No
momento em que alcançamos qualquer alvo, perdemos o atributo da inocência
e da humildade. No momento em que chegamos a uma conclusão ou começamos
a nos examinar com base no conhecimento antigo e adquirido, está
tudo acabado, porque, então, estamos traduzindo tudo o que é
vivo em termos do velho. Mas se, ao contrário, não temos nenhum
ponto de apoio, nenhuma certeza, nenhuma perfeição, estamos
em liberdade para olhar, e quando olhamos uma coisa em e com liberdade,
ela é sempre nova. Um ser-humano-aí-no-mundo seguro de si
é um ente morto. Para nos Libertarmos e Renascermos, precisamos nos
alforriar da nacionalidade, dos preconceitos, da casta, da classe, da tradição,
da cultura, da religião, da língua, da educação,
da literatura, da arte, do costume, da convenção, da propaganda
de todo gênero, da pressão econômica, da alimentação
que tomamos, do clima em que vivemos, da nossa família, dos nossos
amigos, das nossas experiências, enfim, de todas as influências
possíveis e imagináveis, e, por conseguinte, de todas as nossas
reações que nos condicionam. Só se nos libertarmos
de todas as inadequações e de todos os condicionamentos poderemos
ser livres. [In: Liberte-se
do Passado (Freedom
From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
Afinal, quem sou eu?
Você ainda é
o devenir irrealizado,
porque vive no presente
acorrentado ao passado.
Você
ainda é
a chance malograda,
porque sonha com o impossível
e arquiteta o inadmissível.
Você ainda é um Mago Negro,
porque só consegue se nutrir
de desejos, de cobiças e de paixões.
Você
ainda é um fantoche,
escravo
do seu Plexo Solar,
a anuir, sucumbir e transigir.
Você ainda é um verdugo,
para você e para todos os seres-aí,
pois, é um descumpridor da Lei.
Você ainda é a Noite Negra,
dolorosa e atemorizante,
pois, desconhece a Aurora.
Você ainda é um inocente útil,
pois, serve a dois senhores,
sem perceber a diferença.
Você
ainda é uma figueira seca,
já que, nunca dá bons frutos,
e, quando dá, eles brotam podres.
Você
ainda é um abismo sem-fim,
porque –
no seu obscurantismo –
sempre abre a Boceta de Pandora.1
Você ainda é contraditório,
pois, de um modo, é nacionalista,
e, de outro, é intolerantista,
de um terceiro, é fideísta,
e,
de um quarto, é egoísta.
Você ainda é luto e tristeza,
pois, não consegue lobrigar
o Amor, a Alegria e a Beleza.
Você ainda é um ceguinho,
porque não enxerga a Luz
que está em seu Coração.
Você ainda é uma sombra,
porque claudica sem rumo,
perdido no Vale da Morte.
Você ainda é uma miragem
embaralhada com ilusão,
surdo para a Voz do Silêncio.
Você ainda é Conium maculatum,
que se auto-envenena dia-a-dia,
e que envenena a Humanidade.
Você ainda é um Quercus robur,
que fabrica a própria cruz,
girando em alvoroço horário.
Você ainda é um demônio,
que não sabe que é um Deus,
mas, quando se tornar um Deus,
deixará de ser um demônio.
_____
Nota:
1. A
expressão «Boceta de Pandora» tem a sua origem
na Mitologia, segundo a qual Zeus enviou Pandora – a primeira mulher,
fruto do contributo de todos os deuses, sob a ordem de Zeus – dentro
de uma boceta, como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu. Disse
Zeus: — Darei
de presente aos homens um mal com que todos, do fundo do seu coração,
desejarão rodear de amor a sua infelicidade. (Jean Chevalier
e Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos, Lisboa,
Teorema, 1994). Pandora é, assim, num
mito hesiódico, a primeira mulher, criada por Hefesto e por Atena,
com o auxílio de todos os outros deuses, por ordem de Zeus. Cada
um deles lhe atribuiu um dom: recebeu assim a beleza, a graça, a
destreza manual, a capacidade de persuadir e outras qualidades. Mas, Hermes
colocou no seu coração a mentira e a astúcia. Hefesto
fê-la à imagem das deusas imortais e Zeus destinou-a à
punição da raça humana, à qual Prometeu tinha
acabado de dar o Fogo Divino. Foi este o presente que todos os deuses ofereceram,
então, aos homens, para lhes causar a desgraça.
(Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia, Lisboa, Difel,
1992). «Boceta
de Pandora» se trata, portanto, de uma expressão
simbólica, de sentido figurado, atestada pelos dicionários,
que representa a
origem de todos os males. (Grande Dicionário da Língua
Portuguesa, Porto Editora, 2010).
Pandora
examinando atentamente a sua Bocetinha!
Música
de fundo:
Edelweiss
Composição: Richard Rodgers (música) & Oscar Hammerstein
II (letra)
Interpretação: André Rieu e a Orquestra Johann Strauss
Fonte:
https://ycapi.org/button/?v=aVbBeobwIzQ
Uma
informação:
Edelvais
é uma planta perene (Leontopodium
alpinum) da família das compostas, pequena e toda revestida
de tomento branco, com folhas em tufos e inflorescência formada por
capítulos de flores amarelas, cercados por folhas brancas, semelhantes
a brácteas, nativa das montanhas da Europa e cultivada como ornamental.
Existem muitas
lendas relacionadas à esta flor: em uma delas, por exemplo, a flor
teria nascido das lágrimas de uma jovem virgem. Dizem as lendas da
Áustria ser uma prova de amor quando um rapaz sobe os Alpes para
buscar a linda flor para sua amada, pois, é um percurso muito perigoso,
e somente muito amor o faz se arriscar desta maneira. A flor foi usada para
título de uma canção no filme The
Sound of Music (no Brasil, A Noviça Rebelde)
e como símbolo patriótico contra a ocupação
nazista durante a 2ª Guerra Mundial.
Edelvais
The
Sound of Music (A Noviça Rebelde)
[Capitão
von Trapp (Christopher Plummer) rasgando uma bandeira nazista]
Páginas
da Internet consultadas:
https://greece.mrdonn.org/
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/
perguntas/a-expressao-boceta-de-pandora/31319
https://www.vectorstock.com/
https://www.istockphoto.com/br
https://gifer.com/en/9lfk
http://bestanimations.com/
http://norma-pages.blogspot.com/
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