Este
texto tem por objeto apresentar para reflexão uma pequena coletânea
de pensamentos do teólogo, músico, filósofo e médico
alemão Albert Schweitzer – um homem ético que viveu
preocupado com as coisas éticas, e que, neste sentido, como definiu
Jean Nakos, lutou
para estabelecer
uma exigência e um ideal
absolutos, e para
propor
um meio de reconciliar a exigência Ética Absoluta e as possibilidades
de ação do ser humano de hoje.
Bem,
quando tenho a feliz oportunidade de conhecer e de estudar a vida de alguns
seres especiais como Albert
Schweitzer, doutor
da selva, como ele se autodenominava, emocionado, realimento
minha confiança otimista no homem e a certeza de que a bondade e
a misericórdia acabarão derrotando a crueldade e a falta de
magnanimidade. Enfim, se tudo fosse por água abaixo, e se, absurdamente,
o mundo acabasse de repente, seres iluminados como Albert Schweitzer continuariam,
porque são perpétuos. Este é mais um texto que divulgo
que você gostará muito de ler. Como sempre, as animações
são por minha conta. Albert Schweitzer, que está lá
no céu junto com Platão e o Papa João XXIII, nada tem
com isto.
Nota
Biográfica
Albert
Schweitzer
Albert
Schweitzer (Kaysersberg, 14 de janeiro de 1875 – Lambaréné,
4 de setembro de 1965) foi um teólogo, músico, filósofo,
médico alemão e escritor, tendo publicado diversos livros
com forte impacto editorial, nascido na Alsácia, então parte
do Império Alemão (atualmente, uma região administrativa
francesa). Logo após seu nascimento, a família se mudou para
Günsbach, no vale do Münster. Albert teve, em sua juventude, duas
paixões – a leitura e a música. Passava horas em claro,
lendo sempre até a última página todos os livros que
lhe caiam nas mãos. Neste particular, conheço um tal de Rodolfo
muito parecido com Albert.
Albert
se formou em Teologia e em Filosofia na Universidade de Estrasburgo, onde,
em 1901, o nomearam docente. Tornou-se também um dos melhores intérpretes
de Bach e uma autoridade na construção de órgãos.
Por isto, escolhi como música de fundo a Ária na Corda Sol
(G) ou Ária da Quarta Corda, de Johann Sebastian Bach. Em 1904, para
surpresa de todos, amigos e alunos, resolveu cursar Medicina. Sua decisão
ocorreu após ter notícias dos imensos problemas de saúde
dos nativos do Alto Congo, principalmente no Gabão, na época
uma colônia ainda sob domínio francês. Completou seu
curso médico em dezembro de 1910, apresentando a surpreendente tese
de doutorado Estudo
Psiquiátrico de Jesus. Mais tarde, ao chegar à
cidade de Lambaréné, registrou em seu livro Entre
a Água e a Selva: As sublimes impressões sugeridas pela natureza
selvagem e grandiosa estão confundidas com o sofrimento e a angústia.
Estendem-se sobre mim, com o crepúsculo da primeira tarde passada
no Ogowe, as sombras da miséria africana. Tenho, mais do que nunca,
a convicção de que este País necessita de homens que
venham, sem demora, em sua ajuda. Ali,
Albert
improvisou um velho galinheiro, adaptando-o para o atendimento dos doentes,
que chegavam aos montes.
Com
o início da I Grande Guerra, os Schweitzer foram levados para a França,
como prisioneiros de guerra. Passaram praticamente todo o período
da guerra confinados em um campo de concentração. Neste período,
Albert escreveu sobre a decadência das civilizações.
Com
o final da Guerra, retomou seus trabalhos e, ante a visão de um mundo
desmoronado, declarou: Começaremos
novamente. Devemos dirigir nosso olhar para a Humanidade.
Realizou
uma série de conferências, com o único intuito de colher
fundos para reconstruir sua obra na África. Tornou-se muito conhecido
em todos os círculos intelectuais do continente, porém, a
fama não o afastou dos seus projetos e sonhos.
Após
sete anos de permanência na Europa, partiu novamente para Lambaréné.
Desta vez, acompanhado de médicos e de enfermeiras dispostos a ajudá-lo.
