Este
texto tem por objetivo revisitar alguns pensamentos do advogado, filósofo,
político anglo-irlandês e pai do Conservadorismo Edmund Burke
(Dublim, 12 de janeiro de 1729 – Beaconsfield, 9 de julho de 1797).
Breve
Biografia
Nascido, criado e educado na Irlanda,
Edmund Burke (Dublim, 12 de janeiro de 1729 – Beaconsfield, 9 de julho
de 1797) foi um dos mais conhecidos estadistas e filósofos políticos
britânicos do século XVIII. Depois de ser reconhecido desde
cedo pelos talentos literários, Burke ingressou no Parlamento em
1766 e lá permaneceu pelas duas décadas seguintes.
Burke
é sempre lembrado pela oposição veemente à Revolução
Francesa, apresentada na sua obra Reflexões Sobre a Revolução
na França. Viu na Revolução Francesa um perigo
letal: um Estado diligente, porém mal dirigido, que podia destruir
os delicados vínculos sobre os quais uma sociedade livre é
construída.
Por
sua defesa da tradição, Burke é, às vezes, tido
como reacionário. Mesmo assim, amava a liberdade e era a favor de
muitas posturas liberais clássicas na política, na religião
e na Economia. Burke nunca separou religião e liberdade. Sustentava
que a liberdade só seria possível por ser parte da ordem moral
eterna e transcendental. Suas grandes preocupações eram a
de que a liberdade nunca fosse confundida com a licenciosidade e a de que
a verdadeira liberdade devesse sempre ser entendida como liberdade ordenada.
No
campo da Economia, Burke acreditava que a propriedade privada fosse o fundamento
de uma ordem social justa e a mola do esforço pessoal e da prosperidade
nacional. Argumentava apaixonadamente contra os invasivos monopólios
governamentais e a favor de um amplo acesso à aquisição
da propriedade, que pensava servir como um poderoso empecilho nos abusos
cometidos pelo Estado. Seguindo essa visão, a educação
moral efetuada por instituições sociais intermediárias,
como a família, as igrejas, a comunidade local, só podem florescer
se a propriedade que as apóia esteja segura. Este apoio à
liberdade econômica ganhou o respeito de Adam Smith e sua poderosa
defesa da moralidade como fonte da liberdade granjeou à Burke a admiração
de Lorde Acton, que o via como um modelo eterno de erudição
humana, de religiosidade, de virtude e de ação política
esclarecida.
Pensamentos
Burkeanos
Sobre
Jean-Jacques Rousseau e François Marie Arouet, mais conhecido como
Voltaire: audaciosos
experimentadores da nova moral, confusos decadentes.
Creio não termos perdido a generosidade
e a dignidade do modo de pensar do século XIV, e, até o presente,
ainda não nos transformamos em selvagens. Não fomos convertidos
por Rousseau, não somos discípulos de Voltaire e julgamos que
não há descobertas a serem feitas no campo da moral, nem tão
pouco no campo dos grandes princípios de Governo e das idéias
de liberdade.
Para
o triunfo do mal só é preciso que os bons não façam
nada.
Aqueles
que não conhecem a História estão fadados a repeti-la.
Aqueles
que tentam nivelar nunca igualam. Em todas as sociedades compostas de diferentes
classes de cidadãos é necessário que algumas delas se
sobreponham às outras. Os niveladores, portanto, apenas mudam e pervertem
a ordem natural das coisas, sobrecarregando o edifício social ao colocar
no ar o que a solidez do edifício exige que seja posto no chão.1
Todas
as reformas que fizemos até hoje foram realizadas a partir de referências
ao passado; e espero, ou melhor, estou convencido de que todas as reformas
que possamos realizar no futuro venham a estar cuidadosamente construídas
sobre precedentes análogos, sobre a autoridade e sobre a experiência.
A
liberdade é, sem dúvida, em princípio, um dos grandes
bens da Humanidade. No entanto, poderia eu seriamente felicitar um louco,
que fugiu do seu retiro protetor e da saudável obscuridade de sua cela,
por poder gozar novamente da luz e da liberdade? Iria eu cumprimentar um assaltante
ou um assassino que tenha fugido da prisão, por terem readquirido seus
direitos naturais?
