ANTÓNIO QUADROS
(Reflexões e Poemas)

 

 

 

António Quadros

António Quadros

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Texto

 

 

 

No Brasil, havia pouca coisa no Real Gabinete Português de Leitura sobre José Maria da Cunha Seixas1 – o formulador da Doutrina Pantiteísta – e, por isto, em 1987, fui a Portugal para tentar garimpar todo o material que pudesse encontrar, principalmente livros de sua autoria, para poder escrever a tese e concluir o meu curso de doutorado em Filosofia. Em Portugal, fui inesquecível e esplendidamente recebido, particularmente por Jesué Pinharanda Gomes, António Braz Teixeira, Eduardo Silvério de Abranches de Soveral, José Esteves Pereira, Joel Serrão e António Gabriel de Quadros Ferro, o meu muito querido amigo António Quadros.

 

É exatamente sobre o meu muito querido amigo António Quadros, autor de obras de pensamento, crítica e historiografia literária, de poesia e ficção (romance, conto e literatura infanto-juvenil), que tenho o prazer de divulgar este despretensioso e incompletíssimo texto: uma pequena coletânea de algumas de suas melhores reflexões e alguns dos seus poemas.

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

António Quadros

António Quadros

 

 

 

António Gabriel de Quadros Ferro, conhecido como António Quadros (Lisboa, 14 de julho de 1923 – Lisboa, 21 de março de 1993), foi um filósofo, escritor, professor universitário e tradutor português. Recebeu Gabriel, como segundo nome, em homenagem ao poeta italiano Gabriel d’Annunzio, que António Ferro, seu pai, muito admirava.

 

António Quadros licenciou-se em Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pensador, crítico e professor, também poeta e ficcionista, foi um dos fundadores da extinta Sociedade Portuguesa de Escritores. Fundou a atual Associação Portuguesa de Escritores e o Instituto de Arte, Decoração e Design, (IADE), que eu tive a oportunidade de conhecer, quando estive em Portugal. Foi diretor das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, dirigiu a coleção Biblioteca Breve, (ICALP) e foi um dos fundadores e diretores das revistas de cultura Acto, 57 e Espiral. Pertenceu ao Grupo da Filosofia Portuguesa na companhia de Álvaro Ribeiro, José Marinho, Afonso Botelho, Cunha Leão, Dalila Pereira da Costa e outros pensadores que se inspiraram em Leonardo Coimbra, Sampaio Bruno, Delfim Santos, Teixeira de Pascoaes, entre outros filósofos e autores.

 

António Quadros foi ainda membro-correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Filosofia, membro da INSEA (International Society for Education through Art), órgão consultivo da UNESCO, de que foi delegado em Portugal até 1981, membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social etc.

 

Recebeu diversos prêmios pela sua atividade literária e colaborou em diversos jornais, como o Diário de Notícias, Diário Popular, Jornal de Letras, bem como nas revistas Ler, Rumo, Persona, Colóquio, Contravento, Litoral, Atlântico etc.

 

Traduziu Albert Camus, André Maurois, Jean Cocteau e Georges Duhamel. António Quadros era filho de António Ferro e Fernanda de Castro, ambos escritores, e pai de Ana Mafalda Ferro, António Roquette Ferro (antigo Diretor Geral do IADE) e Rita Ferro, também escritora.

 

Principais obras: Introdução a uma Estética Existencial, 1954; A Angústia do Nosso Tempo e a Crise da Universidade, 1956; A Existência Literária, Lisboa, 1959; Fernando Pessoa, a Obra e o Homem, 1960; Ficção e Espírito, Lisboa, 1971; Introdução à Filosofia da História, 1982; Portugal Razão e Mistério, 1987; Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista, Lisboa, 1982; A Arte de Continuar Português, 1978; O Primeiro Modernismo Português ou Vanguarda e Tradição, 1989.

 

Os olhos azuis de António Quadros, depois de receber os últimos sacramentos, adormeceram no dia 21 de março de 1993, início da primavera e, em Portugal, dia da árvore, símbolo da vida para a qual tão sábia e generosamente o meu amigo contribuiu. Deixa na família, nos amigos e na cultura uma lacuna e uma saudade que doem doloridamente. António Quadros foi um homem que não tinha inimigos.

 

 

 

Reflexões de António Quadros

 

 

 

 

O Banquete Infinito

 

Poesia chorada, como o mar sob a chuva?

Poesia aflita, como um farol no denso nevoeiro?

Poesia angustiada, como a futura mãe?

Alegre o olhar, os meus dedos são mensageiros dos deuses

E cantam o que me sobra e eu não sei entender.

Alegre o coração, escapa-se de mim um fumo de dor,

E enquanto rio, sou também lágrimas e soluços.

O acordo é uma promessa do paraíso perdido mas não morto,

pois as suas portas choram por mim em mim.

Poesia triste, triste face, coração ardente, sorriso imanente,

Tudo se comprime num verso obscuro e intocável.

Julgo perder-me num meandro de luzes e sombras,

De estrelas e pântanos, profetas e deuses.

Tarda-me a achar o caminho dos caminhos.

Aquele que, enfim, conduz a alguma parte.

