Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Exortação da Guerra

– Encorajamento feito na presença de D. Manuel
por ocasião da partida de D. Jaime,
Duque de Bragança, para Azamor – (sic)

 

 

Ó famoso Portugal,
Conhece teu bem profundo,
pois até o polo segundo
chega o teu poder real.
Avante, avante, Senhores,
pois que com grandes louvores
todo o céu vos favorece:
El Rei de Fez esmorece,
E Marrocos dá demoras.
Óh! deixae edificar
tantas camaras dobradas,
mui pintadas e douradas,
que he gostar sem prestar.
Alabardas, alabardas!
Espingardas, espingardas!
1

 


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Nota:

1. VICENTE Gil. Exortação da Guerra. Obras Completas de Gil Vicente, vol. IV. Lisboa: Sá da Costa, 1943, pp. 147 e 148. Apud António Quadros. In: Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista, vol. 2. Lisboa: Guimarães & Cia. Editores, 1983, p. 89.

 

Observação:

José Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de novembro de 1922 – Lanzarote, Ilhas Canárias, 18 de junho de 2010) deixou um livro inacabado no seu computador. O romance, sobre o tráfico de armas, havia sido batizado com o título Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!, que homenageia o grande poeta e dramaturgo português Gil Vicente (1465? – 1536?).

 

 

Gil Vicente escrevendo


 

 

 

 

Alabardas

Alabardas

 

 

Alabardas... Espingardas...

Bardas... Retaguardas...

Já estou enfastiado disto tudo!

Pacificação e concórdia!

Compaixão e misericórdia!

 

 

Contraguardas... Anteguardas...

Vanguardas... Salvaguardas...

Já estou enfastiado disto tudo!

Dignidade e beleza!

Generosidade e lhaneza!

 

 

Fardas... Bombardas...

Gás de mostarda... Guardas...

Já estou enfastiado disto tudo!

Consolação e fraternidade!

Despretensão e compassividade!

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Ondas do Mar de Vigo (Cantiga de Amigo)

Fonte:

http://www.instrumentsmedievaux.org/
eng/index.htm

 

Página da Internet consultada:

http://imex-esparraga.blogspot.com/
2009/11/to-give-evil-eye.html