É
certo que um povo bravo sempre preferirá a liberdade
acompanhada de uma pobreza virtuosa à opulência de uma servidão
ignóbil. Antes, entretanto, de se abandonar o conforto e a riqueza,
deveríamos pelo menos estar certos de que é para a verdadeira
liberdade que estamos pagando o preço, e que ela é impossível
de ser alcançada de outra forma. Para mim, entretanto, será
sempre ambígua e equívoca uma liberdade que não tenha
como auxiliares a sabedoria e a justiça, e como conseqüência
a abundância e a prosperidade.
O
uso da força pode subjugar momentaneamente, mas não elimina
a necessidade de subjugar novamente; e uma nação que precisa
ser perpetuamente conquistada não está sendo governada.
A
justiça é, por si, só o imutável fundamento político
da sociedade civil, e todas as vezes que nos afastamos dela caímos
no risco de não estar fazendo política. Quando as leis vigentes
encorajam os homens a levar um certo modo de vida e os protegem como se este
modo de vida fosse uma ocupação legítima – quando
esses homens adaptaram a esta maneira de vida suas idéias e hábitos
–
quando, durante muito
tempo, a lei fez de sua submissão às suas regras a base de sua
reputação e do abandono destas mesmas regras um motivo de desonra
para eles e mesmo um motivo de punição, é injusto, segundo
toda a jurisprudência, e isto está fora de qualquer dúvida,
fazer, por um ato arbitrário, uma violência súbita contra
seus sentimentos e suas concepções, destruir pela força
suas posições e condições e manchar com infâmia
e vergonha estas condutas e hábitos que antes eram a medida de sua
felicidade e de
sua honorabilidade.
Nossa
paciência conquistará mais do que nossa força.
Não
se pode planejar o futuro pelo passado.2
A
tolerância ou é boa para todos, ou não é boa para
ninguém.
A
dificuldade é um severo instrutor.
Os
reis serão tiranos por política, quando os súditos forem
rebeldes por princípio.
A
superstição é a religião dos fracos.
A
imprensa é o quarto poder.
Inovar
não é reformar.
Lenta
é a marcha do espírito humano.
O
exemplo é a escola da Humanidade, a única que poderá
instruí-la.
Há,
sempre, um limite além do qual a tolerância deixa de ser virtude.
Todos
os que se arruínam o fazem pelo lado das suas propensões naturais.
A
Natureza nunca disse uma coisa e a sabedoria outra.
Ninguém
ignora que a ambição pode rastejar e pode voar.
O
costume a tudo nos habitua.
O
próprio vício, perdendo toda a sua baixeza, perdeu metade do
seu mal.
Leis
más são o pior tipo de tirania.
O
medo é o mais ignorante, o mais injusto e o
mais cruel
dos conselheiros.
Alguns,
odiando excessivamente os vícios, estimam pouquíssimo os homens.
São
as circunstâncias que fazem com que qualquer plano político ou
civil seja benéfico ou prejudicial para a Humanidade.
O
Parlamento é uma assembléia deliberante de uma
nação com um único interesse: o de todos; onde não
deveriam influir fins e preconceitos locais, mas, o bem comum.
Partido
é um grupo de homens unidos para a promoção, através
de seu esforço conjunto, do interesse nacional, com base em algum princípio
determinado com o qual todos concordam.
A
igualdade serve para agravar e tornar mais amarga a desigualdade real, que
nunca pode ser eliminada, e que a ordem civil estabelece, tanto para benefício
dos que têm de viver em uma condição humilde como dos
privilegiados.
A
sociedade é, de fato, um contrato. Contratos subordinados a objetos
de interesse meramente ocasional podem ser dissolvidos à vontade, mas
o Estado não deve ser considerado como nada melhor do que um acordo
de parceria em um negócio de pimenta e café, algodão
e tabaco, ou algum outro de tais interesses inferiores, a ser assumido por
um lucro pouco duradouro e a ser dissolvido ao gosto das partes. Deve ser
encarado com outra reverência, porque não se trata de uma parceria
em coisas subservientes apenas à existência animal bruta de uma
natureza temporária e perecível. É uma parceria em toda
ciência, uma parceria em toda arte, uma parceria em cada virtude e em
toda perfeição. Como os fins de uma tal parceria não
podem ser obtidos em muitas gerações, ele se torna uma parceria
não apenas entre aqueles que estão vivendo, mas entre aqueles
que estão vivendo, aqueles que estão mortos e aqueles que irão
nascer.