Sei que tudo é — mas como conhecer o que, sendo, indica e ilumina?

Os meus gestos são pesados e lentos, pois temem

Matar o inocente e dar vida ao monstro.

Já não hesitam, porém, e quando eu puder olhar atrás de mim

A estrada percorrida, os destroços abandonados,

Os cadáveres imolados à vontade torturada,

Então sabereis os frutos a escolher e os manjares a saborear, espera-me o banquete infinito.

Iguaria ou conviva, o que importa é chegar com o destino cumprido.

 

 

 

O tempo de Deus é o tempo da atenção. O tempo de Deus é hoje.

 

E, a partir daqui, meu filho, os homens dessa família escolheram as suas mulheres à medida do diamante, mulheres capazes de o amar e de o compreender, de o guardar como o mais alto bem, sem nunca o mostrar, sem nunca o vender, nem mesmo no meio das maiores dificuldades, mesmo quando a pobreza, a doença e a morte se ergueram sobre as suas almas afligidas.

 

Interrogar é já crer; a descrença humana não existe.

 

Moderna ou hodierna é e sempre foi toda a arte... O pós-modernismo (...) só tem sentido se constituir um salto para além de todas as escolas modernistas.

 

Chamamos-lhes alunos. Deveríamos antes chamar-lhes discípulos, se fôssemos capazes de ser mestres.

 

Oferecer aos homens da Terra uma antevisão do céu conseguida por meios humanos…

 

Toda a beleza é aviso.

 

É nossa convicção que Portugal e Brasil de hoje (...) se unem na vinculação de uma pátria transcendente, representada em primeiro lugar por uma língua comum, veículo de espírito irradiante, expansivo e exigente do dinamismo que lhe estamos a negar, por desacerto filosófico. Talvez seja preciso inventar um nome que corresponda ao vero ecumenismo lusíada, que traduza o espírito da língua portuguesa. Talvez esse nome tenha o condão, num futuro mais ou menos próximo, de anular as diferenças e os antagonismos que nos separam como mátrias ciosas de privilégios nacionais.

 

Sou a perdida unidade que a inteligência sozinha não pressente…

 

De imagem em imagem, navegador do visível e do invisível, o homem perde ou acha a miragem…

 

Quero ser um princípio e não um fim. Que, depois de mim, as tempestades sejam outras e as lágrimas mais leves!

 

Nós somos a hora oficial do Universo: meio-dia em ponto com o Sol a prumo!

 

Os homens públicos são aqueles que o público conhece menos.

 

No meu teatro interior todas as peças caíram.

 

Eu, António Quadros, membro consciente do teu corpo místico, unido a toda a cristandade viva da tua igreja militante, sentindo a ânsia dos que não vivem na tua graça, movido pela esperança das almas que te irão conhecendo, solidamente firmado na minha vontade de ser Santo, entrego-me com o meu entusiasmo e o meu espírito de caridade para tornar mais efetivo o teu reino na minha alma e na dos meus irmãos.

 

Falhar é ter um ideal tão alto que não se atinge.

 

 

— Oh!, eu falhei!

 

O mistério da vida e o mistério da História encerram-se e exprimem-se efetivamente no mistério da forma.

 

Nunca discuto. Discutir seria duvidar de mim próprio.

 

Cem vêem: pertenço à era do combate e não à do debate; à idade do duelo e não à do diálogo; à geração da guerra e não à do cessar-fogo.

 

O passado é mentira, o passado não existe, é uma calúnia...

 

A dança triunfa como nunca triunfou, porque a dança desarticula os corpos, emboneca-os, liberta-os do peso da vertigem. Dançar é multiplicar-se, é ter um corpo em cada gesto e em cada frase, é fecundar-se a si próprio, gerar imagens da própria imagem, desenvolver-se como um filme, ser écran, ser intérprete e ser o drama...

 

Morram! Morram vocês, ó eteceteras da vida.

 

Quando outra glória não possua, possuo a glória de abdicar da própria glória...

 

A bondade das mulheres enternece mas não apaixona.

 

Só o ódio de uma mulher consegue o amor de um homem.

 

A arte moderna é uma arte relâmpago, uma arte que estabelece telegrafia com as almas...

 

Os escritores em Portugal - já o disse - avaliam-se pelo peso, pelo peso das obras. Os nossos escritores querem todos pertencer à categoria dos pesados. Obra com menos de trezentas páginas não dá direito à imortalidade.

 

Imortalidade! Que grande insônia!

 

António Ferro: — A ditadura é uma doutrina ou um castigo?

Mussolini: — A ditadura não é um princípio nem um fim: é um sistema que corresponde a certas necessidades.

 

Unamuno: — Camões fez versos em espanhol…

António Ferro: — Mas escreveu ‘Os Lusíadas’ em português!

 

O Espírito é o céu real do quotidiano: aquele a que podemos subir, de quando em quando, entre as nossas milhentas ocupações.

 

Política do Espírito é aquela que proclama, precisamente, a independência do Espírito, que o liberta da escravidão do materialismo titânico, insinuante, que pretende constantemente suborná-lo, embriagá-lo.

