24.455

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Contei: quase 24.455 dias.

Dias nuviosos, noites frias,

dias ledos, noites mornas,

 

Hoje, quase com 67 anos

– da tchurma dos ancianos –

vexo-me1 com as bobalidades

que bolei em outras idades.

 

Mas, não me deixo abater:

Quem não sofreu2 não viveu.

 

Sofrer, porém, não é exigido

para que o Bem seja acendido

nem para alcançar o apogeu.3

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Vexar-se, envergonhar-se, tudo bem; é ótimo e é útil, pois é o fertilizante da humildade/solidariedade. Mas devemos nos esforçar, principalmente pela compreensão, para nos libertarmos das sombras do passado, que jamais poderão ser apagadas ou esquecidas. Seja como for, ou nos libertamos pela compreensão ou uma parte do nosso salário acabará indo parar no bolso de um psicoterapeuta – o que não é uma coisa do outro mundo. Afinal, o que estou querendo dizer com isto? Simplesmente que ignorância não é pecado e nem é motivo para acabrunhar e/ou incapacitar a pessoa para o resto da vida. Ignorância, preliminarmente, se corrige com esforço, permuta e ilustração. Depois, com outras coisinhas. Uma Iniciaçãozinha aqui... Outra Iniciaçãozinha ali... E vamos caminhando... Devagar... Mas, sempre andando... De maneira geral, a coisa acontece mesmo como deixou escrito o ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa Gibran Khalil Gibran (1883 – 1931) em O Profeta (Do Bem e do Mal): Mesmo aqueles que coxeiam não andam para trás.

2. Aqui, você deve ler sofrer ou fazer sofrer, porque fazer sofrer também é uma forma de sofrer, talvez, até pior do que tão-só sofrer, ainda que o cruel e o crudelizado, por mais contraditório que possa parecer, estejam unidos por uma experiência indispensável comum. Isto significa que as coisas nem sempre são o que parecem ser; na maioria das vezes, são exatamente o oposto do que se nos apresentam. Todavia, quando digo que quem não sofreu não viveu, este sofrimento, advindo de encarnações cumulativas, educacionais e necessárias, funciona como uma espécie Cadinho Alquímico, no qual os nossos sofrimentos – a coisa desorganizada pela nossa ilusão ignorante – vão, vida após vida, sendo transmutados em um misto de Compreensão e de Consciência Superior, até a libertação final... Que não tem fim! E, ainda que sofrer não seja uma exigência, acaba por ser (ou se tornar), paradoxalmente, um degrau essencial da Illuminação. Eu não sei se me fiz entender com o poema que escrevi e esta pequena nota, mas, você, a partir deles, poderá chegar a conclusões bastante interessantes. E lá vou eu com mais um repeteco: tudo depende de nós.

 

 

 

 

3. Bem, claro, não há um apogeu definitivo, um lugar de delícias, ou seja, todo apogeu é relativo e sempre haverá uma delícia maior e melhor. Em cada encarnação alcançamos, por assim dizer, o apogeu daquela encarnação, e saboreamos as delícias que podemos, que dependem de diversos fatores, mas, particularmente, de nosso trabalho/mérito.

 

Música de fundo:

Blue Moon
Composição: Richard Rodgers & Lorenz Hart
Interpretação: Frank Sinatra

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/
frank_sinatra_blue_moon.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://persephonemagazine.com/2012/10/23
/to-every-thing-there-is-a-season-but-why/

http://en.wikipedia.org/wiki/
File:Earth_tilt_animation.gif

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Model---Sun
---Gasometer---Oberhausen---(Gentry).jpg

http://scienceblogs.com/startswithabang/
2012/08/02/its-never-night-on-the-moon/

 

Direitos autorais:

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