Ninguém
comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer
um pouco.
É
um erro popular muito comum acreditar que aqueles que fazem mais barulho a
se lamentarem a favor do público sejam os mais preocupados com o seu
bem-estar.
Quem
luta contra nós reforça os nossos nervos e aguça as nossas
habilidades. O nosso antagonista é quem mais nos ajuda.
As
pessoas não serão capazes de olhar para a posteridade, se não
tiverem em consideração a experiência dos seus antepassados.
Quanto
maior o poder, mais perigoso é o abuso.
Na sua constituição,
o
homem é
um animal religioso.
Se
controlarmos a nossa riqueza, seremos ricos e livres; se a nossa riqueza nos
controlar, na verdade, seremos
pobres.
O
único critério infalível de sabedoria
para as mentes banais: sucesso.
A
Economia é uma virtude distributiva e consiste não em poupar,
mas em escolher.
Não
há conhecimento que não tenha valor.
Nenhuma
paixão, como o medo, por exemplo,
pode tão
efetivamente roubar o espírito da capacidade de agir e de pensar.
Quanto
mais vigorosa a mente, mais violenta a paixão em que se deixa envolver.
Há
quem defenda os seus erros como se estivesse a defender uma herança.
A
lei tem dois e apenas dois fundamentos: a eqüidade e a utilidade.
A
liberdade também deve ser limitada a fim de ser possuída.
No
meio de um povo geralmente corrupto a liberdade não pode durar muito.
A
lisonja corrompe tanto a quem a recebe quanto a quem a dá.
A
adulação não é mais útil ao povo do
que aos reis.
Todos
os opressores atribuem a frustração dos seus desejos à
falta de rigor suficiente. Por isto, eles redobram os esforços da sua
impotente crueldade.
A
nossa pátria, para se fazer amar, deve ser amável.
Se os desprezamos,
os
perigos crescem.
Os
que têm muito a esperar e nada a perder serão sempre perigosos.
Quando
qualquer trabalho parece ter exigido imensa força e luta para efetivá-lo,
a idéia é grandiosa.
Se
fossem escolher entre alternativas, as decisões seriam fáceis.
Uma decisão inclui a seleção e a formulação
de alternativas.
Mas,
o que é a liberdade sem sabedoria e sem virtude? Este é o maior
de todos os males possíveis, pois é insensatez, vício
e loucura, sem instrução ou restrição.
A
hipocrisia pode se dar ao luxo de ser magnífica em suas promessas,
pois nunca tem intenção de ir além das promessas. A hipocrisia
não custa nada.
Não
é um advogado que me dirá como eu deverei ou não proceder,
mas, são a Humanidade, a razão e a justiça que sempre
dirão
como eu deverei ou não fazer.
Os
pecados têm muitas ferramentas, mas a mentira é a alavanca que
se adapta a todos eles.
Ao
roer um dique, mesmo um rato poderá afogar uma nação.
Seu
representante deve ser você, seu julgamento. Mas, em
vez de lhe servir, ele
o trairá, se você sacrificar a sua opinião.
Todo
Governo, na verdade, todos os benefícios humanos, todos os prazeres,
todas as virtudes e cada ato prudente se baseiam em compromisso e escambo.
Toda
as tiranias precisam conquistar o apoio das pessoas de boa consciência3
para que permaneçam em silêncio.
As
pessoas nunca desistem de sua liberdade.
Bela
é a promessa de felicidade.
A
religião é, essencialmente, a arte e a teoria da reconstrução
do homem. O homem não é uma criação acabada.
Sob
a pressão das preocupações e das tristezas da inevitável
condição mortal, os homens, em todos os momentos e em todos
os países, buscam alguma ajuda física para as suas consolações
morais – vinho, cerveja, ópio, brandy ou tabaco.
Na
minha opinião, a insegurança aparece
sempre que é
feita uma
separação entre a liberdade e a justiça.
Em
uma Democracia, a maioria dos cidadãos é capaz de exercer as
opressões mais cruéis sobre a minoria.
A
Lei
mais poderosa
da Natureza é a Lei da Mudança,
e todos nós devemos obedecê-la.
Há
um limite para as paixões dos homens quando eles agem de acordo com
os seus sentimentos, mas nenhum limite quando estão sob a influência
da sua imaginação.