 

António Ferro: — Conhece a frase de [Józef] Pilsudski, do ditador polaco, sobre as violências da ditadura portuguesa?

Salazar: — Não me recordo…

António Ferro: — "Abençoado país este Portugal que tem a sua Sibéria na Ilha da Madeira."

 

Nós somos pura e simplesmente um órgão animador: não consagramos, estimulamos.

 

Não haja, portanto, o escrúpulo de mentir. Afastemo-nos o mais possível da verdade da Vida, porque é justamente ela que nos amargura a vida… E deixemos que a frase iluda, que a frase engane, que a frase minta como qualquer mulher.

 

Eu vivo a minha época como vivo a minha pátria, como vivo dentro de mim. A minha época sou eu, somos todos nós, os minutos da hora, desta hora febril, desta hora dançada, desta Hora-Ballet Russe, em que os ponteiros do relógio ora são braços de mulher esguia, ora são pernas de bailarina magra dançando nos algarismos que, no mostrador, indicam as etapas do tempo, como se dançassem na neve – sob punhais… Eu não compreendo, de modo algum, a saudade doentia das outras épocas, a nostalgia das idades mortas, certa ronda de fantasmas, lamurienta e sinistra que anda para aí – fox-trot de esqueletos mutilados… Ter saudades dos séculos que morreram é ter vivido nesses séculos, é não ser de hoje e andar a fingir de vivo...

 

A manhã renasce em todos os momentos.

 

O erro é não só educativo, mas também cultural.

 

Esse mundo melhor é o mundo em que vivemos.

 

O Quinto Império é um mundo de valores que nos pertence a nós criar.

 

Quando a absolutização de um mito se transforma em utopia, ameaçando circunscrever-nos a uma esperança no fim de contas passiva, impõe-se afirmar teorias da razão e da ação que devolvam ao homem iniciativa, que afirmem a sua liberdade e confinam valor ao seu trabalho, ao seu sacrifício, à sua luta quotidiana para se elevar acima da situação de crise ou retrocesso dentro da qual estiola, sem outro consolo do que a expectativa sempre adiada do regresso de D. Sebastião e a promessa obscura do apocalipse mítico do Quinto Império.

 

Às vezes, penso que Fernando Pessoa é uma presença de que não me consigo livrar.

 

 

 

 

Uma só mulher contém todas as mulheres,
e todas as mulheres não são ainda a Mulher.

 

Simplificar não é assim tão fácil, no nosso tempo.

 

A nós, mais aristotélicos do que platônicos, parece-nos que temos de atender, sobretudo, ao grau de anti-humanidade ou anti-fraternidade da razão de Estado, não tendo nós, humanos, capacidade para medir e julgar, porque só no fim dos tempos Deus acertará as contas acerca dos nossos pecados, crimes ou heresias. Nada decorre aqui, entre a falta total e a pureza absoluta, mas entre um mínimo e um máximo, em tensão permanente do espírito.

 

O uso desonesto da palavra é um dos maiores flagelos da Humanidade de hoje.

 

O mar não é, pois, unicamente um elemento material e natural, é o espaço simbólico que para os portugueses significa a superação da sua condição telúrica e agrária e, em um nível mais profundo, a sublimação da própria condição humana.

 

Há um movimento nebuloso mas bem real do térreo para o ígneo, isto é, para o destino prometido nos sonhos, nos mitos e no ideais dos nossos poetas.

 

Será que o instinto da morte acaba por prevalecer entre nós sobre o instinto para a vida, para a criação e para o amor?

 

Somos cegos para os defeitos alheios, e não temos olhos que cheguem para admirar, incensar, idolatrar as qualidades e os triunfos dos países «cimeiros»… Veio com pezinhos de lã, e as pessoas não deram por ela (desta vez não se ouviram gemidos e não houve silvos de chicote). A nova escravatura.

 

Que humano, hoje, pode e sabe não ser desumano?

 

Iria contra o espírito dos Evangelhos que a religião cristã permanecesse indefinidamente igual aos tempos da Igreja primitiva.

 

Não é qualquer pessoa, a qualquer hora, que tem o direito de escrever sobre São Francisco de Assis. Porque evocar, ou estudar, ou comentar a vida, o exemplo e a obra desse a que os seus contemporâneos chamaram o Poverello [o Pobrezinho], pressupõe muito menos um exercício intelectual do que uma vivência profunda e continuada. O que mais nos interpela na sua existência é o dom total do ser, por um abandono de todos os bens terrestres e por um despojamento iluminado e luminoso que reproduz, como nenhuma outra figura heróica e santa, a opção absoluta de Jesus da Nazaré. Interpela-nos e, diremos mais, provoca-nos, instabiliza-nos, angustia-nos (ao mesmo tempo que nos inspira), porque o seu prodigioso e todavia exemplar destino foi possível num contexto social, histórico e humano comum.

 

Jesus... filho de Deus, Deus na sua encarnação terrena ou (para os descrentes) o Profeta fundador de uma civilização, nos transcende infinitamente, nos supera vertiginosamente, sem deixar de nos falar, de nos atrair e de nos elevar para o Espírito da Verdade.

 

Jesus... doou-nos a esperança e a promessa de salvação por uma escatologia a partir da encarnação e da cruz, da morte e da ressurreição em espírito e em carne.

