AFINAL, QUEREMOS O QUÊ?

 

Sócrates e

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Sócrates disse: — O corpo é uma coisa má.

Eu desatesto: — O corpo é meio que uma jangá.1

Sócrates disse: — O corpo é uma prisão.

 

 

Por que seremos escravos de um corpo?

Escravos somos, sim, dos pensamentos

 

 

Não é o corpo que devemos acoimar;2

mas, sim, nossa esdruxulice no pensar.

Cedemos a excessos, regalos e ilusões,

e cerceamos o Deus de nossos Corações!

 

 

 

 

 

 

 

Observação:

Este poema são as reflexões finais de um estudo que fiz sobre o Fédon, de Platão, e que, proximamente, eu o divulgarei. As duas afirmações de Sócrates estão na obra citada.

 

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Notas:

1. 1. Embarcação a remo do arquipélago das Molucas (oceano Pacífico, a Leste da Indonésia).

2. Acoimar não no sentido de obrigar a pagar coima; mas no sentido de, reflexiva e dialeticamente, se atribuir responsabilidade, se e quando for o caso. Logo, por exemplo, o esdrúxulo uso do cilício como forma de mortificação voluntária ou de expiação – ao lado de jejuns penitenciais e de abstinências supressórias – é uma inutilidade inútil. Supliciar o corpo não liberta nem Illumina a personalidade-alma. Precisamos compreender que a experiência da encarnação é insubstituível. Agora, adular o corpo e ceder a todas as suas demandas... Bem, na verdade as demandas não são do corpo, que não quer nem deixa de querer absolutamente nada; mas são, sim, sempre, de nossas fragilidades consentidas, condescendidas, aquiescidas, anuídas, assentidas, permitidas, autorizadas, validadas, abonadas, justificadas e sei lá mais o quê!

 

Fundo musical:

All Or Nothing At All
Música: Arthur Altman
Letra: Jack Lawrence
Interpretação: Ray Conniff e sua orquestra

 

Página da Internet consultada:

http://ivancezar.blogspot.com/
2009_05_01_archive.html