Nunca
se desespere. Mas, se você se desesperar, trabalhe o seu desespero.4
Quando
os líderes optam por se tornar concorrentes em um leilão de
popularidade, seus talentos, na construção do Estado, não
terão nenhum préstimo. Eles se tornarão bajuladores,
em vez de os legisladores, não sendo nem instrumentos nem as guias
das pessoas.
Ler
sem refletir é como comer sem digerir.
O
que sempre desune o homem de Deus também desune o homem do homem.
Nada
acaba por ser tão opressivo e injusto como um Governo fraco.
A
idade da cavalaria desapareceu. Isto foi o que os sofistas, os economistas
e os calculistas conseguiram. A glória da Europa está extinta
para sempre.5
Há
apenas uma Lei para todos – a Lei que rege todas as leis
– a
Lei do nosso Criador, a Lei da Humanidade, da Justiça e da eqüidade:
a Lei da Natureza e das Nações.
A
justiça é a própria grande política permanente
da sociedade civil, e qualquer desvio eminente dela, sob quaisquer circunstâncias,
encontra-se sob a suspeita de não ser política.
Os
fatos são para a mente o que o alimento é para o corpo.
O
bem geral da comunidade é o verdadeiro fim da legislatura.
Quem
confunde o bem com o mal é um inimigo do bem.
A
primeira e mais simples emoção que descobrimos na mente humana
é a curiosidade.
A
escravidão é uma erva daninha que cresce em qualquer solo.
O
meu padrão de estadista seria aquele que se dispusesse a melhorar e
a preservar a capacidade conjunta.
A
mais importante de todas as revoluções é a revolução
dos sentimentos, dos costumes e das opiniões morais.
É
do interesse do mundo comercial que a riqueza seja encontrada
em toda parte.
Todas
as leis humanas são, propriamente falando, apenas declaratórias,
pois elas não têm poder sobre a Substância da Justiça
Original.
Na
realidade, as circunstâncias dão origem a todos os princípios
políticos, suas cores distintivas e seus efeitos discriminatórios.
As circunstâncias tornam cada esquema civil e político benéfico
ou prejudicial para a Humanidade.
Eu
ainda não vi nenhum projeto que não tenha sofrido modificações
em virtude de observações feitas por aqueles que eram muito
inferiores em compreensão em relação às pessoas
que assumiram a liderança no negócio.
A
perseguição religiosa costuma se proteger sob o pretexto de
uma falsa piedade e de um excesso de zelo.6
A
beleza em perigo é uma beleza muito mais comovente.
A
falsidade é uma fonte perene.
A
frugalidade é fundada no princípio de que todas as riquezas
têm limites.
Boa
ordem é o fundamento de todas as coisas.
Atrevo-me
a dizer que a guerra não pode ser realizada em tempo contra a vontade
do povo.
É
da natureza de toda a grandeza não ser exata.
É,
em geral, em tempos de prosperidade, que os homens descobrem a sua verdadeira
índole, as suas convicções e as
suas intenções.
Em
política, a magnanimidade,
não raramente,
é a verdadeira sabedoria.
Nada
é tão fatal para a religião como a indiferença.
Que
sombras somos nós? Que sombras perseguimos?
Um
Estado sem os meios para mudar é um Estado sem os meios de sua conservação.
A
modéstia não sobrevive longo tempo à inocência.
Já
disse alguém que os reis podem fazer nobres, mas não homens
de bem.
A
poesia é a arte de materializar sombras e de dar existência ao
nada.
As
rebeliões e as revoltas gerais de todo um povo jamais foram encorajadas
nem agora nem nunca. Provocadas é que sempre foram.
Se
uma grande mudança está por ser feita em relações
humanas, as mentes dos homens serão encaixadas à ela, e as opiniões
e os sentimentos gerais traçarão aquele caminho. Todo medo,
toda esperança, a seguirá, e, então, aqueles que persistirem
em se opor a esta poderosa corrente de relações humanas parecerão
mais resistir aos decretos da Providência do que a meros desígnios
dos homens. Eles não serão resolutos e firmes, mas perversos
e obstinados.
O
terror é causador da mais forte emoção que a mente é
capaz de sentir. Ao se notar que o terror é fictício, experimenta-se
o deleite.
É
da natureza do despotismo detestar o poder mantido por qualquer meio que não
seja o seu próprio prazer momentâneo, e extinguir todas as posições
intermédias entre a força ilimitada da sua parte e a debilidade
absoluta por parte das pessoas.