 

Cristãos, preferimos o comércio com a nossa mediocridade egoísta, com as nossas ligeiras satisfações, com as nossas curtas ambições, com o azedume amargo das nossas frustrações; instalamo-nos no álibi de não podermos pretender ser Ele, o Cristo.

 

 

 

Poética Contraditória

 

Não digas o que sabes nos teus versos,

Deixa para trás a ciência e a consciência;

Tudo aquilo que em ti não for ausência

São ideais perdidos ou submersos.

Abandona-te às vozes que não ouves,

E liberta os teus deuses nos teus dedos;

Não busques os sorrisos, mas os medos,

E o que não for ignoto e só, não louves.

Ser misterioso e triste é ser poeta:

Mesmo a luz que palpita nos teus cantos

É uma imagem heróica dos teus prantos.

Percorre o teu caminho até ao fundo,

E com os versos que achaste, aumenta o mundo.

Não sejas um escritor, mas um profeta.

 

 

A Teleologia Franciscana visa efetivamente não apenas a salvação dos homens, mas, também, a redenção da Natureza e de todas as criaturas de Deus. O mundo deixa de ser um cenário, onde evolui o protagonista único e isolado do poema escrito por Deus, porque a totalidade dos seres visíveis e invisíveis participa do mesmo movimento escatológico. Torna-se mais humilde a posição do homem, mas, ao mesmo tempo, com São Francisco, ressalta a sua grandeza, porque só ele, entre todas as criaturas de Deus, é capaz de ser e ao mesmo tempo de amar para além da barreira da sua própria condição e natureza.

 

Nenhum sistema e nenhuma ideologia podem hoje se considerar a salvo de suspeita, nem podem se ver como solução absoluta, universal e salvadora.

 

A Literatura, a arte e o pensamento de um povo constituem os seus mais fiéis documentos de identidade...

 

O racismo ensina o que o homem ainda é.2

 

Todo o amor que aparentemente morreu é, todavia, vivo.

 

A paixão que hoje se revela por [Fernando] Pessoa, é uma paixão por Portugal, pelo Portugal que ele simboliza.

 

Há fundadas razões para esperar que as novas gerações, libertas de complexos e avisadas pelo fracasso da cultura estrangeira e internacionalista que domina as superstruturas e os seus poderes em vários planos, consigam inflectir a tendência autodestrutiva, a tempo de salvarem esta velha e nobre Pátria [Portugal] da queda no anonimato histórico, ou num provincianismo onde só restariam alguns tipismos regionais sem dimensão nacional.

 

Em toda a mulher que vive e morre existe uma fidelidade absurda e transcendente, face à qual todos os desvios são mágoas.

 

Portugal, mais do que um país, é uma mátria, uma utopia, um afeto, uma ficção – um romance. Os portugueses vão de novo se apaixonar por ele.

 

O escritor não tem verdadeiramente um lugar na sociedade, e isso paga-o em humilhações sem conta. O trabalho intelectual é de todos o mais mal remunerado. As iniciativas dos intelectuais são acolhidas com sorrisos. Ficamos então irremediavelmente desonrados, perante uma sociedade que, em última análise, triunfa?

 

O patriotismo é um fenômeno cultural, muito diferente do nacionalismo que é um fenômeno político. Não devemos confundi-los; uma coisa é a nação, outra a Pátria.

 

Bem haja o Sol! Parece uma laranja a escorrer sumo! — disse a mulher da banca, olhando o Sol de frente, em linha reta.

E eu pensei: 'de que vale ser poeta?'

 

Ó Mãe, eu não sei nada!

 

Não fora o mar, e comeria à mão; não fora o mar, e aceitaria o freio!

 

Agora, o meu querer era mais fundo: dum lado, eu; do outro, o mundo.

 

No Continente havia tanta gente que eu não cabia.
Era estreito demais o meu quinhão de céu.
Pobre demais a minha ração de ar…

 

Só, eu fiquei, mas sem mim, que a mim também me levaste...

 

Vida ou morte, que importa?
Para entrar e sair a porta é a mesma:
Senhor, abre-me a porta!

 

E hoje, perdida, quem te há-de achar? A morte ou a vida?

 

Este doido prazer de respirar!

 

Avó, quantas estrelas há no céu?

— Duas, Maria da Lua: a minha e a tua.

— Eu também tenho uma estrela?

— Tens, Maria da Lua.

— E qual é, onde está?

— Não sei, tens de escolhê-la…

 

Por que chamamos vivos aos que esperam a vez, marcando passo? E mortos aos que se libertaram e são livres no espaço?

 

Senhor, como é possível a descrença,
imaginar, sequer, que ao fim da Estrada,
se encontre, após esta ansiedade imensa,
uma porta fechada e mais nada?

 

Por isso, espero a morte sem terror, sem temer o castigo.
Por que há-de recear-se a paz, o amor? Receia-se o inimigo.

 

Mas, e se a alma se parte, se esborracha?

 

Onde estais, empadinhas e pastéis? Onde estais, fricassés da minha infância?

