Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Em diversos textos anteriores, dispersa e espaçadamente, fiz referência ao Número 144. Resolvi, então, nesta oportunidade, reunir e sistematizar (com alguns acréscimos) estas informações em um único estudo, sob a forma de sete considerações, que apresentarei a seguir:

 

1ª) Eu Te exaltarei, meu Deus, ó Rei, e bendirei o Teu Nome pelos séculos dos séculos. (Salmo 144, 1). Não sei se o salmista pretendeu fazer referência ao Deus de nossos Corações, mas, para mim, este versículo só tem cabimento se for entendido desta forma.

 

2ª) 144, entre várias outras possibilidades, é o resultado de 122. Teosoficamente, 12 1 + 2 = 3, Triângulo que remete à Unidade (Unicidade), pois ALeF, a primeira Letra do Alfabeto KaBaLístico-arqueométrico, tem Valor Externo = 1, e o seu Valor Pleno (soma dos Valores Externos dos componentes da Letra (ALeF, LaMeD e PhE) 1 + 30 + 80 = 111 aponta para a Triunicidade Universal. 12, por outro lado, também é uma combinação ainda não cumprida, que espera sua culminação relativa em 13 —› expressão da Unidade em outro nível (12 + 1). Observe que 13 1 + 3 = 4; e 4 1 + 2 + 3 + 4 = 10 1 + 0 = 1, ou seja: novamente Unidade. Por isto, a mística Tetractys Pitagórica simboliza esta SOPhIa.

 

 

 

 

3ª) 144 também é o resultado de (4 x 3)2 —› a Multiplicação Quadrática Perfeita.

 

 

Neste caso, 12 também é uma combinação ainda não cumprida do 3 e do 4, que, se por um lado multiplicados dão 12, por outro, somados dão 7, cuja culminação relativa, neste caso, se dará em 8. Ainda observe que, quando se cumprem 12 ciclos de 7 anos, 7 x 12 = 84, a redução/adição teosófica de 84 gera 3 (primeiro: 8 + 4 = 12; depois: 1 + 2 = 3) —› 1 (Unidade). A própria fatoração de 144 dá como resultado 24 x 32. Veja que a soma dos expoentes de 2 e de 3 dá 6 como resultado, e 6 (4 + 2) nada mais é do que o Valor Secreto de 3 (1 + 2 + 3), que como anteriormente dito —› 1. Unidade!

 

4ª) Muito particularmente, o Número 144 está vinculado à Palavra AThMa. A Palavra AThMa é equivalente a um Número: 1.440 (1.000 + 400 + 40). Em sonometria moderna, como ensinou Saint-Yves D’Alveydre no seu Arqueômetro, 1.440 é o Hierarca Sonométrico do Modo Musical de Mi, ao mesmo tempo em que corresponde à Harpa Arcangélica Solar do Zodíaco. Mi, em sânscrito, expressa tudo o que atravessa, irradia e penetra, ao mesmo tempo em que abarca, circunda e compreende. MIHAeL. Multiplicado por 100, 1.440 corresponde ao Hierarca do Modo Inarmônico da Sabedoria Divina. Por isto, para não haver nenhum equívoco, no Livro da Revelação (VII, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e XIV, 1, 2, 3), ele soa através de 144.000 Harpas, e é cantado por 144.000 Eleitos. Por isto, em várias passagens da Vida de Jesus, Ele disse: Eu Sou... (que deve significar o Eu Interno). Quando afirmou Eu Sou o ALeF e o TaV (e não o Alfa e o Ômega, como aparece em diversas traduções), pretendeu simbolizar o Raio e a Circunferência, vale dizer, a Alma Divina do Divino Universo AThMa. Eu Sou a AMaTh. Este é o Selo do Logos-Vivente – a sempiterna Verdade da qual todas as verdades relativas procedem.

Aplicando a Temurah (um dos três métodos antigos usados pelos KaBaListas para reorganizar palavras e frases da Bíblia) para a Palavra AThMa, tem-se:

ThaMA —› Milagre da Æterna Vita; Sua Manifestação na Existência Universal.

AThMa —› Existência Infinita da Absoluta Essentia.

MaThA —› Suprema Ratio de todas as razões verdadeiras; a Incidência de todas as reflexões; a Legislação de todas as leis. É, em última instância, a Raiz de todas as doutrinas.

