Quem
negligencia os ramos da tranqüilidade (shamatha), mesmo que
lute fortemente para meditar por milênio após milênio,
jamais atingirá a concentração (samadhi).
Quando
é obtida a tranqüilidade dos yoguins, também
o são as faculdades transcendentes (abhijna), mesmo que a
obscuridade não seja destruída sem a perfeição
da percepção interior (prajnaparamita).
Os
textos sagrados ensinam que a escravidão surge quando a percepção
interior (prajna) é separada dos meios (upaya), e os meios
também são separados da percepção interior.
Portanto, jamais negligencie esta união.
O indivíduo inferior
só procura o prazer do Samsara, e, portanto, é completamente
egoísta. O indivíduo medíocre renuncia aos
maus atos e é indiferente ao prazer, mas, está interessado
em sua própria paz mental. O indivíduo superior procura
dar um fim definitivo para todos os sofrimentos alheios, porque
ele sabe que os sofrimentos dos outros pertencem ao seu próprio
samtana ou corrente de consciência.
Samsara
A perfeição
da percepção interior é a contemplação
com prajnaparamita: não há nenhum objeto de adoração
nem adorador nem substâncias para adoração.
A
verdadeira natureza de um Dharmakaya – a vestimenta da Verdade
– não é visível, e ninguém pode
ter consciência dela como um objeto.
O
Coração da Illuminação é a Essência
da Verdade.
Para
que o mundo possa ser liberto da causa de seus sofrimentos, deverá
conceber o pensamento da Illuminação, e prometer que
jamais voltará atrás.
Disciplinas internas de um
Monge [Iniciado]:
autodomínio, auto-esquecimento e serviço.
O bom
guru é aquele que conhece os ritos do Voto e vivencia o Voto
que assumiu, e, com indulgência compassiva, o aceitou.
Os
seis abhijnas ou faculdades transcendentais para apressar o Caminho
para a Illuminação são: visão divina,
audição divina, consciência dos pensamentos
alheios, lembrança de vidas passadas, poderes supranormais
e vitória sobre todas as obstruções.
O
mundo da mudança surge do pensamento conceitual, sua própria
natureza; a remoção completa deste pensamento é
o Nirvana Supremo.
Amigos,
até que atinjam a Illuminação, o Mestre Espiritual
é indispensável. Logo, confiem no sagrado Guia Espiritual.
Até
que realizem a verdade última, ouvir é indispensável.
Logo, ouçam as instruções do Guia Espiritual.
Já
que não podem se tornar um Buddha pelo mero entendimento
intelectual do Dharma, pratiquem intensamente com discernimento.
Evitem
lugares que perturbem sua mente e permaneçam sempre naqueles
onde suas virtudes aumentem.
Até
que tenham atingido realizações estáveis, as
diversões mundanas são prejudiciais. Logo, permaneçam
onde não haja tais distrações.
Evitem
os amigos que causam o aumento das delusões, e confiem naqueles
que aumentam suas virtudes. Guardem este conselho no Coração.
Já
que as atividades mundanas nunca têm fim, restrinjam suas
atividades.
Dediquem-se
às virtudes, dia e noite, e sempre vigiem a mente.
Por
terem recebido conselhos, quando não estiverem meditando,
pratiquem sempre de acordo com as palavras do seu Guia Espiritual.
Se
praticarem com grande devoção, os resultados surgirão
imediatamente, sem que seja preciso esperar muito tempo.
O
pensamento do amor é essencial para todas as criaturas...
Se
praticarem com sinceridade e de acordo com o Dharma, alimentos e
recursos chegarão naturalmente às suas mãos.
Amigos,
as coisas que desejam trazem tanta satisfação quanto
beber água do mar. Logo, pratiquem o contentamento.
Evitem
todas as mentes desdenhosas, vaidosas, orgulhosas e arrogantes,
e permaneçam tranqüilos e mansos.
Evitem
as atividades que, embora consideradas meritórias, de fato,
são obstáculos ao Dharma.
Lucro
e respeito são armadilhas dos maras; afastem-nos como se
fossem pedras no caminho.
Fama
e palavras de elogio servem apenas para nos seduzir. Logo, soprem-nas
para longe como se assoassem o nariz.
Já
que a felicidade, o prazer e os amigos que reuniram nesta vida só
duram um instante, coloquem-nos todos em segundo plano.
Já
que as vidas futuras duram muito tempo, reúnam riquezas para
abastecer o futuro.
Já
que terão que partir deixando tudo para trás, não
se apeguem à coisa alguma.
