EU + AQUILO

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Self

Zé-meleca

 

 

 

A Base não poderá ser encontrada enquanto existir qualquer forma de ilusão, que é a projeção [no tempo] do desejo, do prazer ou do medo. O fato é que choramos, oramos, jejuamos, meditamos, renunciamos, nos sacrificamos, nos esforçamos, nos culpamos, fazemos votos disto e votos daquilo, e fizemos e continuamos a fazer todas estas coisas por milhões de anos, e, no final destes milhões de anos, ainda estamos onde estávamos: no começo, pois, percebemos que tudo o que fizemos ou deixamos de fazer não teve absolutamente qualquer valor, qualquer significado. Isto é uma grande descoberta [decepção] para nós. Pensávamos que havíamos avançado com relação ao início, por termos passado por tudo isto, mas, repentinamente, descobrimos que estamos de volta ao mesmo ponto onde começamos. [Na verdade, por dois motivos principais, não estamos no mesmo ponto onde começamos: 1º) não há começo, não há meio, não há fim; e 2º) na peregrinação ilimitada, sempre há algum avanço, alguma compreensão, alguma mudança, mas, estas coisas, para a maioria de nós, são tão diminutas e tão imperceptíveis, que temos a sensação de continuarmos na mesma. Na realidade, não iremos a lugar algum, pois, não há meta alguma; nós somos o lugar, nós somos a meta.] Todavia, se a nossa mente puder estabelecer uma relação com Aquilo, ela se tornará Aquilo, [pois, Aquilo (ou a Grande Base) sempre esteve, está e estará em nós, o que, no fundo, é apenas mais uma afirmação, que precisará ser confirmada ou rejeitada por nós. Individualmente. Entretanto, enquanto o ego prevalecer, enquanto o self prevalecer, enquanto o centro prevalecer...] [Jiddu Krishnamurti e David Joseph Bohm. In: A Eliminação do Tempo Psicológico (em inglês, The Ending of Time.)] Abaixo, apresento uma reflexão que fiz em parceria com Krishnamurti.

 

 

Ego-self-centro

 

 

Então, um Dia

sem, a princípio,

saber exatamente

como nem por quê –

destruí completamente,

sem nem sombra sobrar,

o ego-self-centro,

escravo do Manipura

e dos demônios que criei,

e que sempre foi,

para mim e para muitos,

a causa de todo mal,

de todo erro,

de todas as inverossimilitudes,

de toda escuridade,

de todas as conclusões neuróticas,

de todas as andanças afóticas,

de todas as limitações,

de todas as minimizações,

de todas as desertificações,

dos oásis escondidos,

de todas as miragens,

das Fatas Morganas,1

 

 

 

 

de todas as ficções,

de todas as não-relações,

de todas as dependências,

de todas as insuficiências,

de todas as muletas,

de todos os corrimões,

de todos os andadores,

de todas as inverdades,

de todas as inexatidões,

de toda cegueira,

de toda surdez,

de todas as mesmices,

de todas as canalhices,

de todas as genuflexões,

de todas as pedincharias,

de todas as desalegrias,

de todos os fideísmos,

de todos os coisismos,

de todos os achismos,

de todos os medos,

de todos os fedos,

de todos os preconceitos,

de toda xenofobia,

de toda homofobia,

de todos os julgamentos equivocados,

de todas as acusações infundadas,

de todas as dores e angústias,

de todo distanciamento,

de toda separatividade,

de toda ofensividade,

de toda desfraternidade,

de toda má vontade,

de todo egotismo,

 

 

de todo autocentrismo,

de todo vantagismo,

de todo shylockismo,

de toda astralidade,

da inausteridade e da vaidade,

de todas as prisões,

de todas as ilusões,

de toda diligência,

de todo esforço,

de toda miséria,

de toda retardação,

de toda horariedade,

 

 

Horariedade

 

