Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Hanna Arendt

Hanna Arendt

 

A distinção entre ditaduras autoritárias e ditaduras totalitárias foi criada pela filósofa política alemã de origem judaica Hanna Arendt (Hanôver, Alemanha, 14 de outubro de 1906 – Nova Iorque, Estados Unidos, 4 de dezembro de 1975) em seu livro As Origens Totalitarismo. Segundo Arendt, há características comuns a ambos os tipos de regimes:

• subordinação dos poderes judiciário e legislativo ao poder executivo; e

• repressão a toda e qualquer oposição política e ideológica ao Governo.

Segundo Arendt, a diferença básica é que o autoritarismo tentar forçar o povo à apatia, à obediência passiva e à despolitização, enquanto o totalitarismo busca mobilizar a sociedade civil de cima para baixo, para moldá-la e impor ao povo uma obediência ativa e militante ao status quo, condicionada pela adesão à ideologia oficial do Estado. Arendt aponta, entre as diferenças, a prática autoritária da abolição de todos os partidos políticos, sindicatos etc., em contraste com a prática totalitária de um sistema de partido único e sindicato corporativista, comandado por um chefe carismático. Os exemplos reais de regimes totalitários identificados por Hanna Arendt são a Itália fascista, a Alemanha nazista e a Era Stalin na União Soviética.

Os modelos criados por Arendt são muito controversos, e receberam várias críticas. Sua comparação entre o III Reich e o stalinismo soviético foi criticada por se concentrar em aspectos superficiais, como o sistema de partido único e a ideologia oficial, e ignorar os aspectos econômicos, culturais, jurídicos e políticos que diferenciavam os dois regimes. Entre estas diferenças, há destaque para a ideologia racista, eugenésica e colonialista da ditadura nazista, em contraste com as instituições do Estado multinacional da União Soviética. Outro contraste importante é a defesa da propriedade privada capitalista pelos nazistas e fascistas, em contraste com o socialismo oficial do Estado soviético.

A insistência de Arendt em fazer analogias entre o fascismo e o stalinismo soviético foi acusado de expressar um apoio implícito aos Estados Unidos na Guerra Fria. Henry Kissinger (Fürth, Alemanha, 27 de maio de 1923), importante líder e teórico do neoconservadorismo (corrente da filosofia política que surgiu nos Estados Unidos a partir da rejeição do liberalismo social, relativismo moral e da contracultura da Nova Esquerda dos anos sessenta, enfatizando a política externa como o aspecto mais importante nas responsabilidades de um Governo, com o fim de manter o papel de superpotência, condição indispensável para a manutenção da ordem mundial), recorreu à distinção entre autoritarismo e totalitarismo para justificar o apoio financeiro e militar do Governo dos Estados Unidos às ditaduras de extrema-direita na América Latina, na África, na Ásia e na Europa, acusando, por exemplo, os Governos de Salvador Allende, de Fidel Castro e de Daniel Ortega de totalitários.

O filósofo italiano Giorgio Agamben (22 de abril de 1942), em Homo Sacer e Estado de Exceção, reconstrói a teoria do totalitarismo a partir do resgate da categoria de Homo Sacer, figura obscura da lei romana (Direito Romano antigo): pessoa que é excluída de todos os direitos civis, enquanto a sua vida é considerada santa em um sentido negativo. A peculiaridade do Homo Sacer é que ele pode ser morto ou agredido impunemente, embora não possa ser sacrificado em rituais. Segundo Agamben, o judeu sob o regime nazista e aprisionado em um campo de concentração é o arquétipo do moderno Homo Sacer. Mas, o risco de se tornar um Homo Sacer é universal, e Agamben aponta, entre os exemplos desta categoria na atualidade, os prisioneiros da base militar estadunidense de Guantânamo (Guantanamo Bay Detention Camp).

 

 

Quousque tandem impietatis et abominacionis?

 

 

Resumindo: Autoritarismo (ou regime autoritário) descreve uma forma de Governo caracterizada pela ênfase na autoridade do Estado em uma república ou união. É um sistema político controlado por legisladores não-eleitos, que, geralmente, permitem algum grau de liberdade individual. Totalitarismo (ou regime totalitário) é um sistema político no qual o Estado, normalmente sob o controle de uma única pessoa, de uma facção ou de uma classe, não reconhece nem admite limites à sua autoridade, e regulamenta e impõe todos os aspectos da vida pública e da vida privada. O totalitarismo é caracterizado pela coincidência do autoritarismo (no qual os cidadãos comuns não têm participação significativa na tomada de decisão do Estado) e da ideologia (um esquema generalizado de valores promulgado por meios institucionais para orientar a maioria, senão todos os aspectos da vida pública e privada).