Gerem
compaixão pelos seres inferiores e, especialmente, evitem
desprezá-los e humilhá-los.
Não
sintam ódio por inimigos nem apego por amigos.
Não
tenham inveja das boas qualidades alheias, mas, por admiração,
adotem-nas pessoalmente.
Não
procurem falhas nos outros, procurem-nas em si mesmos e purguem-nas
como se fossem sangue ruim.
Não
contemplem suas boas qualidades, contemplem as boas qualidades dos
outros e respeitem todos eles como um servo o faria.
Vejam
todos os seres vivos como pais e mães, e amem-nos como um
filho o faria.
Mantenham
sempre uma expressão sorridente e uma mente amorosa e falem
sinceramente, sem maldade.
Se
falarem muito, dizendo coisas sem sentido, vão se equivocar.
Logo, falem com moderação e só quando necessário.
Caso
se envolvam em muitos afazeres sem sentido, suas atividades virtuosas
vão se degenerar. Logo, interrompam as ações
que não sejam espirituais.
É
completamente inútil investir esforço em atividades
que não têm essência.
Se
seus desejos não se realizarem, será pelo carma que
foi criado há muito tempo. Logo, mantenham uma mente feliz
e descontraída.
Cuidado!
Ofender um ser sagrado é pior do que morrer. Logo, sejam
honestos e diretos.
Já
que a felicidade e o sofrimento desta vida surgem de ações
passadas, não culpem os outros.
Toda
felicidade advém das bênçãos do seu Guia
Espiritual. Logo, retribuam sempre sua bondade.
Já
que não podem domar as mentes alheias sem primeiro terem
domado a sua, comecem por domar sua própria mente.
Já
que terão que partir sem a riqueza que acumularam, não
acumulem negatividade em nome de riqueza.
Prazeres
distrativos [recreativos]
não têm essência. Logo, pratiquem o dar sinceramente.
Mantenham
sempre uma disciplina moral pura. Isto resulta em beleza nesta vida
e em felicidade futura.
Já
que o ódio é abundante nestes tempos impuros, libertos
de raiva, vistam a armadura da paciência.
É
o poder da preguiça que os mantém presos ao samsara.
Logo, acendam a chama do esforço da aplicação.
Já
que esta vida humana é desperdiçada em distrações,
agora é a hora de praticar a concentração.
Sob
a influência de visões errôneas, não se
pode compreender a natureza última das coisas. Logo, investiguem
os significados corretos.
Amigos,
não existe felicidade neste pântano, o samsara. Assim,
mudem-se para o solo firme da libertação.
Meditem
de acordo com o conselho do seu Guia Espiritual e drenem o rio do
sofrimento samsárico.
O
melhor erudito é aquele que realizou o significado da ausência
de qualquer existência verdadeira.
O
melhor monge é aquele que domou a sua própria mente.
A
melhor qualidade é um grande desejo de beneficiar os outros.
A melhor instrução
é sempre observar a mente.
O
melhor remédio é conhecer que nada tem realidade inerente.
O
melhor modo de vida é aquele que não se encaixa nos
modos mundanos.
A
melhor realização é uma diminuição
constante das emoções negativas.
O melhor sinal da prática
é uma diminuição constante dos desejos.
A
melhor generosidade é o não-apego.
A
melhor ética é pacificar a mente.
A
melhor paciência é manter uma posição
humilde.
O
melhor esforço é abandonar as atividades.
A
melhor concentração é não alterar a
mente.
A melhor sabedoria é
não tomar coisa alguma como sendo verdadeiramente existente.
Mantenha sempre uma mente
alegre.
Se
puder praticar, mesmo distraído, você estará
bem treinado.
Mude
sua atitude, mas permaneça natural.
Não
pense na falha dos outros.
Trabalhe
primeiro com as maiores imperfeições.1
Abandone
qualquer expectativa de resultado.
Renuncie
aos alimentos venenosos.
Não
seja tão previsível.2
Não
fale mal dos outros.3
Não
se ponha de emboscada.
Não
leve as coisas a um ponto doloroso.4
Não
transfira a carga do boi para a vaca.
Não tente ser o mais
rápido.
Não aja ardilosamente.
Não
procure fazer da dor alheia as pernas da sua própria felicidade.
Não
transforme deuses em demônios.5
Medite
sempre sobre tudo o que provoca ressentimento.
Não
dependa de circunstâncias externas.
Não
interprete incorretamente.6
Não
chafurde na autocomiseração.
Pratique
com determinação.