 

 

 

Exercício

 

Deixa
lentamente
que a tarde finde.
Verás depois ou entretanto,
depende,
que o que deixas acabar
não é mais do que a parte que a ti
te pertence.

Ali,
onde tu vês o que não existe
saberás, se te perderes um pouco,
que esse céu que o teu olhar
tantas vezes fingiu
fingiu uma vida inteira.

Depois, quando regressares,
e não souberes quem és,
isto é, quando te perderes de vez,
e tiveres aprendido por duas vezes
tudo o que há para aprender nesta vida,
é possível que eu queira, se é que isto existe,
morrer contigo, morrer melhor.

Mas como te percebo,
eu próprio nunca abri os olhos,
nunca me perdi antes,
nunca me achei em nenhum céu.
Nunca, sequer, me levei de uma cor à outra.
A noite escura nunca me levou ao lugar que eu queria.

Morri apenas.
Demorei uma vida a morrer.
Como desejei.
Aos poucos,
ou de uma vez só,
como a tristeza quis.

 

 

Era uma quinta velha, com buxos e loureiros,
mas, um dia, assinaram-se cheques, e vieram pedreiros...

 

É num jardim que vive a filha que nunca tive...

 

Não creias que o sofrimento, Poeta, te cause dano: poemas são como filhos, não hesites, rasga o peito, como faz o pelicano...

 

Ó árvore, alguém pensou na tua imensa alegria quando, enfim, rompeste a crosta e alcançaste a luz do dia?

 

Castelo de Marvão, águia real, asas abertas sobre Portugal pousada no granito da montanha...

 

Agora, a tantos anos de distância,
já não sei se inventei a minha infância,
se a Índia foi verdade ou foi miragem...

 

Mas, hoje, ó meu país, a tua glória,
o teu destino é descobrir a paz,
e o mundo saberá mais uma vez
de quantas maravilhas és capaz!

 

O vento sopra com força. A água corre com força. O fogo arde com força.

 

A vida é risco, é aventura, é dádiva, é sacrifício, é alegria pura do ser sem o ter e, sobretudo, sem o querer ter... É por outro lado fé e graça, e diálogo com uma transcendência que não se procura porque nos envolve e nos ilumina. Eis o que hoje, aqui, nos toca e move, mas com um sabor de utopia, quando não de quimera... E, todavia, a vida flui...

 

Na miséria deste mundo – e no conforto deste mundo, em todas as situações deste mundo – o homem é sempre o homem, um ser mistério-interrogativo do seu destino, vocacionado para a morte e nunca totalmente distraído da incompletude e da frustração da sua personalidade satisfeita. Há uma embriaguez tecnológica que ainda não deixou. Há uma ilusão sociocrática que ainda não perdemos. Há um materialismo sem sentido que ainda não enfrentamos. Há um voluntarismo doentio de que ainda não nos libertamos. Há uma preguiça espiritual que ainda não suportamos. Há mil formas de esperança deslocadas do verdadeiro eixo do ser mais autêntico, de que ainda não acordamos. Nada se repete na existência longa e multímoda do homem. Mas, a criação é um 'continuum' sem intervalos de nada ou de vazio. Talvez que, depois do grande desencanto que aí vem, possamos reter de São Francisco o mais profundo da sua mensagem: a capacidade de coragem para escolher com decisão, até às últimas conseqüências, entre o que luz, mas é o acessório, e que se esconde, mas é essencial. Entre a positividade exterior das coisas e o mistério do ser patente e recôndito, que é Deus.

 

Em quase todos os espaços culturais, há realmente um ideal próprio, ou então um feixe convergente de ideais que mutuamente se interpenetram até cristalizar em substrato ideológico que não se consciencializa inteiramente, que se transforma em idealismo especulativo e sistemático, que tem horror à relatividade que representa, e que, apoiado nas facilidades concedidas aos homens hábeis pela sofística e pela dialética, se visiona a si mesmo como o absoluto, como o universal, como o ôntico. Em vez de reconhecer o seu caráter prismático, estes ideais sonham-se colocados no ponto onde é possível observar a total multiplicidade dos prismas.

 

A tragédia grega é afinal... uma apologética das leis mitológicas, cuja desobediência, mesmo inconsciente, é castigada pelos deuses. As profecias de Cassandra denunciam infrações de um tempo mítico cuja crítica só é feita na obra de Aristóteles.

 

Todo o Universo é um sarcasmo,
a chuva goteja trágicas gargalhadas,
estou só,
sou só.

 

O Sebastianismo parte realmente da consciência infeliz da realidade portuguesa, em dado momento histórico, para apostar na esperança na regeneração através de um salvador pessoal, de um chefe carismático e pessoal. Tal «consciência feliz» é a primeira e a mais clara cifra de Os Lusíadas. Para o poeta (em expressão de uma eloqüência desgarradora), a Pátria «está metida/No gosto da cobiça e da rudeza/Duma austera, apagada e vil tristeza». Os críticos interpretam, em geral, este passo, de uma forma por demais simplista. Estariam decadentes as velhas virtudes morais; os Portugueses ter-se-iam tornado corruptos e ambiciosos; a desagregação em marcha seria causada por um abaixamento do caráter e do ânimo. Mas não nos podemos esquecer... a sensação de desenraizamento, de perda de identidade e de distanciamento em relação a toda uma continuidade histórica, que se ressentiu como tendo sido traída pelo italianismo, pelo castelhanismo e pelo contra-reformismo dogmático de D. João III.