O hospital foi levantado em uma área mais propícia, e com
o auxílio de uma equipe de profissionais, Schweitzer pôde dedicar
algumas horas de seu dia a escrever livros, cuja renda contribuía
para manter os pavilhões hospitalares.
Foi
laureado, em 1952, com o Prêmio Nobel da Paz, como humilde homenagem
a um grande homem.
Albert
Schweitzer morreu em seu próprio hospital, na selva do Gabão,
em 4 de setembro de 1965, aos 90 anos de idade, devido a problemas circulatórios.
A sepultura, nas margens do Rio Ogowe, foi marcada com uma simples cruz.
Está enterrado ao lado de sua esposa Helene Bresslau, com quem havia
se casado em julho de 1912.
Pensamentos
de Albert Schweitzer
O
erro da Ética, até o momento, tem sido a crença de
que só se deva aplicá-la em relação aos homens.
É
destino de toda verdade ser objeto de ridículo, quando exposta pela
primeira vez. Era considerado idiotice se supor que homens negros eram realmente
seres humanos e tinham que ser tratados com tal. O que uma vez foi considerado
estupidez foi reconhecido como verdade. Hoje em dia, é considerado
exagero se proclamar constantemente o respeito por cada forma de vida, como
sendo uma séria exigência de uma Ética racional. Mas,
virá o dia em que as pessoas ficarão espantadas com o fato
de que a raça humana existiu por tanto tempo, antes de reconhecer
que lesar uma vida irrefletidamente é incompatível com a verdadeira
Ética. Ética é, sem ressalvas, responsabilidade por
tudo o que tem vida.1
Vivemos
em uma época perigosa — o homem domina a Natureza antes que
tenha aprendido a dominar a si mesmo.2
A
tragédia da vida é o que morre dentro do homem enquanto ele
vive.
Quando
o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação
– [seja
mineral,] seja vegetal,
seja animal
–
ninguém precisará ensiná-lo a amar seus
semelhantes.
Muito
pouco da grande crueldade mostrada pelos homens pode ser atribuída
realmente a um instinto cruel. A maior parte dela é resultado de
hábitos herdados3
ou da falta de reflexão.
Com
vinte anos, todos têm o rosto que Deus lhes deu; com quarenta, o rosto
que lhes deu a vida; e com sessenta, o rosto que merecem.4
Há
duas espécies de ingenuidade: uma, que ainda não percebeu
todos os problemas e ainda não bateu em todas as portas do conhecimento;
e outra, de uma espécie mais elevada, que resulta da Filosofia que,
tendo olhado dentro de todos os problemas e procurado orientação
em todas as esferas do conhecimento, chegou à conclusão de
que não podemos explicar nada,5
mas, que temos de seguir nossas convicções, cujo valor inerente
nos fala de maneira irresistível.
A
quem me pergunta se sou pessimista ou otimista, respondo que o meu conhecimento
é de pessimista, mas, a minha vontade e a minha esperança
são de otimista.
Dar
o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros
– é a única.
A
nossa civilização está condenada porque se desenvolveu
com mais vigor materialmente do que espiritualmente. O seu equilíbrio
foi destruído.
Os
anos enrugam a pele, mas, renunciar ao entusiasmo faz enrugar a alma.
A
quem o sofrimento pessoal é poupado deve se sentir chamado a diminuir
o sofrimento dos outros.
Não
devemos nos contentar em falar do amor para com o próximo, mas, praticá-lo.
Os
únicos homens verdadeiramente felizes são os que buscam uma
maneira de ser úteis aos outros.
Não
há heróis da ação; só heróis da
renúncia e do sofrimento.
Para
nós, os grandes homens não são aqueles que resolveram
os problemas, mas, aqueles que os descobriram.
Um
homem só é verdadeiramente ético, se obedecer à
sua compulsão [interior]
para ajudar toda a vida que ele é capaz
de assistir, e se evitar ferir toda as coisas que vivem.
Assim
como o Sol derrete o gelo, a gentileza evapora mal-entendidos, desconfianças
e hostilidades.
Os
únicos que serão realmente felizes são os que procurarem
e encontrarem um meio de Servir.
