Aurea Mediocritas1

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Ensopado de ambição

– surdo para o Coração –

botei uma mordaça na

Aurea Mediocritas.

 

Atolado na vanglória

– embolado na escória –

chutei para corner a

Aurea Mediocritas.

 

Entupido de rancor

– minh'alma só bolor –

não dei trela para a

Aurea Mediocritas.

 

Arideza + torpeza

– avilando a Beleza –

fiz pouco caso da

Aurea Mediocritas.

 

Cuca de sacanagem

– ludíbrio na bagagem –

em mim, desfigurei a

Aurea Mediocritas.

 

Hoje, já Pequenino,

rabiscunho este hino

– Corde Illuminatus –

à Aurea Mediocritas.

 

Compreendi, pela dor

– em meio ao estupor –

a não mais me afastar

da Aurea Mediocritas.

 

Já não sou mais saci.

Dípode, me convenci

que a livrança só virá

via Aurea Mediocritas.

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. Aurea Mediocritas é uma designação latina que se encontra em uma das Odes (II: 10, 5) de Horácio (65 a.C. – 8 a.C.), e que expressa a idéia de que só é feliz e vive tranqüilamente quem se contenta com pouco ou com aquilo quem tem, sem aspirar à opulência. Esta expressão se encontra fortemente entranhada nos poemas horacianos porque, entre a variedade de temas tratados pelo autor, que vão desde o amor e amizade aos valores morais de Roma, têm especial relevo os que se inspiram no caráter efêmero da vida, no prazer, na inconstância da fortuna e nas formas de resistência. Especificamente, nestes assuntos, Horácio procurou demonstrar a conveniência do seguimento de um ideal de Mediania Sensata (Aurea Mediocritas), extremamente vantajosa para que se possa alcançar a felicidade. Todavia, convictamente, penso que não deva ser por mera conveniência vantajosa ou por hipoteticidade ignara que se deva percorrer o caminho da Aurea Mediocritas, mas, sim, porque fora dele só há trevas, dores e retardos. Mas, isto não deve ser constrangido; deve, sim, ser compreendido, até porque não é proibido ser feliz. Carpe diem. Aproveita o dia. Carpe noctem. Aproveita a noite. Com dignidade.

 

 


 

Música de fundo:

Ameno
Composição: Eric Lévi
Interpretação: Era

Fonte:

http://search.4shared.com/postDownload/
DZYm1fKC/Era_-_Ameno.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.math.harvard.edu/archive/
21a_summer_06/graphics/skull.html

http://vivendopontocom.blogspot.com.br/2012
/02/falta-de-vaidade-foi-o-primeiro-passo.html

http://blogs.suntimes.com/ebert/the_seasons/

http://atividadespedagogicasprofgracilene.blogspot.com.
br/2012/03/sapo-cururumusicaquebra-cabecacolorir.html

http://biodiversidadecpe.blogspot.com.br/
p/mitos-da-biodiversidade.html

http://www.picgifs.com/alphabets/garfield-vanity/1/

 

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