ATÉ O FIM DO FIM

 

 

 

Fim

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Aprender é uma das coisas mais difíceis, porque todas as nossas tradições, todo o passado, todo o conjunto de lembranças e toda a montanha de hábitos fixaram a nossa mente em uma rotina, que estamos absolutamente dispostos a seguir, e de modo nenhum desejamos ser perturbados e atraídos para fora dela. O ser-humano-aí-no-mundo que ficou cativo na estrutura da respeitabilidade, da repressão, da imitação e do ajustamento compulsório não está vivendo, absolutamente; tudo o que aprendeu e tudo o que adquiriu são meros amoldamentos a algum padrão. [In: A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

Modern Times

Modern Times (1936)

 

 

Para aprender alguma coisa, seja lá o que for, é preciso haver intensidade, paixão. [Ibidem.]

 

 

 

 

 

Ensinaram-me a não me apaixonar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não me apaixonei.

 

Ensinaram-me a não me intensar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não me intensei.

 

Ensinaram-me a me ajoelhar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me ajoelhei.

 

Ensinaram-me a me persignar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me persignei.

 

Ensinaram-me a implorar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim implorei.

 

 

Implorando

 

 

Ensinaram-me a me escravizar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me escravizei.

 

Ensinaram-me a me sujeitar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me sujeitei.

 

Ensinaram-me a confessar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim confessei.

 

Ensinaram-me a ladainhar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim ladainhei.

 

Ensinaram-me a procissionar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim procissionei.

 

Ensinaram-me a mão beijar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim a mão beijei.

 

Ensinaram-me a acreditar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim acreditei.

 

Ensinaram-me a não questionar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não questionei.

 

Ensinaram-me a não argumentar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não argumentei.

 

Ensinaram-me a me ciliciar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me ciliciei.

 

Ensinaram-me a não namorar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não namorei.

 

Ensinaram-me a celibatarizar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim celibatarizei.

 

Ensinaram-me a me amoldar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me amoldei.

 

Ensinaram-me a ultramontanizar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim ultramontanizei.

 

Ensinaram-me a fidelizar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim fidelizei.

 

Ensinaram-me a me humilhar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me humilhei.

 

Ensinaram-me a me privar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me privei.

 

Ensinaram-me a me conservar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me conservei.

 

Ensinaram-me a não decifrar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não decifrei.

 

Ensinaram-me a não avançar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não avancei.

 

 

 

 

Ensinaram-me a não escutar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não escutei.

 

Ensinaram-me a não investigar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não investiguei.

 

Ensinaram-me a me conformar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me conformei.

 

Ensinaram-me a não me atualizar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim não me atualizei.

 

Ensinaram-me a jamais duvidar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim jamais duvidei.

 

Ensinaram-me a reverenciar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim reverenciei.

 

Ensinaram-me a sempre dizimar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim sempre dizimei.

 

Ensinaram-me a tralalalalalalar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim tralalalalalalei.

 

Ensinaram-me a me bestificar,

e eu me submeti e não mudei.

Até o fim do fim me bestifiquei.

 

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Modern Times (A Nonsense Song)
Composição e interpretação: Charlie Chaplin

Fonte:

https://www2.zippyaudio16.com/convert/yt3651764

Observação:

A letra de A Nonsense Song é totalmente desprovida de significação ou de coerência. Neste canto, que é uma gostosa brincadeira, Chaplin reuniu palavras desconexas de vários idiomas (basicamente, uma mistura de francês, de espanhol e de italiano) e compôs uma espécie de gibberish-gromelô (idioma ficcional, uma língua que não é nenhuma).

A Nonsense Song (Modern Times, 1935) – letra original:

Se bella giu satore
Je notre so cafore
Je notre si cavore
Je la tu la ti la twah

La spinash o la bouchon
Cigaretto Portabello
Si rakish spaghaletto
Ti la tu la ti la twah

Senora pilasina
Voulez-vous le taximeter?
Le zionta su la seata
Tu la tu la tu la wa

Sa montia si n'amora
La sontia so gravora
La zontcha con sora
Je la possa ti la twah

Je notre so lamina
Je notre so cosina
Je le se tro savita
Je la tossa vi la twah

Se motra so la sonta
Chi vossa l'otra volta
Li zoscha si catonta
Tra la la la la la la

Conclusão:

Isto é um chapliniano fudelhufas,
primo-irmão do cagahouse,
mas, poderia ser um cagalhufas,
contraparente do fudehouse!

É isto o que vai na cuca
de quem vive amoldurado.
Quousque tandem ser-aí
serás um aparvalhado?

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.r-bloggers.com/producing-animated-gifs-and-videos/

https://www.paroles-musique.com/eng/Charlie_Chaplin-
A_Nonsense_Song_Modern_Times_1935-lyrics,p015406004

http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-1832/criticas/espectadores/recentes/

http://www.guitartalks.com.br/coluna/1349

https://pngimage.net/pare-png-5/

https://lancashirewallpaper.co.uk/

https://tenor.com/

https://marligo.wordpress.com/

https://dribbble.com/shots/2176897-El-Burri

https://giphy.com/

https://plus.google.com/+BogdanKlimowicz/posts/SP5onAeWufv

 

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