 

do Oeste,

das crendices,

do religiosismo,

do fanatismo,

do patriotismo,

do belicismo,

do terrorismo,

das fronteiras,

das alfândegas,

dos passaportes,

dos gulags,

da Lubianka,

do Guantanamo Bay Detention Camp,

da Casa Azul,

da Casa da Morte,

da Colônia Dignidade,

da Mansión Seré,

dos campos de concentração,

do holocausto,

das guerras sem vencedores,

das matanças,

das degolas,

da meia-noite,

da caverna sem lanterna,

da lanterna sem pilha,

da inocência útil,

da insciência,

da incapacidade,

da indecisão,

das reivindicações fúteis,

das exigências inúteis,

da Magia Negra,

do abracadabrismo insano,

da acolitação inconsciente,

do acolhimento supositício,

de todas as vindas e idas,

de todas as idas e vindas,

do sobe-e-desce,

do desce e sobe,

do vai-e-vem,

do vem e vai

de mais sei lá o quê

e de sei lá mais o quê.

 

 

 

 

E, deslumbrado,

admirado, perplexo e estupefato,

momentaneamente, mais para incrédulo,

eu pude constatar,

em primeira mão,

que eu e Aquilo

– que eu e a Grande Base

sempre fomos,

somos

e sempre seremos UM.

E mais:

que 1 + 1 = 1

e que 1 1 = 1.

Ou seja: que somos todos UM.

Hoy, soy un hombre sincero,

y antes de morirme, quiero

echar mis versos del alma,

y, con usted, compartir mi calma.

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. O efeito de Fata Morgana (do italiano Fata Morgana, ou seja, Fada Morgana), faz referência à fictícia feiticeira (Fada Morgana) – meia-irmã do Rei Artur que, segundo a lenda, era uma fada que conseguia mudar de aparência. O que produz a Fata Morgana é um fenômeno ótico, que está correlacionado com a refração, a reflexão e a difusão da luz, e todos eles são fundamentais para a ocorrência do fenômeno. Trata-se de uma miragem que se deve a uma inversão térmica. Objetos que se encontrem no horizonte, como, por exemplo, ilhas, falésias, barcos ou icebergs, adquirem uma aparência alargada e elevada, similar aos castelos dos contos de fadas. Com tempo calmo, a separação regular entre o ar quente e o ar frio (mais denso) perto da superfície terrestre pode atuar como uma lente refratante, produzindo uma imagem invertida, sobre a qual a imagem distante parece flutuar. Os efeitos Fata Morgana costumam ser visíveis de manhã, depois de uma noite fria. É um efeito habitual em vales de alta montanha, nos quais o efeito se vê acentuado pela curvatura do vale, que cancela a curvatura da Terra. Também se costuma ver de manhã nos mares árticos, com o mar muito calmo, e é habitual nas superfícies geladas da Antártida. Os efeitos de Fata Morgana são miragens ditas superiores, diferentes das miragens inferiores, que são mais comuns e criam a ilusão de lagos de água distantes nos desertos ou em estradas com o asfalto muito quente. A Fata Morgana mais célebre é a que se produz no estreito de Messina, entre a Calábria e a Sicília. Muitos dos acreditados e ditos milagres nada mais são do que Fatas Morganas. No Uni(multi)verso não existem milagres. Hipoteticamente, o disfuncionamento de uma simples Lei Uni(multi)versal levaria o Uni(multi)verso ao caos, coisa que jamais acontecerá. Como um milagre é uma disfunção, ele não pode acontecer. Nem que a vaca tussa ou que um cristal de rocha boceje!

 

 

Dois Exemplos de Fatas Morganas

 

 

Quartzo Hialino Bocejando

 

 

Música de fundo:

Guantanamera
Composição: Joseíto Fernández
Interpretação: Julio Iglesias

Fonte:

http://www.krafta.cc/musica/guantanamera-julio-iglesias/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal_de_rocha

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal_de_rocha

http://blogparacurioso.blogspot.com/

https://www.farmersalmanac.com/

https://www.artemaniacos.com.br/

http://www.clipartquery.com/

https://www.zomato.com/pt/rio

https://hapihumanist.org/

https://olibriano.co.vu/post/131215195201

https://dribbble.com/

https://giphy.com/

 

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