Devo
confessar, e é melhor que isso fique claro, que vocês não
têm recebido ajuda ativa direta dos Mestres (exceto Mabel Collins
no plano psíquico), desde a última crise e a grande provação
da Loja de Londres. Porque aquela provação afastou para sempre
aqueles que Eles enviaram para ajudar e trabalhar, mas, que foram os primeiros
a abandonar o seu dever, e até se tornaram traidores, em seus Corações,
da causa pela qual eles haviam assumido o compromisso de lutar. Mas, o teste
foi válido para toda a Loja de Londres, e não apenas para
aqueles que haviam chamado o karma para si. Apesar disso, embora os Mestres
tenham tido que se afastar da Loja de Londres, em geral, eles nunca deixaram
de observar indivíduos isolados da Loja, ou seja, aqueles que permaneceram
sinceros consigo mesmos e com suas aspirações pessoais, se
não em relação à causa e ao bem geral, como
deveriam ter feito, se fossem tanto teosofistas quanto místicos.
E eu sei que os Mestres, sem interferir com o karma –
algo que nem mesmo Eles têm o direito de fazer –
aceleraram e em outros casos retardaram acontecimentos e circunstâncias
nas vidas de todos e de cada um de vocês que são dedicados
e sinceros.
—
Eu ia devagar...
Então, fui amparado.
Aí, pude repintar
a cor do meu Quadrado.
Depois, pude ajudar
quem estava do meu lado.
Se
vocês tivessem pelo menos prestado atenção àquelas
casualidades e àqueles pequenos acontecimentos, a sua seqüência
teria sido suficiente para mostrar a vocês uma orientação
superior. Mas, mesmo vocês parecem ter esquecido de uma grande verdade
dita por um de vocês, isto é, de que “o mundo da rotina
diária em que as pessoas vivem e se movimentam e têm o seu
ser como se não houvesse outro é apenas uma aparência”,
e “atrás destas aparências há, oculta, uma realidade
muito mais elevada e mais nobre”. Vocês não viram, em
alguns acontecimentos, nada a que estas palavras poderiam ser aplicadas,
e assim não puderam aplicá-las a vocês mesmos nem àqueles
com quem estão trabalhando em seu grupo. No entanto, esta é
a primeira regra na vida diária de um estudante de Ocultismo, isto
é, nunca deixar de prestar atenção às menores
circunstâncias do que ocorre, seja em suas vidas, seja nas vidas dos
seus colegas de trabalho; registrar e colocar os fatos em ordem, nos registros,
mesmo que não estejam relacionados com a sua busca espiritual, e
então ligar (religare) todos os fatos, comparando as notas com os
registros dos outros estudantes, e alcançando, assim, o seu significado
interior. Isto vocês devem fazer, pelo menos uma vez por semana. É
a partir destas totalizações que vocês podem descobrir
a direção e o caminho a seguir.3
É o fenômeno de “transferência de pensamento”
e de “adivinhação” de pensamentos, de Bispo e
Companhia, aplicado aos acontecimentos da vida diária. Porque,
uma vez comparados e resumidos, estes acontecimentos (os mais corriqueiros
são às vezes os mais significativos) a sua associação
e o rumo deles revelariam a vocês –
assim como um movimento quase imperceptível de um músculo
na mão (com a qual ele está em contato) revela ao Bispo a
direção que ele tem que seguir –
o caminho que vocês devem seguir para chegar à Verdadeira
LLuz. Trabalhando sozinho ninguém pode conseguir isso, mas quando
há vários, é comparativamente fácil. Este é
o método usado para os chelas (discípulos) mais jovens, e
ele permite alcançar vários objetivos. A
atenção dos aprendizes se concentra sobre os númenos4
dos mais simples fenômenos ou acontecimentos da vida (eventos
guiados e preparados pelo Guru invisível). A atenção
deles abandona as coisas que iriam interferir com o seu treinamento mental.
A prática aguça e desenvolve a intuição deles,
e ao mesmo tempo faz com que se tornem gradualmente sensíveis às
menores mudanças na influência espiritual do seu Guru.
Immanuel
Kant e seu Númeno
—
Procurei o meu Númeno,
porém, não O encontrei.
Um dia, em meu interior,
finalmente, eu O achei.
Mas
se, agindo de acordo com o costume social, os membros do seu grupo preferirem
ver em cada acontecimento ou casualidade da sua vida o efeito de uma causa
provocada por seu próprio livre-arbítrio ou por mero acaso,
então, vocês nunca estabelecerão em seu grupo a primeira
condição necessária: uma perfeita unidade de pensamento
e de harmonia entre os seus seres espirituais. Vocês não podem
avançar diretamente a partir dos Princípios Universais, mas,
devem começar pelos aspectos específicos. A aritmética
e a soma vêm antes da Matemática e da Metamatemática
[que cuida do esclarecimento
rigoroso, através de recurso à própria Matemática,
de conceitos como o de axioma, da regra de inferência e da demonstração
formal ou dedução, de completude e de interpolação].