Liberdade
Sentido de dever.
A
idéia de revolução total é absurda.
A
base da liberdade política é um Governo limitado que presta
contas aos contribuintes, não
um Governo ativista que visa libertar cidadãos dos preconceitos e das
disposições.
As
constituições não devem ser o produto da razão
abstrata, mas, sim, de uma lenta evolução histórica.
É
melhor estimar a virtude e permitir que a liberdade prevaleça, mesmo
que haja perdas, do que considerar o homem como mera máquina e instrumento
de uma benevolência política.
Um
governo de minoria é tão legítimo como outro qualquer.
A
sociedade civil se fundamenta no Cristianismo e o Estado é uma instituição
sagrada providenciada pela Vontade Divina.
Revolução
Francesa (5 de maio de 1789 a 9 de novembro de 1799): Seguindo
estas falsas luzes, a França pagou com evidentes calamidades e muito
mais caro do que qualquer outra nação tenha pago indiscutíveis
bens. A França comprou miséria com crime! A França não
sacrificou sua virtude pelo seu interesse, ela abandonou seu interesse para
prostituir sua virtude!
A
totalidade do poder obtido pela Revolução Francesa ficará
nas cidades com os burgueses e com os donos do Capital que os lideram.
Nossas
liberdades são uma herança, um legado que nós recebemos
de nossos antepassados, e que devemos transmitir à nossa posteridade.
A
Revolução
Francesa
é a revolução de uma classe que almeja o poder político,
e que, com o confisco, se apoderou de grande parcela da propriedade fundiária.
Destruição
da autoridade e individualismo: A primeira de toda ciência
da jurisprudência, o orgulho do intelecto humano que, com todos os seus
defeitos, redundâncias e erros, é a razão acumulada dos
séculos, combinando os princípios da justiça original
com infinita variedade de interesses humanos, como um monte de velhos erros
explodidos, não seria mais estudada. A suficiência e a arrogância
(atributos assegurados a todos que jamais conheceram sabedoria superior a
sua) usurpariam os tribunais. Naturalmente, não haveria mais certas
leis, estabelecidas segundo invariáveis fundamentos de esperança
e de temor, para conservar uma direção segura às ações
humanas ou para dirigi-las a certos objetivos. Nada de estável em matéria
de conservar a propriedade ou exercer uma função poderia constituir
terreno sólido sobre o qual os pais pudessem contar para educar seus
filhos ou para escolher para eles uma posição no mundo. Não
seria mais possível fazer entrar os princípios nos hábitos.
Assim que o mais capaz dos preceptores tivesse terminado a obra laboriosa
de uma educação, em vez de pôr no mundo um aluno que se
formou segundo uma disciplina virtuosa, calcada em conseguir atenção
e respeito no seu lugar na sociedade, ele perceberia que tudo foi alterado,
e ele deixou ao desprezo e ao escárnio do mundo uma pobre criatura
ignorante dos verdadeiros fundamentos da opinião pública.
Nunca
destruir totalmente, ou de uma vez só, aquilo que é antigo.
Graças
ao preconceito, a virtude se torna hábito – e não uma
série de atos desconexos – e o dever, uma parte da nossa natureza.
Às
Vezes...
Às
vezes,
sou meu
inimigo.
Às
vezes,
fico triste
comigo.
Às
vezes,
relaxo
e retrocedo.
Às
vezes,
sou o meu
medo.
Às
vezes,
sou torpe
e poltrão.
Às
vezes,
sou patife
e malsão.
Às
vezes,
vou lá
e não volto.
Às
vezes,
odeio e
me revolto.
Às
vezes,
quero
e maisquero.
Às
vezes,
malquero
e sou fero.
Às
vezes,
finjo
que não vejo.
Às
vezes,
sucumbo
ao desejo.
Às
vezes,
puno e
me regozijo.
Às
vezes,
perco
a rota e o juízo.
Às
vezes,
umas certas
coisas.
Às
vezes,
outras
tantas coisas.
Mas,
luto,
luto, luto
sem parar.
Ou comuto
ou me afogarei
no luar!
______
Notas:
1. Somos
diferentes porque estamos em pontos ou níveis diferentes da mesma Estrada.
Somos diferentes porque viemos de lugares (Planos) diferentes e voltaremos
para lugares (Planos) diferentes do Universo. Somos diferentes, enfim, porque
nossos méritos e nossas compreensões são diferentes.