 

 

 

 

5ª) 144 também pode ser entendido como 1 + 4 + 4 = 9. Simbolicamente, 9 é o princípio regulador/indutor da Eterna LLuz. A Porta dos Templos Iniciáticos antigos possuía sobre seu marco retangular um frontão triangular, cujo ângulo superior era sempre igual a 144º. Isto buscava lembrar e expressar a Tri–Unidade, vale dizer, Unidade na Trindade —› a Eterna LLuz.

Da obra Do Mestre Eleito dos Nove, de Jorge Adoum (1897 – 1958), editei o seguinte ensinamento: No Mito Solar, de onde foram retiradas (e sem-cerimônia plagiadas) todas as lendas das religiões, o Número Nove está associado aos nove signos zodiacais ou nove meses de Luz, que estão em contraposição aos três meses mais obscuros, terrenais e animalizados: Escorpião, Sagitário e Capricórnio. Na obscuridade do nosso ser inferior, as Nove Faculdades do Espírito (Nove Mestres Eleitos) encontram os dois assassinos – a ignorância e o fanatismo que andam sempre juntos, porque a ignorância necessita do fanatismo para efetivar seu domínio. Todavia, a Luz de SOPhIa, ao brilhar nas profundezas escuras do subconsciente da personalidade-alma, afasta as trevas dos precipícios do aniquilamento e do vício. Na Maçonaria, o Nono Grau (Mestre Eleito dos Nove ou Perfeito Maçom Eleito) simboliza perfeitamente o estado da Humanidade, porque o Número Nove é o Número do Homem.

 

 

 

Em um nível mais hermético, 9 manifesta, ocultamente, o Verbum Dimissum et Inenarrabile. Logo, em 144 está embutido este Æternum Verbum. O triângulo retângulo revela e esconde muitas coisas. Observe a animação abaixo e chegue às suas conclusões:

 

 

 

 

Neste Triângulo Retângulo, observe que a soma dos valores dos Limites (ou Culminações) Relativos é igual a 50 (9 + 16 + 25). 50 é o valor Externo da Letra KaBaLístico-arqueométrica NUN. O Sepher Yezirah (Livro da Criação), que descreve a Obra da Criação, ensina que há 32 (Trinta e Duas) Sendas de Sabedoria e 50 (Cinqüenta) Portas da Inteligência. As Trinta e Duas Sendas (ou Caminhos) da Sabedoria são: Inteligência Admirável, Glória Segunda, Inteligência Santificante, Inteligência Receptora, Inteligência Radicular, Inteligência de Influência Média, Inteligência Oculta, Inteligência Perfeita e Absoluta, Inteligência Purificada, Inteligência Resplandecente, Inteligência do Fogo, Inteligência da Luz, Inteligência Indutiva da Unidade, Inteligência que Ilumina, Inteligência Construtiva, Inteligência Triunfante e Eterna, Inteligência da Predisposição, Inteligência ou Morada da Afluência, Inteligência do Oculto ou de Todas as Atividades Espirituais, Inteligência da Vontade, Inteligência que Agrada Àquele que Busca, Inteligência Fiel, Inteligência Estável, Inteligência Imaginativa, Inteligência de Tentação ou de Prova, Inteligência que Renova, Inteligência que Agita, Inteligência Natural, Inteligência Corpórea, Inteligência Coletiva, Inteligência Perpétua e Inteligência Auxiliar. As Cinqüenta Portas da Inteligência, segundo Kircher e citadas por Gérard Encausse (Papus), dividem-se em seis classes, quais sejam: primeira classe – Princípio dos Elementos (constituída de Dez Portas); segunda classe – Década dos Mistos (constituída de Dez Portas); terceira classe – Década da Natureza Humana (constituída de Dez Portas); quarta classe – Ordens dos Céus, Mundo das Esferas (constituída de Dez Portas); quinta classe – Das Nove Ordens de Anjos, Mundo Angélico (constituída de Nove Portas); e sexta classe – AIN SOPh, Deus Imenso (Classe Exclusiva). Esta é a única Porta que o homem mortal não conheceu e pela qual nenhuma pesquisa do espírito penetrou, bem como, Moisés não conseguiu entrar. Para se ultrapassar esta Porta e conhecer os segredos que ela esconde, é preciso ressurgir assintoticamente no seio de AIN-SOPh.