Uma vez que um místico dedicado ingressa na
Sociedade Teosófica [e,
na verdade, em qualquer Fraternidade Iniciática autêntica],
ele passa a ser, de modo inconsciente e invisível para ele, colocado
em um plano muito diferente daqueles que o rodeiam. Não há
mais circunstâncias banais ou sem significado em sua vida, porque
cada uma delas é um elo colocado de propósito na corrente
de acontecimentos que deve levá-lo para frente, até o “Portão
Dourado” ou “Portal de Ouro”. Cada passo dado, cada pessoa
que ele encontra e cada palavra dita podem constituir uma palavra colocada
de propósito na frase daquele dia, com a intenção de
dar alguma importância ao capítulo a que ela pertence, e este
ou aquele significado (kármico) ao livro da sua vida.
—
Uma coisinha eu aprendi:
não há esse tal por acaso.
Em cada vida que vivi,
cada caso gerou um caso.
Enfim,
o que Helena pretendeu ensinar com esta carta aos teosofistas do seu tempo?
Simplesmente, o que eu tenho dididitototo e rererepepepetititidododo tantas,
tantas e tantas vezes: que somos responsáveis por tudo, absolutamente
tudo, sem exceção, seja sob a forma de pensamentos, seja sob
a forma de palavras, seja sob a forma de atos praticados, seja sob a forma
de omissões ou de neutralidades, seja da forma que for. Não
adianta bulhufas dar uma de existencialista marca roscofe, citar o filósofo,
escritor e crítico francês Jean-Paul Charles Aymard Sartre
(Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980) e dizer
que o inferno são
os outros. E, se o
inferno são os outros é
porque nós, covardemente, autorizamos que os outros ajam como demônios.
A
Tristeza da Ignorância
(O Karma de Todos Nós)
—
Eu queria mudançar,
mas,
minha carne era fraca.
Eu
queria avançar,
mas,
sempre fui
panaca.
—
Eu queria enxergar,
mas,
preferia perdurar cego.
Eu
queria triunfar,
mas,
amava mesmo
ser prego.
—
Eu queria a
Iniciação,
mas,
era sem-vergonha demais.
Eu
queria a Ascensão,
mas,
estava amarrado
ao cais.
—
Eu queria seguir,
mas,
minhas pernas tiritavam.
Eu
queria Servir,
mas,
as vontades5
se chocavam.
—
Hoje, fico indagando:
será
que, de fato, eu quis?
Também
fico divagando:
por
que eu jamais maisquis?
—
Encarnei, vivi, morri,
e –
sem destino – perambulei.
Na
verdade, sempre preferi,
em
Pasárgada, ser amigo do rei!
—
Sempre adorei rosetar,
e
jamais quis ter obrigação.
Como
poderia me elevar,
se
sempre agi como toleirão?
—
Eu ordeno: quero ver
everyone rosetando.
Quem não rosetar vai diretinho pro calabouço.
______
Notas:
1. Nidanas
são precisamente os encadeamentos de causas e efeitos (cada encadeamento
ou elo contém todos os outros, isto é, inter-são)
que constituem o karma
educativo de um ser-humano-aí-no-mundo, e que o prende ao
mundo externo. No Budismo, são mencionados doze nidanas
ou causas da dor. Resumidamente, são:
1. ignorância
(inconsciência);
2.
aferramento à existência;
3.
consciência individual e coletiva;
4.
conjunto mente-corpo;
5.
os órgãos do sentido;
6.
consciência sensorial;
7. sensações
agradáveis, desagradáveis, neutras ou mistas.
8.
desejo (apego);
9.
escravização às coisas;
10.
vir-a-ser;
11.
nascimento; e
12.
velhice e morte.
Doze
Nidanas
2. Mohini
Mohun Chatterji (1858 – 1936) foi um advogado e estudioso bengali
que se juntou à Sociedade Teosófica em 1882. Tornou-se um
chela em provação do Mahatma Kut Hu Mi, e viu aparições
de Mahatmas em cinco ou seis ocasiões. Eventualmente, fracassou como
chela, e, em 1887, se afastou da Sociedade Teosófica, após
apenas cinco anos de filiação. É inacreditável
como coisas como estas podem acontecer! Pois é; mas, acontecem. E
acontecem muito mais do que imaginamos! Bem, aqui, cabem bem as palavras
de Jesus, que constam do Evangelho de João, XX: 29: —
Porque me viste,
Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram. Quantos
e mais quantos são chelas, sem saber que são, e, sem desistir,
continuam sendo! Quantos e mais quantos já receberam a 1ª Iniciação
(e, às vezes, até a 2ª), se esqueceram, e continuam firmes
na Senda! Quantos...
