Rodolfo Domenico
Pizzinga
A Ovelha Mentirosa
Mentem
tanto para o povo,
que é de rir para
não chorar.
Nasce o Sol: nada de novo.
Chega a Lua: é
de arrepiar.
Dá
enchente, ninguém liga!
Dá buraco, ninguém
tampa!
Dá secura, ninguém
irriga!
E
vai perneteando o povo,
a rogar uma côdea
de pão.
Dando fome, papa um ovo;
dando sede, abre-coração.
Eleição?
Só promessas
olvidadas já na
apuração.
Não saram as compressas
Não
há peixinhos no covo
nem comidinha no jantar;
mas, vai confiando o povo
que o seu fado irá
mudar.
Bolas!
Confiar? Por quê?
É preciso, sim,
não arriar.
Arre! Acreditar? Em quê?
É hora, sim, de
se mancar!
Esperar
não leva a nada,
É botar a mão
na enxada
ou, de fome, emagrentar!