O Zohar trata dos atributos da Divindade (os dez Sephirah, no singular, Sephiroth), dos quatro mundos, do bem e do mal, da personalidade-alma humana e da salvação (de nós e em nós, pois esta dupla salvação, que é uma, é a única salvação possível). O Apocalipse, de São João, também é considerado um livro KaBaLístico, mas todas as três obras têm por fundamento o Gênese, de Moisés. A língua de Moisés embute sempre, minimamente, três sentidos: um primeiro sentido material, um segundo sentido simbólico e um terceiro sentido espiritual. Para os KaBaListas, números, medida e peso presidem o Universo, e as coisas do Universo formam uma Unidade de causas e de efeitos, de tal sorte que cada causa está associada a um número específico.

Deve-se, também, levar em conta que cada letra hebraica é uma potência efetiva, englobando três funções, quais sejam: uma hieroglífica, uma numérica e uma ideativa. Contudo, há uma quarta: Sagrada! De tudo isto, fica o seguinte: O Três preside a KaBaLa, a KaBaLa preside o Universo, e o Universo e o(s) ser(es) constituem uma única célula.

Há, ainda, finalmente, a considerar dois aspectos particularmente herméticos do número 144. Em primeiro lugar, KaBaListicamente, a cifra 72 (metade de 144) é designada por Shem Ain-Bet, que significa Nome 72 – relacionado, por sua vez, aos 72 Nomes de Deus, tendo cada Nome um significado e, por assim dizer, uma força especial.

 

Letras
Valor dos Componentes
Valor Pleno das Letras
IOD
10 - 6 - 4
20
HE
5 - 10
15
VAV
6 - 10 - 6
22
HE
5 - 10
15
 
Soma = 72

 

Em segundo lugar, há o Mar Vermelho (IaM SUF) – o mar da fronteira entre a matéria e Aquilo que está mais além. O Valor Athbash para IaM SUF é: 144 (40 + 10 + 8 + 80 + 6). Alquimicamente, o Mar Vermelho é um nome codificado para a Água Mercurial Divina e para o seu poder de Tingir. 144 também é igual a: 48 + (48 + 48).

 

 

 

 

6ª) Enfim, ensinou Harvey Spencer Lewis (25 de novembro de 1883 – 2 de agosto de 1939) – Frater Profundis XIII, S.·.I.·., 33° 66° 95° e Ph. D. – Primeiro Imperator para este 2º Ciclo Iniciático da Antiga e Mística Ordem Rosæ Crucis – AMORC: Cada ser humano possui um ciclo de existência, que é dividido em períodos idênticos para todos os seres. O ciclo se inicia ao primeiro sopro de vida, que penetra pelas narinas e pelos pulmões, e dura, aproximadamente, 144 (cento e quarenta e quatro) anos. Este aproximadamente, para o ser-no-mundo comum, deve ser entendido como em média. Há situações em que a personalidade-alma, por assim dizer, precisa obrigatoriamente ficar do lado de lá por muito tempo. Às vezes, por milênios.

 

7ª) Última reflexão: Não há o que contraditar; o Universo, em si, é uma Unidade indissolvível, impartível e indestrutível. Esta Unidade jamais poderá ser compreensivamente alcançada em sua totalidade ou integralidade, nem em 144 anos. Isto está bem simbolizado pela Qüinquagésima Porta acima aludida. Mas, de compreensão relativa em compreensão relativa, todos os seres do Universo caminham peregrinantemente para esta Unidade inalcançável.

 

 

Unidade Inalcançável

 

 

O que foi dito logo acima – repetindo: Esta Unidade jamais poderá ser compreensivamente alcançada em sua totalidade ou integralidade – pode parecer uma argumentação contraditória, até escalafobética, mas não é. Preste atenção: se você admite que para o Ser nunca houve começo, terá que admitir também que, obrigatoriamente, para o Ser (e para as coisas no Ser) não poderá haver qualquer tipo de fim. Então, se o big bang é uma maluquice, o big crunch (ou qualquer outro tipo de big ou de little) é um filhote impossível desta maluquice, pois não poderá jamais acontecer. Em laboratório, até que pode; mas, no Universo, não.

Duas perguntinhas, só para implicar a little bit com os cientistas: se viesse a ococrrer esse tal de big sei-lá-o-quê crunch, o que aconteceria com as coisas do Universo? E o que aconteceria com as personalidades-almas? Bem, com a minh'alminha pecadora, eu sei o que faria: eu a esconderia no Coração de Kut Hu Mi. Ora, convenhamos: se o nada (que não existe) não pode gerar alguma coisa, qualquer coisa imaginável não poderá se transformar em nada. O que há, isto sim, é dissolvição, por entropia, de uma coisa incompatível com o Todo neste mesmo Todo (que não é acrescido de nada). Nada se cria, nada se perde; tudo se transforma, como bem pensou Antoine Laurent de Lavoisier (Paris, 26 de agosto de 1743 – Paris, 8 de maio de 1794).