3. Quanto
a isto, um Mestre de Sabedoria deu a chave para compreender como funciona
a inspiração superior no movimento teosófico autêntico:
Em períodos favoráveis, liberamos influências elevadoras,
que impressionam várias pessoas de diferentes maneiras. É
o aspecto coletivo de muitos destes pensamentos que pode dar o rumo correto
à ação. Isto significa que não há
um só pensamento nosso (individual e/ou coletivo) que não
impressione alguém (ou alguéns) em algum lugar (ou em muitos
lugares). Este é o significado de não pecar
por pensamentos, pois, através do pensamento poderemos até
acelerar a desencarnação de um ser-humano-aí-no-mundo,
e isto é extremamente grave.
4. Númeno
ou noúmeno (do grego: )
é um objeto ou um evento postulado que é conhecido sem a ajuda
dos sentidos. Na Filosofia Antiga, a esfera do númeno é a
realidade superior conhecida pela mente filosófica. Também
pode ser entendido como a essência de algo, aquilo que faz algo ser
o que é. O termo é geralmente usado em contraste ou em relação
com fenômeno, que em Filosofia se refere ao que aparece aos sentidos,
isto é, é um objeto dos sentidos. Platão (Atenas, 428/427
a.C. – Atenas, 348/347 a.C.) utilizou esse conceito para se referir
ao seu Mundo das Idéias. No
entanto, este termo é melhor conhecido da Filosofia de Immanuel Kant
(Königsberg, 22 de abril de 1724 – Königsberg, 12 de fevereiro
de 1804). No kantismo, o númeno é o real tal como existe-em-si-mesmo,
de forma independente da perspectiva necessariamente subjetiva em que se
dá todo o conhecimento humano, ou seja, coisa-em-si (Ding
an sich), embora possa ser meramente conceituado, por definição
é um objeto incognoscível. Por perspectiva subjetiva devemos
entender por aquilo que é percebido por um sujeito, portanto, númeno
é um real que não depende do sujeito para existir, e, por
isso, o conceito de númeno se opõe ao conceito de fenômeno,
ou seja, aquilo que é percebido de forma subjetiva. Equivale ao real
absoluto independente da percepção humana ou realidade objetiva,
à qual nossos sentidos e razão fazem apenas uma representação.
Schopenhauer critica a visão kantiana, acusando-o de ter se apropriado
do termo, que se referia para os antigos gregos ao conhecimento abstrato.
Kant utiliza a palavra para descrever as coisas-em-si-mesmas, além
de seus fenômenos, o que dá à palavra um significado
diferente do original, pois, ao invés de conceitos abstratos, passam
a descrever o mundo exterior.
5.
Vontades
= fiat
voluntas mea + Fiat
Voluntas Tua. Na verdade, precisamos substituir o ego-fiat
voluntas mea pelo Eu-Fiat
Voluntas Tua. Quanto a isto, Helena Petrovna Blavatsky
escreveu: Cada
homem deve tratar de ser ele próprio um centro de trabalho. Quando
seu desenvolvimento interno tiver chegado a um certo ponto [Fiat
Voluntas Tua],
ele, naturalmente, atrairá
aqueles
com quem está em contato e os colocará sob a mesma influência.
Um núcleo será formado, em torno do qual outras pessoas se
reunirão, formando um centro desde o qual se irradiará informação
e uma influência espiritual, e para o qual serão dirigidas
Influências Superiores.
Música
de fundo:
Kyrie
Interpretação: The Benedictine Monks of Santo Domingo de Silos
Fonte:
https://mp3co.biz/song/18990404/The_Benedictine
_Monks_of_Santo_Domingo_de_Silos_Kyrie_XI_A/
Observação:
Kyrie
Eleison (do grego: ;
Senhor, tende piedade) é uma oração da liturgia cristã.
Existem expressões
similares em alguns Salmos e nos Evangelhos, mas, o testemunho mais antigo
do seu uso litúrgico remonta ao século IV, entre a comunidade
cristã de Jerusalém, e, no século V, na missa do rito
romano, como prece litânica e invocatória.
Senhor, tende piedade (de nós), Cristo, tende piedade (de nós),
Senhor, tende piedade (de nós).
Páginas
da Internet consultadas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mai%C3%AAutica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teosofia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pistis_Sophia
http://www.animatedimages.org/
https://www.pensador.com/
http://www.citador.pt/
https://www.frog-life-cycle.com/
http://bestanimations.com/
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Professor_Speaking_on_the_Podium_GIF_Loop.gif
http://gifimage.net/primeros-auxilios-gif-4/
http://www.filosofiaesoterica.com/teosofista-maio-2018/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Kyrie_eleison
https://pixabay.com/
https://sites.google.com/site/mundo
encantadodadudabb/gifs-de-boneca
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metamatem%C3%A1tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmeno
https://conceitos.com/numeno/
https://www.dreamstime.com/
https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/20
https://blog.animaker.com/
https://en.wikipedia.org/wiki/Mohini_Mohun_Chatterji
https://dribbble.com/
https://giphy.com/
http://sanghabrisamarinha.blogspot.com/2014/03/os-doze-elos-da-cad
eia-da-origem.html#!/2014/03/os-doze-elos-da-cadeia-da-origem.html
Direitos
autorais:
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as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo)
neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a
quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las,
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