600.000

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

 

 

 

Hoje, 6 de outubro de 2021, por volta das 10 horas da manhã, tomei a 3ª dose (dose de reforço) da , contra a COVID-19, no PAM Hélio Pellegrino, na Rua do Matoso, 96, Praça Bandeira, Rio de Janeiro, RJ.

 

Conforme relatei na 1ª e na 2ª doses da , desta vez também não fiquei feliz por ter me vacinado; fiquei grato. Muito, muito grato. Grato é uma coisa, abestalhadamente feliz é outra, ainda que, reconheço, a gratidão solidária e altruísta seja uma forma de felicidade.

 

Mas, por que não fiquei feliz? Porque não sou um delirante nefelibata, nem um egoísta de marca maior, nem um babaquara sesquipedal. Ora, convenhamos, como eu poderia ficar feliz e sair comemorando por aí esta 3ª imunização, se apenas ± 44,61% da população brasileira está completamente imunizada? Como eu poderia ficar feliz e sair comemorando por aí esta 3ª imunização, se apenas ± 4% da população africana está completamente imunizada? Como eu poderia ficar feliz e sair comemorando por aí esta 3ª imunização, se, escandalosamente, vergonhosamente e abominavelmente, devido ao apartheid das vacinas, milhões e milhões de seres humanos continuam ao deus-dará, sem ter acesso a nenhuma vacina? Como eu poderia ficar feliz e sair comemorando por aí esta 3ª imunização, se, no Brasil, estamos chegando à inacreditável marca de 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando? Tudo isto me aflige, me desespera e me deixa, sim, muito puto dentro das calças. Tudo isto é mesmo de fazer até psicopata empaticamente chorar.

 

 

O Psicopata

 

 

Particularmente, no caso brasileiro, por que estamos chegando a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando (desconsideradas as subnotificações, que são milhares)? De cada sete pessoas com o Novo Coronavírus, apenas uma sabe que está ou esteve infectada. Isto é preocupante, visto que as demais seis pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras pessoas, disse Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas. É com isto que cada um de nós deve se preocupar, se perguntar e tratar de pesquisar o porquê. Tudo tem uma explicação. A seguir, apontarei algumas causas desastradas e outras tantas desrazões inexplicáveis desta catástrofe calamitosa, que levou a uma crise humanitária completamente evitável no Brasil, se medidas sanitárias concertadas tivessem sido oportuna e consentaneamente adotadas. O Estado Brasileiro tem muito a explicar às famílias que perderam seus entes queridos nesta PanCoronamia-19. Não ficarei surpreso se, futuramente, indenizações tiverem que ser pagas aos familiares enlutados.

 

 

 

 

Causas Desastradas e Desrazões Inexplicáveis

 

 

1ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque acreditamos que esta PanCOVIDmia mortal era só uma gripezinha.

 

2ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque acreditamos que esta PanCOVIDmia mortal era só um resfriadinho.

 

3ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque há uma grande desigualdade, com disparidades em quantidade e qualidade de recursos de saúde (por exemplo, leitos hospitalares, médicos) e renda.

 

4ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque a rede urbana, que conecta e influencia os municípios por meio de transporte, serviços e negócios, não foi totalmente interrompida durante os picos de casos ou mortes.

 

5ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque não houve um alinhamento político entre os Governadores e o Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, e a polarização politizou a PanCOVIDmia, com conseqüências para adesão às ações de controle.

 

6ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque não houve medidas coordenadas e bem estruturadas de vigilância epidemiológica e genômica.

 

7ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque as diversas cidades brasileiras impuseram e relaxaram medidas não-farmacológicas em diferentes momentos, com base em critérios distintos, facilitando a propagação do Novo Coronavírus.

 

8ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque houve um vai-e-vem do Governo Federal na compra da CoronaVac e de outras vacinas.

 

9ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, na falta de oxigênio em Manaus, o Ministério da Saúde pressionou pela distribuição do “kit COVID”, conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada, que continha Hidroxicloroquina, Azitromicina e, em alguns casos, Ivermectina, para tratar preventivamente o Novo Coronavírus, que, como o Sistema Solar inteiro sabe, não se rende a quaisquer medidas preventivas e posventivas.