Ora, exagerando um pouco, como é possível comparar Albert Einstein
ou Linus Pauling com Elias Pereira da Silva, vulgo "Elias Maluco",
acusado de seqüestrar, torturar e assassinar com requintes de crueldade
o jornalista Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, o Tim Lopes, da Rede Globo,
ou com Luís Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar",
líder da organização criminosa Comando Vermelho? Mas,
não creio que deva haver propriamente uma superposição
de uma classe de cidadãos sobre outra. Este é um equívoco
que só a compreensão e a misericórdia poderão
mudar. Seja como for, Albert Einstein, Linus Pauling, Elias Maluco, Fernandinho
Beira-Mar e todos nós somos um.
2. Quanto
a isto, penso que seja exatamente o contrário. Veja bem, a engenharia,
por exemplo, é a ciência, a arte e a profissão de adquirir
e de aplicar os conhecimentos matemáticos, técnicos e científicos
na criação, aperfeiçoamento e implementação
de utilidades, tais como materiais, estruturas, máquinas, aparelhos,
sistemas ou processos, que realizem uma determinada função ou
objetivo. Como será possível que isto se concretize sem todo
o conhecimento adquirido e estocado? A Psicanálise começou com
o médico especializado em Neurologia Sigismund Schlomo Freud (Príbor,
6 de maio de 1856 – Londres, 23 de setembro de 1939), mais conhecido
como Sigmund Freud, que iniciou seus estudos pela utilização
da técnica da hipnose como forma de acesso aos conteúdos mentais
no tratamento de pacientes com histeria, técnica que abandonou em favor
da interpretação dos sonhos e da livre associação,
como vias de acesso ao inconsciente. E todos nós sabemos que o Teorema
de Pitágoras é uma relação matemática entre
os comprimentos dos lados de qualquer triângulo retângulo. Mas,
Pitágoras só pôde afirmar que em
qualquer triângulo retângulo, a área do quadrado, cujo
lado é a hipotenusa, é igual à soma das áreas
dos quadrados, cujos lados são os catetos porque já
existiam os conceitos de triângulo, quadrado, retângulo, hipotenusa,
cateto, lado e área. E isto leva à seguinte evidência:
se, em um triângulo, o quadrado em um dos lados for igual à soma
dos quadrados construídos sobre os dois lados restantes do triângulo,
o ângulo formado pelos dois lados restantes do triângulo é
um ângulo reto (90º).
Teorema
de Pitágoras
3. Bem,
eu acho que as pessoas de boa consciência não permanecem completamente
em silêncio frente a qualquer forma de tirania ou o que seja. Ainda
que, em alguns, o silêncio possa ser verbal, o pensamento e a consciência
falam sem parar. E, um dia, que poderá demorar a chegar um pouco mais
ou um pouco menos, as tiranias desabam. Ou será que, por exemplo, os
senhores Bashar Hafez al-Assad, atual Presidente da República Árabe
Síria, e Kim Jong-un, líder da República Democrática
Popular da Coréia, acham que tudo está bem como em um céu
de brigadeiro e sonham que os respectivos regimes de exceção
que encabeçam se sustentarão para sempre? Não se sustentarão.
Claro!
4. Isto
quer dizer: tente compreender o motivo do seu desespero. É difícil?
É. Mas, para não enlouquecer, temos que tentar.
5. Para
o meu gosto e o meu entendimento, isto é fatalista demais. Nada é
o que é para sempre. Altos e baixos fazem parte da existência
humana, ainda que os impérios tendam mesmo a desaparecer.
6. No
mínimo, foi isto o que aconteceu com os malditos inquisidores, porque,
para mim, os caras que deram suporte à inquisição –
que por sete séculos espalhou o terror pelo mundo torturando e matando
– eram, na verdade, uma mistura de psicopatas e esquizofrênicos,
e todas as outras -patias e -frenias que possam existir. Vai ver que todos
sofreram algum tipo de abuso quando crianças ou eram brochas ou as
duas coisas. Religiosos é que não eram.
Páginas
da internet consultadas:
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Música
de fundo:
Eire
Compositores: Liam O'flynn, Matt Molloy & Sean Keane
Intérprete: Liam O'flynn
Fonte:
http://mp3.li/index.php?q=Liam
%20O'flynn%20-%20Eire
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