Este
estudo tem por objetivo apresentar para reflexão alguns pensamentos
do psicanalista austríaco Alfred Adler.
Breve
Biografia
Alfred
Adler (Viena, 7 de fevereiro de 1870 – Aberdeen, 28 de maio de 1937)
foi um psicanalista austríaco. Filho de judeus húngaros, formou-se
em Medicina, Psicologia e Filosofia pela Universidade de Viena. Praticou
clínica geral antes de se dedicar à Psiquiatria. Em 1902,
como aluno e colaborador, foi trabalhar com Sigmund Freud (Príbor,
6 de maio de 1856 – Londres, 23 de setembro de 1939), realizando pesquisas
no campo da Psicanálise. Mais tarde, se desligou dele por considerar
o fator sexual superestimado por Freud. Para Adler, o fator sexual era apenas
mais um dentre tantos que poderiam servir ao sujeito em sua luta pela superioridade
e domínio da Natureza. Adler disse que aprendera mais com os erros
de Freud do que com os seus ensinamentos.
Adler
é o fundador da Psicologia do Desenvolvimento Individual. Segundo
sua teoria, o meio social e a preocupação contínua
do indivíduo em alcançar objetivos preestabelecidos são
os determinantes básicos do comportamento humano, o que inclui a
sede de poder e a notoriedade. Os complexos de inferioridade, provocados
pelo conflito com o envolvimento social, poderão se traduzir-se em
uma dinâmica patológica (psicose, neurose), que deve ser tratada
de um ponto de vista psicoterapêutico.
Também
se ocupou da orientação da criança como método
preventivo na Psicologia Médica. Com o apoio do Governo Austríaco,
abriu centros de orientação infantil em escolas de Viena,
Berlim e Munique. Entrevistas públicas de orientação
familiar, seguidas de discussões, disseminaram seus métodos
e teorias, especialmente entre educadores. Realizou inúmeras conferências
na Europa e nos Estados Unidos. Em 1930, seus esforços para divulgar
sua doutrina de interesse social diante do totalitarismo europeu marcaram-no
mais como pregador do que como cientista.
Adler
morreu quando se encontrava em Aberdeen, Escócia, ministrando um
curso de Psicologia. Merece lugar de destaque no movimento psicanalítico
pela importância que deu ao fator da agressividade.
Em
seu livro intitulado What Life Should Mean to You, Adler afirma:
É o indivíduo
que não está interessado no seu semelhante quem tem as maiores
dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros. É entre
tais indivíduos que se verificam todos os fracassos humanos.
Pensamentos
Adlerianos
Lágrimas
e queixas – que chamo de 'o poder das águas' – podem
ser muito úteis para prejudicar a cooperação e reduzir
os outros à condição de servos.
O
maior perigo na vida é tomarmos precauções excessivas.
As
únicas pessoas normais são aquelas que você não
conhece bem.
A
verdade é, muitas vezes, uma terrível arma de agressão.
É possível mentir, e até matar, pela verdade.1
É
sempre mais fácil lutar pelos princípios de alguém
do que viver de acordo com eles.
Qualquer
um para entrar no hospício deveria assinar um termo. Só um
louco assinaria.
Devemos
interpretar o mau gênio como um sinal de inferioridade.
Sensibilidade
exagerada é sentimento de inferioridade.2
O
objetivo da superioridade de cada individuo é pessoal e único.
Depende do significado que ele dá à vida. Este significado
não é uma questão de palavras. É construído
sobre seu estilo de vida e nela se introduz.
Sentimentos
de inferioridade não são, em si, anormais. São a causa
de todo progresso na situação da espécie humana.
A Psicologia Individual se baseia
firmemente no terreno da evolução, e sob este prisma encara
toda luta humana como uma luta pela perfeição.
Em
quase todas as pessoas ilustres encontramos alguma imperfeição
orgânica, e ficamos com a impressão de que elas foram dolorosamente
testadas no início da vida, mas, lutaram e superaram suas dificuldades.
Tipos
de Temperamento: 1º) Tipo Governante – pessoas com
certo nível de agressividade, de tirania e de dominação,
correspondendo ao Tipo Colérico, de Galeno; 2º) Tipo Submisso
ou Dependente – pessoas sensíveis que se acomodam em uma concha
existencial para se proteger dos eventos externos; possuem baixos níveis
de energia, são cronicamente cansadas, pouco dispostas e correspondem
ao Tipo Fleumático, de Galeno; 3º) Tipo de Evitação
ou de Fuga – pessoas que tendem a se afastar do contato direto com
os outros e com as circunstâncias; estas pessoas também têm
níveis baixos de energia, são predominantemente tristes e
correspondem ao Tipo Melancólico, de Galeno; e 4º) Tipo Socialmente
Útil – pessoas saudáveis que apresentam interesse social
e energia, atléticas e vigorosas, relacionadas ao Tipo Sangüíneo,
de Galeno.
