Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu topei ser testemunha de acusação.

Vou mentir, falsear, inventar e perjurar

para encaramujar esse traíra safadão.

Não vai se mole esse muquira se safar.

 

Já está tudo arranjado com o doutor;

já decorei todas as respostas que darei.

Tenho que responder sem tirar nem pôr

para poder ver sangrar esse urubu-rei.

 

Quem mandou estourar a minha banca?

Vou me vingar e ver esse cabra estremunhar.

Depois, vou festejar ouvindo Asa Branca,

comer uma carne-de-sol e me embebedar.

 

Nesse nosso meio, quem delata, dança.

De manhã, é batida de veneno de cobra.

De tarde, a rapaziada sai e faz a cobrança.

De noite, a gente ajusta os bicos-de-obra.