gestos anônimos. Temos que adquirir o sentido
de sermos o menos imperfeito possível. Isto já é
uma grande conquista.
Dizem
que quando Einstein veio ao Brasil, Alceu Amoroso Lima, que o acompanhava,
volta e meia fazia anotações em um caderninho. Intrigado,
o cientista indagou-lhe o que tanto escrevia. Alceu explicou:
— Toda vez
que tenho uma idéia interessante, anoto. Einstein
então retrucou: — Engraçado,
eu só tive uma idéia até hoje — referindo-se
implicitamente à sua Teoria da Relatividade.
O
êxito não é critério de verdade.
Alceu
Amoroso Lima (1893 – 1983)