Todo
querer é querer compensar algo.
Nos
sonhos, em forma simbólica, são revelados os problemas vitais
de um indivíduo.
É
dever patriótico de cada cidadão mentir pelo seu país.3
Confie
apenas nos fatos. A vida acontece nos fatos, não nas palavras.
A
guerra é a organização de assassinatos
e torturas contra os nossos irmãos.
A
mentira não tem qualquer sentido, a menos que sintamos a verdade
como algo perigoso.
Uma
regra simples para lidar com pessoas difíceis, é lembrar que
elas estão tentando afirmar a sua superioridade, e você deverá
conviver com elas a partir desta pressuposição.
A
morte é realmente uma grande bênção para a Humanidade;
sem ela não poderia haver progresso real. As pessoas que vivem para
sempre não só dificultam e desencorajam os jovens, mas, carecem
de estímulo suficiente para a criatividade.4
Deus
– que é eternamente completo, que dirige as estrelas, que é
o proprietário dos destinos, que eleva o homem, que fala a cada alma
humana – é a mais brilhante manifestação da meta
de perfeição.
As
experiências estão as causas do sucesso ou do fracasso. Não
sofremos o impacto das nossas experiências, chamadas traumas, mas,
nós as adaptamos aos nossos propósitos.
Nossos
Estados modernos se preparam para a guerra, mesmo sem saber quais serão
os futuros inimigos.
O
educador deve acreditar no potencial do seu aluno, e deve usar toda a sua
arte para transmitir a sua experiência aos alunos.
Não
existe tal coisa como talento. Existe pressão.5
Para
todos aqueles que perseguem o caminho da cooperação humana,
a guerra lhes deve parecer odiosa e desumana.
A
guerra não é a continuação da política
com diferentes meios. É a maior massa de crimes perpetrada na comunidade
humana.
Quanto
maior for o sentimento de inferioridade experimentado por uma pessoa, mais
poderoso será o desejo de conquista e mais violenta será a
agitação emocional.
Não
se pode dividir o indivíduo; o homem é um ser humano completo.
Quando
se conhece o objetivo de uma pessoa, sabemos o que se seguirá.
Não
tenha medo de cometer erros, porque não há outra maneira de
aprender a viver!
Não
poderemos amar sendo limitados.
Vivemos
das contribuições dos nossos antepassados. A Natureza é
um bom tesouro. Ela logo se livra de seu lixo.
De
antemão, não poderemos dizer que se uma criança for
mal nutrida irá se tornar uma criminosa. Temos que observar quais
conclusões a criança vai desenhando.
Podemos
compreender todos os fenômenos uma vida, como se o passado, o presente
e o futuro, juntamente com uma ordem superior, guiem as idéias presentes.6
Ver
com os olhos do outro, ouvir com os ouvidos do outro, sentir com o Coração
do outro. Isto me parece uma definição admissível do
que chamamos de sentimento social.
Ferir
outra pessoa através do arrependimento é um dos recursos mais
sutis do neurótico.
Há
apenas uma razão para que um indivíduo dê um passo para
o lado inútil: o medo de uma derrota do lado útil.
Sempre
há um elemento acusatório escondido na neurose, a sensação
do paciente de estar privado do seu direito, ou seja, de ser o centro das
atenções – e o desejo de responsabilizar e de culpar
alguém.
Há
uma lei que diz que o homem deve amar o próximo como a si mesmo.
Em algumas centenas de anos, isto acabou se tornando tão natural
para a Humanidade como respirar ou andar na posição vertical,
mas, ela ainda não aprendeu que deverá morrer.
Existem
milhares de graus e de variações, porém, sempre é
claramente a atitude de uma pessoa que encontra sua superioridade na resolução
das complicações dos outros.7
A
vida é essencialmente um movimento em direção a uma
melhor adaptação ao ambiente, a uma maior cooperação
e a um fraternal altruísmo.
Todo
mundo se desenvolve rumo a um objetivo final, conscientemente ou não,
mas, ignorante do seu significado.8
É
fácil acreditar que a vida é longa e que os
próprios dons são vastas – isto é fácil,
no início. Mas, os limites da vida vão se tornando cada vez
mais evidentes, e acaba por se tornar patente que realizar uma grande obra
pode ser difícil ou mesmo que ela nunca será realizada.