O
verdadeiro valor de um homem não pode ser encontrado nele mesmo,
mas, nas cores e nas texturas que faz surgir nos outros.
Felicidade
é nada mais do que boa saúde e memória ruim.
O
sucesso não é a chave para a felicidade. A felicidade é
a chave para o sucesso. Quem ama o que faz será bem-sucedido.
O
ser humano mal reconhece os demônios de sua criação.
O
salgueiro que se curva à tempestade, freqüentemente, escapa
melhor que o carvalho que resiste à ela; e assim, em grandes calamidades,
algumas vezes acontece de espíritos frívolos e levianos recuperarem
sua elasticidade e presença de espírito mais rapidamente do
que aqueles com caráter mais nobre.
Na
medida em que vamos adquirindo mais conhecimento, as coisas se tornam menos
compreensíveis e mais misteriosas.6
Do
mesmo modo que a onda não pode existir só para si mesma, mas,
como parte da superfície elevada do oceano, assim, nunca devemos
viver nossa vida apenas para nós mesmos, mas, sempre interagindo
com o que ocorre ao nosso redor.
Uma
Ética que nos obrigue somente a nos preocupar com os homens e a sociedade
não pode ter esta significação. Somente aquela que
é universal e nos obriga a cuidar de todos os seres nos põe
de verdade em contato com o Universo e a Vontade nele manifestada.
O
medo reina sobre a vida.7
Na
vida de toda pessoa, de vez em quando, nosso Fogo Interno se apaga. Ele,
então, é aceso, repentinamente, por outro ser humano. Deveríamos
todos ser gratos por aquelas pessoas que reacendem nosso Espírito
Interior.8
A
verdade não tem nenhuma hora especial para ela. Sua hora é
agora e sempre.
Ética
nada mais é do que reverência pela vida.
Os
ladrões nos exigem a bolsa ou a vida. Os médicos nos
levam a bolsa e a vida.
A
linguagem da verdade é simples.
Socorrendo,
por exemplo, um inseto que
se acha ameaçado,
nada faço além de tentar restituir aos
animais, em seu conjunto, um
pouco da dívida de culpa, sempre renovada, que
os homens contraíram em relação a eles.
Na
situação em que nos encontramos, o que importa não
é discorrer por símbolos, mas, abrir a boca e encher o mundo
com os nossos gritos contra essa porcaria dos experimentos nucleares.9
Descartes
tomou por ponto de partida do seu pensamento a proposição:
eu penso, logo eu sou
[Dubito,
ergo cogito, ergo sum. Duvido, logo penso, logo existo].
A escolha deste ponto de partida conduz irremediavelmente à via da
abstração. Deste ato de pensamento fictício e sem conteúdo,
não é possível deduzir uma proposição
sobre as relações do homem consigo mesmo e com o Universo.
Na realidade, o dado mais importante do pensamento tem um conteúdo.
Pensar significa pensar alguma coisa. O dado mais imediato do pensamento
humano formula-se assim: Eu sou vida que quer viver, rodeado de vida que
quer viver. É como vontade de vida rodeada de vontade de vida que
o homem se concebe a si mesmo, toda vez que ele medita sobre si mesmo e
sobre o mundo que o rodeia.
Parecia-me
totalmente inconcebível que na minha oração vespertina
eu não devesse orar senão pelos homens. É por este
motivo que, quando a minha mãe havia rezado comigo e me havia dado
o beijo da noite, eu proferia ainda, em segredo, uma oração
que eu mesmo havia composto para todas as criaturas vivas. Ela dizia: «Bom
Deus, protege e abençoa tudo o que respira, preserva do mal todos
os seres vivos e fá-los dormir em paz.»
Desde
que Schopenhauer me revelou, na minha juventude, o pensamento da Índia,
este não cessou de exercer uma forte atração sobre
o meu espírito. Além disto, sempre senti uma simpatia especial
pela Ética Indiana, porque ela não se preocupa somente com
as relações do homem com o seu semelhante e com a sociedade,
mas, também, com a sua atitude para com todos os seres.
Taoísmo
Chinês: «Não
matarás nenhum ser vivo e não farás mal a nenhum.»
