Minha
intenção última está na ciência de Deus.
O
primeiro preceito é que o obreiro nesta arte [a
Alquimia] deve ser silente e reservado
e jamais revelar seu segredo a quem quer que seja, sabendo bem que se muitos
souberem, o segredo já não será mantido, e que quando
é divulgado, será repetido com erro. Assim será perdido,
e a Obra permanecerá imperfeita.
Sobre
a Alquimia Espiritual: Divide o ovo dos filósofos em quatro
partes, que terão cada qual uma natureza. Então as reúna
com igualdade e proporcionadamente, de modo que não haja inconsistência,
e, assim, adquirirás o que foi proposto, querendo Deus. Este é
um método universal.
Às
vezes, as luminárias e outros planetas se encontram em um local que
tem tão grande poder de produzir seres humanos que imprime a forma
humana sobre sementes de um tipo todo distinto, e em oposição
ao poder formativo inerente naquela semente... Esta é a razão
porque, mesmo nas pedras endurecidas por vapores, é impresso no material
a forma de um homem ou a de algumas outras espécies da Natureza...
A
verdadeira razão pela qual estamos de muitas formas excluídos
da experiência e do deleite da vida interior e não podemos
de modo algum conseguir um vislumbre dela é porque a distraída
e incultivada mente humana não entra em si mesma pela lembrança
de Deus. O torvo entendimento humano é tão obstruído
com imagens terrenas que não pode encontrar caminho de volta para
seu próprio Coração interno, nem refrear seus desejos
e entrar em si mesmo por desejar a Luz Interior da alegria espiritual.
Retiremos
nosso Coração das distrações deste mundo e devolvamo-lo
às alegrias da vida interior, para que possamos ser dignos, em alguma
pequena medida, de fixar nossa morada na Luz da contemplação
divina, pois, esta é a vida e a paz de nossa alma.
A finalidade das ciências naturais
não é apenas aceitar as afirmações de outros,
mas investigar as causas que existem em a Natureza.
Só
a experiência nos pode certificar nessas coisas.
Sobre
a Última Ceia, na qual Cristo diz aos apóstolos:
'Façam isto em memória de mim': Certamente Ele (Cristo) não
pediria nada mais vantajoso, nada mais agradável, nada mais benéfico,
nada mais desejável, nada mais semelhante à vida eterna.
O
Pai dos espíritos nos instruiu no que é útil para a
nossa santificação.
O
que pode ser melhor do que Deus manifestando toda a Sua doçura para
nós? Qualquer um que receba este sacramento com a devoção
da fé sincera nunca provará da morte.
A
vontade é o motor universal de todas as potências para a ação.
A
vontade, por si mesma, é cega, não podendo operar senão
segundo a preordenação e a concepção da razão,
e, portanto, toda a ordem deriva da razão.
As
sementes das virtudes estão na natureza da razão.
Todo
o bem do homem deriva da razão.
A
obra do homem consiste na ordem da razão... razão à
qual compete ordenar determinada coisa para o fim.
A
escolha não pode existir – quanto à sua força
de escolha – sem o intelecto, isto é, sem a razão prática,
nem sem os hábitos morais que inclinam o apetite.
No
homem, a vontade é livre e não está determinada a uma
só coisa.
Toda
virtude é segundo a reta razão.
A
felicidade é o agir do homem segundo a melhor das virtudes.
A
prudência é essencialmente uma virtude intelectual, mas moral
no que diz respeito à sua matéria... Quem tem prudência
tem todas virtudes, uma vez que a prudência é a condutora das
virtudes. Tal como, de fato, a razão rege as outras potências,
a prudência rege as outras virtudes.
A
prudência não pode existir sem a virtude moral.
A
felicidade depende da operação da prudência, e é
necessário que na felicidade se congreguem todas as virtudes.
A
prudência é perfeitíssima segundo a bondade, porque
dá a todos a forma de bem, uma vez que, por meio dela, vem dado o
médio em todas as coisas.