Mais
importante do que as disposições inatas, do que a experiência
objetiva e do que o ambiente é a avaliação subjetiva.
Todavia, esta avaliação será sempre incerta e, muitas
vezes, estranha com relação à realidade.
Os
significados não são determinados pelas situações,
mas, nos determinamos a nós mesmos pelos significados que damos às
situações.9
Todas
as possibilidades hereditárias e todas as influências do corpo,
todas as influências ambientais, incluindo a pressão educacional,
são percebidas, assimiladas, digeridas e respondidas por um ser vivente
que aspira a realização exitosa no seu modo de ver. A subjetividade
do indivíduo, seu especial estilo de vida e sua concepção
da vida modelam e configuram todas as influências. A vida individual
reúne todas estas influências, e as usa como ladrilhos provocativos
para construir uma totalidade que aspira uma meta exitosa ao se relacionar
com os problemas externos.
Cada
indivíduo age e sofre de acordo com a sua Teleologia peculiar, que
tem toda a inevitabilidade do destino, mesmo que ele não entenda.10
O
ideal abstrato, fictício, é o ponto de origem para a formação
e a diferenciação dos recursos psicológicos dados em
forma de atitudes preparatórias, de disponibilidades e de traços
de caráter. O indivíduo, então, veste os traços
de caráter exigidos por sua meta fictícia, assim como a máscara
de um personagem ('persona') tem que se ajustar aos fins da tragédia.
O
neurótico está pregado na cruz da sua ficção.
Mesmo
as soluções mais corretas e concertadas interferem com o curso
da vida, quando são extremadas, por exemplo, se alguém fizer
da impecabilidade o verdadeiro objetivo de toda a aspiração.11
Eu
não sou limitado por qualquer regra rígida ou preconceito;
mas, prefiro subscrever o princípio: tudo pode ser diferente.
Um
dos complexos mais interessantes é o complexo de redentor. Caracteriza
aqueles que, conspícua, mas, inadvertidamente, assumem a atitude
que devem redimir ou salvar alguém.12
Os
indivíduos desafiadores sempre perseguirão os outros, e, sem
embargo, sempre se considerarão perseguidos.
Em
cada caso, existe um "sim", que aumenta a pressão de interesse
social; entretanto, é invariavelmente seguido por um "mas",
que tem uma força maior, e impede o necessário aumento de
interesse social. Este "mas", em todos os casos, típicos
ou particulares, terá um matiz individual. A dificuldade de uma cura
está na proporção e na força do "mas".
Como
regra geral, a conjunção subordinativa condicional "se"
contém uma condição impossível de cumprir ou
uma disposição do paciente. Só ele pode mudar a si
mesmo.13
A
neurose é o progredimento natural, lógico, de um indivíduo
que está relativamente inativo, imerso em um desejo pessoal, egocêntrico,
de superioridade, e, por isto, está atrasado no desenvolvimento do
seu interesse social.
Na
vida real, sempre encontramos a confirmação da melodia do
si-mesmo integral, da personalidade, com suas milhares ramificações.
Os
mesmos tons contam histórias diferentes em Richard Wagner e em Franz
Liszt.
Com
freqüência, as pessoas crêem que esquerda e direita são
contradições, que o homem e a mulher, o quente e o frio, o
leve e o pesado, o forte e o fraco são contradições.
De um ponto de vista científico, não são contradições,
mas, variedades. Eles são graus de uma escala, ordenados de acordo
com a sua abordagem para uma ficção ideal. Da mesma forma,
bem e mal e normal e anormal não são contradições,
mas, variedades.14
O
homem sabe muito mais do que ele compreende.
As
pessoas têm preocupação permanente em alcançar
objetivos para obter afirmação social. O poder, a fama, a
notoriedade e o reconhecimento público são os extremos dessa
aceitação. O oposto é a inferioridade, a rejeição
(complexo de inferioridade).
O
protesto masculino é uma luta interior para combater a dependência
emocional, construir a autonomia e obter a superioridade.
A
Vontade é sinônimo de luta pela superioridade e realização
de objetivos de vida.
Interesse
Social: Senso de solidariedade humana, a relação
de um homem com outro, a mais ampla conotação de um senso
de fraternidade na comunidade humana. Preocupação com a comunidade
ideal de todo o gênero humano – o último estágio
da evolução de nossa espécie.
Somente
através da cooperação com outros e operando como um
valioso e cooperativo membro da sociedade poderemos superar nossas inferioridades
reais ou nosso sentimento de inferioridade. Aqueles que têm dado as
mais valiosas contribuições para a Humanidade são os
indivíduos mais colaboradores, e os trabalhos dos grandes gênios
sempre têm uma orientação social. Por outro lado, a
falta de cooperação e um conseqüente sentimento de inadequação
e malogro são as raízes de todo estilo de vida neurótico
ou inadaptado.