«Tu não consumirás nem a carne nem o sangue de nenhum
ser vivo.»
Unicamente
a Ética Universal dos sentimentos da responsabilidade ampliada, extensiva
a tudo aquilo que vive, pode se fundamentar sobre o pensamento. A Ética
do Comportamento do homem para com os humanos não passa de um fragmento
de Ética.
A
consciência não se pode subtrair a uma Ética do Amor
e do Respeito por toda e qualquer vida. Será necessário que
a Filosofia abandone a antiga Ética de Limites estr[e]itamente
humanos e reconheça o valor de uma Ética Global, ampliada
para além do humano. Em compensação, os partidários
do amor por toda e qualquer criatura devem medir bem as dificuldades que
a sua ética levanta, e se decidir a não lançar um véu
sobre os inevitáveis conflitos por que passa cada um de nós.
A
afirmação do mundo e da vida se une na Ética.
Aquilo
que há dezenove séculos se apresenta neste mundo como Cristianismo
não passa de um esboço cheio de fraquezas e de erros, não
o Cristianismo total, emanado do Espírito de Jesus.10
Meditando
sobre a vida, eu me sinto na obrigação de respeitar toda e
qualquer vontade de vida ao meu redor como idêntica à minha,
como um valor misterioso.
Se
nos defrontamos com a necessidade de sacrificar uma vida, devemos buscar
o perdão, socorrendo, toda vez que tivermos a ocasião de fazê-lo,
um ser vivo em perigo.
A
Ética
consiste na responsabilidade perante tudo quanto vive, responsabilidade
tão ampliada que carece de limites.
A
minha experiência de valores traz em si mesma o seu significado seguinte:
represento a idéia suprema que se exprime no meu desejo de viver;
a idéia do respeito à vida. Em conseqüência disto,
valorizo a vida tanto como o desejo de viver que eu encontrar em torno de
mim; em conseqüência disto, não cesso de agir; em conseqüência
disto, crio valores.
O
homem não será realmente ético, senão quando
cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida à qual
possa acudir, e quando evitar causar prejuízo a qualquer criatura
viva. Não perguntará, então, por que razão esta
ou aquela vida merecerá a sua simpatia, como sendo valiosa, nem tampouco
lhe interessará saber se, e a que ponto, ela for ainda suscetível
de sensações. A vida como tal lhe será sagrada. Ele
não arrancará folhas de árvores; não cortará
flores; cuidará em não pisar em nenhum bicho. Nas noites de
verão, ao trabalhar à luz da lâmpada, preferirá
manter as janelas fechadas e respirar um ar viciado, a ver inseto após
inseto cair na mesa com as asas queimadas.
Faça
algo maravilhoso, e as pessoas o imitarão.
Nunca
diga que não há
mais nada de belo no mundo. Haverá
sempre algo para fazer você pensar, seja na forma de uma árvore,
seja no simples balouçar de uma folha.
Não
deixe o domingo ser tirado de você. Se sua alma não tiver domingo,
ela se tornará órfã.
Aquele
que tem a força para superar obstáculos possui a única
força que pode vencer a adversidade.
Estamos
todos juntos, mas, estamos todos
morrendo de solidão.
Há
dois meios infalíveis para nos resguardarmos das misérias
da vida: música e gatos. [Miau!]
Até
que o homem estenda seu círculo de compaixão para incluir
todas as coisas vivas, ele não encontrará a paz.
O
primeiro passo no sentido de uma evolução interior Ética
é um sentimento de solidariedade com todos os seres humanos.
O
homem é um animal inteligente que se comporta como um imbecil.
Um
otimista é uma pessoa que vê uma luz verde em todos os lugares,
ao passo que um pessimista só vê um sinal de trânsito
vermelho. O verdadeiro sábio é daltônico.
A
vida se torna mais difícil para nós quando vivemos para os
outros, mas, por outro lado, se torna mais rica e mais feliz.
Deixe-me
dar uma definição de Ética: Boa para manter e continuar
a vida, e ruim para danificá-la e destruí-la.
Lembre-se
de que você não vive em um mundo exclusivamente seu. Seus irmãos
também estão aqui.
Faça
todos os dias
alguma coisa por alguém, sem esperar receber pagamento
[recompensa].
