AFINAL, QUEM SOU EU?

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

No momento em que alcançamos qualquer alvo, perdemos o atributo da inocência e da humildade. No momento em que chegamos a uma conclusão ou começamos a nos examinar com base no conhecimento antigo e adquirido, está tudo acabado, porque, então, estamos traduzindo tudo o que é vivo em termos do velho. Mas se, ao contrário, não temos nenhum ponto de apoio, nenhuma certeza, nenhuma perfeição, estamos em liberdade para olhar, e quando olhamos uma coisa em e com liberdade, ela é sempre nova. Um ser-humano-aí-no-mundo seguro de si é um ente morto. Para nos Libertarmos e Renascermos, precisamos nos alforriar da nacionalidade, dos preconceitos, da casta, da classe, da tradição, da cultura, da religião, da língua, da educação, da literatura, da arte, do costume, da convenção, da propaganda de todo gênero, da pressão econômica, da alimentação que tomamos, do clima em que vivemos, da nossa família, dos nossos amigos, das nossas experiências, enfim, de todas as influências possíveis e imagináveis, e, por conseguinte, de todas as nossas reações que nos condicionam. Só se nos libertarmos de todas as inadequações e de todos os condicionamentos poderemos ser livres. [In: Liberte-se do Passado (Freedom From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

 

 

 

Afinal, quem sou eu?

Você ainda é o devenir irrealizado,

porque vive no presente

acorrentado ao passado.

Você ainda é a chance malograda,

porque sonha com o impossível

e arquiteta o inadmissível.

Você ainda é um Mago Negro,

porque só consegue se nutrir

de desejos, de cobiças e de paixões.

Você ainda é um fantoche,

escravo do seu Plexo Solar,

a anuir, sucumbir e transigir.

Você ainda é um verdugo,

para você e para todos os seres-aí,

pois, é um descumpridor da Lei.

Você ainda é a Noite Negra,

dolorosa e atemorizante,

pois, desconhece a Aurora.

Você ainda é um inocente útil,

pois, serve a dois senhores,

sem perceber a diferença.

Você ainda é uma figueira seca,

já que, nunca dá bons frutos,

e, quando dá, eles brotam podres.

Você ainda é um abismo sem-fim,

porque no seu obscurantismo

sempre abre a Boceta de Pandora.1

Você ainda é contraditório,

pois, de um modo, é nacionalista,

e, de outro, é intolerantista,

de um terceiro, é fideísta,

e, de um quarto, é egoísta.

Você ainda é luto e tristeza,

pois, não consegue lobrigar

o Amor, a Alegria e a Beleza.

Você ainda é um ceguinho,

porque não enxerga a Luz

que está em seu Coração.

Você ainda é uma sombra,

porque claudica sem rumo,

perdido no Vale da Morte.

Você ainda é uma miragem

embaralhada com ilusão,

surdo para a Voz do Silêncio.

Você ainda é Conium maculatum,

que se auto-envenena dia-a-dia,

e que envenena a Humanidade.

Você ainda é um Quercus robur,

que fabrica a própria cruz,

girando em alvoroço horário.

Você ainda é um demônio,

que não sabe que é um Deus,

mas, quando se tornar um Deus,

deixará de ser um demônio.

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. A expressão «Boceta de Pandora» tem a sua origem na Mitologia, segundo a qual Zeus enviou Pandora – a primeira mulher, fruto do contributo de todos os deuses, sob a ordem de Zeus – dentro de uma boceta, como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu. Disse Zeus: — Darei de presente aos homens um mal com que todos, do fundo do seu coração, desejarão rodear de amor a sua infelicidade. (Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos, Lisboa, Teorema, 1994). Pandora é, assim, num mito hesiódico, a primeira mulher, criada por Hefesto e por Atena, com o auxílio de todos os outros deuses, por ordem de Zeus. Cada um deles lhe atribuiu um dom: recebeu assim a beleza, a graça, a destreza manual, a capacidade de persuadir e outras qualidades. Mas, Hermes colocou no seu coração a mentira e a astúcia. Hefesto fê-la à imagem das deusas imortais e Zeus destinou-a à punição da raça humana, à qual Prometeu tinha acabado de dar o Fogo Divino. Foi este o presente que todos os deuses ofereceram, então, aos homens, para lhes causar a desgraça. (Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia, Lisboa, Difel, 1992). «Boceta de Pandora» se trata, portanto, de uma expressão simbólica, de sentido figurado, atestada pelos dicionários, que representa a origem de todos os males. (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2010).

 

 

Pandora examinando atentamente a sua Bocetinha!

 

 

Música de fundo:

Edelweiss
Composição: Richard Rodgers (música) & Oscar Hammerstein II (letra)
Interpretação: André Rieu e a Orquestra Johann Strauss

Fonte:

https://ycapi.org/button/?v=aVbBeobwIzQ

Uma informação:

Edelvais é uma planta perene (Leontopodium alpinum) da família das compostas, pequena e toda revestida de tomento branco, com folhas em tufos e inflorescência formada por capítulos de flores amarelas, cercados por folhas brancas, semelhantes a brácteas, nativa das montanhas da Europa e cultivada como ornamental. Existem muitas lendas relacionadas à esta flor: em uma delas, por exemplo, a flor teria nascido das lágrimas de uma jovem virgem. Dizem as lendas da Áustria ser uma prova de amor quando um rapaz sobe os Alpes para buscar a linda flor para sua amada, pois, é um percurso muito perigoso, e somente muito amor o faz se arriscar desta maneira. A flor foi usada para título de uma canção no filme The Sound of Music (no Brasil, A Noviça Rebelde) e como símbolo patriótico contra a ocupação nazista durante a 2ª Guerra Mundial.

 

 

Edelvais

Edelvais

 

 

The Sound of Music

The Sound of Music (A Noviça Rebelde)
[Capitão von Trapp (Christopher Plummer) rasgando uma bandeira nazista]

 

Páginas da Internet consultadas:

https://greece.mrdonn.org/

https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/
perguntas/a-expressao-boceta-de-pandora/31319

https://www.vectorstock.com/

https://www.istockphoto.com/br

https://gifer.com/en/9lfk

http://bestanimations.com/

http://norma-pages.blogspot.com/

 

Direitos autorais:

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