 

10ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Governo Federal rejeitou doses antecipadas da Pfizer, e o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, inclusive, chegou a criticar a Farmacêutica várias vezes por ela não se responsabilizar por eventuais efeitos colaterais, e ironizou a segurança da vacina, levantando a possibilidade de quem se vacinasse poderia virar um jacaré.

 

 

 

 

11ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, apesar de não ter eficácia comprovada, o chamado tratamento precoce é defendido e divulgado pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro desde o início da PanCOVIDmia.

 

12ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, sistematicamente, há consecutivas reduções do número de doses previstas.

 

13ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque 6,8 milhões de testes RT-PCR, que são usados para diagnosticar casos de COVID-19, ficaram estocados em um armazém estatal em Guarulhos (SP), sem serem apliados.

 

14ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Ministério da Saúde criou a plataforma TrateCov, que recomendava o tratamento precoce para qualquer paciente que apresentasse sintomas, que podiam ou não ser de COVID-19.

 

14ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o negacionismo prevaleceu em todas as esferas do Governo Federal, e, por exemplo, medidas respaldadas pela ciência, como o isolamento social, ensaiadas pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, sofreram resistência obstinada e ferrenha.

 

14ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque não adotamos plenamente os lockdowns – bloqueios totais que cortam a transmissão do Novo Coronavírus. E, o que é pior: com o tempo, as pessoas foram cansando de ficar em casa e relaxando nos cuidados (medidas não-farmacológicas).

 

15ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, apesar de ser dono de um dos maiores programas de imunização do mundo, capaz de vacinar cerca de 2 milhões de pessoas por dia, o nosso país, por falta de vacinas, não conseguiu usar plenamente sua estrutura.

 

16ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque a disseminação de notícias falsas, até por canais oficiais, teve papel crucial para alavancar a PanCOVIDmia.

 

 

 

 

17ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque houve falta de convicção da gravidade desta PanCOVIDmia por parte do Poder Central.

 

17ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Governo Federal deixou claro que defendia a tese de que o Novo Coronavírus deveria circular e contaminar as pessoas, até criar um limiar de proteção natural que faria a PanCOVIDmia acabar (imunidade de rebanho por contaminação). A idéia de um limiar de proteção provocado pelo próprio contágio foi observada em casos históricos, porém, em sua maior parte, com baixa letalidade, e nunca foi preconizada como estratégia para se lidar com pandemias, explica Alcides Miranda, professor de saúde coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A opção é perversa, porque manobra como uma margem 'tolerável' de óbitos evitáveis, ou seja: o custo de vidas humanas é dimensionado como uma moeda de troca para a manutenção da normalidade econômica, conclui o professor. A imunidade de rebanho por contaminação é uma crueldade simplesmente abjeta e inominável. Como é possível que um ser humano proponha isto para outro ser humano?

 

18ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, por questões econômicas, o Governo Federal se posicionou contra as medidas não-farmacológicas. Quiseram evitar as medidas não-farmacológicas e utilizaram, sem comprovação científica, medicações que o mundo já demonstrava ser completamente ineficazes, afirmou Vera Magalhães, infectologista e professora de doenças tropicais da Universidade Federal de Pernambuco. Em outras palavras: puseram e Economia na frente e acima da vida.

 

18ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque houve erros de comunicação que foram bastante preocupantes no processo de vacinação. Essas falhas deixaram as pessoas confusas e desnorteadas, afirmou Natália Pasternak, bióloga e fundadora do Instituto Questão de Ciência. Aqui, eu discordo da Natália. Não houve erro de comunicação; houve, sim, comunicação errada consciente e de propósito. O que é aglomeração presidencial? O que é confraternização presidencial? O que é não uso de máscara presidencial? O que é motocicleata presidencial? O que é o jacaré presidencial?

 

18ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Governo Federal não aderiu ao projeto da Organização Mundial da Saúde que visava acelerar o desenvolvimento de uma vacina e de possíveis remédios contra o Novo Coronavírus.