A
Verdadeira Compaixão só atingirá sua perfeita amplitude
e plena
profundidade se e quando abraçar todas as criaturas
vivas, não se limitando apenas à Humanidade.
Podemos
fazer muito mais do que apenas ser reverentes ante tudo o que se chama vida.
Podemos fazer muito
mais do que apenas ter compaixão por tudo o que se chama
vida. Este é o princípio e o fundamento de toda a Ética.11
O
principal fundamento da moral é o respeito á vida.
Não
importa tanto o que é inteligente,
mas, muito mais o que é verdadeiro.
Pense
ocasionalmente no sofrimento do qual você se poupa de se envolver.12
O
homem precisa deixar de atribuir a causa dos seus problemas ao seu meio
ambiente [e
aos outros], e aprender a exercer plenamente a
sua vontade.
Cada
um de nós pode fazer um pouco para que uma parte da miséria
seja minimizada.
Um
homem não tem que ser um anjo para ser santo.
Por
ter perdido a capacidade de prever e de prevenir, o homem
acabará por destruir a Terra.
Ética
é a atividade do homem orientada para buscar e no sentido de garantir
a perfeição interior de sua própria personalidade.
Se
um homem perder sua reverência por qualquer porção da
vida, ele acabará perdendo sua reverência por toda a vida.
O
grande segredo do sucesso é passar pela vida como um ser-aí-no-mundo
que nunca se acostuma.
Humanitarismo
consiste em nunca sacrificar um ser humano a um propósito.
O
homem pode nem sequer reconhecer os demônios da sua própria
criação.
Devemos
transmitir o máximo que pudermos do nosso ser espiritual para aqueles
que estão na estrada conosco, e aceitar como algo precioso que vem
de volta para nós a partir deles.
Um
homem só pode fazer o que ele sabe fazer. Mas, se ele fizer isto
[com excelência]
todos os dias, ele poderá dormir durante a noite e fazê-lo
novamente no dia seguinte.
A
minha vida é o meu argumento.
Sempre
que um homem se voltar ele poderá encontrar alguém que precise
dele.13
Reverência
pela vida é a mais alta corte de apelação.
Reverência
pela vida
é o princípio fundamental da moralidade.
A
Ética
da Reverência pela Vida é a Ética do Amor se esparramando
em universalidade.
Sobre
Dakar (capital do Senegal): Não posso me esquecer da brutalidade
com que são tratados os animais naquele lugar.
Enquanto
milhares de animais continuarem a ser maltratados, enquanto o lamento dos
animais sedentos [e
aterrorizados] nos vagões de carga não
forem emudecidos, enquanto prevalecer tanta brutalidade nos matadouros,
todos seremos responsáveis por todas estas crueldades! Tudo o que
tem vida tem valor como um ser vivo, como uma manifestação
do Mistério da Vida.
A
religião de Jesus é a religião da Caridade.
A
paz está acima de toda razão.
Sobre
a autoridade (atitude com o primitivo):
Sou teu irmão, mas, teu irmão mais velho.
Ser
pobre em espírito não é ter espírito limitado;
os pobres em espírito são aqueles que têm consciência
de sua pobreza espiritual e que têm sede de riquezas interiores, mais
nobres e mais elevadas.14
A
renúncia ao raciocínio é a declaração
da bancarrota espiritual. O ceticismo começa onde termina a convicção
de que os homens podem chegar ao conhecimento da verdade [relativa]
por meio do raciocínio.
Quantas
vezes, aquilo que é considerado progresso consiste em que um ponto
de vista defendido com excepcional habilidade põe fora de combate,
por longo tempo, o verdadeiro entendimento!
Todos
vivemos espiritualmente daquilo que os nossos semelhantes nos deram em horas
decisivas de nossa vida. Estas horas decisivas não se anunciam, mas,
sobrevêm inesperadamente. Tampouco se apresentam com alarde, mas,
com singeleza.
Todos
devemos estar preparados para o fato de a vida querer nos arrebatar a fé
no bem e na verdade, e o entusiasmo por elas. Entretanto, nada nos força
a sacrificar estes valores.
