Rodolfo Domenico
Pizzinga
lguns
gostariam de saber
por que o Sol não
escurece,
porque o vento se enfurece.
Outros
adorariam entender
como aparecem maremotos,
o intervalo entre terremotos,
a influência dos
lunamotos.1
Há
quem queira conhecer
o sexo do ABC até
o WXY,
onde fica o tal do ponto
G2,
uma fogosinha demi-vierge3.
Uns
dariam tudo para ter
um bangalô lá
em Sumatra,
o gogó do The
Voice Sinatra.
Um
monte gostaria de ver
a cobra-grande num flúmen,
o horizonte de um cacúmen.
Diversos
estimariam suster
a luz que vem lá
da lanterna,
o ar que circula na caverna,
a água que enche
a cisterna.
Muitos
vibrariam em prever
os números da mega-sena,
o grande campeão
da arena,
o mau humor da anfisbena5.
Anfisbena
Quem
quer apre(e)nder
o porquê da 'cruevildade'6,
o porquê da imbecilidade?
Quem
se rejubilaria em dizer:
fiat mihi secundum Verbum Tuum7,
fiat Voluntas
Tua ad perpetuum8,
fiat secundum Arbitrium Tuum9?
Talvez,
bafuntem sem saber
o que inebria o estupidarrão,
a educatividade da retribuição,
a necessidade da encarnação.
Poderá
haver pior descaber
que um viver acomodatício,
que profectício
ob-reptício10,
que fim pior do que o
início?
não se pule com
compressas,
não se expia com
remessas,
não se dribla com
promessas.
É cabal
e imperativo reverter
o dessiso das nossas
galazias,
a desrazão das
nossas razias,
a tolice das nossas primazias.
Aí,
talvez, possamos dizer:
— Pude
transmutar o só-estou!
Por fim, livrei-me do não-sou!
Oh! – definitivamente – eu-sou!
É isto
que desejo a cada ser:
que com danos não
embrabem,
que das adições
não se gabem,
que seus frutos não desabem.
______
Notas:
1. Lunamotos (ou lunemotos)
= Terremotos lunares gerados a uma profundidade de entre 600 e 1.000 km,
e seu número é de cerca de 3.000 por ano. Há três
tipos diferentes de lunamotos: a) por impactos de bólides (meteoritos
de dimensões apreciáveis que, na forma de um globo inflamado
e brilhante, atravessa velozmente a atmosfera terrestre, podendo fazer ruído,
deixar rastro luminoso e mesmo explodir); b) naturais; e c) e artificialmente
induzidos.
2. O ponto G ou ponto
de Gräfenberg – zona erógena que, quando estimulada, conduz
a elevados níveis de excitação sexual e ao orgasmo
– (assim denominado em homenagem ao ginecologista alemão Ernst
Gräfenberg, 1881 – 1957, o primeiro médico da atualidade
a criar, em 1950, a hipótese da existência de tal área)
é uma pequena área existente na mulher atrás do osso
púbico, perto do canal da uretra e acessível através
da parede anterior da vagina.
3. Demi-vierge
= Mulher jovem e de costumes dissolutos, porém ainda virgem –
uma pitança para os sexo-maníacos.
4. Pennies
from heaven = Dinheiro caindo do céu.
5.
A anfisbena (anfisbênia, anfibena, anfisbênio, amphisboena,
amphisbaena, anfista ou anfivena) é o nome genérico de répteis
escamados popularmente chamados, no Brasil, de cobra-cega ou cobra-de-duas-cabeças,
por ter a cauda arredondada, mais ou menos no mesmo formato da cabeça.
A anfisbena, palavra Grega, que significa que vai em duas direções
(de amphis,
que significa ambos os caminhos, e de bainein,
que significa ir), também chamado a Mãe das Formigas, é
uma serpente mitológica, que come formigas e com uma cabeça
em cada ponta. Segundo a Mitologia Grega, a Anfisbena nasceu do sangue que
gotejou da cabeça da Górgona Medusa, quando Perseu voou por
cima do Deserto da Líbia, com ela em suas mãos. Foi, então,
que o exército de Cato encontrou-a junto com outras serpentes em
sua marcha. A Anfisbena alimentou-se dos cadáveres deixados para
trás. Ela tem sido citada por poetas, como Nicandro de Cólofon,
John Milton, Alexander Pope, Alfred Tennyson, e Alfred Edward Housman, e,
como criação mitológica e lendária, foi mencionada
por Lucano, por Isidoro de Sevilha, por Thomas Browne e por Caio Plínio
Segundo, que disse: a
Amphisbaena tem cabeça dupla, uma que está na extremidade
da cauda, como se não fosse o suficiente para ser envenenado por
uma boca.
6. Cruevildade
(datação: século XIV) = Crueldade.
7. Faça-se em
mim segundo a Tua Palavra.
8. Faça-se, para
sempre, a tua Vontade.
9. Faça-se segundo
a Tua Escolha.
10. Salvo melhor juízo,
ob-repção (ação de ocultar a verdade, de dissimular
um fato para obter qualquer coisa) é pior do que sub-repção
(ato de conseguir uma graça, um favor, um privilégio etc.,
escondendo intencionalmente qualquer fato ou circunstância que, sendo
expressos, constituiriam razão suficiente para a não-concessão),
porque o ato ob-reptício emprega ardil, cavilação,
astúcia e dolo, e o ato sub-reptício, ainda que também
seja frauduloso, é mais praticado às ocultas, de forma furtiva,
dissimulada e clandestina. Ou seja: são duas merdas, só que
uma (a ob-repção) fede mais do que a outra (a sub-repção).
No fundo, no fundo, independente do fedor, a ob-repção e a
sub-repção são iguais.
O
Cafifa
(Ob-reptício ou Sub-reptício?)
Música
de fundo:
Pennies From Heaven
Composição: Arthur Johnston (música) & Johnny Burke
(letra)
Interpretação: Frank Sinatra cantando com a Orquestra de Count
Basie
Fonte:
http://mp3skull.com/mp3/sinatra_
frank_pennies_from_heaven.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Angelus
http://www.hkocher.info/
minha_pagina/proverbios.htm
http://taylorsvision.tripod.com/
http://es.wikipedia.org/wiki/Lunamoto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_G
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anfisbena
http://es.wikipedia.org/wiki/Anfisbena
http://health.howstuffworks.com/human-body/
systems/nervous-system/brain-pictures.htm
http://gartic.uol.com.br/p123/
desenho-livre/pica-pau
http://mauritiusattractions.com/
winds-in-maritius-i-110.html
http://en.clipart-fr.com/search
_clipart.php?keyword=j&page=33
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