 

Tenho estado a reler antigos ensaios meus. É curioso como os leio, e me parecem não ter sido escritos por mim. O consciente lê uma obra realizada pelo subconsciente e eis a causa da ilusão.

 

Não é o Rei que é coroado Imperador. Não é sequer a autoridade local ou o bispo ou o sacerdote paroquial. É o pobre, é a criança, é o que visivelmente está carenciado da plenitude de ser homem, pela condição social ou pela idade. E aqui se simboliza como é à face da carência que nos pode surgir em horizonte, em ideal, em aspiração e em promessa decidida, o cumprimento da promessa infinita que cada homem traz consigo à nascença e cuja realização a existência em sociedade lhe dificulta até à negação.

 

O romance do futuro, aquele para onde apontam os caminhos esboçados no nosso tempo (porque não pretendemos ser profetas), é o romance que aproveita as lições do passado, desprezando o que é inútil ou falso. A lição do Romantismo, que coloca o homem como fulcro de toda a ação. A lição do Realismo que dá a devida importância aos fenômenos exteriores. A lição do romance psicológico, que se ocupa do homem em «verticalidade», em profundidade, numa pesquisa dos atos e pensamentos humanos até às verdadeiras molas interiores do consciente para o subconsciente. A lição do Naturalismo, que não tem medo de dizer a verdade, não recua perante certos «meios», certos ambientes. A lição do romance social que lembra, subtraídos os exageros e o parcialismo da escola, o fator econômico na mentalidade humana. A lição do Existencialismo, que coloca o homem numa posição metafísica, não esquecendo o sentido da sua existência... Julgamos que o romance do futuro não deixará de se ocupar da Filosofia que atua, como pano de fundo, por detrás do homem, no plano de vivência da «realidade humana».

 

Um dia, conta Fernanda de Castro, em Ao Fim da Memória, vol. I, pág. 279, quando tinha quatro ou cinco anos, António quadros entrou na cozinha. A Maria do Porto estava completamente proibida de matar fosse o que fosse em casa. Mas, teimosa como era, apesar das minhas recomendações, um dia, comprou uma galinha viva e matou-a em cima da mesa da cozinha, no momento exato em que o António entrou. Quando viu a galinha a espernear e a mesa coberta de sangue, teve um choque tão grande que, aos gritos e desfeito em lágrimas, se agarrou às saias da Maria, dando-lhe murros nas pernas com as suas mãozinhas crispadas. Eu peguei nele ao colo, levei-o para o quarto e comecei a dizer coisas à-toa, coisas sem sentido que não serviam para nada, pois, de fato, não sabia verdadeiramente como fazê-lo compreender e aceitar aquela atrocidade. A certa altura, como supremo argumento, disse-lhe que a galinha estava muito velha, muito doente e que mesmo as pessoas quando estão muito velhas e muito doentes têm de morrer. Ele, então, olhou-me com os seus grandes olhos azuis marejados de lágrimas, e disse: — "Morte morrida, sim; morte matada, não!"

 

 

— "Morte morrida, sim; morte matada, não!"

 

Há no ser humano uma virtualidade de grandeza interior e uma capacidade de visão, de criação e de dádiva que não podem ser ignoradas, e de que dão testemunho os espíritos superiores que neste mundo viveram ou vivem, e que também encontram expressão no próprio, inconfundível e levitante de cada paideia3 como projeção, que é, do devir civilizacional e civilizador de uma comunidade.

 

Basta termos uma língua própria para termos um pensamento próprio. A língua está para o pensamento como a potência para o ato.

 

Mas não desanimemos, porque a Filosofia Portuguesa, em seu labor modesto, mas persistente, é uma poderosa energia intelectual na cultura viandante, que é a nossa, e o pensamento criacionista tem a longo prazo poder sobre a realidade social e humana. Perdem-se batalhas no terreno da cultura, mas novas gerações de pensadores aí estão e estarão a recolher o testemunho para o levar mais longe. A idéia não tem pressa.

 

Não é possível o progresso em Portugal sem o primado do pensamento, da razão e da Filosofia.

 

Coitado do pobre Antero,4
Desnudado, analisado,
Não já o corpo, seu espírito,
Dissecado, autopsiado.


Matou-se, mas era livre,
Liberdade era o seu bem,
Agora sua alma triste,
Já nem liberdade tem.


O que não disse, ele disse,
O que escreveu não pensou,
O que disse ele desdisse,
O que pensou não amou.


Coitado do pobre Antero!
Quero vê-lo, mas não posso…
Roubamos-lhe a liberdade,
Já não é dele, é só nosso.