 

No Brasil, o golpe militar de 1964, que eclodiu de surpresa na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1964, marcando o fim do Governo Democrático do Presidente João Belchior Marques Goulart (São Borja, 1º de março de 1919 – Mercedes, 6 de dezembro de 1976), acabou desembocando e esmerdalhando em um regime tutelar, hegemônico e impositivo, capitaneado por um poder executivo não-eleito, apoiado pelas forças armadas – que, se soubessem direitinho o que estavam patrocinando e sustentando, acho que nunca teriam patrocinado nem sustentado, pois, os militares brasileiros, de modo geral, têm boa índole. A gloriosa Revolução de 64 exemplifica uma ditadura de feição positivístico-autoritária, entretanto, com alternância metódica do supremo magistrado da Nação, todavia, sempre com estrita manutenência dos princípios ideológicos que nortearam a plúmbica conjuração. O regime verde-oliva, positivista e autoritário, se arrastou até 1985, quando Tancredo de Almeida Neves (São João del-Rei, 4 de março de 1910 – São Paulo, 21 de abril de 1985) foi eleito, indiretamente, o primeiro presidente civil desde 1964. Mas, há quem tenha saudades daqueles tempos escabrosos, e costuma dizer: — Se... Eu, que, de cabo a rabo, passei por aquela ditadura fedorenta, confesso: foi um tempo horroroso em que, envergonhado, me senti menos brasileiro. Os slogans Ninguém segura este País e Brasil, ame-o ou deixe-o, e as músicas com refrão Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil nunca me comoveram; na realidade, me irritavam. Comigo, as campanhas ufanistas dos governos militares brasileiros foram tiros que saíram pela culatra. Realmente, só encontrei algum alívio nos ensinamentos monográficos da Ordem Rosacruz - AMORC, na qual fui Iniciado em 1969, ainda que eu tivesse certeza absoluta que a gloriosa – na verdade, fedorosa – não iria durar para sempre. Como não durou. Agora, os Partidos Políticos Nacionais e os Senhores Parlamentares brasileiros – que não são nem podem ser de mentirinha, como disse recentemente o Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, em uma palestra no Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), e com quem não posso concordar – têm a obrigação moral e o dever cívico de fazer progredir a nossa Democracia. O Congresso Nacional não pode procrastinar e andar mais devagar do que os anseios populares e as reivindicações da Nação. Isto é despatriotismo. É preciso acabar com essa coisa extravagante e contraprodutiva de que isto, istoutro, aquilo ou aquiloutro interessa ou não interessa a um Partido qualquer, a um Parlamentar específico ou ao Governo, seja municipal, seja estadual, seja federal. Só deve haver um treco na ordem do dia: o que interessa ao Brasil e ao povo brasileiro. Fora isto... Mirabolâncias... Aberrâncias... Caganinfâncias...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fascismo é fascismo.

Terrorismo é terrorismo.

Opressão é opressão.1

 

Totalitarismo é retrocessivismo.

Autoritarismo é engana-trouxismo.

Seja como for, tudo encravação.

 

Desconformidade é desconformidade.

Confraternidade é confraternidade.

Liberdade é menos que Libertação.

 

Realidade é realidade.

Atualidade é atualidade.

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Pensamento do músico, cantor, ator, ativista político e pacifista norte-americano de ascendência jamaicana Harold George Belafonte, Jr. (New York, 1º de março de 1927).

 

 

Harry Belafonte

 

 

Música de fundo:

Matilda (Mathilda)
Composição e interpretação: Harry Belafonte

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/
harry_belafonte_matilda_matilda.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.guardian.co.uk/books/video/
2012/jul/03/harry-belafonte-video-interview

http://en.wikipedia.org/wiki/
Harry_Belafonte_discography

http://en.wikipedia.org/wiki/Harry_Belafonte

http://con-forma.blogspot.com.br/2011/06/
emilio-gomarizs-animated-gifs-emilio.html

http://www.smashingmagazine.com/2009
/01/29/404-error-pages-one-more-time/

http://www.brainyquote.com/quotes/
authors/h/harry_belafonte.html

 

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