 

19ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Governo Federal cismou de tentar manter a Economia funcionando, propalando a idéia de que o Novo Coronavírus era uma estratégia chinesa com o objetivo de prejudicar o mundo e fortalecer geopoliticamente a China. Por isto a CoronaVaC foi chamada de vachina.

 

19ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Governo Federal adotou como estratégia uma espécie de darwinismo biológico, na qual devem sobreviver aqueles que estão mais aptos a fazê-lo. Os mais frágeis devem falecer, e assim é a vida, que segue simplesmente. Afinal, morre-se todo dia, em todos os lugares, de várias coisas. Fazer o quê? Coveiro é pra isso, pra enterrar cadáver.

 

19ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque houve, por parte do Governo Federal, um desrespeito flagrante ao direito humano fundamental dos cidadãos à vida.

 

20ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque o Governo Federal, doutrinariamente, desde o início desta PanCOVIDmia, militou decididamente contra as medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, pela ciência em geral, pelos epidemiologistas de todo o mundo e mesmo pelos seus ministros-médicos da saúde, nomeadamente o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

 

21ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, basicamente, três grupos específicos de pessoas têm contribuído para isto: 1º) os antivacinistas ignorantes; 2ª) os desrespeitadores contumazes das medidas não-farmacológicas; e 3º) os esquecidos com esquema vacinal incompleto. Ora, uma dose não imuniza xongas; até o Pedro Bó sabe isto. A segunda dose quase imuniza; nenhuma vacina imuniza 100%. A terceira dose melhora a imunização, mas, por enquanto, não se pode afirmar nada com segurança. Teremos que conviver com esse Novo Coronavírus por muito tempo, e abrir mão das medidas não-farmacológicas, mesmo com a 3ª dose já no bucho, é suicídio, assassinato e crime de lesa-humanidade, tudo ao mesmo tempo. Usar máscara, como calcinhas e cuecas, empregar C2H5OH em gel, manter um certo distanciamento e periodicamente se vacinar são coisas que farão parte de nossas vidas por muito tempo. Talvez, até para sempre. Agora, chiar até pode; não praticar estas quatro coisinhas não pode.

 

 

 

 

22ª) Chegamos, no Brasil, a 600.000 mortos por COVID-19 e aumentando porque, enfim, infelizmente, nunca houve, por parte do Governo Federal, intenção de elaborar um plano geral, construído coletivamente, para enfrentar esta PanCOVIDmia.

 

Enfim, aqueles, como eu, que têm acompanhado os trabalhos da CPI da COVID, devem estar horrorizados e estarrecidos com o fato de como as coisas apodreceram e se deterioram tanto aqui no nosso querido Patropi, de tal forma que acabaram, conseqüentemente, amesquinhando e isolando internacionalmente o Brasil nesta PanCOVIDmia. Serão necessários muitos anos para que o Brasil recobre o seu lugar entre as nações do Planeta. Poderíamos estar dando um exemplo-cidadão que como fazer as coisas certas, mas, de patinete, entramos na contramão da História.

 

 

Invocação

 

Neste momento, fraterna e amorosamente, eu invoco para o Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro e para os seus assessores diretos Compreensão, Solidariedade, Misericórdia e Transmutação. Está feito. Está selado. A.'. U.'. M.'.

 

 

Rio de Janeiro, RJ, 6 de outubro de 2021.

 

 

Um Poeminha Final

 

 

E o tempo foi passando...
E o povão foi morrendo...
Até quando? Até quando
este fime sobre-horrendo?

E o tempo foi passando...
Muita gente foi nascendo...
Até quando? Até quando
viveremos desvivendo?

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

The Mask of Zorro
Composição: James Horner

Fonte:

https://www.esm3ha.com/download/BVndQ5_CNh0.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.pngkey.com

https://br.pinterest.com/pin/545920786090264341/

https://forum.pcastuces.com

https://tenor.com

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https://www.unicamp.br/unicamp/sites/default/files
/2021-05/tragedia-brasileira-covid_final.pdf

https://noticias.uol.com.br

https://www.nexojornal.com.br

https://veja.abril.com.br/blog/maquiavel/dez-erros-abs
urdos-do-governo-federal-no-combate-a-pandemia/

https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/

https://www.vexels.com/logos/rip/

 

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