A
luta construtiva pela superioridade e o forte interesse social e a cooperação
são os traços básicos do indivíduo saudável.
As
três maiores tarefas: Trabalho, Amizade e Amor. O Trabalho
inclui todas as atividades úteis à comunidade, e não
apenas as ocupações pelas quais recebemos um salário.
O trabalho fornece um sentimento de satisfação e de merecimento
apenas na medida em que beneficia outros. A amizade expressa nossa pertinência
à raça humana e nossa constante necessidade de adaptação
e de interação com outros de nossa espécie. Nossas
amizades específicas estabelecem laços essenciais com nossa
comunidade, uma vez que nenhum indivíduo jamais se relaciona com
a sociedade abstratamente. O amor envolve uma íntima união
da mente e do corpo e a máxima cooperação entre duas
pessoas de sexos opostos. O amor se baseia no fato de que cada ser humano
é um membro de um sexo e não de outro, e de que a intimidade
entre os sexos é essencial para a continuação de nossa
espécie. O vínculo íntimo do casamento representa o
maior desafio para nossa habilidade de cooperar com outro ser humano. Um
casamento bem sucedido cria o melhor meio para promover cooperação
e interesse social nas crianças. Trabalho, Amizade e Amor estão
inter-relacionados.
Situações
na infância que tendem a resultar em isolamento: Inferioridade
Orgânica, Superproteção e Rejeição –
desembocam em falta de interesse social e desenvolvimento de um estilo não-cooperativo
baseado no objetivo irreal de superioridade pessoal. Crianças com
inferioridade orgânica, ou seja, que sofrem de doenças ou enfermidades
tendem se tornar fortemente autocentradas. Fogem da interação
com outros por um sentimento de inferioridade ou incapacidade de competir
com sucesso com outras crianças. Todavia, as crianças que
superam suas dificuldades tendem a compensar sua fraqueza original além
da média e desenvolvem suas habilidades em um grau incomum. Crianças
superprotegidas e mimadas também têm dificuldades em desenvolver
um sentimento de interesse social e cooperação. Falta-lhes
confiança em suas próprias habilidades, uma vez que os outros
sempre fizeram tudo por elas. Ao invés de cooperarem com outros,
essas crianças tendem a fazer exigências unilaterais aos amigos
e à família. O interesse social é habitualmente mínimo,
e, em geral, essas crianças mimadas nutrem poucos sentimentos genuínos
em relação aos pais, os quais manipulam muito bem. Já
a rejeição tende a impedir fortemente o desenvolvimento de
uma criança. Uma criança não-desejada e rejeitada nunca
conheceu o amor e a cooperação em casa e, portanto, lhe é
extremamente difícil desenvolver estas capacidades. Tais crianças
não têm confiança em suas habilidades para serem úteis
e obterem afeição e estima dos outros. Quando adultas, tendem
a se tornar frias e duras. Os traços de crianças não-amadas,
em sua forma mais desenvolvida, podem ser observados no estudo das biografias
de todos os grandes inimigos da Humanidade. Neste caso, a única coisa
que se destaca é que, quando crianças, foram maltratadas.
Desenvolveram, assim, dureza de caráter, inveja e ódio; não
podiam suportar ver os outros felizes.
Quando
predominam sentimentos de inferioridade ou quando o interesse social é
subdesenvolvido, os indivíduos tendem a buscar superioridade pessoal,
pois lhes falta confiança em sua habilidade para atuar efetivamente
e trabalhar de forma construtiva com outros. Tais
indivíduos não dão contribuições de real
valor para a sociedade e se tornam fixados em modelos de comportamento autocentrados,
levando inevitavelmente a um sentimento de fracasso. Essas pessoas se desviaram
dos problemas reais da vida e estão engajadas na luta com a própria
sombra para se reassegurarem de sua força.
A
terapia é um trabalho cooperativo entre terapeuta e paciente, um
relacionamento de apoio que ajuda este último a desenvolver cooperação
e interesse social. A tarefa do médico ou do psicólogo é
oferecer ao paciente a experiência de contato com um companheiro,
e, então, capacitá-lo para transferir este interesse social
despertado para outras pessoas. Freqüentemente, o terapeuta deve prover
os cuidados, o apoio e o senso de cooperação que o paciente
nunca recebeu de seus próprios pais. Uma vez que o interesse voltado
para a própria pessoa ao invés de para os outros é
o núcleo da maioria dos problemas psicológicos, a maior missão
do terapeuta é afastar gradualmente o paciente do interesse exclusivo
em si próprio, fazendo com que se volte para um trabalho construtivo
para os outros, como um membro de valor para a comunidade.