 

Tento em vão abrir os olhos. Há como que uma fina volúpia neste estonteamento, nesta nebulosidade. Batem à porta. Quem está aí? Sinto uma mão que, subtil, pousa no meu ombro. Escuto uma voz com uma inflexão recôndita e meiga. Conheço-a. Um frêmito, uma aragem, uma vaga claridade. Alguém me disse um dia: vem, João. Outrem me solicita, agora: vem. É uma voz interior ou exterior? Há uma sombra morna e doce, há um perfumoso afago de cabelos inefáveis. Há uma frescura de asas. Há uma vaporosa, ondulosa coluna que me leva consigo, condescendente nos flutuantes movimentos do meu corpo. Vou.

 

O futuro é o passado que amanhece.

 

Abrir os olhos no meio da noite e ver a Luz será a essência do conceito religioso da vida.

 

Na hora destinal do fim,
no limite do fracasso,
no tempo cadente da derrota,
eu canto,
eu canto a esperança.

 

 

 

Ode ao Cristo das Janelas Verdes

 

Quem te pintou triste e secreto,

Ó Cristo de olhar vendado,

Ó Cristo misterioso,

Abandonado

No Museu das Janelas Verdes.

Quem te pintou saudoso,

Talvez do Céu, talvez do Homem,

Talvez da criação antes da prova.

Quem te pintou assim, sereno e encoberto,

Imagem nova

Que um povo a ti votado

Um dia descobriu?

Ninguém conhece o mestre que te viu

Enigmático, silencioso,

Um Deus, dir-se-ia, envergonhado,

Mais que humilhado,

Vexado.

Porque a Palavra se cumpriu,

Porque na hora precisa

Os seus irmãos eleitos

O julgaram,

O feriram,

O mataram.

E porque ao longo deste tempo interminável,

Após a crucifixão,

Após a ressurreição,

O julgamento prossegue,

A tortura, o crime,

A traição.

O deicídio constantemente perpetrado

Ao sabor da existência quotidiana.

Ninguém conhece o pintor, o Iniciado,

O sabedor do mistério

Que é o longo movimento necessário

Do nosso universo imaginário,

Onde tudo é signo e símbolo,

Onde o olhar de Jesus, encoberto,

Ensina a suprema perfeição

De um Deus capaz de amar

E de chorar,

De um Deus assassinado capaz de ressurgir

E de voltar

Sem parábolas, sem cifras, sem véus

Na plenitude da final revelação.

 

Ah, não, bizantinos sonhadores,

Não estetas da Itália,

Da França,

Mestres da Flandria,

Da fria Inglaterra,

Da férrea Germânia,

Não pintores da Espanha,

Vossa não podia ser a exata imagem

Que um português criou e jaz sepulta

No Museu das janelas Verdes, em Lisboa!

De Ti, sábio Jesus,

Promotor do movimento necessário,

Homem secreto do futuro cumprido,

De Ti fizeram um diáfano celeste

De ouro ornado e neste mundo perdido,

Um reflexo do maravilhoso céu sonhado,

Entre nós caído

Para que misticamente o contemplássemos...

De Ti fizeram um Orfeu ou um Apolo,

Querendo idealizar-Te à helênica medida,

A finita estrutura

Do sedutor, estético humanismo...

De Ti fizeram um racional justiceiro,

Um implacável profeta, um missionário

Da Lei divina,

Um Rei,

Um General,

Um Papa.

De Ti fizeram ainda um comerciante de almas

Demasiado carnal,

Demasiado terreno em cenas burguesas,

Em habituais paisagens holandesas.

De Ti fizeram um transcendente imperador

Que pela vontade e pela inteligência

Os homens foi capaz, de dominar...

De Ti fizeram um humano angustiado,

Primeiro Ator do teatro do mundo,

Aflito protagonista de tragédia...

Mas Tu não choras, ó Cristo,

Pelo Teu padecimento,

Não sais fora de Ti em esgares de sofrimento,

Não és o magro asceta castelhano,

O torturado místico envolto em sombras,

O cadaveroso deformado!

 

Sofres, sereno,

Sofres, saudoso,

Sofres, sábio e santo,

Mas, não por Ti.

Se sofres, é por nós, sempre e hoje,

Nós no longo, interminável tempo,

Nós em guerras, em doenças, em horrores,

Nós, infiéis de geração em geração,

Nós perdidos,

Nós esquecidos,

Nós, livres, libertos, todavia,

Senhores da invocação, da decisão,

Senhores da graça luminosa

Ou do erro gasto e repetido.

Sofres secreto,

E o teu olhar de fogo ficará oculto

Até que à pureza humana o possas desvelar.

Este é o povo das grandes, longas quedas,

E também das grandes, fundas intuições,

Este é o povo que em Cristo vê o Messias revelado

E também o Messias encoberto de porvir.

Este é o povo que ama o Deus-menino

Porque até na maturidade do Cristo renascido

Descobre a virtualidade infinita, irrevelada,

O imenso Ser, para lá de toda a imagem,

O Espírito sem limites que a infância anuncia

E que jamais, num conceito, num olhar,

Jamais numa verdade humana se detém.

Ó Cristo de olhar vendado,

Ó Cristo misterioso,

Abandonado

No Museu das Janelas Verdes,

Ó Cristo encoberto e final,

Vem...

Traz até nós o que ainda não somos,

Ensina-nos a sermos o para que nos criastes.

