Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Cabisbaixo, acabrunhado,

gemebundo, mal-amado,

capa de chuva e galocha,

 

Pimba! Aquaplanou na poça!

Socorreu-o uma bela moça

por quem logo se encantou.

E assim, o tempo passou...

 

 

 Oh! Como pude estar

com tão grande mal-estar?

Por causa de uma mulher?

Bem-me-quer! Malmequer!

 

 

Seja mulher, seja homem,

mula-de-padre1, lobisomem2,

sopinha só toma de colher.

Malmequer? Bem-me-quer?

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Mula-de-padre (mula-sem-cabeça, burra-de-padre, burrinha-de-padre, burrinha, concubina de padre, alma penada) é uma lenda do folclore brasileiro.

A mulher que perdia a virgindade antes de se casar, como castigo, se transformava em mula-sem-cabeça na noite de quinta para sexta-feira. No passado, diziam que mulher que namorasse padre tinha esse destino. A mula-sem-cabeça sai pelos campos soltando fogo pelas ventas e relinchando, apesar de não ter cabeça. Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida.

Também há uma versão, mais antiga ainda, que conta que em um certo reino, a rainha tinha a mania de ir certas noites ao cemitério, sem permitir que ninguém a acompanhasse. O rei, então, decidiu seguir sua mulher, secretamente, durante uma dessas saídas, e encontrou-a debruçada sobre uma cova, que abrira com as próprias mãos cheias de anéis, devorando o cadáver de uma criança, enterrada na véspera. O rei, então, soltou um berro horrível, e quando sua mulher viu que fora pega em flagrante, soltou um berro mais terrível ainda, se transformando assim na mula-sem-cabeça.

Editado da fonte:

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Mula-sem-cabe%C3%A7a

 

2. O lobisomem (labrego, licantropo, lupisomem) é um ser lendário, com origem em tradições européias, segundo as quais, um homem pode se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo, em noites de lua cheia, só voltando à forma humana, novamente, quando o galo canta.

No Brasil, existem muitas versões dessa lenda, variando de acordo com a região. Uma versão diz que a sétima criança em uma seqüência de filhos do mesmo sexo tornar-se-á um lobisomem. Outra versão diz o mesmo de um menino nascido após uma sucessão de sete mulheres. Outra, ainda, diz que o sétimo filho homem de um sétimo filho homem se tornará a fera. Em algumas regiões, o lobisomem se transforma à meia-noite de sexta-feira, em uma encruzilhada. Como o nome diz, o lobisomem é metade lobo, metade homem. Depois de transformado, sai à noite procurando sangue, matando ferozmente tudo que se move. Antes do amanhecer, ele procura a mesma encruzilhada para voltar a ser homem.

Em Portugal, mais concretamente no interior Beirão, existe uma versão um pouco peculiar que se desvia da tradicional lenda do lobisomem. É referido que uma pessoa que padeça desse mal ou estado de espírito, sai pela noite afora, tendo de percorrer sete castelos e voltar ao sítio de onde saiu ainda antes do amanhecer. Diz-se que se transforma nos restos dos animais que apanhar no seu caminho, ou somente no primeiro rasto que encontrar. Enquanto o lobisomem estava fora fazendo a sua jornada, a única maneira de o libertar desse mal era colocar a roupa da pessoa do avesso. Pensava-se que quando a pessoa a vestisse, o mal desapareceria, porque a sina era quebrada. Referia-se que existiam muitos lobisomens pela zona do Gavião (Distrito de Portalegre), região Alentejo e sub-região do Alto Alentejo.

Editado da fonte:

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Lobisomem

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://arteduca.unb.br/galeria/arteduca-2006-
atividade-sobre-o-modernismo/mulata-3/view

http://natura.di.uminho.pt/~jj/
musica/html/brasil-chaoDeEstrelas.html

http://manuelcarvalho.8m.com/
silva7.htm

http://www.jangadabrasil.com.br/
revista/galeria/ca75002f.asp

 

Música de fundo:

Chão de Estrelas
Música: Sílvio Caldas
Letra: Orestes Barbosa
Intérprete: Baden Powell

Fonte:

http://www.puxaki.com.br/procurar.php?tipobusca
=contenha&palavras=ch%E3o+de+estrelas

 

Observação:

Em 1935, em uma visita ao poeta Guilherme de Andrade e Almeida (1890 – 1969), Sílvio Caldas (1908 – 1998) mostrou-lhe uma canção inédita, intitulada Foste a Sonoridade que Acabou. Terminada a apresentação, a canção recebeu um novo nome: Chão de Estrelas. Aconteceu a mudança por sugestão de Guilherme, tomado de súbito entusiasmo pelos versos, que eram de Orestes Barbosa (1893 – 1966). Já o poeta brasileiro Manuel Bandeira (1886 – 1968) costumava dizer que o verso tu pisavas nos astros distraída era o mais belo da língua portuguesa.