A
gratidão é a memória do Coração.
Antístenes
...
não há estado de alma, por mais simples
que seja, que não mude a cada instante, pois não há
consciência sem memória, não há continuação
de um estado sem adição, ao sentimento presente, da
lembrança de momentos passados. Nisto consiste a duração.
A duração interior é a vida contínua de
uma memória que prolonga o passado no presente, seja porque
o presente encerra distintamente a imagem incessantemente crescente
do passado, seja, mais ainda, porque testemunha a carga sempre mais
pesada que arrastamos atrás de nós, à medida
que envelhecemos. Sem esta sobrevivência do passado no presente,
não haveria duração, mas, somente instantaneidade.
Henri Bergson
Quando
o interesse diminui, com a memória ocorre o mesmo.
Johann
Wolfgang von Goethe
Embora
seja curta a vida que nos é dada pela Natureza, é eterna
a memória de uma vida bem empregada.
Marcus
Tullius Cicero
Para
os navegantes com desejo de vento, a memória é um ponto
de partida.
Eduardo
Hughes Galeano
Não
há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-se mesmo
a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita
falsificadora de fatos e de figuras.
Nelson Rodrigues
Não
tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos1
to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?2
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao Sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.
Fernando
Pessoa
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Notas:
1.
Na Mitologia Grega, Atropos ou Átropos (Sem Retorno) era uma
das três Moiras, deusas que regiam os destinos, sendo sua contraparte
romana conhecida como Morta. Era considerada a mais velha das Moiras,
conhecida como A Inevitável ou A Inflexível,
sendo ela que cortava o fio da vida. Seus atributos eram o quadrante
solar, a balança e a tesoura ou, ainda, uma esfera e um livro
onde ela lia os destinos.
2.
Na mitologia grega, Minos foi um rei semilendário da Ilha de
Creta, filho de Zeus e da princesa fenícia Europa. Teria nascido
em cerca de 1445 a.C. e reinado de 1406 a.C. a 1204 a.C. (segundo
a Crônica de Jerônimo de Stridon). Há
diversas variantes de seu mito, algumas delas apresentando a existência
de dois Minos. Além disto, muitos estudiosos questionam a interessante
semelhança entre o nome Minos e o nome de outros reis semi-lendários
da Antigüidade, como Menés do Egito, Mannus da Germânia
e Manu da Índia.
Bibliografia:
PESSOA,
Fernando. Obra
poética e em prosa. Introduções,
organização, biobibliografia e notas de António
Quadros e Dalila Pereira da Costa. Volume I (poesia). Porto: Lello
& Irmão – Editores, 1986, pp. 814 e 815.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Minos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atropos
http://pt.wikiquote.org/wiki/Mem%C3%B3ria