Em nome do nosso apelo,

Em nome do nosso sonho,

Em nome do nosso almejar-te e conceber-Te

Tu e Outro,

Patente e todavia encoberto,

Como no Ecce Homo das Janelas Verdes,

Em nome do desejo de total superação

Que subsiste no coração de todos os humanos,

De todos sem exceção,

Vem

E consagra a matéria deste mundo,

O que em nós pesa e obsta,

A luz imensa do Teu Espírito,

Que todos pressentimos,

Todos sem exceção,

Ainda quando três vezes Te negamos.

 

Ó Cristo próximo e distante,

Ó Cristo saudoso,

Misterioso,

Vem...

Conhecemos a dor,

Tarda-nos o amor,

Vem conosco no termos merecido

O império de paz que no mundo cindido

Entre gente próxima edificamos.

Vem conosco no olharmos ao espelho dos teus olhos desvelados.

A nossa clara imagem descoberta.

Vem conosco, Irmão,

Na alegria de cantar aos quatro ventos,

Nos cinco continentes, nas terras e nos céus,

Ecce Homo! Enfim, enfim, o Homem!

 

 

 

 

Progressão Geométrica (P. G.)
(
AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!)

 

 

 

 

 

 

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., avulte o Amor.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., apouque a dor.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

 

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., o Bem adoce.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., o mal estroce.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

 

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., refulja a LLuz.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., míngüe a cruz.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

 

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., o homem voe.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

Hoje, sempre e para sempre,

que, em P. G., o Verbum ecoe.

AMeN! AMeN! AMeN! AMeN!

 

 


 

 

 

______

Notas:

1. José Maria da Cunha Seixas (Trevões, São João da Pesqueira, 26 de março de 1836 – Lisboa, 27 de maio de 1895) foi um intelectual e filósofo, criador e adepto do Pantiteísmo, uma dissidência do Krausismo (Panenteísmo) que tem por doutrina reconhecer a presença de Deus em todos os lugares e em tudo, mas propondo que apesar de Deus estar em tudo, Deus não se identifica com a coisa criada. Cunha Seixas faleceu em Lisboa, com 59 anos de idade, deixando a parte mais importante da sua obra por publicar. Particularmente importante é a obra intitulada Princípios Gerais de Filosofia, de 1072 páginas, publicada postumamente por Ferreira Deusdado e por seu irmão Eduardo Augusto da Cunha Seixas.

2. Todo racista é uma Entamœba histolytica que não evoluiu.

3. Segundo o filólogo alemão Werner Jaeger (Lobberich, 30 de julho de 1888 – Cambridge, Massachusetts, 19 de outubro de 1961), paideia era, na Grécia Antiga, o processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana.

4. Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 – Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta de Portugal que teve um papel importante no movimento da Geração de 70. Em 1890, devido à reação nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efêmera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de distúrbio bipolar (variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, que são estágios diferentes pela gradação dos seus sintomas, hiperatividade física e mental, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar idéias, e ansiedade ou tristeza), nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, suicidando-se no dia 11 de setembro de 1891, com um ou dois tiros, em um banco de jardim junto ao Convento da Esperança, onde está na parede a palavra Esperança, no Campo de São Francisco, cerca das 20.00 horas.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.fundacaoantonioquadros.pt/

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Dist%C3%BArbio_Bipolar

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia

http://www.experts-exchange.com/Microsoft/
Applications/FoxPro/Q_21339287.html

http://soundjax.com/chicken-3.html

https://www.ptsdforum.org/c/threads/resigned-to
-ptsd-and-so-beginning-a-recovery-i-hope.20425/

http://antonioquadros.blogspot.com.br/
2011_01_01_archive.html

http://www.jornaldepoesia.jor.br/anq02.html

http://revistalusofonia.wordpress.com/2009/08/22/
antonio-quadros-o-homem-por-detras-do-intelectual/

http://ruialme.blogspot.com.br/2009/07/
antonio-quadros-ferro-exercicio-deixa.html

http://antonioquadros.blogspot.com.br/
2011_09_01_archive.html

http://antonioquadros.blogspot.com.br/
2011_06_01_archive.html

http://rmmv.org/poesia-prima-poesia
-madrasta/antonio-quadros/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%
C3%A9_Maria_da_Cunha_Seixas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Quadros

http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910g.html

http://www.antonioquadros.blogspot.com.br/

http://kevinpegbert.blogspot.com.br/2012/10/
o-vento-sopra-com-forca-agua-corre-com.html

http://www.youtube.com/watch?v=MAK8_Fu8Xxc

http://www.fundacaoantonioquadros.pt/index.php?option
=com_content&task=blogcategory&id=21&Itemid=31

http://www.fundacaoantonioquadros.pt/index.php?option
=com_content&task=blogcategory&id=7&Itemid=47

http://www.fundacaoantonioquadros.pt/index.php?option
=com_content&task=blogcategory&id=13&Itemid=40

http://www.fundacaoantonioquadros.pt/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Quadros

 

Música de fundo:

Lisboa Antiga
Compositores: José Galhardo, Amadeu do Vale & Raul Portela
Interpretação: Amália Rodrigues

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/
lisboa_antiga_amalia_rodrigues.html

 

Direitos autorais:

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