 

 

Concepção artística do Big Crunch
Fonte:
Wikipedia

 

 

Assim, para concluir, voltando ao assunto que deu origem à esta sétima consideração, a realização absoluta e integral da Unidade Universal por um ser-no-mundo corresponderia a uma espécie de fim, o que é, se acontecesse, uma incoerência e uma impossibilidade. Tudo sempre aconteceu, acontece e sempre acontecerá no Ser – Unidade indissolvível, impartível e indestrutível. Então – por não podermos alcançar, em sua totalidade ou integralidade, esta Unidade – devemos desistir? Ora, já tratei deste tema tantas vezes, que, nesta oportunidade, vou ficar calado.

Resolvi não ficar calado. O quê? Desistir? Jamais. Mas também, para obter sucesso no que quer que seja – claro! – não podemos fazer o que fez esse sacanocrata marrom de marca maior aí embaixo ou como sempre fizeram e continuam a fazer os ditadores de todas as colores.

 

O Sacanocrata Marrom de marca maior

 

 

Compendiando melancolicamente, não posso deixar de dizer, até porque é óbvio e everybody macacada sabe, que tudo aquilo que, por meios transversos, é escrotamente obtido ou indecorosamente alcançado, certamente, acabará dando em uma água de barrela podríssima e fedorentérrima – em nada a dever às ventosidades ruidosas que eu alegremente soltava quando era criança, das quais minha mãe chiava como panela de apito. Demore o tempo que demorar, a retribuição (educativa) haverá de chegar. Basta, por exemplo, observar o que está acontecendo na rua árabe. Então, cuidado, senhores despóticos! Cobras que não andam não engolem sapos e crocôs que dormem acabam virando bolsas, bolsinhas, bolsetas (onde são guardados todos os males do mundo), nécessaires, cintos, sapatos, troféus de colocar na parede e outras tantas coisinhas veneradas pelos assassinos de animais e pelos antiecologistas. Portanto, senhor Muammar Abu Minyar al-Gaddafi, por favor, vê se abre o olho e se cuida, tá? Seu colega, Muhammad Hosni Said Mubarak, não agüentou a barra, e, após dezoito dias de protestos da rua egípcia, apresentou sua renúncia ao cargo.

 

 

 

Muammar al-Gaddafi

 

 

 

 

 


 

 

Bibliografia:

KALISH, Isidor Rev. Dr. (Tradutor). Sepher Yezirah (um livro sobre a criação)/Sepher Yezirah (a book on creation). Tradução de Edmond Jorge e Equipe Renes. Rio de Janeiro: Editora Renes Ltda, 1980.

LEWIS, H. Spencer. Autodomínio e o destino com os ciclos da vida. Curitiba, Brasil: Suprema Grande Loja da Amorc, 1965.

______. Mansões da alma (a concepção cósmica). 3ª edição. Curitiba: Grande Loja do Brasil (AMORC), 1976.

PAPUS. A KaBaLa: tradição secreta do ocidente/La Cabbale: tradition secrète de l’occident. Tradução de Jane Marli Pereira Bilycz. São Paulo: Sociedade das Ciências Antigas, 1983.

WEINREB, Friedrich. Kabbala (La Biblia: divino proyecto del mundo)/De bijbel als shepping. Tradução de Joana Danis. Buenos Aires: Editorial Sigal, 1991.

______. Kabala: El livro de Jonas/Het bijbelboeka Jonah.Tradução de Yos Meijer. Buenos Aires: Editorial Sigal, 1993.

______. Kabala: el libro de los profetas/Het bijbelboek Jonah (2ª parte). Tradução de Yos Meijer. Argentina: Editorial Sigal, 1993.

SAINT-YVES D’ALVEYDRE. El Arqueómetro/L’Archéomètre. 2ª ed. Traduzido por Manuel Algora Corbí. España: Editorial Humanitas, S.L., 1997.

 

Música de fundo:

O Sole Mio
Letra: Giovanni Capurro
Música: Eduardo di Capua
Interpretação: Luciano Pavarotti

Fonte:

http://beemp3.com/