Uma
verdade imensurável está contida na fantástica palavra
de Jesus: 'Bem-aventurados
os Mansos [Iniciados],
porque eles possuirão a Terra.'
Toda
violência tem em si mesma seu limite, porque, cedo ou tarde, produz
a violência contrária que, mais cedo ou mais tarde, se igualará
a ela, e, talvez, a sobrepuje. A bondade, porém, age por meios simples
e constantes.
No
tempo de hoje, em que a violência, sob a máscara da mentira,
mais ameaçadora que nunca, ocupa o trono do mundo, não permaneço
menos persuadido de que a verdade, a caridade, a indulgência, a mansidão
e a bondade são forças superiores a qualquer outra força.
Do
muito que me propus, quanto ainda poderei realizar? Resignado e humilde,
olho para o futuro, para que a renúncia, caso me
venha a ser necessária, me encontre com o espírito
preparado.
omo?
omo
poderá se alforriar
quem
detesta e faz chorar?
Como
poderá viajar em paz
quem
é pungente e brutaz?
omo poderá
ascender
quem
escorcha outro ser?
Como
mergulhará na LLuz
quem
atocha um na cruz?
omo se forrará
do karma
quem
repudia o Abidarma?
Como
romperá
o samsara
quem
é maldoso e cuiara?
omo ouvirá
o seu Deus
quem
vive a parir mateus?
Como
se tornará
Hiper-ser
quem
só serve ao não-ser?
.......................................
nossa Impressão Digital
não
é um tipo de coisa e tal,
e não
é um simples acidente:
está
fixada no Átomo-semente.
ou virar
u'a alma-de-serpente.
A escolha
só depende de nós;
temos
que implodir velhos nós.
udo
é Verdade e Caminho15
–
poetificou um Pequenininho.
Verdade
que é preciso topar.
Caminho,
por mérito, aquistar.
ão
Morrer é fugir da Estrada,
e tudo
vira sesquipedal maçada.
Só
Vivendo será deitada a Cruz.
Só
Vivendo será intervista a LLuz.
Esta
é a Cruz que azorata
com o nó que não desata!
______
Notas:
1. E
por tudo aquilo que aparentemente não tem. Aparentemente, porque
não há um grão de poeira que não esteja impregnado
da Vida Universal. Aliás, a condição de existência
de uma coisa como coisa é ser uma vida – parte inseparável
da Eterna Vida. Neste sentido, qual é a diferença, então,
por exemplo, entre uma pedra e um ser humano? É, simplesmente, o
fato de o ser humano ter consciência consciente de que é um
ser humano, e a pedra não ter percepção interna de
nada, e não saber sequer que é uma pedra. Mas, o fato inexorável
é que da mesma forma que, um dia, seremos Deuses conscientes, a pedra
terá ascendido à condição humana. Nem nós
seremos e ficaremos eternamente na condição de homens nem
as pedras serão e ficarão eternamente na condição
de pedra.
2. Domina
em termos, pois, não controla, por exemplo, tornados, terramotos,
tsunamis, enchentes,
vulcões etc. Mas, já consegue, razoavelmente, utilizar a própria
Natureza como arma de destruição em massa, produzindo catástrofes
e cataclismos climáticos para derrotar seus adversários.
3. Hábitos
herdados, particularmente e principalmente, de si-mesmo.
4. Você
já reparou que há certas pessoas que nascem, digamos assim,
feias, e, com o tempo, vão ficando bonitinhas? E que, ao contrário,
há algumas que nascem privilegiadamente belas e terminam monstruosas?
Isto decorre, simplesmente, da harmonia ou da ausência de compasso
entre o Eu Interno e o ego necessitante, que terminam por ser refletir,
generalizadamente, no aspecto físico. Quanto maiores forem a desavença,
a querença e a licença...
5. Pode(re)mos
explicar (quase) tudo. O que, geralmente, nos falta é entender o
passo anterior para entender o seguinte. E assim, vivemos mergulhados em
uma mistura de ignorância e de ilusão.
6. Por
tudo o que tenho escrito e publicado, entendo que isto seja exatamente o
contrário. A incompreensibilidade e o mistério são
filhos da nossa ignorância.