O
teste-padrão de comportamento é a relação
com a sociedade, com o trabalho e com o sexo.
Minhas
dificuldades pertencem a mim!
Toda
cura terapêutica... deve contar com a resistência mais veemente.15
Só
o objetivo final pode explicar a conduta humana.
Siga
o seu Coração, mas leve o seu cérebro com você.16
Tente
pensar todos os dias em como você pode ajudar alguém.
Na
investigação de um estilo neurótico de vida, devemos
sempre suspeitar de um oponente [catalisador],
que, normalmente, é um membro da família.
A
luta pela perfeição é inata, faz parte da vida, é
um impulso, um algo sem o qual a vida seria inimaginável.
Cada
indivíduo é um todo unificado.
Tendência
à agressividade e dominação —›
sadismo, dependência química, suicídio.
Fuga
dos objetivos ou da sociedade
—› psicose.
Submissão
ou dependência —›
fobias, obsessões, compulsões e histerias.
A
falta de cooperação e o resultante sentimento de inferioridade
e fracasso são responsáveis pelas perturbações
psicológicas.
As
perturbações psicológicas ocorrem quando um indivíduo
se sente inferiorizado e indigno de ocupar um lugar entre as pessoas. O
interesse social, que é uma potencialidade inata de qualquer humano,
não se desenvolve na presença de fortes sentimentos de inferioridade.
Estes são substituídos por uma luta compensatória pela
superioridade pessoal.
Qualquer
mudança comportamental é superficial, se não for acompanhada
por uma alteração da percepção e um aumento
do interesse social. Substituir comportamentos inaceitáveis por outros
mais adequados não se constitui em mudança do estilo de vida,
se o indivíduo continuar a se sentir inferiorizado em relação
a outros seres humanos.
Arranjo
psíquico: qualquer tentativa psicológica de substituir uma
necessidade por outra, sendo que quase sempre este processo é terrivelmente
neurótico. No caso do tímido, há uma troca do pavor
da rejeição pela exclusão afetiva e social, mais fácil
de ser tolerada segundo o psiquismo da pessoa.
A
essência máxima da tristeza é uma ficção
mental de que alguém poderia ser feliz em um projeto estritamente
privado.
Pressões
dos Meios Familiar e Social —›
Sentimento de Inferioridade —›
Compensações
—› Complexos
—› Neurose.
Não
somos instrumentos do destino nem precisamos assumir o papel de vítimas
no jogo da vida.
Todo
indivíduo tem de resolver três problemas: o das relações
entre o seu Eu e o resto do mundo, o das ocupações diárias
e o sexual.
É
o indivíduo que não está interessado no seu semelhante
quem tem as maiores dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros.
É entre tais indivíduos que se verificam todos os fracassos
humanos.
Destempo
Despótico
(O Martírio de uma Neurose)
O
dia está ensolarado,
mas,
eu prefiro a chuva.
O vinhal
está carregado;
todavia,
eu detesto uva.
Sonho
só com ataúde;
morrido,
sem um dente.
Eu estou
bem de saúde,
porém,
me sinto dolente.
Quando
o povão festeja,
me dá
vontade de chorar.
Quando
novo dia auroreja,
sinto
a noite me engolfar.
Se
um enfermo
padece,
eu não
sinto compaixão.
Se um
carola desfalece,
eu gargalho
de montão.
Só
me importo comigo;
os outros
que se ferrem.
Sou o
meu único amigo;
os outros
que emperrem.
Sinto-me
plenificado;
gosto
de estar sozinho.
Se eu
fico baratinado,
faço
comigo, quietinho.
Afinal,
o que á a vida?
Um mal
que eu não pedi.
Nasce
o dia, nova ferida.
Quando
eu nasci, decedi.
Acaso,
serei neurótico?
Quando
findará esta dor?
Oh!,
destempo despótico!
Oh!,
arco-de-deus incolor!
Por
que eu nasci assim?
Eu quero
tanto não sofrer!
Se Deus
me fez chinfrim,
então,
como haverá de ser?
Não
imagine que é mole
carregar
esta cruz pesada.
Cruz-anaconda
que engole
minh'alma
desestruturada.
Queria
falar mais três dias,
mas,
não acho os vocábulos.
Ficarei
com minhas acedias;
cansei
de procurar venábulos.
Ouça
só mais esta coisinha:
não
se sinta assim tão imune.
Seja
bem-falante ou lingüinha,