RENÚNCIA
Rodolfo Domenico
Pizzinga
—
Complôs,
ódio, desencantos...
Todo
dia, afligentes atarantos...
O
estado de coisas só degenerava,
e
minha débil saúde deteriorava.
—
Poderia
morrer ou ser morto;
cada um
sangrará no seu horto.
Todavia,
o mal não prevalecerá
e a Negra
Noite não comemorará.
—
Mas –
alma dorida, sofrendo –
minhas
forças se desvanecendo,
obrigaram
a que eu renunciasse
e
que da Digna
Missão abdicasse.
—Em
silêncio, orarei pela Causa
e
pelos atores de cada concausa.
O
mal haverá de ser compensado;
cada
qual será responsabilizado.
—
O ser humano
costuma admitir
que
haverá remissão no devenir.
Eu
não devo preocupar, mas, sei:
não
poderá perdoar o Agnus Dei!
—
Se fosse
assim, seria muito fácil.
A
coisa poderá ser dura ou grácil,
a
depender do tamanho e do peso,
e
de que forma maquinou o treso.
—
Assim, há
um tempo para tudo.
Agora,
eu devo me manter mudo.
Tornei-me
reverenciado emérito.
Contudo,
será que tenho mérito?
—
Até
o último dia, cumprirei
o
que preconiza a Canônica Lei.
Ao meu sucessor,
eu serei leal.
Nós
somos todos um, afinal!