APENAS UM GRÁFICO

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Peregrinação Cíclica da Humanidade

 

 

 

 

 

O Ciclo da Vida

 

O homem domina a Natureza e é por ela dominado. Só ele lhe resiste e, ao mesmo tempo, ultrapassa as suas leis e amplia o seu poderio, graças à sua vontade e atividade. Afirmar, no entanto, que o mundo foi criado para o homem é algo que está longe de ser evidente. Tudo o que o homem constrói é, como ele, efêmero: o tempo derruba os edifícios, atulha os canais, apaga o saber e até o nome das nações. (...) Dir-me-ão que as novas gerações recebem a herança das gerações que as precederam e que, por conseqüência, a perfeição ou o aperfeiçoamento não têm limites. Mas, o homem está longe de receber intacta a súmula dos conhecimentos acumulados pelos séculos que o precederam, e, se aperfeiçoa algumas dessas invenções, no que diz respeito a outras fica bastante atrás dos seus próprios inventores; um grande número dessas invenções chega mesmo a se perder.

Não preciso sequer de sublinhar como certos pretensos melhoramentos foram nocivos à moral e ao bem-estar. Determinada invenção, suprimindo ou diminuindo o trabalho e o esforço, enfraqueceu a dose de paciência necessária para suportar as contrariedades ou a energia que temos de dar provas para as vencer. Outros progressos, dando origem a um maior luxo e a um bem-estar aparente, exerceram uma influência funesta sobre a saúde das gerações e sobre o seu poder físico, e acarretaram igualmente uma decadência moral. O homem vai buscar à Natureza venenos como o tabaco e o ópio, para deles fazer instrumentos de prazer grosseiros, sendo castigado com a perda da energia e o embrutecimento. Nações inteiras vivem hoje como párias, devido ao uso imoderado destes estimulantes ou dos licores fortes.

Atingindo um certo ponto de civilização, são atenuadas, em particular, as noções de honra e de mérito. O enfraquecimento geral, que é provavelmente o resultado do progresso dos prazeres, arrasta uma rápida decadência, o esquecimento do que fora a tradição conservadora ou o ponto de honra de uma nação. É em uma situação como esta que se torna difícil resistir aos invasores. Há sempre um povo qualquer sedento por seu turno de prazeres, pura e simplesmente bárbaro ou que conserva ainda qualquer mérito ou espírito de iniciativa disposto a se aproveitar dos despojos dos povos degenerados. Esta catástrofe, facilmente previsível, se torna, por vezes, uma espécie de rejuvenescimento para o povo conquistado.

É um pouco o que sucede com a tempestade, que purifica o ar depois de o ter convulsionado. Esse turbilhão parece trazer novos germes ao solo gasto, e, de tudo isto, pode ser que nasça uma nova civilização. Serão, no entanto, necessários séculos para que floresçam de novo as doces artes, que acabarão por abrandar os costumes e os corromper de novo, ritmando essas ternas alternativas de grandeza e de miséria, em que transparece tanto a fraqueza humana como o poder singular do seu gênio.

O Ciclo da Vida. In: Diário, Ferdinand Victor Eugène Delacroix.

Fonte:

http://www.citador.pt/textos/o-ciclo-da-vida-eugene-delacroix

 

 

 

 

Música de fundo:

War March of the Priests
Compositor: Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy
Interpretação: The Philadelphia Orchestra/Eugene Ormandy

Fonte:

https://www.myfreemp3.fun/mp3/march+of+the+priests

Observação:

Admite-se a música War March of the Priests esteja associada ao 7º Raio e à Hierarquia de Aquário.