A ARIDEZ DO NOSSO DESERTO

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Vida

 

 

O importante não são os condicionamentos, mas, o despertar. Se formos despertados por, alguma circunstância, alguma causa, ficaremos dependendo dela, e quando dependemos de uma coisa, seja lá que coisa for, estamos nos deixando adormecer. Assim, toda dependência é o fim da aptidão. A aptidão por excelência é viver no campo inteiro da Vida. [In: A Luz que Não se Apaga (em inglês: The Urgency of Change), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

Quanto maiores forem os nossos apegos (a ambientes, a países, a pessoas, a idéias, a coisas etc.), tanto maiores serão as nossas dores e as nossas dependências, e, por conseguinte, as nossas resistências [à mudança]. A Liberdade, entretanto, não é um estado de não-dependência; é Liberdade um estado positivo em que não há dependência nenhuma. A Liberdade não é um resultado; a Liberdade não tem causa. A Liberdade é um estado mental em que não existe nenhuma espécie de resistência. Ela não é, por exemplo, como o rio que se acomoda às rochas que encontra em seu curso, contornando-as ou sobre elas passando. Nesta Liberdade não há rochas, porém, apenas o movimento da água. Enfim, para compreendermos todas estas coisas, não poderemos olhar a aridez do nosso deserto, isto é, com os olhos da conclusão, mas, com olhos completamente límpidos. Quando olhamos a aridez do nosso deserto com olhos inteiramente límpidos, não existe observador. E, se não existe observador, existe, então, apenas, a coisa que é observada como solidão, vazio, aflição. Precisamos compreender que é a atividade egocêntrica da mente do ego que cria o vazio, o isolamento, a separatividade, o preconceito, a escolha, o seu próprio deserto e as suas próprias fugas. Quando a mente do ego está quieta, não há mais deserto e não há fuga. [Ibidem.]

 

 

 

 

 

Ignorante e preconceituoso,

medíocre e sem originalidade,

nefelibata e ultramontano,

nacionalista e separatista,

egocêntrico e empedernido,

um boçal da melhor qualidade,

eu era apegado a tudo

e tinha ciúmes de tudo.

Tinha apego e ciúmes

do país tropical em que nasci

sempre bonito por natureza

de Copacabana e do Posto 6,

da Rede dos Cobras,

do Feitosa e do Vitinho,

do Everest e do Pé de Valsa,

da tia Leah, do Frazão e do seu Tomás,

do carnaval de fevereiro,

da religião em que fui educado,

da minha professora primária,

da minha babá,

do meu urso de pelúcia,

da minha bicicleta Monark,

das minhas bolinhas de gude,

da minha Boa constrictor,

da minha Caretta caretta,

do meu Carduelis magellanicus,

do meu carro zerinho,

da minha piroga novinha,

do meu santo padroeiro,

da minha pança proeminente,

da Floresta Amazônica,

do meu deserto pessoal,

do Rio Maracanã,

do Clube de Regatas do Flamengo,

da Seleção Brasileira de Futebol,

do Presidente da República,

do Senor Silvio Santos Abravanel,

do José Abelardo Chacrinha Barbosa de Medeiros,

do Big Brother Brasil,

da Escolinha do Professor Raimundo,

de A Praça É Nossa,

da Discoteca do Chacrinha,

do Balança Mas Não Cai,

do Viva o Gordo,

do Cauby Peixoto e da Ângela Maria,

do Getúlio Dornelles Vargas,

do Dom João VI,

de Dom Pedro I,

do Conde d'Eu,

de Tiradentes,

do Luís Carlos Prestes,

do Astolfo Barroso Rogéria Pinto,

do Frank Sinatra,

do Orlando Dias,

do Papa Francisco,

do meu padre confessor,

do Colégio Santo Inácio,

da Perereca da vizinha,

do Boi Xavante,

do meu Anjo Guardião,

de Santo António de Pádua,

de São Longuinho,

do Bispo Edir Macedo,

do Missionário R. R. Soares,

do Pastor Silas Malafaia,

do Pastor Valdemiro Santiago,

de Shamballa,

da Grande Loja Branca,

da Alice Ann Bailey,

do Cristo e Mestre Jesus,

dos Mestres KH, M e DK,

e de sei lá mais o quê

e de sei lá mais quem.

Mas, sempre foi de ti

– oh!, minha querida nega Tereza!

de quem eu sempre tive mais ciúmes.

Sou louco por ti, eu sofro por ti.

Tenho ciúme de tudo.

Dos teus lábios

esses lábios que os meus desejos mataram.

Das tuas mãos

essas mãos que as minhas mãos afagaram.

Do teu corpo divino

que pelas mãos do destino

a mim tu viestes.

Tenho ciúmes até

da calcinha que tu vestes!

 

 

 

Calcinha

 

 

 

Música de fundo:

Tenho Ciúme de Tudo
Composição: Valdir Rocha
Interpretação: Orlando Dias

Fonte:

http://www.krafta.cc/musica/orlando-dias-tenho-ciume-de-tudo/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.2rios.com/

http://www.cearamirimlivre.com/

https://peacelovearoundtheworld.blogspot.com/

 

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