São José foi varão
perfeito, no referente à justiça, pela constância da
sua fé; quanto à temperança, pela virtude de sua castidade;
quanto à prudência, pela excelência de sua discrição;
quanto à fortaleza, pela energia de sua ação. Assim,
pois, encontramos nele as quatro virtudes cardeais em grau excelente.
A
escolha é um ato de uma potência única, a qual se diz
livre-arbítrio, que é uma potência distinta da razão
e da vontade, participando, porém, de qualquer coisa de ambas.
As
operações não geram as virtudes, senão enquanto
são feitas de modo racional, e este modo está presente nelas
através da escolha. A escolha é a primeira das realidades
virtuosas, e a operação é quase como um agente próximo
e instrumental. O juízo moral deriva maiormente da escolha.
O
virtuoso não foge dos prazeres de modo absoluto, mas apenas se são
exagerados, seja por defeito, seja por excesso. Logo, as alegrias dos virtuosos
não são apenas espirituais, mas também corporais.1
Se,
de fato, uma ação boa recebe genericamente circunstâncias
más, torna-se certamente má, como dar de comer a um esfomeado
para depois se gabar, ou alimentar um trapaceiro, ou também matar
quem deve ser morto, por rancor ou por vingança, não observando
a ordem do Direito. Contrariamente, o mal genérico poderá
se tornar bem, como quando se dá a quem não se deve dar por
ser um profeta ou para fazer penitência, ou matar quem não
deve ser morto porque assim o exigem as peças do processo e as provas
que são contra ele, ainda que pela sua consciência saiba que
o acusado é inocente, todavia é forçado a mandar matar
quem, segundo a ordem do Direito, foi provado culpável a partir das
provas dos autos do processo.
O
bem genérico consiste em uma justa proporção da nossa
obra à matéria, isto é, em relação à
coisa em torno da qual operamos. Então, o bem se manifesta em nós
quando fazemos aquilo que devemos fazer e abandonamos aquilo que deve ser
abandonado.
De
homem a homem, a última palavra deve ficar necessariamente com a
razão.
Ache
a verdade, porque a verdade o libertará.
É
preferível crer em Agostinho do que nos filósofos,
no que diz respeito à fé e aos costumes. Mas, se se tratar
de Medicina, eu acredito antes em Hipócrates ou em Galeno. E se se
trata de Física, é em Aristóteles que creio, porque
era ele quem melhor conhecia a Natureza.
As
coisas teológicas não se conjugam com as coisas filosóficas
em seus princípios devido ao fato de que a a Teologia se baseia na
revelação e na inspiração, não na razão.
O filósofo diz tudo o que pode ser dito com base no raciocínio.
E, com certeza, não se pode ter qualquer conhecimento da Trindade,
da Encarnação e da Ressurreição a partir de
uma perspectiva puramente natural.
O
conhecimento da realidade não é único,
mas duplo, conforme consideremos a 'res in se', quando é objeto da
Filosofia, ou a 'res ut beatificabilis', quando é objeto da Teologia.
A
caridade é melhor genericamente do que a temperança.
Todo
ato em si mesmo é bom; porém, unido e enformado pelo pecado
é mau.
Ainda
que o agente tenha uma boa intenção, o adultério está
unido a um fim mau. Portanto, não pode ser bem realizado.
A
forma, nas realidades morais, deriva do fim.
Nada
é indiferente nas obras que a vontade faz com deliberação,
segundo o teólogo; mas, pode acontecer que, segundo o ético,
qualquer coisa indiferente possa ser realizada, e isto porque nenhuma virtude
entra em jogo, as quais são as principais causas em todos os atos
voluntários, mas cada uma move no que diz respeito à sua matéria.
O
fim mau é um certo bem sob determinado aspecto e segundo a intenção
do agente; mas enquanto o separa do fim verdadeiro torna-se mau absolutamente.
O
bem tem razão de fim, de tal sorte que o fim é aquilo que
é desejado intencionalmente 'per se' [em
si mesmo].
Nas
coisas morais, é central a cognição do fim, pelo que
a diferença que determina especificamente cada ato é tomada
do fim. E assim, acontece de fato com o hábito virtuoso que, como
diz o Filósofo [Aristóteles],
está sempre unido a um bom fim.