7. Não
sei se é propriamente o medo que reina sobre a vida; mas, tenho certeza
de que a ignorância impede que a vida se transforme em Vida. Só
conheceremos a Vida Eterna quando compreendermos o porquê de a Vida
existir simplesmente como Vida, e que tudo e todos são partes inalheáveis
desta Vida.
8. Ora,
nem o Fogo Interno nem o Espírito Interior se apagam; por ignorância,
vanidade, imoderação, capricho etc. nós é que
nos afastamos mentalmente Deles, e, aí, sentimos frio.
9. Não
só contra essa
porcaria dos experimentos nucleares – que são muito
mais do que simples porcarias
– mas, contra tudo o que ameace o equilíbrio planetário
e a dignidade inalienável da vida, como, por exemplo, as armas
de destruição em massa. Mas, não foram as armas
de destruição em massa o que o homem produziu de mais
temerário; foram seus deuses, que, em um certo sentido, são
piores e mais perigosos do que elas, porque engendram fanatismos, facciosismos
e intolerantismos – preconceituosos, intransigentes e retardativos
– tanto autoritários como totalitários. Contados um
por um, a Humanidade já pariu mais de 1.000.000 de deuses! São
deuses para ET nenhum botar defeito! Eu só fico imaginando a ciumeira
que deve haver entre eles.
Armas
de Destruição em Massa
10.
Aquilo que há
dezenove séculos se apresenta neste mundo como Cristianismo
não é Cristianismo, mas, Catolicismo – uma deturpação
autoritária e estéril do Gnosticismo-ShÓPhIco
ensinado por Jesus.
11.
Isto significa que, por exemplo, ficar sistematicamente jejuando, orando,
se abstendo, se eremitando,
se penitenciando, lavando as mãos, fugindo da realidade, pondo a
culpa das coisas nos outros e trecos esquizofrênicos semelhantes,
no fundo, não adianta nada, até porque não deixa de
ser uma forma (geralmente, impercebida) de egoísmo psicótico.
Fazer tudo o que for possível para melhorar o estado geral de inscícia
da Humanidade, isto, sim, é ético, ou melhor, é moralmente
concertado. A Paz
Perpétua (hospitalidade universal) reclamada por Immanuel
Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 – Königsberg, 12 de
fevereiro de 1804) depende de cada um de nós individualmente e de
todos nós coletivamente.
12.
Tomando a Segunda Guerra Mundial como exemplo, milhares de vidas teriam
sido poupadas, se muitos dos que não quiseram se envolver, tivessem
se envolvido. Neste caso, o lavabo
inter innocentes manos meas (lavarei minhas mãos entre
os inocentes) foi nada menos do que um crime contra a Humanidade, porque
apoiar uma monstruosidade ou ficar calado são a mesma coisa. Omissão
é tão grave quanto comissão.
13.
Isto significa que devemos sempre estar disponíveis.
14.
Não sei se isto é assim; acho até que não é.
Quem é espiritualmente pobre, geralmente, não tem consciência
de sua pobreza espiritual; às vezes, até se acha um sabe-tudo.
E se isto é assim, como um ser espiritualmente pobre poderá
almejar riquezas espirituais interiores, mais nobres e mais elevadas, se
são coisas que ele desconhece? Mutatis
mutandis, isto é como chocolate marca roscofe e chocolate
da Kopenhagen. Quem nunca comeu chocolate da Kopenhagen acha que chocolate
marca roscofe é o máximo. Só as sucessivas encarnações
– como os diversos períodos de uma faculdade – poderão
ir lentamente ilustrando a personalidade-alma, seja do paupérrimo
espiritual, seja do multimilionário espiritual, porque a Faculdade
da Vida é ilimitada em períodos e em ensinamentos. Somos todos
neófitos.
15.
In:
A Morte é a Curva da Estrada, Fernando Pessoa
(23 de maio de 1932).
A
morte é a curva da Estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A
Terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é Verdade e Caminho.
Páginas
da Internet consultadas:
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Música
de fundo:
Ária
na Corda Sol (G) ou Ária da Quarta Corda
Compositor: Johann Sebastian Bach
Fonte:
http://classicosmusicais.tripod.com/
Direitos
autorais:
As animações,
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neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
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