A
virtude aperfeiçoa a alma e a razão para o fim para o qual
está naturalmente disposta e em potência, e, portanto, é
natural na razão a propensão para a virtude, para a formação
das virtudes e para uma certa iniciação nas mesmas...
A
razão, quanto mais se aproxima da virtude, mais perfeita é;
e quanto mais se afasta do fim para o qual vem ordenada pela virtude mais
tende para a corrupção.
A
especificidade do agir humano deve ser segundo aquilo que é propriamente
seu e ótimo em si... Mas próprio do homem é a razão
prática; logo, segundo esta devem ser as suas obras, e em tal consiste
a felicidade.
Às
vezes, alguém, através do mal, que é o 'finis operis',
tem intenção de alcançar o bem, mas nunca o alcança...
A partir da intenção mal, é desejado o desprezo do
bem; e, assim, a culpa cresce.2
Matar
um homem enquanto é homem é sempre mau; mas matar um ladrão
– que é ladrão enquanto é contrário ao
bem do homem –
é bom.3
O
fim, ainda que seja externo, enquanto é fim é também
causa intrínseca enquanto é forma, porque
a forma e o fim coincidem em um.
Alguns
atos podem estar vinculados a duas virtudes:
a uma, enquanto produtora; a outra, enquanto imperante do ato.4
A
intenção de enganar está incluída na noção
de mentira.
O
mal, segundo o que significa abstratamente, não agrada a ninguém;
mas,
enquanto está em uma coisa concreta subsistente em um bem particular,
pode agradar a alguns, não enquanto mal, mas enquanto bem particular.
O
mal não age senão em virtude do bem.
Todo
pecado deriva de um erro na conclusão.
A
avareza é contra a natureza do homem, enquanto é homem,
ou seja, é contra a razão enformada pelo hábito do
Direito Natural.
Ao
saber que Tomás de Aquino fora apelidado de Boi
Mudo: Quando
este Boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido. Primeiro
comentário equivalente: Algum dia, o boi mudo fará
ouvir sua voz e seu eco ressoará pelo mundo inteiro. Segundo
comentário
equivalente:
Quando esse Boi mugir, o mundo vai tremer.
A
determinação
requer virtude.
A
matéria
não move nem dá a espécie nas realidades morais, senão
enquanto esteja unida a um fim. Portanto, ainda que todos os vícios
tenham a mesma matéria, diferem segundo fins concretos, mesmo que
venham a ser ordenados ulteriormente ao fim capital, tal como ao bem de
um exército. Logo, também diferem
segundo o motivo, porque o fim move.
Vejam
o exemplo do montanhês. Se nosso espírito se perder no desejo
pelas coisas que estão acontecendo lá embaixo, logo é
colhido em um labirinto de infinitas distrações e caminhos
tortuosos; a alma se aparta de si mesma, dissipada e despedaçada
em tantas partes quantos sejam os objetos de seus desejos. Isto conduz a
uma subida instável, a uma jornada sem fim e a cansaço sem
repouso. Mas
se o Coração e a alma se erguem, pelo desejo e pelo amor,
daquilo que se lhes está abaixo e evitam ligar-se em muitas distrações;
e se, esquecendo estas coisas, a alma recolhe-se ao único, imutável
e todo-suficiente bem, dedicando-se ao serviço deste bem, e firmemente
se estabelece ali pelo poder de sua vontade, então esta alma será
tão mais recolhida e forte quanto mais seus pensamentos e desejos
se dirigirem para Deus.
A
Natureza deve servir de base e de modelo à ciência. Por isto,
a arte trabalha de acordo com a Natureza em tudo o que pode.
A
experiência, através de repetidas observações,
é a melhor mestra no estudo da Natureza Só a experiência
leva à certeza no estudo da Natureza, pois que, em casos tão
particulares, não se pode provar através de silogismo.5
Não se pode ter qualquer
conhecimento da Trindade, da Encarnação e da Ressurreição
a partir de uma perspectiva puramente natural.
Bendito
seja Deus, uno em três pessoas.